Paulo Peres
Poemas & Canções
O publicitário, bibliotecário, engenheiro, humorista, jornalista, compositor e poeta pernambucano Manoel Bastos Tigre (1882-1957), no soneto “Argumento de Defesa”, ao ser acusado de caluniar uma senhora, apresenta o seu melhor argumento de defesa, embora preconceituoso, ou seja, ele sempre achou-a feia demais para não ser honesta.
ARGUMENTO DE DEFESA
Bastos Tigre
Disse alguém, por maldade ou por intriga,
que eu de Vossa Excelência mal dissera:
que tinha amantes, que era “fácil”, que era
da virtude doméstica, inimiga.
Maldito seja o cérebro que gera
infâmias tais que, em cólera, maldigo!
Se eu disser tal, que tenha por castigo
o beijo de uma sogra ou de outra fera!
Ponho a mão espalmada na consciência
e ela, senhora, impávida, protesta
contra essa intriga da maledicência!
Indague a amigos meus: qualquer atesta
que eu acho e sempre achei Vossa Excelência
feia demais para não ser honesta…