No relatório do golpe, delegado da PF denegriu a honra de dois generais

Bolsonaristas desfecharam “uma onda de ataques” contra delegado da PF que investigou seus crimes

Deputado Van Hattem exibiu a foto do delegado Fábio Shor

Carlos Newton

O exercício da profissão de jornalista de política, para chegar a bom termo, não é nada fácil e exige uma dedicação absurda, porque além de correr incessantemente atrás da notícia, os repórteres precisam estar de olho vivo para evitar serem usados, através da plantação de notícias manipuladas por seus informantes.

O melhor dia para explorar a boa fé dos jornalistas é sexta-feira, porque aos sábados e domingos as redações funcionam em sistema de plantão. Assim, em toda sexta-feira as redações varam a noite fazendo o que chamamos de “pescoção”, adiantando a preparação de notas e matérias a serem publicadas sábado, domingo e segunda-feira de manhã.

MÍNIMO DE VERACIDADE – Durante o fim de semana a situação também continua favorável à plantação de notícias, porque as redações estão vazias e os plantonistas aceitam qualquer informação que tenha um mínimo de possível veracidade.

Vamos dar um exemplo de “notícia dirigida”. No momento atual, a Polícia Federal abriu uma grave crise com o Congresso ao indiciar dois deputadores – e Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

A PF alega que eles cometeram crimes de calúnia e difamação ao discursar contra o delegado Fábio Alvarez Shor, pelos erros cometidos em inquéritos que miram o ex-presidente Jair Bolsonaro, além de políticos, militares e ativistas da direita.

MANIPULAÇÃO – Para limpar a barra do delegado Fábio Shor, a PF divulgou a notícia de que houve troca na Diretoria de Inteligência, acrescentando a falsa informação de que esse órgão “estratégico” é que “toca inquéritos importantes, como as diferentes investigações que envolvem o bolsonarismo no STF”.

A informação é absolutamente falsa. A Diretoria de Inteligência não opera nos inquéritos do bolsonarismo. Pelo contrário, todas as informações são conduzidas pela força-tarefa cedida pela PF ao ministro Alexandre de Moraes.

Essa equipe é chefiada justamente pelo delegado Fábio Shor, aquele que não erra nunca e acaba de manchar a honra de dois respeitados generais – Valério Stumpf, ex-Estado-Maior, e Estevam Theophilo, ex-Comando de Operações Terrestres.

SUPOSTAS INFORMAÇÕES – O badalado relatório oficial da PF, escrito por Fábio Shor, publica supostas informações de um militar que sequer foi identificado (aparece como “Riva”), dizendo que a Marinha tinha “tanques no arsenal, prontos” e que o general Stumpf seria informante de Moraes no Exército.

Exibindo esse método investigativo altamente irresponsável –, de afirmar sem provar –, o delegado Shor também publicou no relatório que o general Estevam Theophilo, do Alto-Comando, aceitou “apoiar” o golpe.

É mais uma informação leviana, sem a menor prova ou sustentação, porém acabou divulgada com estardalhaço na grande imprensa e no Jornal Nacional, para depois ganhar as redes sociais.

DENEGRIU OS GENERAIS – Como se vê, somente nesta parte do relatório, o delegado Fábio Shor conseguiu denegrir a honra de dois generais de quatro estrelas.

Mas ele é intocável e não pode ser criticado nem mesmo por deputados federais, no exercício do mandato e falando da tribuna da Câmara…

O pior é que diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, ao invés de apurar os erros do delegado Shor, age como um déspota e resolveu indiciou os dois deputados federais, criando um grave problema para Lula, para o Congresso e para a própria Polícia Federal.

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P.S.
Em tradução simultânea, o infalível e inerrável delegado federal Fábio Shor pode fazer o que bem entender com a imagem e dignidade dos outros, mas sua honra pessoal jamais poderá ser atacada. Ele está acima da lei e da ordem, é o que parece. (C.N.) 

8 thoughts on “No relatório do golpe, delegado da PF denegriu a honra de dois generais

  1. “A terra é entregue nas mãos do ímpio; ele cobre o rosto dos juízes; se não é ele, quem é, logo?” [Jó 9:24].

    “Como qualquer comandante militar experiente, ele atribuiu uma ampla variedade de tarefas estratégicas para suas tropas executarem. Entre elas estão: espionagem, contra-inteligência, desinformação e sabotagem. Pode parecer ilusório ver o exército de anjos caídos de Satanás trabalhando dessa forma — em aliança com legiões de homens corrompidos — mas este é o modo como ele opera. Ele é um mestre na enganação e trabalha com um plano que parece maximizar a vantagem que ele pode extrair desse seu atributo perverso. https://www.espada.eti.br/armas.asp

  2. No meu parco entender, o que macula a seriedade e lisura da informação distribuída e vendida pela imprensa e assemelhados é o entusiasmo, mais ou menos dissimulado e aplicado por TODOS.
    Coitado do delegado, foi muito mais triturado do que os generais.

  3. “O badalado relatório oficial da PF, escrito por Fábio Shor, publica supostas informações de um militar que sequer foi identificado (aparece como “Riva”), dizendo que a Marinha tinha “tanques no arsenal, prontos” e que o general Stumpf seria informante de Moraes no Exército”.

    O relatório diz isso? Ou diz que os militares boçalistas afirmavam que o general Stumpf seria o informante de Moraes?

    Quanto ao general Theophilo, quem mentiu? Mauro Cid que em aúdio falou isso ao general Freire Gomes (que por sinal se recusou a assinar o tal decreto de defesa)?

    Os parlamentares podem e devem criticar coisas que acham erradas, mas daí a caluniar alguma pessoa, especialmente um integrante de uma instituição, vai uma diferença enorme.

    Faz parte das atribuições dos parlamentares caluniar pessoas e ficar por isso mesmo? Acho que a tal imunidade parlamentar não pode ser absoluta.

    Por fim, a tática é essa: desacreditar o relatório da PF, talvez para atingir Moraes, não importa que seguindo esse caminho, a honra do delegado da PF que conduziu as investigações, sem prova alguma.

    Que tempos.

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