É comovente a excitação jornalística com o indiciamento de Bolsonaro

Charges irônicas e críticas ao terrorismo de 8 de janeiro no DF – Sindicato  dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes

Charge do Céllus (Arquivo Google)

Mario Sabino
Metrópoles

Os jornalistas brasileiros estão excitadíssimos com o indiciamento de Jair Bolsonaro et caterva. Chega a ser comovente. Um deles comparou o que não existiu com o que existiu e disse que o “golpe de Bolsonaro seria mais violento do que o de 1964” (peço desculpas pelo arroubo do colega aos parentes das centenas de torturados e mortos pela ditadura militar).

Outro aventou que o nome “Punhal Verde Amarelo”, escolhido pelos kids pretos para a sua ação golpista, poderia ser uma referência à “Noite dos Longos Punhais” — que ele definiu como “o maior expurgo de opositores e pessoas que não compartilhavam da ideologia nazista” (o expurgo foi principalmente interno ao partido nazista, com a eliminação de Ernst Röhm, chefão das SA, e os seus asseclas, mas história não é o forte dos jornalistas brasileiros).

POLÍTICO MORTO? – Há também aqueles que já declaram Jair Bolsonaro morto politicamente, esquecendo que as ressurreições e encarnações são milagre cotidiano neste Brasil espírita.

A excitação é tão grande, que ninguém está nem aí, outra vez, com o fato de uma das vítimas na mira dos golpistas ser o juiz que os sentenciará — uma dessas inovações jurídicas que só cabem no Estado de Direito tabajara sob o qual vivemos.

Os jornalistas que não se incomodam com a inovação — pelo contrário, até a aplaudem entusiasticamente — são os mesmos que ficaram indignadíssimos com o fato de o então juiz Sergio Moro conversar fora dos autos da Lava Jato com o então procurador Deltan Dallagnol, o que constituiria gravíssimo atentado contra o Estado de Direito.

DESVÃOS TABAJARAS – O Estado de Direito, porém, não faltou ao chamamento dos filhos deste solo e de mãe gentil.

Nos seus desvãos tabajaras, o hackeamento do aplicativo de mensagens do procurador produziu provas cuja ilegalidade foi contornada com muita criatividade, coragem e determinação pelo nosso STF para soltar Lula e anular outras condenações no maior esquema de corrupção da história brasileira e quiçá mundial.

Quem acabou punido foi Deltan Dallagnol, cujo registro de candidato a deputado federal foi cassado também criativamente pelo TSE. Quanto a Sergio Moro, ele que fique esperto com a clava engenhosa da Justiça.

NOBRE REVANCHISMO – Os jornalistas estão excitadíssimos e alguns deles, armados do mais nobre revanchismo nascido em 1964, comemoram a humilhação a que Jair Bolsonaro e os kids pretos submeteram as Forças Armadas, que se deixaram enredar nessa história suja.

Que tenham sido elas a fazer-se de surdas aos apelos golpistas de integrantes seus, garantindo a manutenção da democracia, dentro do seu papel constitucional, isso é coisa de somenos, assim como a Constituição.

Tabajaras nascemos, tabajaras morreremos.

10 thoughts on “É comovente a excitação jornalística com o indiciamento de Bolsonaro

  1. A prova da existência de um “plantado” Agente Duplo(informante=o dedo duro=armador de situações comprometedoras), na equipe de “confiança” de Bolsonaro: “Segundo a decisão de Moraes, o crime não teria se consumado porque o ministro não utilizou a rota esperada pelos investigados.”
    PS. Como Moraes soube?

  2. Tem mais é que ficar comovida, pois se o golpe fosse consumado nem comoção teria direito de ter, ou esquecem que o COISO detestava a imprensa.

  3. Querem prender Bolsonaro.
    Ainda bem que Loola ainda está solto.
    Nesse bang bang tabajara os mocinhos são da esquerda e os bandidos da direita.
    Imagino os editores de Globo, Folha e Estadão dando as diretrizes, continua a temporada de avacalhação ao Bolsonaro e a tudo que se refere a ele.
    Os outros avacalháveis não perdem por esperar, Trump, Milei, Netanyahu. A banana deles está assando.
    Já ia esquecendo outro poderoso avacalhável, Elon Musk.

  4. Este “golpe”, poderia ser chamado de “golpe viúva Porcina”, que foi sem nunca ter sido.
    Esta até perigoso se sonhar, quando se estiver dormindo, com algum golpe, porque se for descoberto, o sonhador acaba podendo ser preso.
    Se tudo isso não for má fé, é então paranoia.

  5. Caro Mário, se um golpe de estado que começou com uma pacata Marcha por Deus e pela Família, redundou em vítimas, muitas vítimas, em 30 anos de ditadura, como querer tirar gravidade a uma conspiração para golpe de estado e assassinato sob a égide de “precisamos de uma revolução para matar 30 mil” e “Salve Cel Ustra e sua tortura”
    Você teria sido contaminado também pelo vírus da demência progressiva?

  6. Do Tenente-Coronel Otto Skorzeny quando lhe perguntaram se ele havia, mesmo, tentado matar o General Eisenhower, durante a Ofensiva das Ardenas:

    “se eu tivesse pensado nisso eu teria planejado, se eu tivesse planejado eu teria executado e se eu tivesse executado eu teria conseguido !”

  7. PCO critica Moraes por criar “crime de opinião” e refuta tentativa de golpe

    O presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, criticou nesta sexta-feira (22) a justiça brasileira por consagrar o “crime de opinião e de pensamento”. A crítica ocorre um dia depois da Polícia Federal (PF) indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por suposta tentativa de golpe de Estado.

    “É um crime intelectual. Os caras trocaram mensagem no aplicativo. Tudo bem que eles são idiotas. Você vai dar um golpe de Estado e você troca mensagem no aplicativo. Mas, enfim, eles não fizeram nada. Nem compraram as armas, nada”, enfatizou o presidente do PCO.

    “Então, afirmar que o militar brasileiro quer dar golpe não surpreende. Agora, uma coisa é querer dar o golpe, outra coisa é conseguir dar o golpe. São situações completamente diferentes”, completou

    Extraído da Gazeta do Povo
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  8. “A gente convidou o ministro Alexandre de Moraes, que é um grande parceiro”

    Janja, agradecendo a “parceria” de ministro do STF contra as “fake news”. O Brasil é o país onde Executivo e Judiciário se juntam para provar que não agem em conjunto

    Mas Dallagnol e Moro não podem.. 

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