Um belo chão de estrelas no caminho do poeta Orestes Barbosa

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, escritor, compositor e poeta carioca Orestes Dias Barbosa (1893-1966) fez do samba-canção “Chão de Estrelas”, um dos maiores clássicos da MPB, gravado por Silvio Caldas, em 1937, pela Continental, cuja letra explora o sofrimento amoroso, que, aliás, é principal característica do gênero musical samba-canção.

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Orestes Barbosa | Enciclopédia Itaú Cultural

Orestes, no desenho de Nássara

CHÃO DE ESTRELAS
Silvio Caldas e Orestes Barbosa

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões…
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações.

Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou…
E hoje, quando do sol a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou.

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam estranho festival:
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional!

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua, furando o nosso zinco,
Salpicava de estrelas nosso chão…
Tu pisavas os astros, distraída,
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.

3 thoughts on “Um belo chão de estrelas no caminho do poeta Orestes Barbosa

  1. Estes versos, sao , para mim, dos mais lindos que a musica ja nos mostrou:

    A porta do barraco era sem trinco
    Mas a lua, furando o nosso zinco,
    Salpicava de estrelas nosso chão…
    Tu pisavas os astros, distraída,

    Linda. Parabens pela lembranca

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