Thomas Friedman
NYT/Estadão]
Nas últimas semanas, tenho argumentado que Israel infligiu ao Irã e à sua rede de resistência o equivalente a uma derrota no nível da Guerra dos Seis Dias, e que isso teria grandes consequências. Bem, ironia das ironias, a família Assad na Síria assumiu o poder em 1971, em parte por causa da derrota devastadora da Síria na guerra de 1967. O que vai, volta.
Mas segurem seus chapéus; vocês ainda não viram nada.
A declaração mais engraçada de qualquer líder mundial até agora foi feita pelo presidente eleito Donald Trump.
DISSE TRUMP – Na mídia social, Trump fez a seguinte publicação: “A Síria está uma bagunça, mas não é nossa amiga, e os Estados Unidos não devem ter nada a ver com isso. Essa luta não é nossa. Deixem que ela se desenrole. Não se envolvam!”.
Atenção, Sr. Trump: a Síria é a pedra fundamental de todo o Oriente Médio. Ela acabou de desmoronar como uma ponte que explodiu, criando novos e vastos perigos e oportunidades que todos na região aproveitarão e reagirão.
Ficar fora disso não está no cardápio, especialmente quando temos várias centenas de soldados dos EUA estacionados no leste da Síria. Precisamos descobrir nossos interesses e usar os eventos na Síria para impulsioná-los, porque todos os outros estarão fazendo exatamente isso.
E O IRÃ? – O maior interesse dos EUA é também uma questão óbvia. É que essa revolta na Síria, a longo prazo, desencadeie uma revolta pró-democracia no Irã.
No curto prazo, isso certamente desencadeará uma luta pelo poder entre os moderados de lá – o presidente Masoud Pezeshkian e seu vice-presidente, o ex-ministro das Relações Exteriores Javad Zarif – e os linha-dura da Guarda Revolucionária. Precisamos moldar essa luta.
Os acontecimentos na Síria, além da derrota militar do Irã para Israel, deixaram Teerã nua. Isso significa que os líderes do Irã agora terão que escolher – rapidamente – entre correr para uma bomba nuclear e salvar seu regime ou se livrar da bomba em um acordo com Trump, se ele tirar a mudança de regime da mesa. É por isso, Sr. Trump, para colocar em seu tipo de letra: não podemos ter nada a ver com isso.
MAIOR INCÓGNITA – Quem são os rebeldes que assumiram o controle da Síria e o que eles realmente querem? Uma democracia pluralista ou um Estado islâmico?
A história nos diz que, nesses movimentos, os islâmicos linha-dura geralmente vencem. Mas estou observando e esperando que não seja assim.
Minha maior preocupação está expressa em uma única manchete, do Haaretz, em Israel: “A Síria pós-Assad corre o risco de ser comandada por milícias fora de controle”. Estamos em um momento da história do Oriente Médio em que há muitos países que eu descreveria como “tarde demais para o imperialismo, mas eles fracassaram no autogoverno”.
FRACASSOS – Estou falando da Líbia, do Iêmen, do Líbano, da Síria, do Iraque, da Somália e do Sudão. Ou seja, nenhuma potência estrangeira vai entrar e estabilizá-los, mas eles não conseguiram administrar seu próprio pluralismo e forjar contratos sociais para criar estabilidade e crescimento.
Nunca estivemos aqui antes, na era pós-2ª Guerra – um momento em que tantos países caíram nesse estado de natureza hobbesiano, mas em um mundo muito mais conectado.
É por isso que, depois de passar a última semana em Pequim e Xangai, eu procurei várias vezes esclarecer meus interlocutores chineses:
SOMOS AMIGOS – “Vocês acham que somos inimigos. Vocês estão errados. EUA e China têm um inimigo comum: a desordem. A forma como colaboramos para diminuir o Mundo da Desordem e fazer crescer o Mundo da Ordem é o que a história julgará a nós dois”. (Não tenho certeza se os chineses entenderam, mas vão entender).
E o melhor aforismo russo para resumir o desafio que as potências regionais e globais enfrentam agora para consertar a Síria: “É mais fácil transformar um aquário em uma sopa de peixe do que transformar uma sopa de peixe em um aquário.”
