Provas de golpe orquestrado podem minar o projeto de anistia e barrar impunidade

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Charge do Clayton (O Povo/CE)

Carlos Pereira
Estadão

A defesa da anistia para os condenados pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro não passa de uma estratégia política para livrar Jair Bolsonaro, tanto pela decisão do TSE de declarar sua inelegibilidade por oito anos, como por eventuais condenações do ex-presidente pelo STF do seu envolvimento direto em uma suposta trama golpista.

Mas, como destacado em artigo de Pablo Ortellado, o grande receio é o de que a reprovação dos eleitores aos atos de 8 de janeiro esvaneça com o passar do tempo. O PL da anistia dos condenados ganharia assim maior viabilidade política no Legislativo, o que aumentaria as chances de perdão dos crimes cometidos pelos envolvidos.

O PLANO – Ortellado argumenta que seria fundamental que a justiça comprovasse que havia um propósito golpista na invasão dos três poderes. Bem como que tais ações, em conjunto com os bloqueios de rodovia e de acessos às refinarias e a derrubada das linhas de transmissão de energia foram coordenadas pelos líderes do movimento golpista, incluindo o ex-presidente. Algo, que, segundo Ortellado, não foi plenamente comprovado e/ou detalhadamente divulgado para a sociedade até o momento.

Entretanto, como mostrado em artigo “In court we trust? Political affinity and citizen’s atitudes toward court’s decisions”, escrito em parceria com André Klevenhusen e Lúcia Barros, a confiança dos eleitores brasileiros no Supremo não é livre de viés afetivo com o líder político que amam ou que odeiam.

O estudo revela que os eleitores de Lula, por exemplo, passam a confiar mais no STF quando condena Bolsonaro e/ou absolve Lula. O inverso também é verdadeiro em relação aos eleitores de Bolsonaro. A percepção de que o STF é politicamente motivado também obedece à mesma lógica. Além disso, a pesquisa indica que eleitores de Lula e de Bolsonaro acreditam na integridade dos seus líderes, mesmo quando ele é condenado pelo STF.

SEM SOLUÇÃO? – Portanto, é possível inferir que por mais que o Supremo forneça evidências de coordenação entre os eventos golpistas, a percepção do eleitor conectado afetivamente com Lula ou Bolsonaro sobre o STF provavelmente não mudará e a agenda da anistia dos condenados não necessariamente se enfraquecerá.

Entretanto, os eleitores que não votam em Lula nem em Bolsonaro, que representam um montante expressivo do eleitorado, não têm a sua confiança no STF alterada em função da sua decisão de condenação e absolvição de um ou de outro.

Portanto, a oferta de maiores evidências de coordenação da trama golpista pode fortalecer a decisão do Supremo e diminuir a viabilidade política do projeto de anistia que tramita no Poder Legislativo.

12 thoughts on “Provas de golpe orquestrado podem minar o projeto de anistia e barrar impunidade

  1. Tendo sido um multilateral e destrambelhado “Evento de Falsas Bandeiras”, pergunto: Essa Anistia alcançará os reais golpistas beneficiados e não responsabilizados com os “matreiros e subversivos” atos?

  2. A única trama golpista com evidências abundantes é a fraude eleitoral de 2022, cometida pelos traficantes supremos a serviço da facção criminosa PT/5TF.

  3. Senhor Carlos Pereira (Estadão) , o então presidente jair bolsonaro , passou todo o seu mandato ” pregando e praticando” a subversão no país, tanto é verdade que a levou para dentro das FFAAs-BR , sendo alguns comandantes a ” abraçaram e apoiarem ” de bom grado , que até se deixaram sitiar em seus respectivos quartéis impunemente , que com toda certeza usaram (roubaram) dinheiro públicos dos quartéis via ” triangulações ” , com o agravante de que esses comandantes subversivos e criminosos continuam na ativa e impune .

  4. Lembrete :
    Os congressistas só não derrubaram o ex-presidente jair bolsonaro á época , porque ele era(é) um ” fraco , manipulável , covarde , traidor ou seja , ele não era uma Dilma Rousseff , muito mais forte que jair bolsonaro.

  5. Senhor James Pimenta , até para os juízes do STF tirarem o Lula da cadeia e lhes restituírem os direitos políticos e o reabilitarem , contaram a ” anuência e aprovação ” , do ex-presidente jair bolsonaro e de seu vice , general hamilton mourão , que infelizmente participaram dessa trama contra o país , ao invés de denunciarem , procuraram tirar proveito próprio da situação .

    • Mas claro, é uma conclusão lógica e cartesiana, se ele, sem bagagem política e pessoal positiva alguma, tinha ganho a eleição pelo vitimismo da facada e repúdio ao PT, era claro que ao final do governo, com a dívida de 700 mil mortes e o Lula na cadeia, o quadro era o mesmo de 2018, só que invertido, era necessário, pelo menos, tirar o manto do vitimismo do Lula e trazê-lo para a rua através de uma jogada suja que respingasse nele, só que como não dava para ressuscitar os mortos, ele prevendo a derrota, foi preparando a narrativa das urnas e planejando o golpe que fracassou pelos motivos expostos aqui na republicação do capítulo V do meu O que Aconteceu.

  6. A prova de que o ‘tosco’ estava metido no planejamento é que tudo deu errado.
    O senhor Schossland sempre fala em ‘golpe das falsas bandeiras’ mas quem ‘armou’ e manteve até o último momento os acampamentos em frente aos quartéis???!!!
    Obs: O erro no planejamento foi que eles imaginaram que haveria repressão violenta ao despropositado ato por parte do governo o que não ocorreu. A meu ver acertadamente, pois bastaria uma gota de sangue para ‘tudo acontecer’.

  7. Acho que c concordamos na mesma conclusão:

    O QUE ACONTECEU? V
    Há um velho refrão que diz “O homem propõe e Deus dispõe” e parece que foi isso que aconteceu, pois considerando que o plano era uma manifestação sob o o sofisma de “democrática e pacífica” que involuntariamente deveria descambar para a invasão, violência e destruição, o clássico terrorismo, com a prevista reação das forças de segurança que, diante da agressividade radical programada, poderiam se assustar e sob forte emoção e medo usar as armas e causar algumas mortes entre os golpistas, alcançando assim, involuntariamente o sucesso da missão, transformar um comando de terroristas numa em uma plêiade de mártires na luta contra a “ditadura comunista opressora”.

    Mas…os ilustres estrategistas de Mar-a-Lago em Palm Beach esqueceram de um pequeno detalhe, o Cupim Jair tinha passado quatro anos agradando as PMs do país, prestigiando formaturas e concedendo benesses econômicas com vistas à doutrinação e apoio para o tão sonhado golpe de estado e consequente ditadura, e aí o que aconteceu? Os PMs, bolsonaristas agradecidos, convictos de que os golpistas estavam se expondo em pró de seu líder, passaram a dar-lhe orientação e proteção em detrimento da segurança devida ao patrimônio e ordem públicos e não se atingiu o objetivo, os cadáveres.

    Resumo da história, o golpe amadurecido por dois meses fracassou redondamente, expôs as intenções da extrema direita, arruinou as chances da verdadeira direita, forneceu habeas corpus para a esquerda e arruinou o pouco prestígio que ainda restava às FFAA. Agora é aguentar as narrativas imbecis e absurdas de perdedores e profetas contrariados.

    Um Velho na Janela
    Enviado por Um Velho na Janela em 12/01/2023

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