J.R. Guzzo
Estadão
O Brasil tem há seis anos um único problema político realmente sério, e nada indica que esse problema esteja a caminho de uma solução. O problema se chama Jair Bolsonaro. A questão não é, não era e nunca será a sua pessoa física, nem suas qualidades ou seus vícios, nem o que fez ou o que não fez. A charada que não se resolve é o esforço para colocar de pé uma democracia em que o candidato mais popular, goste-se ou não dele, não pode disputar eleições, nem ficar solto.
Bolsonaro estava proibido de se candidatar até 2030, por decisão dos funcionários que dirigem o sistema eleitoral brasileiro. Aparentemente sua redução ao estágio de inelegível não resolveu o problema. Tenta-se contra ele, agora, uma condenação criminal que no papel pode chegar a 28 anos de cadeia. Seus julgadores são os mesmos que o acusam desde o começo, de forma que a única sentença coerente que podem dar é a condenação.
NÃO VAI SUMIR – Tudo faria muito sentido se a sua prisão, a do presidente do seu partido e de outros fizesse Bolsonaro sumir. Mas Bolsonaro não vai sumir por uma sentença judicial – e também não vão sumir os 60 milhões de eleitores, ou coisa parecida, que votaram nele na última vez em que foram chamados para se manifestar a respeito do assunto.
O que fazer com eles? Ninguém sabe. Não vão mudar de ideia. Vão votar de novo. Não acham que foram salvos. O fato é que Bolsonaro provocou um terremoto ao ser eleito em 2018 para a presidência da República, e o chão continua mexendo até hoje.
Ele não podia, por nenhum critério, ganhar a eleição; todas as análises mostravam que a população jamais iria fazer uma escolha dessas. Mas ganhou, e desde então a política do Brasil vive com uma fratura exposta.
IMPASSE – Seus adversários não podem acabar com as eleições, pois uma democracia tem de ter eleição. Mas as eleições não podem ter Bolsonaro, pois aí há o risco de que ele ganhe.
O indiciamento do ex-presidente não é uma questão jurídica. Não interessa o que há ou não há nas 880 páginas de acusações que a PF entregou à PGR; o STF, que vai decidir o caso, nunca se incomodou com provas, e não é agora que vai se incomodar. O caso é 100% político: como tirar Bolsonaro, para sempre, da vida pública brasileira, seja lá o que ele fez ou não fez. O consenso, no regime em vigor, é que eleição com Bolsonaro é uma ameaça à democracia.
Se o Brasil tivesse instituições de verdade, e não a contrafação marca barbante que está aí, a solução seria o voto popular. Que ele dispute eleições livres: se perder some do mapa para sempre, se ganhar espera-se pela solução biológica. Os Estados Unidos fazem isso com Trump. Aqui a opção é perenizar o problema.
A criação do gabinete do ódio no STF iniciou-se a partir do começo de 2019:
Ao longo de muitos anos o dinheiro da Itaipu foi usado para patrocinar incontáveis eventos sem qualquer relação com a sua função social ou como fonte geradora de energia. A maior prova disso é que, assim que assumiu, o atual diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna, determinou o cancelamento de R$ 42 milhões em patrocínio.
Desse montante, R$ 867 mil era o que restava pagar de um contrato de absurdos R$ 3,369 milhões para patrocinar (pasmem!) o Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal, que teve entre seus organizadores o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes – R$ 2,492 milhões já haviam sido liberados em dezembro de 2018 pela direção anterior da empresa.
Mas essa farra chegou ao fim. Além de determinar uma auditoria em todos os contratos, a nova diretoria estabeleceu regras novas e bem mais rigorosas para concessão de patrocínio. A principal mudança foi para fortalecer os apoios financeiros para eventos de geração de energia elétrica e segurança hídrica, ligados diretamente à atividade fim da usina.
Veja https://www.alertaparana.com.br/noticia/4573/a-farra-acabou-itaipu-tem-novas-regras-de-patrocinio
Um pouco mais tarde, a esposa de GM – ao invés de pedir demissão, como era de se esperar – foi defenestrada também.
É possível que alguns “tribunários” ou parentes deles tenham perdido alguma boquinha, o que os faz unirem-se ao Gabinete do STF e aprovarem suas decisões. Mas a maioria não aceita que o dinheiro do contribuinte seja usado para diversões (férias), principalmente porque Portugal só tira proveito mesmo por causa do dinheiro que lá é gasto.
Afinal, para que servem os serviços de videoconferência ?