Trump diz que pode fazer acordo comercial com a China, e o dólar desaba

Imagem mostra Donald Trump, um homem sentado em uma mesa de escritório, com um fundo de cortinas amarelas e um emblema presidencial ao fundo. Ele está usando um terno escuro e uma gravata, com as mãos apoiadas na mesa.

Trump deu entrevista e anunciou a conversa com Jinping

Deu na Folha

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que acredita que pode chegar a um acordo comercial com a China e relembrou que teve uma conversa “amigável” com o líder da China, Xi Jinping, na última sexta-feira (17).

Após a declaração de Trump, os mercados financeiros reagiram imediatamente nesta sexta-feira (24) e o dólar caiu para o seu nível mais baixo em um mês na comparação com uma cesta de moedas de outros países.

TARIFA DE 10% – Desde que assumiu o cargo, Trump tem falado sobre uma tarifa de 10% sobre as importações chinesas porque, segundo ele, a droga fentanil está sendo enviado da China para os EUA via México e Canadá.

Entretanto, ele não impôs imediatamente as tarifas quando tomou posse, como havia prometido durante sua campanha eleitoral. O republicano afirmava que a medida entraria em vigor em 1º de fevereiro.

Questionado se pode fazer um acordo com a China para práticas mais justas, Trump afirmou: “Eu posso fazer isso”, disse em entrevista à emissora Fox News exibida na noite de quinta-feira (23).

PODER TREMENDO –  Trump disse que preferiria não usar tarifas contra a China, mas chamou as tarifas de um poder tremendo. “Temos um poder muito grande sobre a China, que são as tarifas, e eles não as querem, e eu preferiria não ter que usá-las, mas é um poder tremendo sobre a China.

Trump relembrou a conversa que teve com Jinping e debateram questões como TikTok, comércio e Taiwan. “Tudo correu bem. Foi uma conversa boa e amigável”, disse o presidente dos EUA.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que os dois países podem resolver suas diferenças por meio do “diálogo”.

DIZ A CHINA – “A cooperação econômica e comercial entre a China e os Estados Unidos é benéfica para ambos os lados”, afirmou Ning, declarando que seu país nunca busca deliberadamente ter um superávit comercial. “As guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores e não servem aos interesses de ninguém”, acrescentou.

O índice do dólar caiu 0,5%, atingindo seu nível mais baixo desde meados de dezembro, após a declaração de Trump que preferiria não tarifar os produtos chineses.

O euro, que caiu acentuadamente nos últimos meses, subiu 0,7%, cotado a US$ 1,049, colocando-o no caminho para seu maior ganho semanal desde novembro, enquanto a libra esterlina ganhou 0,6%, a US$ 1,243.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como se vê, Trump é um ator fazendo o papel de presidente. Faz um escarcéu danado, cria um clima horrível, e depois volta atrás, com a maior desfaçatez. É uma injustiça que não esteja concorrendo ao Oscar. (C.N.)

Trump indica que a Casa Branca vai fechar as portas para o governo Lula

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Francisco Leali
Estadão

A semana que começou com o burburinho da posse de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos vai chegando ao fim com indicações de que os laços diplomáticos com o Brasil caminham para minguar. O distanciamento entre os dois países começou a ser esboçado ainda na campanha, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostou em Kamala Harris e proferiu palavras desabonadoras ao candidato do partido Republicano.

Lula já foi o presidente que Barack Obama chamou de “o cara”. Também desfrutou da simpatia do republicano George Bush. A relação que o brasileiro conseguiu manter com dois presidentes de partidos norte-americanos diferentes ficou, no entanto, para a história. Os ventos que hoje rondam Washington são bem outros e o petista já deve ter notado.

PASSAR A LIMPO – Trump assumiu com sanha de passar a limpo os quatro anos que perdeu ao ser derrotado por Biden na eleição pós-pandemia. A gestão do presidente dos EUA tende a por Lula no fim da fila de suas prioridades.

A equação que se desenha para a relação entre os dois países pode ser um espelhamento do que ocorreu nos anos Jair Bolsonaro quando Biden estava no cargo.

Para o Planalto não havia salamaleques, acesso direto e fácil, nem boa vontade na gestão do democrata. Foi justamente no governo Biden que os EUA despacharam para o Brasil uma série de autoridades civis e militares para mandar recados claros de que o resultado das urnas em 2022 deveria ser respeitado por aqui.

NO FREEZER – Agora, será a vez de Lula experimentar da mesma diplomacia de geladeira dispensada a Bolsonaro. Pelo andar da carruagem, não se deve esperar da relação de Trump com Lula ligações telefônicas, rapapés ou troca de mesuras comuns no mundo diplomático.

Os dois podem até se esbarrar em setembro na Assembleia Geral da ONU, quando, por praxe, o presidente brasileiro faz o discurso inaugural e o dos EUA fala logo em seguida. Mas até o momento não há nada que permita conceber fidalguia entre os dois chefes de Estado.

As relações comerciais podem até se manter no mesmo ritmo. Mas as pretensões brasileiras de protagonismo na diplomacia internacional perdem um canal de diálogo com Trump. Nos próximos dois anos, a julgar pelo que um e outro já declararam, as portas da Casa Branca devem ficar fechadas para o governo Lula.

Com saúde frágil, Lula busca saídas para 2026 na nova era Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa durante reunião com ministros. Da esquerda para direita: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; Vice-Presidente, Geraldo Alckmin; Presidente Lula; O ministro da Casa Civil, Rui Costa e Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert)

Todos riem, menos Rui Costa, que conhece o tamanho da crise

José Casado
Veja

A disputa presidencial de 2026 já começou, disse Lula na segunda-feira a ministros, chefes de empresas estatais e líderes no Congresso. Falou para 43 pessoas em reunião de quase oito horas na residência oficial da Granja do Torto, arredores de Brasília.

Na plateia houve quem percebesse uma pitada de humor no comentário: Lula é o único brasileiro que há 35 anos está em campanha permanente ao Palácio do Planalto como candidato do Partido dos Trabalhadores (a conta inclui dez anos de mandatos na Presidência da República).

FORA DO PÁREO? – Lula acenou com a possibilidade de ficar fora do páreo no próximo ano. Fez uma ressalva: se acontecer, será contra sua vontade e por imposição da biologia.

Novidade no discurso de um candidato imperecível que, até seis meses atrás, vangloriava-se em praça pública da “energia de 30 e tesão de 20 anos”. Vai entrar no clube dos octogenários em outubro, a um ano da eleição presidencial.

Ele tem direito a disputar um quarto mandato no Palácio do Planalto. A dúvida, lembrou, deriva tanto da consciência sobre os próprios limites quanto do histórico de saúde.

MEDO NO AVIÃO – Mencionou a experiência do medo no incidente no México, em outubro, quando ficou quatro horas dentro de um avião em pane (numa das turbinas), voando em círculos sobre o aeroporto de onde havia decolado, para esvaziar o tanque de combustível.

Citou a cirurgia no cérebro, em dezembro, depois da queda e do “apagão” no banheiro residencial.

Este é um ano em que Lula vai precisar fazer escolhas. Nas suas palavras, talvez precise se engajar na tentativa de eleger um sucessor em 2026. Não disse nem lhe perguntaram quem poderia ser o ungido. O importante, ressaltou, é “a causa”, ou seja, impedir “o horror da volta ao neofascismo, ao neonazismo, ao autoritarismo”.

TUMULTO CERTO – No dicionário lulista, esses qualificativos têm endereço certo na extrema direita, com nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. É o adversário de conveniência, derrotado em 2022. Porém, inviável na vida real por estar inelegível até 2030.

Com Lula ou com um candidato por ele consagrado, é certo o tumulto na travessia do governo até a eleição do próximo ano. As dificuldades são múltiplas e evidentes.

Entre os atuais 38 ministros, por exemplo, há uma dezena de representantes de partidos de centro-direita, mas a fidelidade é dúvida, como observou Lula: “Alguém aqui sabe dizer quantos partidos estarão com a gente em 2026?”.

MUITAS INCERTEZAS – As fragilidades na economia são notórias, traduzidas na desconfiança sobre as contas públicas, nas taxas de inflação (sobretudo, alimentos), no alto custo do dinheiro e na escalada da dívida governamental.

Tudo isso compõe apenas uma parte da equação de incertezas que, para Lula, ficou ainda mais complexa no novo mundo desenhado por Donald Trump. Ele rabisca uma guinada radical dos Estados Unidos, a partir do funeral de uma era de capitalismo liberal liderada por Washington desde a Segunda Guerra.

Entre os efeitos colaterais do retorno de Trump, na primeira semana na Casa Branca, estão contribuições importantes para o esvaziamento dos dois principais eventos do ano na agenda de Lula: a reunião de cúpula do Brics no Rio, em julho, e a conferência mundial sobre meio ambiente em Belém, em novembro.

LUTA ANTICHINA – O Brasil não é relevante em Washington, mas mantém com os EUA a mais decisiva das suas relações externas.

A prioridade do estamento americano agora é a China, “adversário estratégico e geopolítico” na definição da nova política comercial sancionada por Trump no início da semana.

Significa, na prática, restringir o acesso da China ao mercado e à tecnologia desenvolvida nos EUA. E, ao mesmo tempo, empurrar outros governos a iniciativas comerciais que resultem no aumento do custo dos produtos chineses em comparação ao padrão americano. O prêmio é o acesso aos consumidores americanos. A punição é a taxação das exportações para os Estados Unidos.

PRESSÃO EMPRESARIAL – Por isso, empresários brasileiros já pressionam Lula a aumentar tributos sobre produtos (químicos e siderúrgicos) importados da China. A indústria é responsável por 78% do total das vendas brasileiras aos EUA. O problema é que o Brasil dobrou sua dependência do comércio com a China na última década. Um terço de tudo o que o país exporta tem como destino o mercado chinês.

É um jogo geopolítico delicado para Lula nos próximos 24 meses. Ele não se preocupou em construir pontes com Trump. Ao contrário, detonou-as na diplomacia do microfone ao emoldurá-lo na galeria dos simpáticos “ao nazismo e ao fascismo”. Lula não deverá ter dia fácil até o fim do mandato.

À sombra de McKinley, Trump traça cenário isolacionista e imperialista

Imagem mostra Donald Trump, um homem com cabelo loiro e uma gravata vermelha e que está falando em um microfone. Ele gesticula com a mão direita enquanto se dirige a uma audiência. Ao fundo, há uma pintura ou um quadro decorativo.

Trump é como um velho leão que só ruge para gatinhos

Demétrio Magnoli
Folha

A palavra China apareceu apenas duas vezes – e no contexto da promessa de retomada do Canal do Panamá. Rússia não apareceu, bem como Ucrânia. O discurso de posse de Trump, uma cisão radical com a política externa tradicional dos EUA, teve os traços característicos do isolacionismo. Exceto por McKinley, como Trump decidiu renomear, uma vez mais, o Monte Denali.

Denali, no Alasca, altitude de 6.190 metros, a mais alta montanha do mundo da base ao cume entre as que estão totalmente acima do nível do mar, foi rebatizado em homenagem a McKinley em 1896.

IMPERIALISTA – O presidente William McKinley, um ardoroso defensor de tarifas comerciais, conduziu a Guerra Hispano-Americana (1898) na qual os EUA conquistaram as Filipinas, o Havaí, Guam e Porto Rico. A expansão imperial pelos dois oceanos, em linha com o pensamento geopolítico de Alfred Thayer Mahan, seria completada por Theodore Roosevelt com o Canal do Panamá.

A expressão cunhada em meados do século 19 sintetizava a ideia de uma nação-ilha que, após a aquisição da Louisiana (1803), estendeu-se das colônias atlânticas originais até a costa do Pacífico.

No ápice do imperialismo americano, Mahan e Roosevelt ampliaram o conceito para abranger os próprios oceanos e o istmo que os delimita. Ao exumá-lo, Trump investe na rima entre isolacionismo e imperialismo.

ISOLACIONISMO – “Temos um oceano entre nós”, registrou Trump referindo-se à Europa – e à guerra imperial russa na Ucrânia. Não é novidade. A base da Doutrina Monroe (1823) era a separação geopolítica entre o Velho Mundo e o chamado Hemisfério Americano.

Até a Segunda Guerra Mundial, com o breve intróito da Grande Guerra (1914-18), o isolacionismo deu o tom das relações dos EUA com a Europa. Foi nesse longo período que os EUA estabeleceram sua esfera de influência nas Américas e sua hegemonia nos dois grandes oceanos.

Retomar o Canal, anexar a Groenlândia, promover incursões militares contra os cartéis mexicanos. Mirando o passado, Trump aventa restaurar aquela “era de ouro”, enquanto descortina a glória futura: fincar a bandeira das estrelas em Marte. E o presente, isto é, a Pax Americana abalada pela ascensão da China e pela guerra no centro da Europa?

CLIMA DE PAVOR – Os imigrantes indocumentados e seus filhos têm razões para sentir pavor. Há motivos nos temores do Panamá, do México, mesmo da Dinamarca, aliada na Otan. China e Rússia, não.

Trump prometeu impor tarifas sobre os dois vizinhos no início de fevereiro, mas apenas disse que negociará com Xi Jinping – e reverteu temporariamente o banimento do TikTok.

Quanto à guerra russa, ensaiou vagamente impor sanções econômicas contra um país já acossado por sanções de todos os tipos. O leão só ruge diante de gatinhos.

FALSAS AMEAÇAS – Xi Jinping e Vladimir Putin terão sorrido ao final do discurso de posse. Se Trump invoca o Destino Manifesto para veicular ameaças à integridade territorial de pequenos países aliados, como poderá contestar uma eventual conquista chinesa de Taiwan ou a imposição de um protetorado russo sobre a Ucrânia?

À sombra de McKinley, Trump escancarou seu desprezo à ordem internacional baseada em regras que foram erguidas no pós-guerra e consolidadas ao final da Guerra Fria.

No lugar delas, rabiscou os contornos de um mundo fragmentado em esferas de influência das grandes potências. Isolacionismo e imperialismo não são conceitos mutuamente excludentes.

Aliado de Trump apresenta projeto que permite mais um mandato a ele

Trump Forever Trump Still My President Save America Trump T-Shirt

Já começou a campanha de “Trump para sempre”

Jamil Chade
do UOL

Um dos principais aliados de Donald Trump no Congresso americano, o deputado Andy Ogles, apresentou um projeto de lei nesta semana para modificar a Constituição dos EUA e, assim, permitir que o republicano possa concorrer a um terceiro mandato como presidente.

O projeto conta com o apoio de algumas das alas mais duras dos republicanos e a esperança é de que ela possa ser considerada enquanto o partido controla tanto o Senado quanto a Câmara dos Deputados.

LEI ANTIROOSEVELT – Nos EUA, desde 1951, a Constituição determina que o chefe de estado não pode ter mais de dois mandatos. A medida era uma resposta ao fato de Franklin Delano Roosevelt ter vencido quatro eleições.

Pelo novo projeto, ficaria estabelecido que: “Nenhuma pessoa será eleita para o cargo de Presidente mais de três vezes, nem será eleita para qualquer mandato adicional depois de ter sido eleita para dois mandatos consecutivos, e nenhuma pessoa que tenha ocupado o cargo de Presidente, ou atuado como Presidente, por mais de dois anos de um mandato para o qual outra pessoa tenha sido eleita Presidente será eleita para o cargo de Presidente mais de duas vezes”.

Trump teria 82 anos ao final do atual mandato. Mas já insinuou, antes e depois da eleição, que poderia aceitar mais uma eleição.

ELE É O BOM… – “Suspeito que não vou concorrer novamente, a menos que vocês digam: ‘Ele é tão bom que temos que pensar em outra coisa'”, disse Trump aos republicanos da Câmara durante uma reunião privada em novembro.

A aprovação de uma medida dessa natureza, porém, exige um acordo que muitos nos EUA acreditam ser “impossível”, principalmente neste momento.

Uma emenda da Constituição deve ser aprovada por dois terços de votos na Câmara e no Senado, além de ser ratificada por pelo menos 38 dos 50 estados dos EUA. Desde 1787, a Constituição foi modificada em apenas 27 ocasiões e a última tem mais de 30 anos.

APOIO DE DEMOCRATAS – Na prática, a proposta precisaria contar com democratas para poder passar, algo impensável diante das profundas divisões hoje no país.

O deputado, porém, insistiu num comunicado de imprensa que a modificação precisa ser considerada. “A liderança decisiva do Presidente Trump contrasta fortemente com o caos, o sofrimento e o declínio econômico que os americanos enfrentaram nos últimos quatro anos”, afirmou o deputado Andy Ogles, acrescentando:

“Ele provou ser a única figura na história moderna capaz de reverter a decadência de nossa nação e restaurar a grandeza dos Estados Unidos, e ele deve ter o tempo necessário para atingir esse objetivo. Para esse fim, estou propondo uma emenda à Constituição para revisar as limitações impostas pela 22ª Emenda aos mandatos presidenciais”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Trump é um psicopata em surto permanente. Ele acha (?) que não vai morrer nunca e pretende ser presidente para sempre. E o deputado Andy Ogles, que é mais desequilibrado do que Trump, contribui para o pesadelo, apresentando a chamada emenda do presidente eterno. (C.N.)  

Popularidade de Lula está desabando, num cenário triplamente adverso

Popularidade de Lula despenca | Charges | O Liberal

Charge do J.Bosco (O Liberal)

José Roberto de Toledo
do UOL

A popularidade de Lula tomou um tombo histórico no meio do seu terceiro mandato. Pesquisa presencial e nacional de uma das melhores casas do ramo identificou perda de cinco pontos da avaliação positiva do presidente neste começo de janeiro em comparação a dezembro.

Mas a sondagem revelou coisas ainda mais doloridas para o presidente. Pelo menos três.

1) GOVERNO RUIM – Os cinco pontos perdidos entre quem aprovava o desempenho de Lula 3 não foram para quem está em cima do muro; isto é, não se somaram a quem acha o governo regular.

Os pontos perdidos engrossaram o lado de quem avalia mal a atual administração. Ou seja, os cinco pontos da ponta de cima foram para a ponta de baixo sem escalas. Contando dobrado, fizeram surgir um saldo negativo inédito de dez pontos.

Resultado: Lula entrou no vermelho, tem mais gente achando seu governo ruim/péssimo do que ótimo/bom. Em 2024, Lula estava no zero a zero. Começou 2025 devendo. Daí os pitos todos dados aos ministros antes, durante e depois da reunião ministerial.

2) SEMPRE DEVENDO – Ter um governo com mais dívidas do que créditos junto à população já seria ruim o suficiente para um presidente, que podia se gabar de ter deixado o cargo com a maior popularidade já registrada por um locatário do Palácio do Planalto (em 2010). Mas a notícia é ainda mais dolorosa para Lula.

Desde que tomou posse como presidente em 2003, é a primeira vez que o saldo de popularidade de Lula fica negativo para além da margem de erro nesses dez anos (não consecutivos) no cargo.

No auge do mensalão, em dezembro de 2005, Lula chegou a ter três pontos a menos de ótimo/bom do que de ruim/péssimo: 29% a 32%, mas a diferença estava dentro da margem de erro. Poderia ser 31% a 30%, considerando dois pontos a mais ou a menos. Era discutível. E foi passageiro.

3) NO CORAÇÃO DO PT – Mas talvez a pior das três notícias reveladas pela pesquisa é que a queda de popularidade do presidente aconteceu no coração do lulismo. Algumas das maiores perdas de aprovação foram entre: os mais pobres; os menos escolarizados e os moradores do Nordeste.

São três dos segmentos da população que mais ajudaram Lula a derrotar Jair Bolsonaro nas urnas em 2022. Pareciam sustentar uma fortaleza inexpugnável. Apareceram trincas nas muralhas.

Perder apoio entre os seus eleitores mais tradicionais e convictos é especialmente grave. São eles que sustentam o presidente na cadeira. É a quem o governante pode recorrer quando a oposição ameaça conspirar com um presidente da Câmara mais afoito. Lula ainda tem três vezes mais apoio do que Dilma Rousseff tinha dez anos atrás. Mas o alarme soou.

POR QUE AGORA? – A pergunta sem responsa da pesquisa é por quê? O maior evento político do período foi o tsunami de fake news sobre taxação do Pix.

Houve tanta repercussão negativa no Instagram, WhatsApp e, depois, nos meios de comunicação, que provocou um atabalhoado recuo do governo em portaria da Receita Federal sobre fiscalização de transações de baixo valor em instituições financeiras até então fora do radar do Leão.

Agora não há dúvida. Há mais brasileiros achando o governo ruim ou péssimo do que bom ou ótimo. Isso é inédito para Lula. É também histórico: ocorre quando Donald Trump toma posse como presidente dos EUA com um discurso mais agressivo e xenofóbico do que nunca, dizendo, entre outras coisas, que não precisa do Brasil.

Bolsonaro diz que sem ele a eleição no Brasil será igual à da Venezuela

“Eu não vou fugir do Brasil”, diz Jair Bolsonaro à CNNDeu na CNN

Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que não vai fugir do país e afirmou que pretende retornar à Presidência por ter “paixão pelo Brasil” e afirmou que, caso não seja candidato, a eleição será “parecida com a da Venezuela”.

Apesar de inelegível, Bolsonaro não descarta concorrer à Presidência em 2026. “Sem a minha presença, é uma eleição parecida com a da Venezuela, onde a María Corina [Machado] e o [Henrique] Capriles foram tornados inelegíveis por 15 anos. Qual é a acusação? Atos antidemocráticos. Quais foram os atos antidemocráticos? Ocupar um carro de som e criticar o Maduro”, disse.

E A FAMÍLIA? – Bolsonaro comentou sobre os filhos e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, disputarem as eleições de 2026.

Para Bolsonaro, os filhos, que parecem agradar o eleitorado da direita, são maduros e “boas opções”. Ele destacou que Eduardo Bolsonaro “tem um vasto conhecimento de mundo”.

Sobre a ex-primeira-dama, Jair Bolsonaro diz que a ida dela à posse de Trump trará uma “popularidade enorme”. “Vi na pesquisa do Paraná Pesquisas que ela está na margem de erro do Lula. Esse evento lá fora vai dar uma popularidade enorme para ela. Não tenho problemas, seria também um bom nome com chances de chegar. Obviamente, ela me colocando como ministro da Casa Civil, pode ser”, afirmou Bolsonaro.

ANISTIA – O ex-presidente está inelegível até 2030 e depende de uma anistia. Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou o ex-chefe do Executivo inelegível por oito anos.

Na ocasião, a Corte Eleitoral entendeu que Jair Bolsonaro havia cometido abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação ao fazer uma reunião com embaixadores, em julho de 2022, e atacar, sem provas, o sistema eleitoral.

Posteriormente, o ex-mandatário foi novamente condenado à inelegibilidade pelo TSE. Desta vez, por abuso de poder político e econômico durante as cerimônias do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro de 2022, em meio à campanha eleitoral.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGPara ser candidato, Bolsonaro depende da aprovação da anistia pelo Congresso. É até provável que isso aconteça e assim haverá nova disputa entre Lula e Bolsonaro, para transformar logo o Brasil numa imensa Argentina. (C.N.)

“Não entra ninguém” na fronteira, já em crise política e humanitária

Na fronteira sul, tropas dos EUA se preparam para deportação em massa de  imigrantes - Hora do Povo

Avistados pelo helicóptero, migrantes em cima do muro

Jamil Chade
do UOL

Carlos não sabe mais se algum dia entrará nos EUA. Ele saiu da Guatemala, há oito meses, e sabia que precisava desembarcar na fronteira entre o México e os EUA antes da posse do governo de Donald Trump se quisesse ter alguma chance de cruzar o Rio Grande. “Não deu tempo”, lamentou.

Carlos conseguiu chegar à cidade fronteiriça de Piedras Negras, no México, na semana passada. Mas não reuniu o dinheiro necessário para pagar os grupos controlados pelo crime organizado que, de forma clandestina, buscam caminhos perigosos entre os dois países para conduzir esses imigrantes.

MAIS MILITARES – Agora, ele assiste em silêncio à movimentação de militares ao outro lado do rio, na cidade americana de Eagle Pass. Instantes antes, Trump havia anunciado que uma das fronteiras mais militarizadas do mundo ganhará novas tropas. Além dos 2.500 homens já espalhados pelo local, outros 1.500 chegarão nos próximos dias. As ordens também determinaram que a fronteira sul seja “fechada”.

Trump, de fato, havia prometido em sua campanha eleitoral que esse era seu plano. Não houve, portanto, estelionato eleitoral.

MOSTRA DE FORÇA – Assim, antes mesmo de terminar sua primeira semana no poder, a fronteira foi instrumentalizada para que Trump pudesse mostrar força.

