Paulo Peres
Poemas & Canções
O advogado, político e poeta acreano José Guilherme de Araújo Jorge (1914-1987) ou, simplesmente, J. G. de Araújo Jorge, foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra romântica, como no poema “O Resto é Silêncio”, no qual J.G. de Araújo Jorge sabe que o poeta e a amada estão um no outro, com se estivessem sozinhos.
O RESTO É SILÊNCIO
J.G. de Araújo Jorge
E então ficamos os dois em silêncio, tão quietos
como dois pássaros na sombra, recolhidos
ao mesmo ninho,
como dois caminhos na noite, dois caminhos
que se juntam
num mesmo caminho…
Já não ouso… já não coras…
E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha
que qualquer palavra bateria estranha
como um viajante, altas horas…
Nada há mais a dizer, depois que as próprias mãos
silenciaram seus carinhos…
Estamos um no outro
como se estivéssemos sozinhos..
Sem jeito nos abraçamos
Nossos corpos se enlaçaram
Breve tempo assim ficamos
E nossos labios se tocaram.
Beijamos um beijo molhado
Com sabor não sei de quê
Era morno e condimentado
Com o tempero de você.
Afagos e caricias trocamos
Todo o gozo do amor tivemos
Mas á rotina nos acostumamos
E, para sempre, nos perdemos.
Sapo de Toga