Na definição do poeta, “o amor é, exatamente, o tiro no peito do matador”

Exercício Do Olhar | Amazon.com.brPaulo Peres
Site Poemas & Canções

O advogado, jornalista, escrivão aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), crítico literário, contista, letrista e poeta carioca Tanussi Cardoso, no poema “Cilada”, expõe a sua metafórica definição sobre o amor.

CILADA
Tanussi Cardoso
 

O amor não é a lua
iluminando o arco-íris
nem a estrela-guia
mirando o oceano

O amor não é o vinho
embebedando lençóis
nem o beijo louco
na boca úmida do dia

O amor não é a vitória
dos navios e dos barcos
nem a paz cavalgando
cavalos alados

O amor é, sobretudo,
a faca no laço do laçador
O amor é, exatamente,
o tiro no peito do matador

Crítica a Tarcísio mostra que Lula já está preocupado com 2026, diz Mourão

Hamilton Mourão é eleito senador pelo Rio Grande do Sul | Eleições 2022 |  Valor Econômico

Lula sabe que Tarcísio é um forte candidato em 2026, diz Mourão

Deu no Poder360

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse nesta sexta-feira (dia 5) que as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se devem pelo fato de o petista estar preocupado com as pesquisas eleitorais de 2026. O chefe do Executivo estadual é apontado como um dos possíveis nomes para a próxima disputa eleitoral.

“Dizem por aí que o presidente Lula se guia por pesquisas de popularidade para falar de economia, batendo no Banco Central e gerando alta do dólar. Agora, resolveu atacar o governador Tarcísio de Freitas, que faz uma gestão exemplar em São Paulo, talvez já tenha recebido as pesquisas de intenção de voto para 2026″, declarou o ex-vice-presidente em seu perfil no X (ex-Twitter).

DISSE LULA – Na quinta-feira (dia 4), Lula criticou a ausência de Tarcísio em um evento no Estado. Disse que o governador é convidado para eventos com ele, “mas não vai a nenhum lugar”.

“É uma obra que tem investimentos da Caixa Econômica e do BNDES. Ele [Tarcísio] está convidado para vir, mas ele não vem. Ele não vem porque ele diz: ‘O dinheiro é do BNDES, não é do Lula. Eu tomei emprestado e eu vou pagar’. O que ele tem que saber: o BNDES empresta dinheiro para governador no meu governo, porque no governo deles [em referência ao governo de Jair Bolsonaro, do PL] não emprestava 1 centavo”, declarou Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Tarcísio de Freitas fica em má situação, por ser grato a Bolsonaro, que o encaminhou na política e ajudou a elegê-lo governador de São Paulo, sem nem conhecer direito o Estado. Mas também pega mal ser convidado para uma cerimônia federal e simplesmente não ir. É uma descortesia, não há dúvida. (C.N.)

Lula é raro caso de chefe de governo que ataca a moeda de seu próprio país

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

J.R. Guzzo
Estadão

Se existe uma coisa clara no projeto de desordem econômica que está sendo tocado hoje neste País, é que o responsável direto pela alta do dólar é o próprio presidente Lula. É raro que um chefe de governo apareça como o principal agente de ataques contra a moeda do seu país, mas é o que está acontecendo. Lula sabe muito bem que se falar as coisas que ele fala todos os dias o dólar vai subir e o real vai se desvalorizar – não tem como.

Mas é precisamente isso que continua a fazer. Repete sem parar que o presidente do Banco Central, o único que realmente trabalha hoje contra a inflação, é um delinquente. Diz que o problema não é cortar gasto, num governo que fechou o mês de maio com o estoque da dívida federal em quase R$ 7 trilhões, mas aumentar imposto. Afirma que o déficit público é uma bobagem – e que o governo tem de gastar mais, não menos.

DESCONFIANÇA – O único resultado que se pode esperar disso tudo é uma desconfiança cada vez maior quanto à seriedade e ao senso de responsabilidade de quem deveria estar cuidando da boa saúde econômica do País.

Lula, com os seus discursos irados e propostas de desastre, é uma ameaça permanente de inflação e de desordem. Há dois resultados práticos e imediatos desse palavrório. O primeiro é a alta do dólar – é para o dólar que todo mundo quer correr, quando a moeda nacional corre o risco cada vez maior de ir para o diabo.

O segundo é a necessidade de manter os juros altos – se o Banco Central largar a mão do controle, como Lula exige que faça, a casa vem abaixo.

UMA PROMESSA – É o que ele promete fazer, por sinal, assim que nomear o novo presidente do BC no fim do ano. Pode ser apenas mais uma mentira; depois que Roberto Campos Neto sair da presidência, não vai dar mais para continuar jogando em cima dele a culpa pelos fracassos do governo. Mas enquanto estiver lá o xingatório de Lula continua – e a economia sofre.

Nada mais típico do caráter do presidente, numa hora dessas, do que fazer cara de escandalizado e partir para a demagogia policial. Faz parte do seu manual de conduta: depois de pisar feio na jaca, diz que “não é possível” estar acontecendo o que ele próprio fez acontecer, exige que “o governo” tome providências imediatas e ameaça tocar sua polícia contra os culpados imaginários.

No caso, convocou mais uma “reunião de ministros” que será descrita pelos serviços de propaganda mantidos na mídia pela Secom como “reação” aos “especuladores” – e que obviamente não vai resolver nada, levando-se em conta que o especulador número 1 é justamente quem preside a reunião.

FRAUDE MACIÇA – O presidente da República, uma vez mais, mostra que o seu único plano de governo é administrar uma fraude maciça, crescente e proposital. O último disparo do arsenal de mentiras que está no centro de sua estratégia é acusar o presidente do Banco Central de manter os juros altos por motivos “políticos”.

É uma acusação grave – e teria de estar fundamentada em provas materiais indiscutíveis. Mas não há fundamento nenhum para o que ele diz. Lula só repete que “tem certeza” da culpa de Campos Neto, e ter “certeza” não é argumento nem em jogo de bola de gude. A acusação é também absurda. Na campanha eleitoral de 2022, o BC, sob o mesmíssimo Campos Neto, manteve a taxa de juros acima dos níveis em que está agora.