“Estou falando da Líbia, do Iêmen, do Líbano, da Síria, do Iraque, da Somália e do Sudão
Líbia no Oriente Médio ???
A razão?
Ouro, toneladas de Saddan, Gadaffi e também de Assad?
A queda do Ditador Bashar Al Assad, foi uma derrota da Rússia e do Iran, que ajudaram o regime sírio a derrotar o Estado Islâmico.
As Forças Armadas da Síria não foram capazes de impedir a entrada dos rebeldes em Damasco. Primeiro tomaram a cidade histórica de Allepo, depois Homs e finalmente a capital da Síria em menos de 15 dias.
O Ditador Assad, antes da entrada da milícia jihadista ligada ao grupo Al Quaeda, o que o líder do grupo e novo ditador nega, pois bem, Bashar fugiu com a família para a Rússia, temendo o destino de Muamar Kaddafi, o ditador derrubado também por rebeldes libios, foi capturado a caminho do Sudão, e morto com requintes de crueldades extrema junto com o filho mais velho. Uma baioneta entrou pela cabeça de Kaddafi e foi arrebentando tudo por dentro.
A Líbia hoje, é um país devastado, dividido entre três milícias violentas e ignorado pela Europa e EUA.
A queda de Assad, tem dois componentes principais, um que remonta o ano de 2012, quando surgiu a Primavera Árabe na Tunísia, um movimento que derrubou ditaduras árabes, no Sudão, na Líbia, no Iraque, no Iêmen, mas que no decorrer do tempo, os ventos da liberdade para os povos, se tornou um pesadelo ainda maior.
O outro motivo recente para a queda de Assad, foi a impossibilidade da Rússia, envolvida na guerra de invasão na Ucrânia e o grupo Hesbolha, devastado por Israel, que matou os principais líderes no Líbano, esses aliados não tiveram força para continuar com tropas dentro da Síria. O Iran, também não pode ajudar Assad.
Por outro lado, o governo da Turquia, um inimigo histórico da Síria, apoiou os jihadistas com armas e suprimentos.
No frigir dos ovos, todos os ‘amigos” de Bashar Al Assad abandonaram o ditador, o que acelerou a sua queda.
Trata-se de um exemplo espetacular, de que países não têm amigos, apenas interesses. E os interesses são muitos e variados, neste vasto território da Síria, que tem fronteiras complicadas com Israel ( colinas de Golan, tomadas da Síria na guerra de 1967), fronteira com o Líbano e com a Turquia.
Um dos motivos para a queda de qualquer regime, é o enfrentamento de diferentes campos de batalha. É uma lição, que não foi seguida, apesar dos exemplos de Napoleão e Hitler, principalmente quando invadiram a Rússia, em meio a outras frentes de batalha na Europa e na África.
O novo governo sírio, já fala em aplicar a linha dura da Jihad, principalmente com a exigência de véus, para cobrir o rosto das mulheres. Os alauitas, os católicos e os curdos, podem se preparar para uma brutal perseguição dos novos donos do Poder na Síria.
Estaremos diante da troca de seis por meia dúzia?
A Lei de Murphy se aplica ali. Vai piorar.
Não sei os motivos mas vai, entre fundamentalistas é só tiro porrada e bomba.
Vejam só que cuanga, querem um estado palestino livre, isso dá o direito dos Curdos também que pleitearem um território para seu estado.
Mas os curdos… Bah!
Senhor Thomas Friedman (NYT/Estadão) , lembre-se que esse ” caos e desordem ” nos países do Oriente Médio , fomentados pelas potências Ocidentais e por Israel , é um verdadeiro tiro nos pés e que com toda certeza nenhum país do Oriente Médio sairá incólume , arrastando e engolindo todos os destacamentos militares estrangeiros na região , queiramos ou não , sendo que cabe ao Irã fabricar e produzir em escala imediatamente suas ” bombas atômica ” e não deixar sob nenhuma hipótese que os membros das agências de fiscalização atômica da ONU , adentre em suas dependências , assim como Israel nunca se deixou fiscalizar pela agência da ONU , e as autoridades Iranianas não se deixem desarmar .
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