No Brasil, a política tornou-se exercício diário do maior surrealismo do mundo

Bolsonaro e Lula se enfrentam em último debate nesta sexta-feira | CNN Brasil

Lula e Bolsonaro são grandes mestres no surrealismo da política

Carlos Newton

Já dissemos aqui na Tribuna da Internet que não mais existem brasilianistas por essas bandas. Até recentemente parecia uma praga. A política brasileira era acompanhada por um número enorme de observadores internacionais, que se surpreendiam com a sucessão da acontecimentos surrealistas. De tal maneira que eles acabaram desistindo de tentar entender a política aqui no mais importante país debaixo do Equador.

Realmente, não dá para comparar com nenhum outro fenômeno mundial. Vejam agora o que está acontecendo com o projeto que anistia os perigosos “terroristas” do 9 de Janeiro.

DURO DE ACEITAR – As pessoas normais, digamos assim, não conseguem compreender nem aceitar que de repente se tenha começado a falar na anistia, com a situação evoluindo velozmente de um dia para outro. Então, digamos que é resultado de uma evolução astrológica, com vários assuntos entrando em linha e cada um influenciando o outro.

O primeiro fato é que Jair Bolsonaro quer ser candidato de qualquer jeito e a única saída para ele é a anistia. Ao mesmo tempo, Lula caiu no banheiro, quebrou a cabeça e…acordou, ao invés de desmaiar. De repente, percebeu que está velho demais e pode não aguentar o tranco de uma nova campanha.

Nessas condições, como enfrentar um candidato jovem e forte, como Tarcísio de Freitas, chancelado pelo maior partido evangélico do país?

PT TAMBÉM ACORDA – Ao mesmo tempo, o PT também acordou e percebeu que não tem candidato que possa substituir Lula numa emergência. Assim, a solução seria lançar o próprio Lula contra Bolsonaro, porque a possibilidade de vitória seria muito maior, sem Tarcísio na disputa.

Mas acontece que Bolsonaro está inelegível, diria o conselheiro Acácio, personagem de Eça de Queiroz. Ora, é para isso que existem os três poderes, operando em ritmo de lavandaria. O Congresso lava, o Executivo enxágua, o Supremo passa a ferro – e o candidato imundo fica pronto para outra.

Não foi assim que passaram alvejante em Lula da Silva em 2021, deixando-o limpinho para a campanha? E não está sendo assim agora com José Dirceu, que está sendo recuperado para  trabalhar novamente com Lula, embora estejam rompidos desde 2015?

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P.S.
Isso é política ou surrealismo? Não sei. Chamar de política seria esculhambar a democracia e o barão de Montesquieu. Dizer que é surrealismo significaria desconsiderar importantes escritores e artistas que fizeram história no século passado. Assim, a conclusão mais direta é dizer que, no Brasil do século 21, o que parece surreal é apenas o dia-a-dia da política. (C.N.)

10 thoughts on “No Brasil, a política tornou-se exercício diário do maior surrealismo do mundo

  1. Excluídos do poder, proclamada a República, os ‘governantes’ portugueses foram embora do Brasil, há 135 anos, e deixaram para trás um território continental que governos ‘brasileiros’, exceto em alguns momentos, não sabem como administrar.

  2. Se é uma coisa que quase não existe nesse País é político. Bem poucos podem ser assim classificados, de uns tempos para cá a grande maioria não tem competencia para esse cargo.

  3. Barão de Itararé já trazia o resumo definitivo: “Anistia é um ato pelo qual os governos resolvem perdoar generosamente as injustiças e os crimes que eles mesmos cometeram”.

    • Conforme acima, do 9 de janeiro, porque no 8 de janeiro foram outros, os que precisaram daquele evento de falsa bandeira para desviar o foco dos corruptos em perigo iminente!

  4. Caro CN, lembre: “Do Brasil,,As Cartas na Mesa”, com sucessivos e apátridas “croupier” fraudulentos e corruptos, favorecendo “a casa” ESTRANGEIRAS!

  5. Enquanto as pretensas cabeças pensantes seguirem abordando os problemas nacionais sob a ótica da política e não fizerem um MBA para interpretarem a disfunção sociopolítica sob a lógica mercantil e financeira, o sistema explorador espoliador seguirá incólume e produtivo.

  6. As saúvas vermelhas ainda não acabaram com o Brasil.
    Introdução ao realismo fantástico, quase surreal, no dia que Loola inadvertidamente comer o guardanapo e limpar a boca com o bife vai faltar guardanapo ao sul do equador.

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