Quer dizer que ele teria agido, na ocasião, por “motivos políticos”? Para prejudicar Jair Bolsonaro, que estava na presidência, e beneficiar a candidatura de Lula? É escroqueria política de primeiro grau – dessas em que o cidadão está sempre escalado para o papel de otário que acredita em qualquer coisa. É também a alma do “projeto de país” hoje em execução no governo federal.

Governadores evitam atos federais para não colocar azeitona na empada de Lula

Tarcísio de Freitas é o 14º ministro diagnosticado com covid-19

Tarcísio está fugindo das inaugurações de Lula em São Paulo

Dora Kramer
Folha

O chamamento à guerra foi feito pelo presidente Lula quando estabeleceu ligação direta entre as eleições de 2024 e 2026. As municipais serão um ensaio para as presidenciais, disse ele, contrariando a escrita dos inúmeros exemplos de que uma disputa não tem nada a ver com a outra.

A história mostra. Para citar apenas um, o PT foi um fiasco na disputa de 2020 e retomou a Presidência em 2022.

NÃO ENGANOU NINGUÉM – Desta vez, há de reconhecer, pode ser diferente. Não no cenário dos mais de 5.000 municípios, mas nas principais cidades e capitais.

Nelas, os adversários responderam de pronto à chamada e se armaram para a batalha na dinâmica de prévias. Verdade que a cigana não enganou ninguém.

Os partidos do centrão incorporados ao ministério em meados de 2023 sempre deixaram claro que uma coisa eram os assentos na Esplanada, outra bem diferente são os palanques país afora. Entraram no governo para garantir visibilidade e acesso à máquina do Estado.

ERA DA POLARIZAÇÃO – Habitualmente é assim. E seria de novo, não fosse pelo caráter plebiscitário das disputas de outubro, evidenciada no esforço dos campos de Lula e Bolsonaro para forçar a nacionalização do pleito.

Em decorrência, governadores oposicionistas já apresentam suas postulações à Presidência e evitam comparecer a atos de “entregas” federais a fim de não fornecer azeitonas à empada de Lula.

Partidos formalmente integrantes da base governista se aliam a adversários do PT em boa parte das disputas municipais, na tentativa de tornar ainda mais desfavorável ao Planalto a correlação de forças na cena nacional.

O QUE FARÁ LULA? – Caso consigam derrotar o PT, haverá um reposicionamento deles em 2025 com vista a 2026. E o que fará Lula?

Demitirá os ministros? Se demitir, piora a situação no Congresso. Se não, conviverá em casa com a sombra de potenciais quintas-colunas.

O lance da antecipação pode não ter sido tão esperto quanto imaginou o presidente.

Senadora investigada pelo 8 de Janeiro apresenta projeto para anistiar golpistas

Senadora Rosana Martinelli acha as penas foram rigorosas demais

Deu na CartaCapital

A senadora bolsonarista Rosana Martinelli (PL-MT) apresentou, nesta quarta-feira 3, um projeto de lei que prevê a anistia para golpistas envolvidos no 8 de Janeiro. Acontece que a própria parlamentar é investigada por participação na tentativa de golpe de estado.

Na justificativa da proposta, a senadora diz que a anistia se faz necessária porque, na sua visão, ‘inocentes’ teriam sido condenados apenas por estarem no local das manifestações sem terem cometido crimes.

DIZ A SENADORA – “Os inocentes que estavam exercendo seu direito como cidadãos, sem participação nos atos antidemocráticos, não devem ser punidos ou condenados por crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, justifica Rosana Martinelli.

A senadora pede “anistia […] a todos que, em razão das manifestações ocorridas em Brasília, na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023, tenham sido ou venham a ser acusados ou condenados pelos crimes definidos nos arts. 359-L [abolição do Estado Democrático de Direito] e 359-M [depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo].”

Diz, ainda na proposta, que as punições atuais aplicadas aos participantes do 8 de Janeiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) são ‘injustas’ e ‘desproporcionais’. A Corte, até aqui, tem determinado penas que variam de 3 a 17 anos de prisão para os envolvidos nos atos golpistas. Para ela, essa proposta seria ‘uma resposta do Legislativo’ a essas ações do Supremo.

PROPOR ANISTIA – “Diante deste cenário cabe ao Legislativo agir. Propomos a concessão de anistia àqueles que tenham participado da manifestação do dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, remanescendo as acusações e condenações pelos crimes de deterioração do patrimônio público e associação criminosa.”

O texto já foi apresentado aos senadores, mas, segundo o próprio sistema do Senado, aguarda um despacho para iniciar a tramitação. Não há, por enquanto, qualquer indicação de que a proposta será colocada em votação. No Congresso, vale lembrar, já tramitam outros textos com o mesmo objetivo.

A proposta, vale dizer, pode beneficiar a própria senadora, uma vez que, conforme citado, ela integra a lista de investigados no inquérito do STF sobre os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro. Ela teria encaminhado caminhões para apoiar manifestantes.

Problema de Lula não é a senilidade – suas ideias é que se tornaram senis

Viagens de familiares de Lula custaram R$ 4,2 milhões ao contribuinte

Lula da Silva continua com as mesmas ideias de 30 anos atrás

William Waack

Apelidar Lula de “Biden da Silva” está ganhando tração nas lacrações na internet, num tipo de ataque por parte de adversários mais habilidosos no espaço digital do que a corrente política do presidente brasileiro. A comparação, porém, é descabida.

Joe Biden é uma vítima clara de senilidade, definida como doença degenerativa crônica que afeta a memória, o raciocínio e o comportamento de pessoas idosas. A enfermidade o obriga a ter de tomar uma única decisão (abandonar ou não a reeleição), pessoal e política, de enormes consequências, qualquer que seja.

LULA ESTÁ MELHOR – Salta aos olhos que Lula desfruta de condição física muito melhor do que a de Biden, e não precisa decidir neste momento sobre reeleição. O problema principal para Lula é ser vítima de sua própria visão dos fatos e as ações disso decorrentes, prejudiciais para ele mesmo.

É o caso específico do cenário econômico. Lula não parece entender os mecanismos que pioram ou aliviam o peso das questões fiscais e monetárias que balizam hoje – goste-se ou não disso – a política brasileira. E insiste em posturas que pioram as já precárias condições de governabilidade.

