
Simone e Haddad não conseguiram convencer Lula e PT
Roseann Kennedy e Eduardo Barretto
Estadão
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou a empresários durante um jantar na segunda-feira, 24, em São Paulo, que o governo Lula não fez o “dever de casa” no ajuste fiscal. Segundo relatos feitos à Coluna do Estadão, Tebet afirmou que “cansou de falar” sobre a necessidade de apresentar um ajuste fiscal factível no ano passado e que ou o governo apresentava logo ou desistia de vez.
Empresários que conversaram com a Coluna do Estadão ressaltaram que Tebet também considerou que houve razão para a disparada do dólar no fim do ano, por causa da frustração do mercado financeiro com o pacote de corte de gastos.
CONVERSA INFORMAL – Procurada pela Coluna do Estadão, a assessoria de Tebet afirmou que a ministra teve uma conversa informal com empresários, e ressaltou que o ajuste não foi como a equipe econômica gostaria.
Também ponderou que o pacote enviado pelo governo foi modificado pelo Congresso, e que Simone Tebet atribuiu a elevação do dólar a fatores externos e erros de diagnóstico do mercado.
Em novembro passado, o governo apresentou ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para tentar equilibrar as contas públicas. No mês seguinte, os parlamentares aprovaram a PEC, após alterações.
HOUVE REJEIÇÕES – Um dos pontos rejeitados pelos congressistas foi endurecer as regras para o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda.
Depois da aprovação da proposta, o Ministério da Fazenda reduziu em R$ 2,1 bilhões a previsão de economia para os próximos dois anos: de R$ 71,9 bilhões para R$ 69,8 bilhões. Na época, Haddad disse também que o pacote de corte de gastos encaminhado ao Congresso foi a “primeira leva” do ajuste fiscal.
Participaram do jantar, organizado pelo Esfera, representantes dos setores financeiro, de energia, de infraestrutura e do comércio, entre outros. Segundo eles, a ministra ressaltou que não é uma entusiasta da reeleição no País, e prefere o mandato único de cinco anos. Entretanto, fez questão de destacar que apoiará a reeleição do presidente Lula por fidelidade e respeito ao petista.