Hélio Schwartsman
Folha
Lula está em boa companhia quando impreca contra os juros. Ele faz coro a Platão, Aristóteles, Agostinho, Aquino, Dante, Lutero, Shakespeare e, é claro, Marx e Keynes. Cobrar para emprestar dinheiro é prática milenar. Mesopotâmicos já o faziam antes mesmo de aprender a pôr rodas em carroças, como ensina Edward Chancellor em “The Price of Time”.
A antiguidade da prática não impediu que várias culturas desenvolvessem ojeriza visceral aos juros, descritos ora como imoralidade, ora como empecilho ao desenvolvimento e frequentemente como ambos.
TAXAS BAIXAS – Não é difícil ver os problemas que altas taxas de juros causam numa economia. Até o PT os enxerga. Chancellor, porém, além de contar uma história razoavelmente detalhada dos juros, também mostra que taxas muito baixas por períodos prolongados geram malefícios ainda piores.
Juros são, como diz o título da obra, o preço do tempo, a diferença entre o presente e o futuro. Se a taxa é muito baixa, o futuro invade o presente. Firmas vistas como promissoras, mesmo que não tenham ainda gerado um dólar de lucro, recebem avaliações bilionárias.
Até projetos absurdos, como reavivar o mar Morto, encontram interessados. Surgem assim bolhas que inevitavelmente explodirão: a companhia do Mississippi, de John Law, as tulipas, 1929, os subprimes. A lista é longa.
OUTRAS INTERPRETAÇÕES – E bolhas não são o único problema. Segundo o autor, taxas muito baixas também levam à má alocação do capital, o que reduz a eficiência da economia, à zumbificação de empresas, ao superendividamento, ao aumento da desigualdade e até à erosão da democracia. É claro que economistas filiados a outras escolas têm outras interpretações.
Nos capítulos iniciais, Chancellor é bem descritivo. À medida, porém, que o livro avança, vai assumindo um tom mais militante.
O penúltimo capítulo é um ataque à China, e o último, uma ode neoliberal a Hayek. Mas isso não torna a obra menos interessante.
Gostei da dica do livro, vou passar no sebo amanhã mesmo. Se o livro é do Hayek então presta, ao contrário do que muita gente pensa o neoliberalismo tem mais virtudes do que defeitos.
Entretanto … sabemos que os juros altos irritaram o alto comando alemão.
Esse é o cara que desejou a morte do Bolsonara. Agora colocar o nome do molusco junto com alguns expoentes de nosso passado e sacrilégio. Talvez o único que combine com o molusco é o Marx. Pois, não trabalhava e era sustentado pela esposa
Não se justifica que tenhamos que pagar o maior juro real do planeta. Não compensa investir em produção, trabalhar, se arriscar, neste caso.
Lula vem criticando, e com razão, os juros praticados atualmente aqui, por sinal os maiores juros reais do mundo. Quem defendeu e fez a derrubada dos juros sem nenhum critério foi campos Neto e o genial Paulo jegues, levando o dólar a seis reais. Mas e daí, o que importa é que as offshore deles renderam maravilhosamente bem.