Ele acha que as oscilações típicas de preços de ativos – desde sempre motivadas por expectativas – não passam de “conspirações” e “especulações”, incentivadas pelo BC dirigido por um bolsonarista. E que as elites empresariais brasileiras são apenas rentistas, e fundamentalmente opostas a ele e sua preocupação com “os pobres”.

SEMPRE REPETINDO – O avanço da idade, e os fatos traumáticos recentes da vida (580 dias na prisão), acentuaram em Lula o apego a esquemas mentais que ele repete desde que surgiu na cena política, meio século atrás. É basicamente a divisão do mundo entre “eles” e “nós”, entre “ricos” malvados e “pobres e trabalhadores” vítimas, descrição que ele aplica também ao cenário internacional.

Auto centrado, e ouvindo pouca gente, Lula está preso a um passado de vinte anos atrás e a memórias que são pura imaginação.

O “gasto é vida” de Dilma vem da mesma matriz dos postulados que Lula defende hoje como cerne de um programa de governo. E se recusa a admitir o que deu errado.

IDEIAS SENIS – São profundas e, em certa medida, bastante perturbadoras algumas das mudanças ocorridas nos últimos vinte anos, entre elas as relações capital-trabalho. tAssim como as sensíveis alterações na relação de força entre os poderes em Brasília, fatos que Lula não parece contemplar, ou para os quais não encontrou formas exitosas de lidar.

A senilidade da qual padece o personagem político Joe Biden condiciona o papel que ele representa na História. No caso de Lula, é a senilidade das suas ideias.

Vice-presidente Kamala Harris desponta como possível candidata pós-Biden

Kamala Harris discursa durante evento na Universidade de Maryland

Kamala Harris tem chance de ser a primeira mulher eleita nos EUA

Guga Chacra
O Globo

Assim como muitos eleitores nos Estados Unidos e pessoas que acompanham a política americana, fiquei decepcionado com o desempenho de Kamala Harris como vice-presidente. Após a vitória de Joe Biden em 2020, a expectativa era de que ele permanecesse apenas um mandato, abrindo espaço para essa política se candidatar quatro anos mais tarde e tornar-se a primeira mulher eleita para a Presidência.

Esta possibilidade se esvaiu com a queda na popularidade dela ao longo do mandato e passou a ser algo improvável.

APÓS O DEBATE – Passada uma semana do catastrófico desempenho do atual ocupante da Casa Branca no debate contra o ex-presidente Donald Trump, e após uma série de nomes serem sondados para uma possível desistência de Biden, o nome de Kamala disparou nas bolsas de apostas desde terça como o mais provável para encabeçar a chapa democrata. Antes disso, claro, depende da desistência da cada vez mais inviável candidatura de Biden.

A pressão para o presidente abrir mão da candidatura cresce, embora ainda não possamos descartar que ele queira seguir mesmo diante de uma provável derrota para Trump, que não esconde seus desejos de enfraquecer a democracia americana.

A pergunta que fica é sobre o motivo de escolher Harris e não um dos populares governadores e governadoras democratas em diferentes estados.

OUTRA MULHER – Para citar uma mulher, há Gretchen Whitmer, que governa Michigan, um dos mais importantes estados-pêndulo, como são conhecidos aqueles sem predomínio democrata ou republicano. Reeleita, desfruta de enorme popularidade. Sem dúvida, poderia ser uma alternativa, assim como uma série de outros governadores.

Como não houve primárias, no entanto, fica difícil saber da viabilidade de cada um destes nomes ou para que surjam figuras inesperadas, como foi o caso de Jimmy Carter em 1980 e de Bill Clinton, em 1992.

Um democrata popular que governa um estado conservador atualmente é Andy Beasher, do Kentucky.

SOLUÇÃO SIMPLES – Kamala Harris, embora longe de ser uma candidata ideal como Barack Obama em 2008, não pode ser descartada apenas porque decepcionou. Cabe aos democratas decidirem, claro.

Mas podemos delinear alguns pontos para indicar que talvez a atual vice-presidente seja a solução mais simples diante do caos que o Partido Democrata se colocou ao insistir na candidatura do Biden em vez de realizarem primárias abertas sem a participação dele — o atual presidente deveria ter se colocado como estadista e uma figura de transição de uma era pós-Trump para figuras mais jovens.

Em primeiro lugar, Harris tem legitimidade. É vice-presidente. Ganhou uma eleição na chapa com Biden. Poderia ter assumido o cargo, como Lyndon Johnson assumiu depois do assassinato de John Kennedy. Em segundo lugar, tem experiência. Além da Vice-Presidência, foi senadora pela Califórnia e serviu em uma série de comissões no Senado.

MUITA EXPERIÊNCIA – Antes disso, exerceu o cargo de procuradora-geral da Califórnia. Terá acesso ao dinheiro doado para a chapa dela com Biden, o que não ocorre no caso de outro candidato — e estamos falando de centenas de milhões de dólares. As diferentes alas do partido, incluindo a esquerda e a mais moderada, não impõem resistência ao nome dela.

Por último, não há absolutamente nenhum escândalo contra a atual vice-presidente. Insisto, está longe de ser uma candidata perfeita. Mas, no atual cenário, talvez seja a solução mais óbvia e “menos pior” do que Biden.

Na véspera do debate, Biden contava com 35,5%, mas caiu em seguida para 19,2%. Desde então, seu nome praticamente não voltou a subir no mercado de apostas. O governador da Califórnia, Gavin Newson, chegou a disparar após o debate, mas seu nome caiu após um breve pico.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O artigo de Guga Chacra foi premonitório. No dia seguinte, Kamala Harris disparou e já passou o presidente Joe Biden como nome democrata favorito. Biden, em queda acentuada desde o debate da semana passada contra Donald Trump, está com 9,7%, enquanto Harris disparou e marca 17,5%.  Os dados são do agregador Real Clear Politics, que usa diversas pesquisas. (C.N.)

Privilégios da elite do serviço público drenam os recursos para investimento

Charge do Brum (Arquivo Google)

Deborah Bizarria
Folha

Em 1980, a Assembleia Legislativa da Paraíba determinou que as viúvas de desembargadores, governadores e deputados estaduais deveriam receber, além da pensão, 50% da remuneração do falecido enquanto estava na ativa. Quatro anos depois, esse benefício foi ampliado para incluir as viúvas e dependentes dos juízes.

Este privilégio, inalcançável para a maioria dos cidadãos, perdurou até ser considerado inconstitucional pela ministra Rosa Weber em 2021. Esse e outros casos de regras especiais para a elite do funcionalismo público são detalhados no livro de Bruno Carazza: “O país dos privilégios – Volume 1: Os novos e velhos donos do poder”.

GASTANDO DEMAIS – Para demonstrar a dimensão do problema, Carazza apresenta dados específicos do Judiciário. No Brasil, os gastos com todos os ramos de Justiça representam 1,6% do PIB. Em países emergentes, o custo do Judiciário é, em média, 0,5% do PIB, e em países ricos é de 0,3%. Esse 1% a mais que gastamos com o Judiciário seria suficiente para financiar o atual formato do Bolsa Família.

Além disso, outras pequenas elites concentram salários e benefícios em várias áreas, como fiscais da receita, cartorários, militares e procuradores.

ACIMA DO TETO – Como várias carreiras conseguem chegar não só próximo, mas até ultrapassar o teto de remuneração? Parte da resposta está na “comparação para cima” e no efeito âncora, que ocorre quando indivíduos usam uma informação de referência em suas decisões, mesmo que de forma desconexa.

Na prática, a Emenda Constitucional nº 19/1998, que visava limitar os rendimentos no setor público e coibir abusos, virou uma meta salarial, não mais um teto.

Para ilustrar esse mecanismo, Carazza cita um caso mencionado no livro “Previsivelmente Irracional”, de Dan Ariely. O governo americano pretendia expor a política salarial das grandes empresas para, através da divulgação dos salários de presidentes e diretores, constrangê-las a cortar excessos. Contudo, o efeito foi contrário.

CASO DO CEO – Em 1993, um CEO americano ganhava, em média, 131 vezes mais do que a mediana dos empregados de sua empresa. Em 2008, essa diferença saltou para 369 vezes.

Segundo Ariely, fatores psicológicos e comportamentais, como inveja e a necessidade de comparação, explicam esse resultado.

As pessoas tendem a se preocupar mais com sua posição relativa do que absoluta, avaliando-se em comparação com seus pares e superiores, raramente considerando os menos favorecidos. Com a divulgação, os CEOs passaram a se comparar com os de outras empresas, gerando uma corrida para obter benefícios superiores. Em vez de reduzir a média salarial, a decisão incentivou uma escalada rumo ao topo. Similarmente, o teto do funcionalismo parece ter ancorado as expectativas salariais das carreiras que têm alto poder de barganha.

REFORÇAR A REGRA – Isso não significa que a regra deveria ser abandonada, mas sim reforçada. Atualmente, há muitos furos decorrentes da adição dos “penduricalhos” – auxílios e benefícios monetários que não são limitados pela regra nem sujeitos ao imposto de renda. Os mais conhecidos são os juízes e membros do Ministério Público, que frequentemente recebem auxílio-moradia, auxílio-alimentação, auxílio-saúde e outras “verbas indenizatórias” pagas com dinheiro público.

Vale destacar que esses luxos não são concedidos a todos os funcionários públicos, mas sim a uma elite que se aproveita de suas posições e influência política para pressionar por maiores salários ou, ao atingir o limite constitucional, obter mais penduricalhos.

Qual é a solução, então? O livro destaca a necessidade de uma discussão séria sobre o pacote de benefícios do funcionalismo público.

REVER TUDO – Revisar os adicionais que frequentemente permitem que servidores do topo ganhem mais que o presidente da República e os ministros do Supremo exige coragem. Além disso, é crucial debater os incentivos negativos que desestimulam os trabalhadores do setor público a oferecer um serviço de qualidade à população.

A discussão sobre uma reforma administrativa deve ser pautada por uma avaliação criteriosa, que valorize a contribuição real dos servidores para a população. O papel da sociedade civil é fundamental nesse processo, para enfrentar os interesses concentrados de elites estabelecidas.

Longe de demonizar as carreiras públicas, Bruno Carazza propõe um diagnóstico baseado em dados sobre como parte do orçamento público é constantemente capturado por interesses privados. Vale a leitura acompanhada de uma xícara de chá de camomila, pois a descrição da busca descarada de agentes por privilégios certamente causará indignação no leitor.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As elites brasileiras do serviço público, especialmente o Judiciário, simplesmente conseguiram aperfeiçoar a famosa exploração do homem pelo homem. E o pior é que até os militares entraram nessa mamata. Uma prática vexaminosa. E a desigualdade salarial aumenta a cada reajuste.  (C.N.)

Adeus, paz! Israel invade e usurpa mais 24 quilômetros quadrados na Cisjordânia

This picture taken on June 28, 2024 shows the the Israeli settlement of Maale Adumim in the occupied West Bank on the outskirts of Jerusalem. (Photo by AHMAD GHARABLI / AFP)

Este é o assentamento israelense Maale Adumim, na Cisjordânia ocupada

Deu na Veja

O grupo israelense Peace Now, um órgão de vigilância contra assentamentos judeus em territórios palestinos, afirmou em relatório divulgado nesta quarta-feira, 3, que Israel aprovou a maior usurpação de terras na Cisjordânia em mais de três décadas. A região povoada por palestinos é parcialmente controlada por israelenses, tanto militares quanto colonos civis encarregados de administrar assentamentos.

De acordo com o relatório, autoridades aprovaram a apropriação de 12,7 quilômetros quadrados de terras no Vale do Jordão. Os dados do Peace Now indicam que esta foi a maior cota individual aprovada desde os acordos de Oslo de 1993, no início do processo de paz entre palestinos e israelenses.

“ANEXAÇÃO” – A usurpação, que israelenses qualificam como “anexação” de terras, foi aprovada no final do mês passado. Ela ocorre após 8 quilômetros quadrados de terras na Cisjordânia serem invadidos em março e de 2,6 quilômetros quadrados em fevereiro. As terras são contíguas e localizadas a nordeste da cidade de Ramallah, onde está sediada a Autoridade Palestina, representação apoiada pelo Ocidente.

Ao declará-las como terras estatais, o governo israelense passa a permitir seu arrendamento a cidadãos de Israel e proíbe a propriedade privada por parte de palestinos. 

Segundo o Peace Now, isso faz de 2024, de longe, o ano de pico para a implementação do controle israelense na Cisjordânia.

