Legislativo ganhou poder no Orçamento, mas o presidente é refém do Congresso?

Charge do Zé Dassilva: Orçamento secreto - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Marcus André Melo
Folha

O que explica as mudanças recentes no padrão de relações Executivo-Legislativo?  Sim, o “equilíbrio de presidente forte” que vigeu até o governo Dilma está sob forte tensão. A mudança decorre de alterações tais como a impositividade do orçamento (PECs 86/2015 e 100/2019), a criação do fundo de campanha, as limitações às medidas provisórias (EC 32), e a centralização das casas legislativas pós-pandemia (fortalecendo lideranças congressuais em detrimento das partidárias).

E também fatores contextuais que levaram às alterações citadas: crises econômicas, escândalos, declínio da popularidade presidencial, situação fiscal crítica e redução do tamanho do partido do presidente e de sua base congressual, além do novo protagonismo do STF (ora em aliança —como no atual momento— ou em oposição ao executivo).

COALIZÃO – O estilo de gerenciamento da coalizão de governo —que gira em torno da distribuição do portfólio ministerial e das emendas orçamentárias— também importa e afeta a probabilidade do executivo aprovar sua agenda, inclusive para o orçamento. A má gerência é debilitante.

A grande mudança ocorreu no peso relativo dos ministérios e emendas. Sob Lula 3, a alocação de pastas ministeriais exibe padrão conhecido de desproporcionalidade dos governos petistas. E o presidente da Câmara continua a ser o protagonista, processo que teve início na hiperdelegação praticada por Bolsonaro, um weak strong man.

Ministérios e emendas são substitutos: mais ministérios implicam em menos emendas. Mas a inexistência de base formal sob Bolsonaro (ou base coesa sob Lula), levou à hipertrofia das emendas em processo comandado pelas lideranças congressuais.

EMENDAS RESOLVEM? – Como argumentou Lira: “a troca de ministérios por apoios não vai dar certo. As emendas resolvem isto sem ser necessário um ministério. Da forma que está, o parlamentar fica com o pires na mão e um ministro, que não recebe votos, é quem define a destinação de R$ 200 bi para municípios”.

O que é consistente com o que disse Eduardo Cunha: “Cargos não têm a mesma relevância que emendas. Elas entram direto nas bases dos deputados. Consolidam o prestígio e obtêm dividendos eleitorais”; ou o líder do União Brasil: “Na negociação de cargo participa a cúpula nacional. Mas 80% do Congresso, que é o baixo clero, quer saber da execução orçamentária. Quer saber de levar o posto de saúde, a pavimentação”.

É preciso não esquecer que o Executivo constitucionalmente forte foi produto de uma delegação de poderes em 1988, não alguma forma de usurpação. Como tal, pode ser alterada através de reformas na constituição. O dilema é que ator internalizará os incentivos nacionais e não paroquiais do sistema?

4 thoughts on “Legislativo ganhou poder no Orçamento, mas o presidente é refém do Congresso?

  1. Sr. Newton,

    Imagine como estão as redações da Mídia Nefasta Podre Corrupta Bandida, com seus jornalulistas e jornapiçolistas arrancando os cabelos para fazer narrativas a favor de seu terror-ista bandido de estimação…..

    Pesquisa Veritá: Marçal lidera pela primeira vez na disputa pela prefeitura de SP

    Empresário aparece com 30,9% das intenções de votos, na frente de Guilherme Boulos (21,6%) e Ricardo Nunes (14,2%)

    Confira o resultado da pesquisa:

    Pablo Marçal (PRTB): 30,9%
    Guilherme Boulos (PSOL): 21,6%
    Ricardo Nunes (MDB): 14,2%
    José Luiz Datena (PSDB): 6,3%
    Tabata Amaral (PSB): 5,8%
    Marina Helena (Novo): 3,6%
    Bebeto Haddad (DC): 1,7%
    Ricardo Senese (UP): 0,4%
    Altino Prazeres (PSTU): 0,3%
    João Pimenta (PCO): 0,1%

    Não sabe / não respondeu: 9,7%
    Branco / nulo: 5,4%

  2. “Executivo constitucionalmente forte foi produto de uma delegação de poderes em 1988”. Acho que houve um engano. Quem ficou forte foi o legislativo.

  3. O Datena sempre foi uma incógnita. Nunca teve a coragem de se expor e ver o que realmente era.
    Agora resolveu se mostrar, e teve o desprazer de saber que não representa nada.
    Ainda há a chance de uma “saída a francesa”.
    Depois dessa, nunca mais falem de política com ele.

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