Nenhum candidato consegue responder às perguntas do poeta

Tribuna da Internet | Para o cidadão-contribuinte-eleitor, em tempo de  eleição, perguntar não ofende

Paulo Peres, um poeta-cidadão

Carlos Newton

O advogado, jornalista, analista judiciário aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), compositor, letrista e poeta carioca Paulo Roberto Peres, através do poema “Perguntar”, personifica o cidadão-eleitor-contribuinte e questiona os candidatos às eleições municipais deste domingo.

PERGUNTAR
Paulo Peres

Meu senhor, minha senhora,
Desculpe por perguntar,
Notícias de toda hora
Que entender faz chorar!

Trabalho o ano inteiro
Imposto do meu dinheiro
Percentual vem tirar….

Mas tudo bem, entendo eu
Isto sempre aconteceu
Para necessidades sanar
Do povo em qualquer lugar.

Mas no Brasil tal contrato
Por governantes setores
É rasgado em cada ato
Pela ganância, credores
Do além-mar barganhar….

Em ano de eleição
Surge como panaceia
O voto do cidadão.
Muita promessa semeia
E no fim é sempre igual.

Prestar o serviço essencial,
Federal, estadual, municipal
Pertence a quem, afinal?

A competência passeia
Pelas rádios, TVs, jornais
E pelas redes sociais,
Enquanto o Povo vagueia
No sofisma eleitoral!

3 thoughts on “Nenhum candidato consegue responder às perguntas do poeta

  1. excelentes versos, com traços de indignação e cobranças. Paulo sabe que é preciso protestar, sempre. governantes são intolerantes. adoram se fazer de surdos.
    .

  2. 1) Paulo Peres, excelente poeta, ótimo colunista !

    Licença…

    2) O site “Jornalistas Livres” está com um bom e-mail, no Facebook: citando o verso de Noel Rosa/Vadico: canção “Conversa de Botequim”…

    3) “Feche a porta da direita com muito cuidado… ”

    4) Veja a letra histórica:

    “Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
    Uma boa média que não seja requentada
    Um pão bem quente com manteiga à beça
    Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
    Feche a porta da direita com muito cuidado
    Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
    Vá perguntar ao seu freguês do lado
    Qual foi o resultado do futebol

    Se você ficar limpando a mesa
    Não me levanto nem pago a despesa
    Vá pedir ao seu patrão
    Uma caneta, um tinteiro
    Um envelope e um cartão
    Não se esqueça de me dar palitos
    E um cigarro pra espantar mosquitos
    Vá dizer ao charuteiro
    Que me empreste umas revistas
    Um isqueiro e um cinzeiro

    Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
    Uma boa média que não seja requentada
    Um pão bem quente com manteiga à beça
    Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
    Feche a porta da direita com muito cuidado
    Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
    Vá perguntar ao seu freguês do lado
    Qual foi o resultado do futebol

    Telefone ao menos uma vez
    Para três quatro, quatro, três, três, três
    E ordene ao seu Osório
    Que me mande um guarda-chuva
    Aqui pro nosso escritório
    Seu garçom me empresta algum dinheiro
    Que eu deixei o meu com o bicheiro
    Vá dizer ao seu gerente
    Que pendure esta despesa.
    No cabide ali em frente

    Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
    Uma boa média que não seja requentada
    Um pão bem quente com manteiga à beça
    Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
    Feche a porta da direita com muito cuidado
    Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
    Vá perguntar ao seu freguês do lado
    Qual foi o resultado do futebol.

  3. Excelente início de domingo de eleição com os versos do Paulo Perez que sintetizam, poeticamente, o jornalismo de oposição, e o saudoso, eterno e sempre delicioso “Conversa de Botequim”

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