CISJORDÂNIA OCUPADA – Ao todo, Israel já construiu mais de 100 colonatos em toda a Cisjordânia, alguns dos quais se assemelham a subúrbios totalmente desenvolvidos ou a pequenas cidades. Eles abrigam mais de 500 mil colonos judeus que têm cidadania israelense.

Os 3 milhões de palestinos na Cisjordânia vivem sob um regime militar israelense que tem poucos limites, apesar do governo da Autoridade Palestina (AP).

A AP administra partes do território palestino ocupado por Israel, mas está impedida de operar em cerca de 60% do território, onde estão localizados os colonatos.

AUMENTO DAS TENSÕES – A medida tem potencial de agravar as já crescentes tensões entre os povos, ligadas à guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas em andamento em Gaza. A violência aumentou na Cisjordânia desde o início do conflito, com ataques militares israelenses quase diários, que muitas vezes desencadeiam tiroteios mortais com militantes palestinos.

Os palestinos consideram inaceitável a expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada, afirmando que esta é a principal barreira a qualquer acordo de paz duradouro no Oriente Médio. Além disso, a maior parte da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, maiores aliados de Israel, considera os assentamentos judeus ilegais ou ilegítimos.

O atual governo israelense considera a Cisjordânia como o coração histórico e religioso do povo judeu, e por isso opõe-se à criação de um Estado palestino na área. Na guerra de 1967, Israel capturou a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. Esses três territórios são reivindicados pelos palestinos para um futuro Estado independente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para desespero dos israelenses pacifistas, que existem e são muitos, os extremistas liderados por Netanyahu seguem o plano sinistro de anexar a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e qualquer outro território onde vivem palestinos. E assim Israel vai perdendo aliados, progressivamente. O resultado final, já se pode antever, será a guerra eterna entre os israelitas e os islamitas, fato que representa uma ameaça concreta à paz no Oriente Médio e no resto do mundo. (C.N.)

No jantar de Javier Milei e Bolsonaro, o prato do dia é Lula no meio do alvo

Bolsonaro e Milei terão encontro no Brasil durante evento conservador | CNN Brasil

Jair Bolsonaro e Milei vão se reunir neste final de semana

Fernanda Alves
O Globo

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), está organizando um jantar neste fim de semana para o presidente argentino Javier Milei e ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. A expectativa é que os dois estejam em Balneário Camboriú no sábado e domingo para a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês).

De acordo com a assessoria de Jorginho, aliado do ex-presidente, a intenção é promover o encontro reservado, que depende da agenda do chefe de Estado argentino, apertada, segundo o governo catarinense.

BOLSONARISMO – O evento, em sua quinta edição no país, é encabeçado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e reunirá ainda representantes do bolsonarismo de outros estados, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Magno Malta (PL-ES) e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PL).

Como o GLOBO mostrou nesta semana, a ideia é transformar o encontro em um palanque para líderes sul-americanos que têm verbalizado oposição ao presidente Lula. Além de Milei, o líder do Partido Republicano do Chile, José Antonio Kast, crítico declarado do petista, também manifestou intensão de participar da conferência.

O presidente argentino cancelou sua viagem para a cúpula do Mercosul no Paraguai, onde estarão Lula e os outros chefes de Estado sul-americanos. Milei alegou problemas de agenda para não comparecer à reunião. Ele enviará como representante a chanceler Diana Mondino, que tem mantido diálogo com o governo brasileiro sobre temas de interesse dos dois países, como a importação de gás natural da reserva de Vaca Muerta.

DINOSSAURO IDIOTA – Milei, que deve se reunir com Bolsonaro durante a conferência em Santa Catarina, chamou o petista de “dinossauro idiota” na terça-feira, horas após sua visita ao Brasil ser confirmada.

Segundo a colunista Malu Gaspar, um dos objetivos é discutir como aproveitar uma eventual vitória de Trump nos EUA para insuflar a direita no continente. Na América do Sul, além de Milei, apenas o equatoriano Daniel Noboa e o uruguaio Luis Lacalle Pou são vistos como exceções a uma onda recente de governantes de esquerda.

Lula, que tinha previsão de ir a Santa Catarina no mesmo fim de semana em que ocorrerá o CPAC, adiou na terça-feira a viagem. O presidente foi orientado por assessores a não reagir às provocações do argentino.

Keir Starmer, novo primeiro-ministro do Reino Unido, é trabalhista de verdade

O líder do Partido Trabalhista britânico Keir Starmer, discursa em Londres após a vitória histórica

De família classe média baixa, Stamer despontou para o sucesso

William Booth e Karla Adam
The Washington Post

Ele era um advogado de esquerda que defendeu anarquistas veganos antes de processar terroristas em nome da coroa britânica. Ele foi editor de uma revista trotskista na juventude, ainda assim agradou aos capitalistas ao colocar a “criação de riqueza” no coração da plataforma do Partido Trabalhista este ano. Ele era um antimonarquista que foi agraciado pelo então Príncipe Charles como “Sir Keir” e agora se encontrará com o rei uma vez por semana.

Tudo isso compõe uma história complexa, confusa e real. Também torna difícil antecipar que tipo de primeiro-ministro Keir Starmer será. Um de seus biógrafos confessou que Starmer é “difícil de definir” — e ele teve acesso total ao seu biografado.

AMBIGUIDADE – Starmer, 61 anos, usou essa ambiguidade a seu favor. As pessoas foram capazes de projetar nele aquilo em que queriam acreditar. Durante muito tempo, ele até se beneficiou do rumor de que era a inspiração para o personagem advogado de direitos humanos sofisticado Mark Darcy (interpretado pelo ator Colin Firth) nos livros e filmes de “Bridget Jones”. (Ele não era.)

Ser muitas coisas para muitas pessoas pode ter ajudado Starmer a obter uma grande vitória na quinta-feira. Seu Partido Trabalhista, social-democrata e de centro-esquerda, está voltando ao poder depois de 14 anos no deserto político, ao mesmo tempo em que os eleitores baniram os conservadores para a oposição.

Mas qual é, de fato, o mandato de Starmer, além de seu evidente slogan de campanha “Change” (Mudança)? Em uma pesquisa da Ipsos no mês passado, metade dos entrevistados disse que não sabia o que ele representava.

