Existe luz no fim da fumaça, apesar das ambiguidades nos três Poderes

A imagem mostra uma área de floresta em chamas, com fumaça densa se espalhando pelo ar. As chamas são visíveis em várias partes do solo, cercadas por vegetação verde. O cenário é de destruição, com árvores e plantas sendo consumidas pelo fogo.

Incêndio em Lábreas (AM), uma das áreas mais atingidas

Conrado Hübner Mendes
Folha

Depois da fumaça, da seca e da inundação, depois do próximo desastre climático, vem o quê? O governo Bolsonaro respondeu com negação. Se há incêndio, persiga ativistas ambientais e ONGs internacionais; se há desmatamento recorde, não tem a ver com a quase extinção do Ibama, o assédio a fiscais, o incentivo ao crime organizado e a promessa de anistia; se há eventos climáticos extremos, nada a ver com ação humana.

A presidência de Lula reacendeu esperanças de que a democracia seria capaz de enfrentar a mais difícil ameaça existencial de nossa época. Ameaça que afeta de forma diversa grupos sociais diferentes, na medida de nossas desigualdades. Ainda assim, ameaça geral a um modo de vida.

É UM DESAFIO – A mudança climática desafia a democracia. A ciclotimia eleitoral e incentivos de curto prazo dificultam consensos de longo prazo. Por isso, medidas de mitigação, adaptação e resiliência, assim como de prevenção, preparação e resposta a emergências, demandam arquitetura institucional inovadora. Democracia nenhuma no mundo encontrou solução à altura.

A Constituição brasileira prevê “direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” de gerações presentes e futuras. Enfatizou os verbos preservar, restaurar, proteger. O Estado criou aparato de políticas públicas capaz de, até 2012, reduzir de maneira recorde o desmatamento (quando se conquistou “O silêncio da motosserra”, como conta o recém-lançado livro de Claudio Angelo e Tasso Azevedo).

Depois das inundações do Rio Grande do Sul, da maior estiagem dos últimos 75 anos e da proliferação de focos de incêndio que espalham fumaça e contaminam o ar de parte do território, medidas mais ousadas começam a surgir. Em agosto de 2024, firmou-se o Pacto pela Transformação Ecológica entre os três Poderes. Executivo, Legislativo e Judiciário se comprometeram a participar da “reformulação do nosso modelo de desenvolvimento econômico”.

BARROSO LIDERA – Luís Roberto Barroso tem exercido liderança no tema. O STF tomou decisões de impacto na proteção ambiental e mitigação da mudança climática. Nos litígios climáticos, o tribunal tem contribuído com a retomada de políticas de controle do desmatamento, por exemplo. Flávio Dino, após audiência, deu ordens para enfrentamento da emergência, como a articulação entre polícias e envio de recursos.

O STF com consciência jurídica do seu papel na emergência climática, porém, não bate com o STF que sedia mesa de negociação de direitos indígenas. Terras indígenas, o STF sabe, correspondem às áreas mais conservadas do país.

Lula movimenta o Poder Executivo não só para combater o fogo, mas promete criar uma autoridade climática e um estatuto da emergência climática. O governo, ao mesmo tempo, mantém em curso plano de construção da BR-319 e da exploração de petróleo na Amazônia.

SINAIS AMBÍGUOS – Arthur Lira declarou que a “pauta verde” é prioridade na Câmara, onde foi aprovado nesses dias uma lei de manejo do fogo. É nesse Congresso, contudo, que avança o “Pacote da Destruição”, o maior programa de destruição ambiental da história do país.

Apesar dos sinais ambíguos, estão esboçados os caminhos para que o Brasil lidere o combate ao colapso climático. Um projeto constitucionalista e democrático contra forças pré-constitucionais e coloniais.

14 thoughts on “Existe luz no fim da fumaça, apesar das ambiguidades nos três Poderes

  1. Bolsonaro desgraçou com tudo, o Loola do Conrado junto com Dino vão consertar tudo.
    Escribas e salvadores da pátria unidos jamais serão vencidos.
    Dom $talinácio sabe fazer chover, na horta dele e dos amigos.
    A prosopopeia dos salvacionistas é de enternecer o mais duro coração de um guarda de campo de concentração nazista.
    Para os ditos acima vai um Premio Pulitzer e um Nobel para o apagador de incêndios.

  2. Certo dia, houve um grande incêndio na floresta, e todas as áreas foram cercadas por um fogo denso e destruidor.

    Os animais, atônitos, não sabiam o que fazer e nem para onde correr. E enquanto todos corriam com medo do fogo, de repente, todos pararam e viram que um beija-flor ia até a margem do rio, mergulhava, enchia seu bico com o máximo de gotas de água que podia, voava até o fogo e deixava as gotinhas caírem sobre as labaredas na tentativa de apagar o fogo. Sem perda de tempo, ele voltava ao rio e repetia sua tentativa incessantemente. Os demais animais silvestres acharam aquela atitude estranha, inútil, e até mesmo boba, pois o fogo continuava alastrando-se, em nada, nada mesmo, seu esforço influía no debelar das chamas. Foi então que o elefante, vendo aquilo, disse-lhe:

    – “Você está louco?

    Acredita que estas poucas gotas de água podem apagar um incêndio tão grande?”.

    Ao que o passarinho respondeu:

    – “Eu estou fazendo o que eu dou conta… estou fazendo a minha parte … e se todo mundo ajudar com o que puder com certeza conseguiremos alguma coisa”.

  3. O cara é otimista, o molusco reacendeu a esperança? O cara está sempre do lado do que existe de pior no mundo. Enquanto o Brasil queima e os artistas estão calados. O molusco enviou bombeiros para Bolívia.

  4. O Brasil pegando fogo, com os maiores focos de queimadas de todos os tempos, e o militante de aluguel jogando água na fogueira das responsabilidades, dos incompetentes traficantes petralhas dos três phoderes.

  5. A presidência de Lula reacendeu esperanças de que a democracia seria capaz de enfrentar a mais difícil ameaça existencial de nossa época.

    È sério ou zueira.??

  6. Sincera e humildemente, sem intenção fiscalizadora alguma, simplesmente expondo uma impressão: Este deve ser o conjunto de comentários e críticas mais destrambelhado e injusto que eu li ultimamente nesta TI.
    Não conheço o autor do artigo, nem de ouvi falar, me desculpem a ignorância, mas só consegui enxergar um texto oportuno, descritivo e factualmente honesto., nada opinativo nem panfletário.
    É impressionante como a polarização tóxica de origem populista pode atrofiar a lógica,
    o entendimento e o bom senso, além do risco de destruir neurónios.
    Me desculpem pela opinião não solicitada, mas refletir é positivo, barato e não dói.

  7. Qualquer opinião que vai lastreada em ranços ideológicos peca na origem, e viciada só vai atender aos devotos.
    Quando citei Pulitzer numa postagem cima me referia à frase dele:
    ” Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”. Joseph Pulitzer.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *