Foi Chávez que quebrou a Venezuela ou foi a maldição dos recursos naturais?

Morre aos 58 anos Hugo Chávez, presidente da Venezuela

Chávez, um populista radical, sepultou a democracia 

Marcus André Melo
Folha

As vicissitudes da democracia na Venezuela explicam-se por vários fatores. Trato aqui de um dos mais importante deles —de natureza estrutura — o país é um petroestado.

O país liderou a formação da OPEP (1960), embora a PDVSA só tenha sido concebida em 1976, duas décadas depois da criação da Petrobras. Durante o chamado 1º choque do petróleo, o barril do produto foi de US$ 3 para US$ 12, e chegou a US$ 34, em 1980. O país passou, então, a ostentar a maior renda per capita da América Latina.

POTÊNCIA GLOBAL – A euforia desmesurada produzida levou os venezuelanos a serem conhecidos em Miami como “dame dos” (dê-me dois). A percepção de que o país virara uma potência global e a sua inédita popularidade mundial levaram o glamoroso presidente Carlos Andrés Perez (CAP) a buscar ser protagonista da high politics, tornando-se líder da Internacional Socialista, e mediando conflitos internacionais.

A grandiloquência de suas iniciativas, interna e externamente, deu com os burros na água quando a receita pública despencou e o país teve que se endividar fortemente para manter o vasto conjunto de projetos em curso; as isenções fiscais fabulosas para todos os setores e as subvenções sociais anabolizadas. E, sim, também iniciativas como as orquestras populares.

ALTERNÂNCIA – A colossal reversão de expectativas geradas levou à sua debacle eleitoral para a oposição (Copei). Mas Perez  2 (1989-1993) retornou quatro anos depois prometendo voltar à bonança anterior. Só que agora o projeto era implementar uma ampla reforma fiscal e do Estado com um grupo de economistas treinados no MIT e em Harvard. A reforma incluía a eleição direta de governadores, antes nomeados, a introdução de taxação efetiva sobre consumo e renda etc.

Não sobreviveu ao que foi visto como um estelionato eleitoral. Já no início do mandato a elevação do preço da gasolina deflagrou o Caracazo, no qual estima-se que 300 pessoas morreram e 5.000 ficaram feridas.

Seu partido, Acción Democratica, AD, rachou; e Perez rompeu com seu mentor Rómulo Betancourt o ex-presidente por dois mandatos e fundador da AD.

REBELIÕES – Beneficiando-se da intensa frustração coletiva, o tenente-coronel Chávez e seus soldados assaltaram com blindados a “Casona” para prender o presidente, sem sucesso. Nove meses depois bombardearam o palácio presidencial.

O coronel tentou dar um golpe à moda antiga e foi preso. Com a popularidade no chão, Perez  sofreu impeachment, para o que a própria AD votou a favor.

Perdoado, o coronel golpista elegeu-se e se beneficiou do boom de commodities, como ocorrera com Perez 1 (1974-1979), um político populista de centro-esquerda. Foi Chávez, contudo, um populista autoritário, igualmente irresponsável fiscalmente, que deu o golpe final na democracia venezuelana.

1 thoughts on “Foi Chávez que quebrou a Venezuela ou foi a maldição dos recursos naturais?

  1. Só tem um culpado, que denominei “Alcoviteiro Conglomerado” em tornada “Zona de Meretrício” ou “Putaria Constitucional” assim concluída por servis subversivos traidores das nações em que foram para tanto alçados!

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