SEM COMENTÁRIOS – Starmer não deu entrevistas à imprensa estrangeira durante essa eleição. Isso é típico de líderes partidários britânicos. Mas colegas próximos também o consideram um “homem muito reservado”. Ele tem uma esposa, Victoria, e dois filhos adolescentes, cujos nomes ele nunca tornou públicos, e um gato, cujo nome ele estava disposto a revelar como Jojo. Ele expressou preocupação com o impacto que a mudança para Downing Street terá sobre sua família.

Ele não é um político de destaque. Como orador, não é nenhum Winston Churchill. Mas seus amigos dizem que ele pode ser implacável, talvez o que um Reino Unido claudicante precise.

“Ele é muito, muito determinado”, disse Tom Baldwin, jornalista e ex-médico do Partido Trabalhista, que recentemente publicou uma biografia bem recebida de Starmer. “Ele tem uma visão exagerada de sua capacidade de promover mudanças. Ele não vai inspirar as pessoas com grandes discursos. O que ele pode fazer é consertar as coisas”.

CLASSE TRABALHADORA – Starmer será o líder da classe mais trabalhadora do Reino Unido em uma geração – chegando depois de um primeiro-ministro que, segundo alguns cálculos, era mais rico do que a realeza.

Na trilha da campanha, Starmer se apresentou dizendo: “Minha mãe era enfermeira, meu pai era ferramenteiro”. Ele falou sobre o fato de ter crescido com contas atrasadas e o telefone cortado. Macarrão “era uma comida estrangeira” em sua casa, escreveu seu biógrafo Baldwin. A família não viajava para o exterior.

Starmer tirou boas notas em suas provas e conseguiu entrar em uma escola de ensino médio de elite. Ele foi o primeiro de sua família a frequentar uma universidade – Leeds, e depois um ano em Oxford.

CASA MODESTA – Ele disse que quer ajudar famílias jovens a obter a primeira hipoteca, sabendo que a modesta casa geminada de seus pais “era tudo para minha família – ela nos deu estabilidade, e acredito que toda família merece o mesmo”.

Ele cita o trabalho de sua mãe como enfermeira e os cuidados que ela recebeu por causa de uma síndrome inflamatória debilitante, para demonstrar sua reverência pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido. Sua esposa também trabalha para o NHS, o que, segundo Starmer, lhe deu uma “visão” das dificuldades do sistema subfinanciado e cheio de atrasos.

Starmer diz que seu pai se sentia “muito desrespeitado” por trabalhar em uma fábrica e que era emocionalmente distante. Como pai, Starmer diz que tenta “reservar um tempo realmente dedicado para as crianças”. Ele tenta parar de trabalhar às sextas-feiras às 18 horas. Embora seja ateu, disse que costumam jantar no Shabat, em respeito à herança judaica de sua esposa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É a velha alternância do poder em funcionamento, uma das principais característica da democracia, um regime que todos deviam venerar, mas há quem o odeie. (C.N.)

Efeito Biden faz Lula dizer que tem “70 anos, energia de 30 e tesão de 20”

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu comentários de que estaria cansado

Será que o tesudo Lula esqueceu que completará 79 anos em outubro

Deu na CNN

Em evento no município de Osasco, em São Paulo, o presidente Lula da Silva disse nesta sexta-feira que tem visto “artigos de economistas” dizendo que ele está cansado. O petista então rebateu tais comentários citando uma intensa agenda de viagens nos últimos dias e dizendo que sua esposa, Janja da Silva, é testemunha de sua disposição.

“Quero ver quem fala que eu estou cansado, que está sentado com a bunda na cadeira escrevendo, se tem coragem de levantar e ir para a rua andar”, começou.

CHEIO DE TESÃO – “Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para a Janja. Ela é testemunha ocular. Quando eu falo que eu tenho 70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20, eu estou falando com conhecimento de causa”, complementou.

Lula foi ao município participar da cerimônia de inauguração de um novo edifício do campus Osasco Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

À tarde, o presidente visitou obras do primeiro Centro Educacional Unificado (CEU) de Diadema, também na capital paulista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula caiu na mesma armadilha de Joe Biden. Quando começaram a dizer que ele está idoso demais para mais quatro anos na presidência dos EUA, Biden decidiu demonstrar o contrário e fez duas longas viagens à França e à Itália, além de outras viagens internas. O resultado foi quase cochilar durante o debate. E agora Lula se sai com essa, alardeando ser o Lulinha garotão, que alega ter 70 anos, mas na verdade em outubro completará 79 anos. Portanto, na próxima eleição, em 2026, ele completa 81 anos antes do segundo turno, terá a mesma idade que Biden tem hoje. Será que Lula, esse garotão tesudo, não lembra que já tem 78 anos? Se esqueceu, a coisa é grave. (C.N.)

Trump lidera e amplia diferença para Biden após debate eleitoral, diz pesquisa

Joe Biden To Call For Congress To Place Limits On Concert Ticket Fees

Biden admitiu que quase dormiu durante o debate com Trump

Por g1

O ex-presidente dos EUA Donald Trump ainda lidera as intenções de votos para as eleições presidenciais, e a diferença percentual para o presidente Joe Biden aumentou após a realização do primeiro debate entre os dois, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (3) pelo instituto Siena e o jornal “The New York Times”.

De acordo com a pesquisa, Trump lidera agora a corrida eleitoral com 49% dos votos, ante 43% de Biden. Em relação à semana passada, antes do debate, Trump aumentou a vantagem, segundo o jornal americano: de três para seis pontos de dianteira.

AS PESQUISAS – Biden e Trump concorrem às próximas eleições dos EUA, em 5 de novembro. Antes do debate, Trump aparecia com 48% das intenções de voto na mesma pesquisa, contra 44% de Biden. Por uma questão de arredondamento, o jornal considerou a diferença entre os dois de três pontos percentuais.

Na comparação com eleitores já registrados para votar, o desempenho de Biden é pior, com 41% dos votos. Trump permanece com 49% nesse caso.

A sondagem ouviu 1.532 eleitores registrados — nos EUA, é preciso fazer um registro para votar — entre os dias 28 de junho e 2 de junho. O debate entre Biden e Trump, o primeiro da corrida presidencial de 2024, aconteceu em 27 de junho.

