Lula busca o Nobel e bagunça a política externa: “Foi sem querer querendo”

Charge por @izanio_charges 

Charge do Izânio (artigo

Carlos Newton

A volta do famoso personagem Chaves à televisão coincide com as novas façanhas externas do presidente Lula da Silva e sua equipe, liderada formalmente pelo chanceler Mauro Vieira e informalmente pelo incansável assessor internacional Celso Amorim, que vive pelo mundo a mando de Lula, que se julga merecedor do Prêmio Nobel da Paz.

A grande surpresa do nobélico Lula foi ter levado o Brics a rejeitar que Venezuela e Nicarágua entrassem na lista de possíveis países parceiros do Brics. A decisão coincide com o desejo expressado pelo Brasil, que não quer os dois países no bloco.

AGRADO E DESAGRADO – Assim, do outro lado do mundo e com a cabeça quebrada, o presidente conseguiu agradar alguns parcos países democráticos do Brics, como África do Sul e Bolívia.

Ao mesmo tempo, desagradou os demais parceiros do bloco, especialmente China, Rússia, Irã, Uganda e Cuba, países que ainda se mantém como ditaduras, mas fazem eleições simuladas para manter as aparências.

Maduro engoliu a decisão do ex-amigo Lula e seguiu em frente. Foi recebido nesta quarta-feira pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que deixou tudo às claras.

DISSE PUTIN – “A Venezuela é um dos parceiros antigos e confiáveis da Rússia na América Latina e no mundo em geral”, afirmou Putin durante a reunião na cidade russa de Kazan, transmitida ao vivo pela televisão estatal.

“As relações de associação estratégica entre os dois países continuam a se fortalecer”, dizem Putin, acrescentando que “os volumes de comércio bilateral estão crescendo, temos muitos projetos nos setores de energia, produtos farmacêuticos, transporte, conquista do espaço e novas tecnologias”.

Disse que a Venezuela ficará na fila de espera dos Brics, junto com a Nicarágua. E Maduro emendou: “A Venezuela pratica os princípios do Brics por convicção, o Sul Global só pode existir com o direito de ter o futuro, de ter igualdade, de ter liberdade, de ter prosperidade”.

DESGASTE À TOA – Em tradução simultânea, isso significa que Lula se desgastou à toa, porque o Brics é um bloco econômico que se antepõe à Alca americana e à União Europeia, mas também há objetivos políticos. Assim, em breve Venezuela e Nicarágua serão novamente convidadas a participar.

O pior de tudo é o Brasil abandonar sua estratégica política de neutralidade internacional, adotada com sucesso desde o final do século 19. Essas circunstâncias internacionais prejudicam o ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o fechamento do acordo comercial do MercoSul com a União Europeia.

E se alguém perguntar a Lula como ele consegue se meter em tanta confusão na política externa, ele responderá imitando o personagem Chaves: “Foi sem querer querendo”.

11 thoughts on “Lula busca o Nobel e bagunça a política externa: “Foi sem querer querendo”

  1. A maior frustração de Lula é não ter o seu nome nem cogitado para o Prêmio Nobel da Paz, que tanto ambiciona ganhar e que este ano foi concedido, pelo Comitê Norueguês, para uma organização japonesa que combate armas nucleares.

  2. Bem, o que trouxe de benéfico ao Brasil as relações comerciais com blocos de países sob a liderança dos EUA? A de ser meros fornecedores de matéria primas ou produtos do agronegócio? Desde o tal Consenso de Washington estamos nessa.

    A formação do Brics ampliado pode ser uma tentativa que dê certo e por isso a grande pressão que certos países fazem contra a sua formação .

    O que precisamos é dar um salto de qualidade em nossa produção própria e não é com exportação de commodities que isso acontecerá.

    Nas relações políticas devemos permanecer neutros, mas nas relações econômicas temos que ver o que é melhor para nós.

    O recente caso dos EUA de quererem melar o acordo da compra de caças suecos é um bom exemplo de que a dependência tecnológica é uma boa estratégia que os países desenvolvidos usam, a fim de manter o status quo. Também temos os casos de empresas proibidas de vender ou fornecer tecnologia à China pelos EUA

  3. O avião da Presidência ainda está no mesmo país, onde foi deixado pelo presidente e comitiva, e lá mantido agora talvez para justificar a compra de uma outra aeronave.

    Se o presidente de lá enviar ao Comitê Norueguês a cartinha (conforme modelo possivelmente deixado pelo Amorim) indicando o presidente daqui ao Nobel da Paz, talvez até acabe ficando com avião avariado de presente. Quem sabe?

  4. ” Com a chegada de Geisel à Presidência da República, o Itamaraty, sob a chefia de Silveirinha, retoma princípios de defesa do interesse nacional que haviam marcado a Política Externa Independente, inaugurada e sobretudo formulada por Francisco Clementino de San Tiago Dantas….”

    https://www.jb.com.br/brasil/opiniao/artigos/2024/10/1052544-a-ilusao-e-a-servidao-7-ou-os-vagidos-do-neoliberalismo.html

    “…A ideologia do neoliberalismo se servirá habilmente tanto do “Perigo Vermelho” quanto do destino manifesto para dificultar a defesa da soberania econômica pelos países em desenvolvimento.
    Geisel e Silveira, ao denominarem a política externa brasileira de “pragmatismo responsável” procuram circunscrever os dois torniquetes do destino manifesto e do perigo vermelho….”

  5. A maior parte do globo terrestre é de ditaduras, e as ditaduras são muito mais nossas amigas do que os democráticos que nos espionam, criam bloqueios para os nossos produtos, barram nossos compatriotas nas alfandegas, nos tratam como vira latas em geral e boicotam nosso desenvolvimento.
    Ninguém aqui é cavaleiro montado num cavalo branco pra sair defendendo a justiça e a honra, nós queremos é petróleo russo, bugiganga chinesa, vender carne pras arábia e por aí vai.

    Fora que vejo muita gente Brasil afora com aversão genuína a regimes ditatoriais, mas chamam de “mito” uma cadelinha da ditadura brasileira.

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