A partir de agora, refugiados terão mais dificuldades para fazer sua solicitação de asilo nos EUA, num gesto que preocupa até mesmo grupos civis americanos diante do que pode ser uma violação dos compromissos internacionais dos EUA. Na quarta-feira, centenas de refugiados que estavam prestes a embarcar em voos autorizados pelo governo americano foram informados que suas viagens estavam canceladas.

Os poucos metros entre o México e os EUA, para aqueles que estão tão perto, parecem ter ficado mais distantes. Carlos, numa bicicleta emprestada, mostrou o albergue onde foi acolhido, numa igreja do lado mexicano. Ali, o sentimento era de desânimo. “Não estão deixando ninguém mais passar. Não entra mais ninguém”, contou um salvadorenho, que pediu para não ter seu nome divulgado.

SEM AGENDAMENTOS – Um golpe duro para muitos estrangeiros foi o anúncio da anulação de seus agendamentos previstos com agentes americanos de imigração, já na própria segunda-feira.

Por meio de um aplicativo criado pelo governo de Joe Biden, esses imigrantes podiam pedir uma audiência para expor suas respectivas situações e, eventualmente, conseguir um visto ou um status de refugiado. Agora, eles não têm sequer com quem falar e o aplicativo saiu do ar.

Num esforço para mostrar lealdade a Trump, o governador do Texas, Greg Abbott, também já iniciou as obras para reforçar a fronteiras e colocar boias no meio do rio, na esperança de dificultar ainda mais a passagem dos estrangeiros. Ele conseguiu a aprovação de um orçamento de US$ 1,5 bilhão para ampliar ainda mais as barreiras.

VIOLAÇÃO DAS REGRAS – Oni K. Blair, diretor executivo da entidade de direitos cívicos ACLU do Texas, acusou o governador e seus aliados de agirem em violação às regras do próprio estado.

Segundo ele, a lei federal de imigração alimenta o assédio e dá às autoridades estaduais a capacidade inconstitucional de deportar pessoas sem o devido processo legal, independentemente de serem elegíveis para buscar asilo ou outras proteções humanitárias.

Um agente da aduana mexicana confirmou ao UOL que o fechamento já é a realidade desde o começo desta semana, e que o rigor passou a ser ainda maior por parte dos policiais americanos.

O amor imperfeito do poeta Cassiano Ricardo beirava a perfeição

130 anos de nascimento de Cassiano Ricardo - SuperBairro

Cassiano era membro da Academia

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, ensaísta e poeta paulista Cassiano Ricardo (1895-1974) diz no poema “Amor Imperfeito” que a graça do amor está na sua imperfeição, porque a existência do perfeito sempre acarreta o defeito de ser triste.

AMOR IMPERFEITO
Cassiano Ricardo

A perfeição
é um momento,
por demais claro.
Como repeti-la,
sem enfaro?

A perfeição,
se possuída
a todo instante
se faz rainha
suicida.

Quem já mediu
o perfeito,
rosa de prata,
mas em sua
medida exata?

Nada existe
sem o defeito
que lhe dá graça.
Só amo a graça
do imperfeito.

O perfeito
quando existe
tem o defeito
de ser triste.
(Lácrima Cristi)

Lula entrou numa rota fiscal insustentável e vai atrair crise política

Tribuna da Internet | Lula 3 está malogrando porque ele não sabe decifrar  seu dilema institucional

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

William Waack
Estadão

Desde sempre historiadores tentaram resumir em poucas palavras o fenômeno de decisões políticas (e/ou militares) que levaram a grandes desastres, embora claramente previsíveis. Duas obras de enorme sucesso foram “A Marcha da Insensatez”, de Barbara Tuchman (de Tróia ao Vietnã), e “Os Sonâmbulos”, de Christopher Clark (como a Europa “tropeçou” para dentro da Primeira Guerra Mundial).

Não há nada de sonâmbulo na marcha de Lula 3 no caminho da insensatez fiscal, que arrisca provocar uma crise política justamente quando seria menos desejável – isto é, num cenário eleitoral. Ao contrário, o presidente não transmite em privado ou em público qualquer sinal de que entenda a questão fiscal como insustentável.

FALSAS AVALIAÇÕES – A principal assessoria econômica do Ministério da Fazenda produz avaliações do seguinte teor: “nós estamos no caminho certo da consolidação, uma consolidação fiscal feita com baixíssimo desemprego, crescimento econômico, distribuição de renda e combate à pobreza. Sempre foi nosso objetivo: conduzir uma política econômica capaz de consolidar as contas públicas ao mesmo tempo que promove o crescimento e a distribuição de renda”.

É prosseguindo nessa trilha que o governo bateu um recorde histórico na terça feira, quando passou a pagar IPCA + 7,94% para remunerar papéis de dívida de curto prazo.

Com números dessa ordem, não espanta que agentes de mercado (sim, esses vilões) considerem que a atual situação política impeça Lula de adotar medidas capazes sequer de estabilizar a dívida pública, quanto mais reverter sua trajetória de crescimento.

MOMENTO POLÍTICO – Por “situação política” leia-se a cabeça de Lula e o que faz do “Zeitgeist” (espírito de uma época) ou “vibe” ou como se queira chamar o momento político e sua direção.

A combinação de descrédito quanto às políticas do governo e o enorme tsunami representado por Trump (do comércio à geopolítica, passando pela guerra cultural) são componentes bastante visíveis de uma realidade política extraordinariamente difícil e desafiadora para qualquer governante.

Realidade tornada ainda mais grave quando tudo é visto sob a perspectiva do marketing, uma ferramenta política capaz de produzir resultados apenas localizados, e da qual agora tudo se espera.

MAIS DO MESMO – Nesse sentido, Lula piorou a tarefa de seu novo chefe de propaganda política, Sidônio Palmeira.

O que tem a oferecer é mais do mesmo (gasto é vida) e promessas pontuais de “intervenção” para mitigar inflação de preços de alimentos, e seu devastador efeito na popularidade de qualquer governo.

Miopia também é uma boa palavra para se descrever como um dirigente político fabrica uma crise para si mesmo. É o que Lula está fazendo agora.

Israel suspendeu a guerra em Gaza, mas continua a fazer ataques na Cisjordânia

Israelenses aguardam em praça de Tel Aviv a liberação de reféns pelo Hamas

Famílias dos reféns aguardam que eles sejam libertados

Wálter Maierovitch
do UOL

Assim como na Argentina, onde na praça de Maio reuniam-se as resistentes mães da associação das vítimas desaparecidas pela brutal e assassina ditadura militar, os familiares dos reféns israelitas do terrorismo de 7 de outubro de 2023 reúnem-se, uma vez por semana, na chamada praça dos Reféns, em Tel Aviv.

Depois da euforia de domingo passado, com a libertação das três primeiras reféns das 33 previstas para a primeira fase da trégua provisória entre Hamas e Israel, uma tempestade de dúvidas e temores trovejou e toma conta da praça dos Reféns.

NA CISJORDÂNIA – Nesta terça-feira, dia 21, numa operação antiterrorismo chamada Muro de Ferro, executada pelas forças de Israel (IDF) e o Mossad, a agência de espionagem externa do Estado da estrela de David, a cidade de Jenin, na Cisjordânia, foi palco de sete mortes de palestinos suspeitos, com 25 feridos.

De imediato, o Hamas emitiu nota exortando os palestinos de Gaza a uma reação armada, no contexto do que foi chamado de resistência palestina.

Os familiares dos atuais 95 reféns do Hamas começaram a temer pelas futuras libertações, a próxima estabelecida para o sábado (25). E lembraram do alerta do premiê Benjamin Netanyahu: “A trégua é temporária”.

JENIN E RAMALLAH – A operação Muro de Ferro ocorreu na Cisjordânia, que se encontra sob governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Jenin é uma cidade agrícola e a terceira em importância na Cisjordânia não ocupada.

Nos acordos de Oslo, a Cisjordânia, dividida em três partes, ficou com uma parte sob o governo da ANP, tendo à frente o velho Mahmoud Abbas, dado como corrupto e que não convoca eleições.

As duas outras partes estão ocupadas por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Nelas, junto com Jerusalém oriental, Israel abusivamente realiza assentamentos e pratica o apartheid contra os palestinos.

CASA DE PRAIA – O Hamas, desde a retirada das tropas de ocupação de Israel em 2005, governa a faixa geográfica de Gaza, cuja capital é Ramallah.

Nas eleições de 2006 em Gaza, o Hamas venceu o Fatah de Mahmoud Abbas, que nunca mais pisou lá —sua casa de praia permanece fechada.

Com efeito, a trégua provisória de 42 dias, com a entrega de reféns pelo Hamas e a libertação de cerca de mil palestinos presos em Israel, é válida para Gaza. Portanto, o cessar-fogo nada tem a ver com a Cisjordânia.

GUERRA ETERNA – A manifestação do Hamas em face das mortes em Jenin teve como chave de leitura, em especial na praça dos Reféns, a certeza de que a organização está combativa, com os mesmos propósitos e disposta a continuar a guerra, envolvendo os palestinos da Cisjordânia e o rompimento com a ANP.

As temerosas famílias dos reféns recordam as rápidas mudanças que sempre ocorrem nos cenários médio-orientais e se desesperam. Por exemplo, lembram da surpreendente Primeira Intifada (1987) em Gaza, contra a ocupação por Israel, com reação pesada do então premiê Ariel Sharon.

Para muitos, Bibi Netanyahu, com o presidente americano Donald Trump na retaguarda, continua imprevisível e, nas suas palavras, a “trégua é provisória”.

SEM SOLUÇÃO? – Em Israel, até as pedras sabem que o nó górdio da trégua não foi desatado. Ou seja, não há consenso sobre quem vai governar Gaza. Israel não aceita o Hamas e só concorda com o governo pela ANP se ela for renovada.

O Hamas não vai aceitar ficar de fora, apesar de estar fragilizado no momento, fragilizado e de manter em Gaza uma liderança de fato que recai em Mohammed Sinwar.

Mohammad Sinwar, de 50 anos, é irmão de Yahya Sinwar, morto em 6 de outubro de 2024. Ele era o único chefe militar territorial e foi o estrategista do terror do 7 de outubro. Pelas notícias vindas de Doha, capital do Qatar e sede das negociações da trégua, tudo passou pela aprovação de Mohammed Sinwar, dado como bem escondido em Khan Younis, onde nasceu.

UMA AGRAVANTE – Mohammed Sinwar tem, pelo que foi levantado pelas agências de inteligência, perfil explosivo, capaz de matar por impulso, sem pestanejar.

Mohammed participou do sequestro do soldado Gilad Shalit, que passou cinco anos em cativeiro em Gaza. Foi trocado por 1.700 prisioneiros palestinos, dentre eles, Yahya Sinwar.

À luz do direito internacional, em terra palestina o governo deve ser palestino, com os seus representantes eleitos democraticamente. O medo das famílias da praça dos Reféns não é sem causa, não é um temor gratuito.

Justiça suspende decreto que restringe cidadania por nascimento nos EUA

Senior United States District Judge for Western District of Washington to visit Armenia - ARMENPRESS Armenian News Agency

Juiz disse que nunca tive visto um decreto tão ilegal

Julia Chaib
Folha

Um juiz federal suspendeu temporariamente uma das ordens assinadas por Donald Trump logo após sua posse, na segunda-feira (20), que acaba com o direito à cidadania americana de filhos de imigrantes nascidos nos Estados Unidos.

O magistrado John C. Coughenour, de Seattle, tomou a decisão após os estados de Arizona, Illinois, Oregon e Washington questionarem o ato de Trump, argumentando que ele fere a Constituição e a jurisprudência da Suprema Corte do país.

INCONSTITUCIONAL – Durante a audiência, o juiz ressaltou a decisão de Trump é “flagrantemente inconstitucional”. Ele ainda questionou onde estavam os advogados na hora em que o presidente assinou a ordem, ressaltando não entender como um agente do direito poderia considerar o ato como legal.

“Estou na banca por mais de quatro décadas. Não me lembro de outro caso em que a questão apresentada fosse tão clara”, afirmou Coughenour.

A ordem de Trump começaria valer em 30 dias e direciona as agências federais a não emitirem documentos de cidadania para tais crianças.

CRIANÇAS APÁTRIDAS – Isso contraria a garantia, enraizada no direito comum e consagrada na Constituição americana há mais de 150 anos, de que qualquer pessoa nascida nos Estados Unidos é automaticamente cidadã americana.

Os advogados dos estados que questionaram a ordem de Trump afirmaram que, caso seja aplicado, o ato negaria direitos e benefícios a mais de 150 mil crianças nascidas por ano e poderia deixar algumas delas “apátridas”, segundo relatou o jornal The New York Times.

A defesa do governo federal, por sua vez, solicitou ao tribunal mais tempo para apresentarem argumentos a favor da ordem executiva, já que ela só entraria em vigor daqui a um mês. No decreto, Trump afirmou que daria nova interpretação à 14ª emenda da Constituição, alegando que ela “nunca foi interpretada para estender a cidadania universalmente a todos os nascidos nos Estados Unidos.”

OUTROS QUESTIONAMENTOS – O juiz federal que suspendeu a decisão de Trump foi nomeado pelo ex-presidente Ronald Reagan. Há questionamentos à ordem em tribunais de outros 17 estados do país.

“Negar cidadania a crianças nascidas nos EUA não apenas é inconstitucional, é também é um inconsequente e cruel repúdio dos valores americanos. A cidadania por nascimento é parte do que faz dos EUA uma nação forte e dinâmica”, afirma o diretor-executivo da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), Anthony Romero, que entrou com ações contra ordem executiva junto com os estados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não era preciso ser nenhum jurista para perceber que o decreto de Trump era absolutamente inconstitucional. Tem de ser muito ignorante para assinar uma bobagem dessa natureza. (C.N.)

Piada do Ano! Senador norte-americano propõe lei para proibir masturbação

In Mississippi, most voters will have no choice about who represents them  in the Legislature - Newsday

Senador Blackmon esqueceu de proibir os vibradores

Gabriel Barnabé
Folha

O senador estadual do Mississippi Bradford Blackmon apresentou na última segunda-feira (20) um projeto de lei para proibir atividades sexuais a homens que não tivessem a “intenção de fertilizar um embrião”. De acordo com o texto, masturbação e sexo sem o objetivo de fertilização seriam considerados atos ilegais.

O projeto de lei intitulado “Lei da Contracepção Começa na Ereção” é, contudo, um tanto quanto irônico. Segundo o senador, trata-se de uma resposta à “vasta maioria dos projetos de lei relacionados à contracepção e/ou aborto que foca o papel da mulher”. Ele ressaltou que os homens “são cinquenta por cento da equação”.

MULTA POR EJACULAR – Ainda de acordo com o texto proposto, os homens que descumprissem a lei estariam sujeitos a multas de US$ 1.000 (R$ 5,9 mil) para uma primeira infração, US$ 5.000 (R$ 29,5 mil) para uma segunda e US$ 10.000 (R$ 59 mil) para outras subsequentes.

Blackmon, que está em seu primeiro mandato, é do Partido Democrata. No Mississipi, a Assembleia Legislativa é liderada pelo Partido Republicano, o que torna pouco provável a aprovação do texto. Caso a proposta seja aceita, o governador Tate Reeves, também republicano, ainda precisaria sancioná-la.

Em uma eventual aprovação do projeto de lei, os homens estariam impedidos de fazer atos sexuais sem a intenção de fertilizar a partir de julho deste ano. O homossexualismo, é claro, também estaria proibido.

HÁ EXCEÇÕES – O projeto ainda prevê exceções para casos de doação de esperma e uso de contraceptivos para evitar a fertilização. O senador afirmou que o texto “traz o papel do homem para a conversa”. “As pessoas podem se levantar em armas e chamar isso de absurdo, mas não posso dizer que isso me incomoda”, escreveu.

Segundo o KFF —grupo sem fins lucrativos que pesquisa políticas de saúde—, 12 estados dos EUA, incluindo o Mississipi, têm restrições totais ou quase totais em relação ao aborto. Outros seis proíbem o procedimento em períodos específicos da gestação.

Somente em 2024, pelo menos oito estados americanos aprovaram ou propuseram projetos de lei que restringem o acesso das mulheres a métodos contraceptivos, segundo dados do Instituto Guttmacher, um grupo de pesquisa sobre o acesso ao aborto.

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NOTA DE REDAÇÃO DO BLOG
É mais um político em busca de fama e que não tem medo do ridículo, como tantos outros, elegíveis ou não. Ele esqueceu a masturbação feminino e os vários tipos de vibradores, que devem ser um fetiche para o  ilustre parlamentar.  (C.N.)

Trump não é responsável pelas crises do Brasil, mas virou moda ser contra ele

DONALD TRUMP Eleito POTUS: Hora de FUGIR do Ibovespa e Comprar DÓLAR? Onde  Investir

Charge reproduzida do Arquivo Google

J.R. Guzzo
Estadão

Sempre é bom tomar cuidado, quando se fala hoje em dia de Donald Trump e de outros indivíduos que pensam mais ou menos como ele – sobretudo se vêm adquirindo o péssimo hábito de ganhar eleições livres. O ministro Alexandre de Moraes, o Advogado-Geral da União e o PGR, no mínimo, vão estar de gravador ligado para verificar, com o auxílio das agências de checagem, se você ficou dentro dos paradigmas exigidos hoje para ser considerado um homem justo e temente às instituições democráticas.

É obrigatório, sempre, dizer que eles são a pior ameaça que a humanidade já enfrentou em toda a sua passagem pela Terra.

SEM PERGUNTAS – Não pense, mais do que tudo, em fazer perguntas. Se Trump ganhou as eleições americanas, e se as eleições americanas não têm nada a ver com a fraude que são eleições na Venezuela, por exemplo, não se poderia pensar, só pensar, que a maioria da população quis que ele fosse presidente?

Daria para explicar como o cumprimento da vontade dos eleitores poderia ser uma coisa ruim? Por que eleições limpas, nos Estados Unidos e outros países do mundo livre, são descritas hoje como uma “ameaça” à democracia?

Nada disso está sujeito a debate. Trump, e quaisquer políticos de direita, sem exceção – atualmente, todos aqueles que não concordam com o pensamento proposto ou imposto pela esquerda – têm de ser chamados de “fascistas”, “nazistas” ou “neo” uma coisa ou outra.

EXTREMA ESQUERDA – Foi extinta do atual léxico democrático, à la STF-AGU-PGR e etc., a noção de direita política. Só existe a “extrema direita”. Trump é de extrema direita. Javier Milei é de extrema direita. Giorgia Meloni é de extrema direita. Viktor Orban é de extrema direita.

Em compensação, não existe, nem a pau, a extrema esquerda. Nos casos de ditaduras absolutas que se descrevem como “socialistas” ou algo assim, o máximo que o pensamento único admite é “regimes autoritários”.

Todos os governos que têm como sua prioridade máxima o “enfrentamento da direita”, tipo o do Brasil de hoje, são chamados automaticamente de “democráticos”, a começar por eles mesmos.

MUNDO EM PERIGO – É um ponto inegociável de sua doutrina avisar o tempo todo que o mundo está em perigo de morte porque a “extrema direita” neofascista ou neonazista pode ganhar eleições, como nos Estados Unidos.

Mas se a “extrema direita” ganhou e pode ganhar eleições livres – sem a “Suprema Corte” da Venezuela que, a horas tantas, anuncia: “Nós ganhamos” –, qual poderia ser o problema para a democracia? Democracia não é isso mesmo?

Quem ganha as eleições, desde que as eleições sejam honestas, vai para o governo. Quem perde vai para a oposição. Deveria ser assim, mas nada disso está valendo mais. No regime Lula-STF-PGR-AGU-PT-Psol-PF-MP-etc. o sujeito precisa de uma certidão negativa de “fascismo” para ter direitos políticos.

RELIGIÃO OFICIAL – Virou a religião oficial do Estado brasileiro, como o islamismo no Irã, e por conta dos seus mandamentos é compulsório ser “contra o Trump” para não entrar na lista negra do ministro Moraes, das classes culturais e da maior parte da mídia.

Não faz nexo, porque “o Trump” não é responsável por rigorosamente nenhum problema do Brasil – nem ele e nem as big techs, promovidas pelo regime Lula-STF ao pódio dos principais inimigos do País e do gênero humano. Mas é assim.

Donald Trump não tem absolutamente nada a ver, por exemplo, com os 35.000 assassinatos que o Brasil registrou em 2024 – um escândalo que faz o País um dos mais violentos do mundo, e atesta que o Estado brasileiro não tem competência sequer para garantir a vida de seus cidadãos.

MAZELAS DEMAIS – Qual é a sua culpa pelo fato de o Brasil ser um dos maiores campeões mundiais nos testes de semianalfabetismo – se não foi ele e nem Elon Musk, ou Mark Zuckerberg, que governaram o País durante 16 dos últimos 22 anos, e sim o PT? É “o Trump” que destrói a Amazônia?

A lista vai por aí afora. Pegue um problema qualquer do Brasil, qualquer um – se existe alguma coisa da qual você pode ter certeza integral é que nenhum deles foi causado por Trump, ou pelos Estados Unidos, ou pelos “bilionários” das redes sociais.

É tudo produto nacional, legítimo, e olhando para quem governou o País de 2003 para cá, dá para você ter uma boa ideia de onde vem o prejuízo.

Musk contesta empreendimento de US$ 100 bilhões lançado por Trump

Elon Musk (X, Tesla e SpaceX) e Sam Altman (OpenAI) se desentendem sobre aporte de US$ 100 bi em IA anunciado por Trump

Musk diz que Altman não tem recursos para investir

Deu na Bloomberg
O Globo

Em sua primeira divergência, o empresário Elon Musk questionou abertamente se as empresas que participaram do anúncio do presidente Donald Trump, prometendo centenas de bilhões de dólares em infraestrutura de inteligência artificial, seriam capazes de cumprir suas promessas.

Expondo uma brecha interna inicial dentro da Casa Branca, Musk escreveu em sua plataforma de mídia social, X, poucas horas após o anúncio: “Eles na verdade não têm o dinheiro”. E acrescentou: “O SoftBank tem bem menos de US$ 10 bilhões garantidos. Eu sei disso por fontes confiáveis.”

O EMPREENDIMENTO – Trump foi acompanhado por Masayoshi Son, do SoftBank Group, Sam Altman, da OpenAI, e Larry Ellison, da Oracle, na Casa Branca para anunciar o empreendimento, apelidado de Stargate, que, segundo eles, alocaria imediatamente US$ 100 bilhões com o objetivo de eventualmente gastar US$ 500 bilhões na construção de data centers e centros físicos.

“Isso, para mim, é algo muito grande”, disse Trump. “Acho que será algo muito especial.”

Altman usou o X para contestar a afirmação de Musk nesta quarta-feira, chamando-a de “errada” e sugerindo que Musk estava irritado porque o acordo poderia rivalizar com os próprios esforços de inteligência artificial do bilionário.

PROMESSAS VÃS – A briga pública ressaltou algumas das tensões que podem dominar o segundo mandato de Trump e ecoar os problemas que ele enfrentou durante seu último período na Casa Branca.

A inclinação do presidente para se retratar como um negociador resultou em promessas repetidas do setor privado para investir nos EUA, que nunca se materializaram ou representaram compromissos já existentes que executivos reapresentaram para agradar o presidente.

Algumas dessas promessas, como os planos abandonados para um enorme campus de fabricação da Foxconn em Wisconsin, que Trump apelidou de “Oitava Maravilha do Mundo”, tornaram-se munição para os democratas durante a campanha.

CETICISMO IMEDIATO – O anúncio do Stargate gerou ceticismo imediato sobre se ele se concretizaria ou representaria novos investimentos por parte das empresas.

Son já havia anunciado planos para um investimento de US$ 100 bilhões em IA nos EUA durante um evento com Trump em dezembro, na propriedade Mar-a-Lago do presidente, e espera-se que o Stargate utilize parte desse montante.

O SoftBank também enfrentou perguntas imediatas sobre de onde a empresa obteria o capital para financiar sua iniciativa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– O governo de Donald Trump começa mal. Ao invés de apresentar soluções, ele está criando uma série enorme de problemas, cada um mais cabeludo do que o outro, a ponto de seu amigo e parceiro Elon Musk protestar publicamente. A Casa Branca passou a funcionar exatamente como a Casa Verde de Machado de Assis, um hospício administrado por um doido que internava todo mundo. Até quando isso vai durar? Ninguém sabe. (C.N.)

Desprezo de Trump ao Brasil deixa esquerda indignada e direita, perplexa

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Charge do Thiago Lucas (Jornal do Commercio)

Igor Gielow
(Folha)

Pouco antes de assumir em 1990 com um plano econômico que devastou o país, Fernando Collor de Mello dizia que queria ver “a direita indignada e a esquerda, perplexa”, dando três meses para o impacto de suas ações.

Ao gosto da velocidade de 2025, Donald Trump precisou de apenas poucas horas entre sua posse e a primeira fala sobre o Brasil para inverter a equação, deixando a esquerda encarnada no petismo federal indignada e a direita, que vive principalmente em Jair Bolsonaro e seus acólitos, perplexa.