DEU EMPATE – Outra pesquisa divulgada na terça-feira (2), no entanto, pelo Instituto Ipsos e a agência de notícias Reuters, mostrou que os dois seguem empatados na disputa mesmo após o debate eleitoral. A sondagem, feita também após o debate, mostrou que Biden tinha 40% das intenções de votos e Trump, outros 40% entre os entrevistados.

A sondagem da Reuters e do Instituto Ipsos ouviu 1.070 eleitores nos EUA também após o debate.

Pressionado a desistir, Biden disse nesta quarta-feira (3) que não está pensando em abandonar a candidatura. “Eu estou concorrendo. Eu sou o líder do Partido Democrata. Ninguém vai me forçar a sair”, disse Biden, de acordo com um assessor seu.

TEM DÚVIDAS – Mais cedo, uma reportagem do jornal norte-americano “The New York Times” afirmou que Biden disse a aliados políticos que tem dúvidas sobre se deve continuar a disputar a reeleição.

Segundo fontes próximas a Biden ouvidas pelo jornal, o presidente tem dúvidas sobre se poderá se reerguer após o desempenho ruim no primeiro debate eleitoral contra o candidato republicano, o ex-presidente Donald Trump, na semana passada. Biden disse que quase adormeceu durante o enfrentamento.

Foi a primeira vez que fontes próximas ao candidato democrata revelam dúvidas por parte de Joe Biden sobre seguir ou não com sua candidatura.

Desde o debate, membros do Partido Democrata têm pressionado para que a sigla substitua Biden por outro candidato, segundo a imprensa dos EUA — pelas normas do partido, o próprio candidato deve retirar sua candidatura.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Muita espuma, pouco chope. A variação da pesquisa foi mínima. Mesmo assim, a indicação é de que Trump volta, se o Partido Democrata não substituir Biden por algum candidato mais jovem. (C.N.)

No caso das joias, esse indiciamento de Fabio Wajngarten é Piada do Ano

Advogados Marcelo Bessa e Fábio Wajngarten durante entrevista coletiva na sede do PL - Metrópoles

Wajngarten denuncia ação arbitrária, injusta e persecutória

Maria Clara Matos
CNN São Paulo

Assessor e advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten criticou o fato de ter sido indiciado pela Polícia Federal (PF) por envolvimento no “caso das joias sauditas”. Ele foi indiciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Segundo Wajngarten, foi indiciado por de ter “cumprido a Lei”, e classificou a que havia orientado, como advogado, de que os presentes recebidos por Bolsonaro quando “fossem imediatamente retornadas à posse do Tribunal de Contas da União”.

NÃO É CRIME – “Conselho jurídico não é crime. Minha sugestão foi acolhida e os presentes entregues imediatamente e integralmente recolhidos ao TCU”, afirmou o assessor do ex-presidente no X (antigo Twitter).

Wajngarten também classificou a ação da PF como “arbitrária, injusta e persecutória”, e que pretende recorrer à OAB para continuar trabalhando.

O “caso das joias sauditas” foi investigado pela PF em parceria com o FBI e envolveu a venda de um conjunto de presentes do governo da Arábia Saudita a Jair Bolsonaro quando chefiava o Executivo. Segundo a instituição, os itens teriam sido omitidos do acervo presidencial e vendidos nos Estados Unidos.

BUSCOU INFORMAÇÕES – Fabio Wajngarten disse que à época buscou informações com alguns auxiliares e ex-auxiliares de Bolsonaro, mas sem “participar de qualquer tipo de negociação”.

“Como assessor de imprensa e advogado do ex-presidente da República, busquei informações com alguns auxiliares e ex-auxiliares dele sem jamais – repito, sem jamais – participar de qualquer tipo de negociação”, defende.

Apesar da decisão da Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República ainda precisa responder se aceita a denúncia, para que seja aberto processo ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Há indiciamentos que funcionam como excelentes Piadas do Ano. O caso de Fabio Wajngarten é um deles. Como não teve nada a ver com a venda dos relógios, os diligentes policiais federais resolveram indiciá-lo por lavagem de dinheiro e associação criminosa, esquecidos de que, para lavar o dinheiro, é preciso ter contato com ele, e para fazer parte de uma associação criminosa, é preciso ter participado do cometimento do crime. Nesses dois casos, a figura de Wajngarten decididamente não se encaixa. (C.N.)

Cerco da Polícia Federal amplia ameaça de Bolsonaro sofrer prisão preventiva

Policiais federais voltam a protestar contra 'descaso' do governo

Prisão preventiva é desnecessária e indicaria perseguição política

Bruno Boghossian
Folha

O cerco da polícia amplia um antigo tormento de Jair Bolsonaro. O ex-presidente costumava desconfiar que poderia ser alvo de uma ordem de prisão preventiva. Ele iria para trás das grades, mas denunciaria a precipitação de seus acusadores. O avanço das investigações, por outro lado, dificulta essa cartada.

Num único dia, a Polícia Federal apresentou novos elementos de dois inquéritos contra Bolsonaro. Pela manhã, agentes deflagraram a segunda fase da operação que revelou a falsificação do cartão de vacina do ex-presidente. No fim da tarde, o capitão e mais 11 pessoas foram indiciadas pela venda ilegal de joias recebidas durante seu governo.

INVESTIGAÇÃO -Desde o início das apurações, investigadores juntaram elementos sobre a atuação de um grupo que operava a favor de Bolsonaro. Recolheram provas da fraude no sistema de informações sobre a vacina, rastrearam o caminho das joias e ouviram do tenente-coronel Mauro Cid uma série de depoimentos que implicavam diretamente o ex-presidente.

A coleta das informações reduziu o espaço de ação de Bolsonaro. Aos poucos, ele foi perdendo a capacidade de negar o envolvimento em cada acusação.

Restou um caminho um tanto estreito para brigar contra o enquadramento jurídico que deve ser dado aos crimes e, como de praxe, fazer barulho político.

DOIS ARGUMENTOS – Bolsonaristas apelaram para dois argumentos principais —um previsível e outro sincero. No primeiro caso, Flávio Bolsonaro falou em perseguição “declarada e descarada”. No segundo, Eduardo Bolsonaro exagerou na franqueza e afirmou que o pai continua sendo um político popular “porque ninguém acredita mais nessa porcaria”.

