‘Estamos sentados numa bomba-relógio’, adverte especialista sobre vício em bets

Charge 27/09/2024 - Tribuna Ribeirão

Charge do Cazo (Arquivo Google)

José Roberto de Toledo
Do UOL

A dependência em jogos de azar já é considerada a terceira maior do mundo, superada apenas pelos vícios do tabaco e do álcool. Edilson Braga, pesquisador do ambulatório de jogos do Hospital das Clínicas da USP, afirmou no Análise da Notícia que, embora não possa afirmar que estamos enfrentando uma epidemia de vício em apostas, acredita que “estamos sentados em uma bomba-relógio”

Mas por que o jogo, quem diria?, já é a terceira maior dependência, perde apenas para o tabaco e o álcool? Faço essa comparação porque é mesmo setor doparminérgico. Da mesma forma que acontece com a bebida e o fumo, assim que a pessoa joga, ela sente gratificação, aquele alívio. É isso que causa a dependência.

DESCONTROLE – O pesquisador explica que a recompensa vem no ato de jogar e não no ato de ganhar, e o primeiro sinal de dependência é o descontrole.

Quando a dependência está instalada, pouco importa se o jogador vai ganhar ou perder. Segundo relatos de pacientes, é a fissura pelo jogo, por apostar. Se a pessoa disser que gastou R$ 100, é mentira, gastou R$ 500 pelo menos. Se disser que jogou uma ou duas vezes, jogou praticamente a semana inteira. Isso é um fato.

As pessoas perdem tudo. Quando eu falo tudo, é o que ela tiver para perder. Se não conseguir socorrer essa pessoa antes, ela perde. São empresas, famílias, apartamentos, carro, o que você imaginar. Ela não tem controle. Nós estamos falando de um transtorno que não tem controle.

TOLERÂNCIA – Começa com apostas em valores menores, ele vai subindo, é como se fosse uma tolerância. Ele vai aumentando, vai apostando cada vez mais, aumenta a frequência e, pronto, desenvolveu o transtorno.

Na avaliação do especialista, o vício em apostas é mal que já se instalou na sociedade e a regulamentação seria ”redução de danos”.

A propaganda é uma coisa que deveria estar banida, não poderia acontecer essa exposição. Nossos congressistas deveriam pensar nisso. Seria a primeira coisa. O celular, pela facilidade de acesso, também se tornou a ‘boca do apostador’.

RISCO ALTO – “Não sei se é cedo para falar em epidemia, não vou profetizar, mas acho que estamos sentados numa bomba-relógio. No mundo de ‘Neverland’, eu diria que tivesse um controle em que ninguém pudesse fazer apostas. O risco é muito alto. É um transtorno que não é brincadeira. É em um piscar de olhos e todo o patrimônio da vida se foi”, disse o especialista, acrescentando:

“Faço votos que essa regulamentação seja caprichada, que tenha como fiscalizar, que funcione para, quem sabe, reduzir significativamente danos. Em 2025, vamos ter notícias de tudo que vai acontecer, seja no sistema financeiro e de saúde”.

6 thoughts on “‘Estamos sentados numa bomba-relógio’, adverte especialista sobre vício em bets

  1. O Estadão online está mostrando todos os lobistas dos jogos no congresso. A salvação para muitos dos nossos problemas é a educação universal de qualidade. Povo educado pode conviver com tudo liberado pois tem consciência das coisas. Consegue entender causa e efeito. “Mas quem se interessa ”?

  2. A pessoa escolhe se quer jogar ou não e quanto quer perder.

    O indivíduo opta de forma consciente por usar drogas, sabendo de todas as consequências.

    O mais grave não é o mal que um indivíduo causa a si mesmo.

    O que merece ser combatido é o mal que o Estado causa ao indivíduo, sem nenhuma razão, contra a Lei e contra todas as provas dos autos.

    Processos fake que arrancam toda a liberdade e todo o patrimônio de pessoas e famílias, sob as acusações mais falsas, bizarras e inacreditáveis, isso sim merece ser combatido, pois ninguém consegue resistir ao poder arbitrário desse Estado mafioso brasileiro atual.

    • Não, Pedro, o problema é que justamente a pessoa NÃO escolhe nem se quer jogar nem o quanto quer perder depois que o vício se instala. Do mesmo modo que o sujeito no início pode optar de forma consciente se quer ou não usar drogas, mas depois não se controla mais.
      Seria bom se tudo fosse racional e cuidadosamente avaliado. Infelizmente o ser humano não funciona assim.

  3. O governo entregou o negócio do jogo para um punhado de pessoas, que operam fora do país, associados a jogadores de futebol

    Vilão. O sistema de apostas on line invadiu os lares de todo o Brasil, prometendo milhões de reais para quem apostar bastante.

    O convite massivo para jogar vem pela televisão, pelas redes sociais, e sua operação ocorre por intermédio do celular.

    Fonte: Metrópoles, Opinião, 28/09/2024 10:00 Por André Gustavo Stumpf

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