Sem piedade, planos de saúde abandonam usuários que sofrem de doenças crônicas

Mulher branca maquiada de cabelos castanhos escuros ao lado de um menino branco de cabelos castanhos em uma piscina de bolinhas verdes

O menino Bruno foi descartado pelo plano, porque é autista

Hélio Schwartsman
Folha

Planos de saúde estão cancelando de forma unilateral os contratos de usuários “caros”, isto é, de pessoas com condições crônicas e custosas, como o autismo, ou em meio a tratamentos particularmente dispendiosos, como os oncológicos. Alegam que estão zelando pela viabilidade financeira de sua carteira de clientes.

Em tese, a lei lhes faculta rescindir apólices das modalidades empresarial ou por adesão que não tenham interesse em manter. Mas fazê-lo é dar um tiro no pé.

POUPANÇA E SEGURO – Planos de saúde são uma combinação de poupança (usada nas despesas médicas ordinárias, como consultas e exames periódicos) com seguro (usado em eventos catastróficos como acidentes ou a descoberta das tais moléstias “caras”).

É a parte seguro que faz com que as pessoas contratem as operadoras. Se fosse só para guardar dinheiro para consultas e check-ups, poderiam recorrer à velha caderneta de poupança. E não é preciso ser um gênio dos negócios para perceber que, se as seguradoras param de honrar seus compromissos, é questão de tempo para que as pessoas parem de contratar seguros.

Regulações no Brasil tendem a ser malfeitas, mas, no caso dos planos de saúde, capricharam. Deixaram o consumidor ao relento no que há de mais importante, que é assegurar que ele não tenha seus tratamentos interrompidos, e o encheram de mimos de duvidosa eficácia médica.

CUSTO-BENEFÍCIO – Os reguladores vêm há anos ampliando as coberturas sem uma boa análise de custo-benefício.

Um exemplo: como não há mais limites para consultas com psicólogos, um usuário pode passar 20 anos vendo um psicanalista cinco vezes por semana e repassar toda a conta para o plano. Difícil crer que não existam terapias mais breves igualmente eficientes.

Os planos não são santos, mas têm razão quando se queixam das fraudes, que foram profissionalizadas e se tornaram endêmicas, e da generosidade dos reguladores, que impossibilita um gerenciamento racional do sistema.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA Secretaria Nacional do Consumidor, vinculada ao Ministério da Justiça, notificou 20 operadoras de planos de saúde sobre cancelamentos unilaterais de contratos. As empresas têm 10 dias para enviar esclarecimentos sobre os casos. A regulamentação é cheia de furos. Há um número enorme de hipocondríacos que vivem consultando médicos e fazendo exames sem a menor necessidade, é um nunca-acabar. O ideal era ter uma eficaz medicina pública, como existe na Inglaterra. mas isso é sonhar alto demais.  (C.N.)

6 thoughts on “Sem piedade, planos de saúde abandonam usuários que sofrem de doenças crônicas

  1. Há pouco tempo li uma notícia da ANS que a saúde das operadoras estavam boas. Claro que está com o índice da inflação relativamente baixa, eles autorizam aumentos com margem superior a 10%. O fhc, criou essas operadoras mais para proteger não os usuários e sim que controla esses planos

  2. Mas quanta besteira, essas maluquices estão acabando com os planos de saúde.

    Plano de saúde é um serviço, com contrato, com gastos calculados, não é caridade, não tem recursos infinitos, e não é direito!

  3. Data vênia caro C.N., o sistema de saúde pública inglês rivaliza com o nosso, não é nem um pouco melhor. Os planos de saúde são negócios, ou seja, tem que mostrar resultado, positivo é óbvio. E sinônimo de resultado é lucro e não prejuízo. O que atrapalha muitíssimo a relação entre os planos de saúde e os seus beneficiários é a agência reguladora, porque libera tratamentos ótimos na teoria, e que na prática não funcionam, prejuízo para os planos. E outros extremos, o descredenciamento unilateral de assistido pelo plano porque o tratamento é caro demais. Solução tem? Sem dúvida que tem, é só acabar com a agência reguladora e dar liberdade de negociação entre plano médico e assistido, para as dúvidas existe o Procon e a Justiça. A burocracia estatal não serve para nada, nunca serviu e nunca vai servir.

  4. Senhores Charlie e Walsh , vocês conhecem alguém que tenha contribuído por mais de 30 anos , para um plano de saúde e previdência privada , e na hora de seu resgate ou uso , essa pessoa descobre que esses mais de 30 anos de contribuições , sequer cobrem cinco anos de benefício , portanto eu ” vi e vivenciei ” essa tragédia e pilantragem dentro de uma agência do Banco Bradesco – RJ , na Avenida Visconde de Inhaúma , ou seja , vocês estão usando de má-fé , canalhice , bandidagem e pilantragem , para enganarem os incautos .

  5. E ainda demonizam o ” SUS ” , visando extingui-lo e jogar o povo nas garras desses planos de saúde privados , que sua grande maioria pertencem as empresas estrangeiras e bancos , que não têm compromisso social em prestar um serviço de boa qualidade , contando com a omissão e conivência da agencia reguladora , que de reguladora não regula nada , deixando correr frouxo o desrespeitos aos clientes .

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