Cézar Feitoza
Folha
Conhecido pela velocidade em emitir posicionamentos e atuar como porta-voz dos oficiais da ativa, o Clube Militar decidiu adotar o silêncio diante de investigações sobre membros da caserna. A Polícia Federal apura a participação de integrantes das Forças Armadas em frente para um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder e evitar a posse de Lula (PT) na Presidência.
Sob reserva, diretores do Clube Militar citam diferentes fatores como justificativa para se manterem silentes mesmo diante do que enxergam como arbitrariedades do STF (Supremo Tribunal Federal) contra oficiais do Exército.
EX-DIRETOR DA ABIN – Os motivos para a postura vão desde as dúvidas que pairam sobre o impacto causado pelas mensagens do ex-ministro e general Walter Braga Netto contra os chefes militares até o parentesco do presidente do Clube Militar com um ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) citado nas investigações.
O general Sérgio Tavares Carneiro ocupa a presidência do Clube Militar. Ele é pai de Victor Carneiro, que sucedeu Alexandre Ramagem na direção da Abin —e foi citado pelo ex-ministro e general Augusto Heleno em plano para infiltrar agentes do órgão nas campanhas presidenciais na eleição de 2022.
A fala de Heleno sobre Carneiro ocorreu em reunião de julho de 2022 com Bolsonaro e demais ministros, a três meses das eleições, em meio a um longo debate entre eles de cenários golpistas sobre a disputa presidencial. A gravação da reunião foi obtida pela Polícia Federal.
COMPANHEIRISMO – Sérgio se formou na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em 1975, enfileirado com os colegas Hamilton Mourão e Gonçalves Dias. Heleno era um dos instrutores dos cadetes; ele e Sérgio mantiveram relação com o avanço da carreira, apesar de pertencerem a armas (funções) diferentes.
“Eu já conversei ontem com o Victor [Carneiro], novo diretor-[adjunto] da Abin, e nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é que se vazar qualquer coisa […], a gente se conhece nesse meio, se houver qualquer acusação de infiltração desses elementos da Abin […]”, disse Heleno durante a reunião.
Bolsonaro interrompeu Heleno e pediu que ele parasse de falar. “Ô, general, eu peço que o senhor não fale, por favor. Não prossiga mais na tua observação aqui. Eu peço que não prossiga na tua observação”, afirmou, dizendo que eles conversariam em particular sobre “o que porventura a Abin está fazendo”.
SEM COMENTÁRIOS – Procurado, Sérgio Carneiro não respondeu às mensagens e desligou o telefone quando comunicado sobre o assunto da reportagem.
A Folha conversou com uma dezena de oficiais da reserva sócios do Clube Militar. Mesmo tendo críticas à operação da PF, a maioria decidiu não se manifestar sobre a investigação e seus impactos nas Forças Armadas.
“Antes de falar ou tomar posição é preciso saber mais sobre o que aconteceu”, disse o general Paulo Chagas. Outros pediram reserva para dizer que as sucessivas operações da Polícia Federal contra militares enfraquecem o Comando do Exército.
FAKE NEWS – Uma nota oficial falsa circulou nas redes sociais com a assinatura dos presidentes dos clubes na manhã de sexta-feira (9). O texto dizia que os militares não poderiam mais “tolerar a atuação ilegal e corrupta do Poder Judiciário” e que oficiais-generais que se “tornaram lacaios do crime devem compreender que não serão mais tolerados”.
O comunicado circulou em grupos de militares no WhatsApp e gerou reação entre diretores dos clubes. “Os presidentes do Clube Naval, do Clube Militar e do Clube da Aeronáutica reiteram se tratar de uma FAKE NEWS”, escreveram em nota oficial.
A manifestação mais crítica contra a operação foi dada pelo senador e general Hamilton Mourão (Republicanos-RS). No plenário do Senado, ele chegou a conclamar os comandantes das Forças Armadas a não se omitirem contra o que chamou de “condução arbitrária de processos ilegais” que atingem os militares.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O Carnaval foi oportuno para assentar a poeira. Quanto aos militares da reserva, realmente jamais ficam em silêncio. Houve um pedido do comandante do Exército, general Tomás Paiva, para reduzir a tensão, porque há algo no ar, como dizia o Barão de Itararé. (C.N.)
Estimado amigo, que há algo no ar, não sobra dúvida. Penso até ser bem mais pesado. Abraço.
O Canadá tem território e economia maiores que o Brasil e ambos tem gastos militares semelhantes. A diferença é que no Brasil gasto militar serve primordialmente para pagar soldo enquanto o Canadá investe pesado na modernização das suas FFAA.
Nada contra a remuneração digna dos profissionais militares, muito menos contra um efetivo compatível com as riquezas a serem protegidas.
O Judiciário produz muito menos e é um enorme peso morto e danoso à sociedade e usa absolutamente tudo em folha de pagamento e luxo pessoal de juízes.
Mas precisamos investir pesado em tecnologia e eficiência em ambos.
Por menos regalias e melhores serviços voltados ao interesse público.
Gertrudes, os Contribuintes brasileiros pagam salários para filhas e netas de militares.
E bancam cada uma das famílias das doze amantes de cada juiz.
Haja tributação!!
Aliás, tributar é a arte predileta do PT.
Algo no ar? É o mínimo que se espera, porque quadrilha é demasiadamente exchusivista!
Corretor= exclusivista
Clube Militar é o CUT dos militares
Sob ângulo multilateral, seria um ato de um filho sabedor e sábio ou desobediente?
Se numa guerra, o segredo é imprescindível para o sucesso, é de se perguntar às envolvidas “inteligências”? Porque todo esse propositado “vazamento” e estardalhaço, quando em verso e prosa, tanto Lula como Zé Dirceu já teriam dito que iriam TOMAR O PODER e NINGUÉM tomou qualquer legalista providência, permitindo que comprovados corruptos usurpadsem o poder?
Bah!!!
Provado fica que competência é raridade no serviço público, seja civil ou militar.