EXCLUSÃO CLARA – O desprezo com que tratou a pergunta sobre o Brasil da repórter Raquel Krähenbühl, da Globo, foi eloquente do real papel dedicado ao país em seu enorme inventário de prioridades. “Eles [os brasileiros] precisam muito mais de nós do que nós precisamos deles. Na verdade, não precisamos deles, e o mundo todo precisa de nós”, disse.

Trump falava a verdade, ainda que sua arrogância sugira uma insegurança imperialista, de chutar os mais fracos enquanto mede palavras para tratar da China. O Panamá que o diga.

Ao menos o americano ainda não resolveu que a Amazônia pode ter o mesmo destino do canal que ele pretende retomar, falando com desassombro em um discurso de posse. Noves fora a bravata, o risco para os panamenhos é real, calcado na história americana.

MAL NA FOTO – No Brasil, ninguém fica pior na foto do que Bolsonaro e os seus. Ao ex-presidente, restou a vergonha do chororô no aeroporto enquanto a mulher partia para um evento para o qual não fora convidada.

A genuflexão ante aquele que chama de “meu ídolo” precede seu mandato, e o incrível pareamento de fatos na ascensão em queda dos dois populistas, com a sequência eleição meteórica-governo caudaloso-golpismo-derrota fazendo os bolsonaristas suspirarem por um epílogo tropical análogo ao americano, com a volta ao poder.

Contra isso conspira a realidade de que Bolsonaro está muito mais enrolado com a Justiça, inclusive com inelegibilidade até 2030. Achar que Trump irá pressionar Lula (PT), Alexandre de Moraes (STF) ou o papa a perdoá-lo é um exercício de imaginação.

VÍDEO ANTIGO – Ainda assim, como a caravana dos Bolsonaro até um baile em Washington mostrou, o que vale é o corte para a rede. Neste sentido, Pablo Marçal fingiu ser mais rápido: enquanto Eduardo fazia uma chamada de vídeo com o pai, o influenciador publicou ter encontrado Trump no mesmo evento. Na verdade, era um vídeo antigo, adicionando ao ridículo.

Importância política disso é zero, mas funciona para incautos. Outro que passou vergonha foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ainda trata Bolsonaro como chefe no discurso — a realidade de como se afastar sem perder o eleitorado do ex-presidente é mais complexa.

O governador paulista colocou o bonezinho vermelho do Maga, símbolo do trumpismo, e repetiu o bordão bolsonarista “Grande dia!” em rede social. Poucas horas depois, o homem que tem pretensão de ocupar o Palácio do Planalto viu Trump tratar o Brasil como um sub-Panamá, já que nem canal vital temos.

Bannon pedirá sanções contra o Brasil por perseguições a Bolsonaro

Um homem com cabelo longo e grisalho, vestindo uma jaqueta verde, está em uma conversa. Ele parece estar gesticulando com as mãos enquanto fala. O fundo é desfocado, com algumas pessoas visíveis ao redor.

Bannon perdeu o espaço que tinha na política americana

Julia Chaib
Folha

Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump e um dos principais expoentes da extrema direita, afirmou no domingo (19) à Folha que pedirá ao próximo secretário de Estado, Marco Rubio, que tome atitudes contra o Brasil devido à ausência de Jair Bolsonaro (PL) na posse do republicano.

Bannon organizou um evento no final de semana para representantes da direita no mundo e tinha Bolsonaro como convidado especial. No lugar do ex-presidente, compareceram deputados brasileiros, entre eles Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

EM NOME DO MAGA – Bannon defende a volta do ex-presidente ao poder e chama o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de corrupto.

“Eu não falo pelo presidente Trump, mas as pessoas do movimento Maga [sigla em inglês para o principal slogan de Trump “faça a América grandiosa novamente”] amam Bolsonaro. A nossa recomendação é que deve haver sanções severas ao Brasil e particularmente a esse juiz [Moraes] para não ter nenhum acesso aos Estados Unidos”, disse. “Eu vou conversar com o senador Marco Rubio, sou muito próximo dele, e dizer: precisamos tomar uma atitude sobre isso”, afirmou.

Bannon era um dos principais aliados de Trump. Ele ficou preso por quatro meses, de julho a outubro do ano passado, cumprindo pena após se recusar a entregar documentos e testemunhar perante um comitê da Câmara que investigava a invasão do Capitólio por apoiadores de Trump, no dia 6 de janeiro de 2021.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Steve Bannon não manda mais em nada, é carta fora do baralho, um zero à esquerda. Quem manda é Trump, que não sabe nada sobre o Brasil e nem se interessa em saber. O problema de Moraes é muito mais grave, porque envolve Trump, Musk, Zuckerberg e o Congresso americano. Na roleta da política internacional, Bannon hoje é fichinha. (C.N.)

Um devasso e sonegador como Trump jamais deveria entrar num templo religioso

Vladimir Putin e Xi Jinping conversam por videoconferência; Putin diz que  espera visita de Xi em 2023 | Mundo | G1

Putin e Jinping analisaram as posturas insanas de Trump

Carlos Newton

Um homem devasso, mentiroso, sonegador e adúltero como Donald Trump jamais deveria  participar de qualquer cerimônia religiosa, a não ser que estivesse realmente decidido a pedir perdão por seus pecados. Para ele, somente o fato de entrar num templo já é algo insuportável e  seu constrangimento fica claríssimo, como ocorreu nesta terça-feira, dia 21, quando compareceu à Catedral Nacional de Washington.

Para surpresa do novo/velho presidente, que estava acompanhado com vice J.D. Vance, com suas esposas. a bispa anglicana Mariann Edgar Budde, criticou duramente a perseguição de Trump aos migrantes e aos membros das comunidades LGBTQIA+.

A FORÇA DA FÉ – Durante o sermão, a bispa anglicana da capital, conhecida defensora dos direitos humanos, pediu ao presidente que não ameace pessoas LGBTQIA+ e migrantes.

“Peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas. Há crianças, gays, lésbicas, transgêneros, famílias democratas, republicanas, independentes – algumas que temem por suas vidas”, disse, acentuando que essas pessoas não podem ser tratadas como criminosas.

Mas como uma mulher tão idosa e tão frágil pode ter a coragem de enfrentar o homem mais poderoso da Terra? E Trump não tinha o que dizer. Foi calado pela força da fé, não conseguiu responder.

TRUMP REAGE – Humilhado ao vivo e a cores pela bispa anglicana, Trump voltou revoltado à Casa Branca para cumprir o restante da agenda do dia.

Na quarta-feira de manhã, depois de uma noite mal dormida, resolveu desabafar em sua rede Truth Social e mostrou que não tem medo do ridículo:

“A chamada bispa que falou na terça-feira no Serviço Nacional de Oração é uma esquerdista radical que odeia Trump”, escreveu o presidente em sua rede Truth Social. “Teve um tom desagradável, não foi convincente nem inteligente (…) Ela e sua igreja devem um pedido de desculpas ao público!”, acrescentou.

FESTIVAL DE INSANIDADES – Esse início de gestão de Trump mostra que ele não está nada bem. Sua volta ao poder vem prejudicando claramente seu equilíbrio mental, com reflexos muito negativos no plano governamental.

Nesta quarta-feira, entre outras trapalhadas, o presidente voltou a ameaçar o líder russo Vladimir Putin, dando prazo de 100 dias para ele terminar a “guerra ridícula” contra a Ucrânia.

Ou seja, Trump comporta-se como o dono do mundo, tentando até dar ordens aos governantes de outros países. Desse jeito, quando chamarem a ambulância do Hospital Psiquiátrico, pode ser tarde demais.

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P.S.Na terça-feira, Putin já percebera que Trump está fora dos eixos e tomou uma precaução, fazendo uma longa videoconferência com o presidente chinês Xi Jinping, para analisar as insanidades de Trump e reforçar a aliança entre as duas potências. (C.N.)

Entre EUA e China, o Brasil precisa optar pelos dois e sair lucrando

Lula cumprimenta Trump por posse e diz que Brasil e EUA têm trajetória de  cooperação

Lula precisa deixar o Itamaraty dirigir a política externa

Eliane Cantanhêde
Estadão

Quem assumiu a presidência dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 20, não foi uma pessoa, um líder, Donald Trump, mas um projeto de poder internacional em aliança com os líderes emergentes da direita em todos os continentes, massificado mundo afora pelas principais plataformas da internet e com o uso de aumento de tarifas como chantagem para reduzir a resistência e aumentar a adesão.

Essa é a percepção de quem acompanha de perto a política externa e tem foco na ainda maior potência política, econômica e bélica. Aliás, é justamente pelo temor, ou constatação, de que esse poder não dura para sempre e está cada vez ameaçado, sobretudo pela China, que Donald Trump traçou sua estratégia na geopolítica internacional. Sua ação pode ser vista tanto como ataque quanto como defesa.

FORA DOS NÚMEROS – Apesar das críticas, da impopularidade e da derrota dos democratas, Joe Biden deixa a presidência com um crescimento maior do que o previsto, a inflação dentro da meta e o menor desemprego em décadas, enquanto a China, apesar de manter altos índices de desenvolvimento, surpreendeu para menos. Mas isso são detalhes. A guerra não está nos números.

Trump volta à presidência com uma força inquestionável, montando um gabinete duro e leal, enfrentando adversários sem líderes e com aliados que dominam as principais armas nas guerras modernas: Elon Musk, do X, e Mark Zuckerberg, da Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp, e procura-se um comprador para o TikTok.

E ele ao chocar o mundo com suas ameaças de dominação, através da anexação do Canal do Panamá, da Groenlândia e do Canadá inteiro. Parece loucura? Pois é tática.

BARRADOS NO BAILE – E nós diante de tudo isso? Basta ver quem foi para a posse. Apesar de posses de presidentes nos EUA serem historicamente um evento para dentro do país, não para fora, com ex-presidentes, autoridades e astros americanos, Trump convidou líderes da direita e o presidente da Argentina, Javier Milei, já carimbado como seu principal aliado, talvez não só na América do Sul, mas em toda a América Latina.

Para o Brasil, o convite não foi para o presidente, mas para o ex-presidente. Alexandre de Moraes questionou o convite meio mambembe, depois pediu a posição da PGR, negou entregar o passaporte para Jair Bolsonaro ir à posse e recusou o recurso da defesa.

Bolsonaro ficou choramingando no aeroporto, enquanto Michelle embarcou para representá-lo. Não custa lembrar que, inelegível, ele tem ciúme, medo e às vezes raiva de qualquer um, ou uma, que possa substituí-lo ou disputar com ele nas pesquisas.

CAIR NA REAL – Depois da festa e do gelo do inverno rigoroso, vem a realidade. A expectativa é que, apesar da distância evidente entre Trump e LULA, nada mude nos programas de cooperação e no comércio, por exemplo. A diplomacia e os setores privados se movem.

Desde a eleição, Lula só cumprimentou Trump pelo X. E, além de estar na presidência dos Brics neste ano, já sinaliza que fará nova viagem a Pequim em maio. Os Brics são percebidos com desconfiança pelos EUA, por se oporem ao dólar como moeda internacional e por alavancarem o protagonismo da China.

Lula mal disfarça que tem lado, mas o Brasil está numa típica “escolha de Sofia” e, quanto menos se meter na disputa de gigantes, melhor para os interesses brasileiros.

É melhor amar, porque na política não se aproveita quase nada

A ilustração colorida de Ricardo Cammarota foi executada em técnica digital, em linguagem gráfica estilizada. Na horizontal, proporção 13,9cm x 9,1cm, a ilustração apresenta 2 imagens representadas em forma de ícones. À esquerda, na horizontal, uma flecha de cupido em preto com a ponta em formato de um coração vermelho. À direita, há um símbolo, em preto, de um braço forte humano, fechando os punhos, em postura de demonstração de força. Entre o muque e o punho, está o coração da flecha. O acabamento e estilo das imagens parecem estarem pixadas sobre um papel de fundo em cor craft envelhecido.

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Para amar é necessário ter coragem? Penso que sim. Pode-se ter de tomar decisões duras quando se é assolado por um amor “fora do lugar”. Mas essa frase está na moda, o que me faz, de partida, achar que devemos mantê-la a distância. Evite frases da moda caso você se preocupe com sua saúde mental.

Essa frase me lembra outra máxima de alguns anos atrás que era a seguinte: odeie o seu ódio. Só um idiota pode dizer uma bobagem dessa.

FASE RIDÍCULA – Mas, como sabemos, o século 21 será, provavelmente, até então, o mais ridículo da nossa história. Imagino os historiadores do futuro debochando da nossa época. O século 21, a besta vestida com plumas e paetês que mija na saia.

A frase “para amar é preciso coragem” conta com a aura do pedagogo Paulo Freire, que, independente de ter uma obra importante, foi canonizado pela esquerda melosa da nossa época.

A ideia estaria associada a “educação é um ato de amor, por isso é necessário ter coragem”. Será mesmo? A educação hoje é um terreno baldio de modas motivacionais, tecnologia, marketing e fúrias ideológicas. Não vejo ninguém “amando” ninguém.

AMOR ROMÂNTICO – Qual o primeiro tipo de amor que vem à mente quando se fala de amor? Que tal o amor romântico, mais famoso que todos? A coragem no amor romântico é virtude segunda, antes vem a obsessão.

Ainda que haja elementos de alto risco nas narrativas —damas casadas, risco de morte por traição e similares—, o motor do amor romântico desde a Idade Média, quando ficará conhecido como amor cortês, é o enlouquecimento que faria o homem perder o patrimônio e a mulher, a reputação.

O casal ferido pela flecha de Eros não tem propriamente escolha, o “senhor amor”, como diziam os medievais, é um senhor cruel, submete as suas vítimas à mais bela de todas as doenças da alma.

TRATADO DO AMOR – Tomando a definição do amor cortês —”Tratado do Amor” de André Capelão (1150-1220)— como “doença do pensamento”, forma de obsessão incontrolável, fica claro que não é uma questão de coragem que está em jogo, mas de infelicidade que se torna compulsiva, uma doce e bela forma de azar.

O caráter randômico da paixão cortês ou romântica é uma das causas do enlouquecimento descrito com frequência. O autor medieval recomenda cautela e mesmo fuga diante da ameaça amorosa.

A mulher pode desmaiar na presença do seu amado, e ele perder a cabeça ao vê-la em tal situação, destruindo o segredo do amor proibido. Roteiro clássico do amor infeliz, hoje fora de moda porque ninguém ama mais ninguém, salvo algumas raras exceções.

COM CORAGEM – E seria necessário coragem para o amor cristão? À primeira vista sim, já que, ao longo da história de muitos santos e cristãos, o risco de morte por levar adiante a ética cristã — na qual estaria envolvido, de alguma forma, o amor cristão — foi e é corrente.

Se entendermos essa forma de amor como “ágape” do grego, podemos entendê-lo como a partilha da vida e dos “bens”, assim como também o cuidado com o outro.

Na encíclica “Deus Caritas Est” de 2005, traduzida como “Deus É Amor” —”caritas” seria a versão latina do amor “ágape”— o então papa Bento 16 afirma que o amor Eros —desejo sexual— entre o casal deveria “evoluir” para o amor “ágape” pelos filhos que nascerão do casamento.

AMOR AOS FILHOS – É evidente que essa forma de amor pelos filhos, que, sim, exige algum tipo de coragem e investimento a longo prazo, está completamente fora de moda.

Quase ninguém está disposto a essa “forma de coragem”. Ter filhos exige coragem, mas aqui o que está na moda é a covardia e o egoísmo, quando não a paranoia.

TRÊS VIRTUDES – Resta lembrar que, na teologia católica, o amor —”ágape” ou “caritas”— é uma das três virtudes teologais, ou seja, virtudes dependentes da graça contingente de Deus. Portanto, segundo essa doutrina, nenhum homem ou mulher é capaz de ter tais virtudes —amor, esperança e fé— sem a interferência direta de Deus na personalidade e também no comportamento deles.

Quando tomados por essas virtudes teologais, a coragem enquanto tal se torna secundária na medida em que a graça contingente se assemelha, do ponto de vista da psicologia moral, ao amor romântico, pois, em ambos os casos, a pessoa “acometida” pela graça ou pelo amor romântico, não teria muita liberdade de escolha na ação.

Suspeito que a ideia de que, para amar, seja preciso coragem, difundida pela esquerda, e associada à figura emblemática da pedagogia do oprimido que foi Paulo Freire, tem o objetivo de santificar as pessoas desse espectro político, muito mais do que sustentar uma consistência em si da relação entre amor e coragem. Enfim, pura retórica vazia. Na política, não se salva quase nada que preste.