Ricardo Rangel
Veja
O ministro Alexandre de Moraes determinou a Bolsonaro que entregue seu passaporte e ordenou operações policiais contra suspeitos de participação na intentona de 8 de janeiro. Este é um dos momentos mais esperados (e mais temidos) da investigação sobre a intentona de 8 de janeiro.
A exigência de entrega do passaporte sugere que o ministro tem algo tão grave contra Bolsonaro, que ele pode cogitar fugir do país. Pode ser uma indicação de que sua prisão está próxima. Seu assessor Filipe Martins foi preso e outras pessoas próximas ao ex-presidente sofreram busca e apreensão.
LISTA DOS ALVOS – Até aí, no entanto, nada de muito especial. Mais impressionante — e emblemática — é a lista de militares alvos. Nada menos do que cinco oficiais-generais de quatro estrelas sofreram ações de busca e apreensão: Braga Netto, Augusto Heleno, Estevam Theophilo, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier (os dois últimos eram, há pouco tempo, ministro da Defesa e comandante da Marinha, respectivamente).
E Theophilo ainda estava na ativa, integrante do Alto Comando até novembro passado. Some-se a isso a prisão de dois coronéis e um major.
É inusitado na história brasileira que o Poder Civil determine operações policiais contra militares graduados, especialmente generais.
CARA DE PAISAGEM – O costume no Brasil é se fazer cara de paisagem diante de crimes de militares. De forma implícita ou explícita, havia sempre a ameaça de as Forças Armadas, se contrariadas, virarem a mesa. E, por isso mesmo, ninguém nunca contrariou. Carreira militar e impunidade sempre andaram juntas no Brasil.
Desta vez, parece que vai ser diferente. Os comandantes das Forças Armadas, assim como o ministro da Defesa, vêm repetindo que a Justiça comum seguirá seu curso e punirá quem tiver que punir.
Agora um juiz mandou a polícia prender coronéis e entrar (à força, se necessário) em casa de generais. E o ministro Múcio Monteiro declarou a respeito: “Forças Armadas estão orientadas a auxiliar Justiça. Decisão da Justiça se cumpre.”
DEMOCRACIA NORMAL – É excelente notícia. Outros países latino-americanos, como Argentina e Chile, que viveram ditaduras militares ainda mais sangrentas do que a nossa, já democratizaram suas Forças Armadas.
Militares desses países sabem que não existe um “Poder Militar” e que as Forças Armadas se subordinam às “forças desarmadas” (como definiu o ministro Fachin), eleitas nas urnas pelo povo. Como em qualquer democracia normal.
Já passou da hora de o Brasil ser, também, uma democracia normal.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Gostaria de ter essa certeza do excelente analista político Ricardo Rangel, da Veja. Mas minha expectativa é exatamente contrária e acho que Moraes está brincando coma verdade. Depois, voltaremos ao assunto. (C.N.)
Boa noite, fico com o redator do jornal.
Poxa , os comandantes dos quartéis sitiados pelos ” subversivos ” , os apoiaram e treinaram para a execução do evento do dia 08/01/023 e ainda não foram incomodados .
Nova narrativa: Intentona de 8 de Janeiro.
Esse termo, Intentona, seria uma sequela daquela outra?
Quá! não vão matar ou prender o golpista, temem que ele vire mártir.
Mais um Quá, se um já teve preso não impede o outro ouça da policia o famoso teje preso.
Outro Quá: Do Claudio Humberto:
Chegada solitária.
A ausência de populares (e até de políticos) para receber o presidente Lula na chegada a Belo Horizonte, nesta quinta (8), não foi percebida nas manchetes. Estavam em êxtase com as operações da PF.
O êxtase ideológico dos operadores de narrativas se aproxima em intensidade daquele que falava o Millor, o Orgasmo Trifásico.
Hehehe.
Deu no Novo Brasil Sem Medo:
Ontem o Brasil parou para acompanhar a operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, contra o Bolsonaro e seus aliados mais próximos. E a mentira comeu solta na grande mídia. Até uma fuga de Michelle Bolsonaro para os EUA foi noticiada, o que foi desmentido horas depois pela ex-primeira-dama em seu instagram.
Além das mentiras puras e simples, há também as distorções, ampliações, sensacionalismo e confusões de que a imprensa se vale para noticiar qualquer coisa ligada ao tal golpe que nunca foi tentado. Contribui para isso, é verdade, o próprio parecer do ministro Alexandre de Moraes que ordena a operação, eivado de muita adjetivação, ilação, confusões semânticas e distorções propositais do sentido de falas e conversas dos investigados.
Aqui no BSM tentamos navegar com alguma clareza por essa confusão toda. Aí vai um guia para se entender o que realmente está acontecendo, sem o viés canhoto da grande mídia.
Um panorama geral do que rolou:
Brasil Sem Medo – Entenda a operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.
https://brasilsemmedo.com/entenda-a-operacao-contra-bolsonaro-e-aliados/