Paulo Peres
Poemas & Canções
O advogado, professor e poeta paraibano Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) mergulha suas fantasias no soneto “Insânia” e parte em busca do passado para alcançar o futuro.
INSÂNIA
Augusto dos Anjos
No mundo vago das idealidades
Afundei minha louca fantasia;
Cedo atraiu-me a auréola fulgidia
Da refulgência antiga das idades.
Mas ao esplendor das velhas majestades
Vacila a mente e o seu ardor esfria;
Busquei então na nebulosa fria
Das ilusões, sonhar novas idades.
Que desespero insano me apavora!
Aqui, chora um ocaso sepultado;
Ali, pompeia a luz da branca aurora.
E eu tremo entre um mistério escuro:
– Quero partir em busca do Passado,
– Quero correr em busca do Futuro.
(Um dia todos morreremos
E daí tudo acaba eternamente):
One day we’ll be forever gone
Not to heaven or the scary hell
With no crying and suffering
Silently, inside a wooden shell
Then selfishness vanishes
And all hatred and vanity
From then on, we won’t exist
For the endless silent eternity
(Sapo de Toga)
Um dia iremos embora para sempre
Não para o céu ou para o inferno assustador
Sem choro e sofrimento
Silenciosamente, dentro de uma concha de madeira
Então o egoísmo desaparece
E todo ódio e vaidade
A partir de então, não existiremos
(Apenas coloquei no tradutor)
Pela infinita eternidade silenciosa