Ao longo dos anos, Bolsonaro investiu pesado na degradação da confiança nas instituições com o propósito de ampliar seu poder. O golpe fracassou, mas o ex-presidente foi relativamente bem-sucedido em alimentar aquela suspeição entre seus seguidores mais fiéis.

É deles que ele dependerá para se manter relevante, mesmo que acabe condenado.

Bolsonaro é defendido por Moro, mas base de Lula exagera e fala em prisão

Bolsonaro diz que tem de superar 2024 para conseguir chegar a 2026

Matheus Tupina
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi defendido pelo senador e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro (União Brasil-PR), e por outros congressistas aliados após ser indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso das joias recebidas de governos estrangeiros.

A base de Lula (PT), por outro lado, comemorou o indiciamento e passou a falar nas redes sociais, em tom de ironia, na proximidade da prisão do ex-mandatário. Alguns líderes mais próximos ao petista, como André Janones (Avante-MG) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), comentaram o desfecho da investigação.

MAIS PRESSÃO – O indiciamento joga mais pressão sobre o ex-presidente às vésperas de conferência conservadora que reunirá neste final de semana aliados dele e o líder da Argentina, Javier Milei, em Balneário Camboriú (litoral de Santa Catarina).

Moro comparou a situação do ex-mandatário com a de Lula e disse que o petista não foi indiciado “por se apropriar de presentes” recebidos em seus mandatos anteriores.

“Mesmo durante a Lava Jato tudo foi tratado como uma infração administrativa dada a ambiguidade da lei. Os crimes foram outros. Há uma notável diferença de tratamento entre situações similares”, disse o senador em rede social.

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA – Já o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), uma das principais lideranças evangélicas na política, afirmou que o ex-mandatário sofre perseguição política e disse que não há dano ao erário se o presente tenha sido devolvido à União, prestando irrestrita solidariedade ao ex-presidente.

“Alguém ganha um presente, uma comissão de servidores públicos decide que ele é seu. O TCU [Tribunal de Contas da União] questiona, e o presente é devolvido à União. Não há dano ao erário! Aí vem a Polícia Federal, escolhida a dedo para a missão, indicia a um ex-presidente”, ressaltou o congressista nas redes.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho “01” do ex-mandatário, seguiu na mesma linha e alegou perseguição política a seu pai. Acompanharam-no os irmãos Eduardo e Carlos.

PEDEM PRISÃO – Já entre a base do governo, Janones, que é investigado sob suspeita de “rachadinha”, chegou a afirmar que o ex-presidente “pode ser preso a qualquer momento”. O senador Humberto Costa (PT-PE) republicou a notícia do indiciamento e comentou “tic tac”, referindo-se a uma aproximação da hora da reclusão de Bolsonaro.

Já Gleisi, presidente nacional do PT, disse que o ato é um passo na busca da verdade e que a conclusão do inquérito representa “apenas uma das muitas contas que ele terá de prestar pelos crimes que cometeu contra o país”. “Quem está a caminho do banco dos réus é você”, falou a deputada.

Outro aliado de Lula, Lindbergh Farias (PT-RJ) publicou vídeo comentando o fim das investigações e afirmou que Bolsonaro será preso “por uma série de crimes”. “Aí é comprar a pipoca e ir para a frente da televisão para assistir esse primeiro julgamento”, disse. Em texto, ele ainda escreveu o “tic tac”, como Humberto Costa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os petistas fazem a festa, mas na verdade ainda nem há processo. Mesmo se houver, não houve prejuízo aos cofres públicos, diferente de Lula, que teve de devolver presentes caríssimos e complementar em dinheiro o que não foi encontrado. Auditoria do TCU constatou que 568 bens recebidos por Lula, no período de 2003 a 2010, deveriam ser localizados e devolvidos à União. A maioria dos bens foi encontrada num cofre de banco. Só ficou pendente a devolução de oito itens recebidos por Lula, que somavam R$ 11.748,40. (C.N.)

“Vou pelas minhas madrugadas a cantar, esquecer o que passou”, cantava Candeia

Candeia e a outra Filosofia do Samba | revista piauí

Candeia, um dos maiores mestres do samba

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Antônio Candeia Filho (1935-1978), na letra de “Minhas Madrugadas”, em parceria com Paulinho da Viola, afirma que canta pela noite para esquecer o passado, do qual só restou a saudade de uma vida de ilusões. Esse samba foi gravado por Candeia no LP Raiz, em 1971, pela Equipe. Paulinho da viola também gravou, com grande sucesso.

MINHAS MADRUGADAS
Paulinho da Viola e Candeia

Vou pelas minhas madrugadas a cantar
Esquecer o que passou
Trago a face marcada
Cada ruga no meu rosto
Simboliza um desgosto

Quero encontrar em vão o que perdi
Só resta saudade
Não tenho paz
E a mocidade
Que não volta mais

Quantos lábios beijei
Quantas mãos afaguei
Só restou saudade no meu coração
Hoje fitando o espelho
Eu vi meus olhos vermelhos
Compreendi que a vida
Que eu vivi foi ilusão

Lula viu risco desta crise acabar transbordando para o humor do eleitorado

Charge Clayton | Charges | OPOVO+

Charge do Clayton (O Povo)

Bruno Boghossian
Folha

Lula ouviu uma mensagem pragmática durante um jantar com economistas que falam sua língua. Na conversa, nomes como Guido Mantega e Luiz Gonzaga Belluzzo fizeram um alerta: o presidente pode ter razão na crítica a investidores e ao Banco Central, mas o custo do embate ameaça ficar alto demais para o governo.

A pressão do dólar sobre a inflação virou um risco imediato para o petista. O que poderia ser um choque de visões sobre a economia se transformou rapidamente num problema que fatalmente transbordaria para o humor geral dos eleitores.

INFLAÇÃO – Em outras palavras: se o preço da comida subir, pouca gente vai ligar para quem tem razão na história. A maioria, sem dúvida, vai procurar culpados por uma crise que não existia antes daquele conflito.

Qualquer presidente entra nesse tipo de julgamento em desvantagem. O desânimo com a inflação recai quase sempre sobre o governo. No caso específico, Lula ainda absorveu um prejuízo adicional no momento em que investidores passaram a reagir a cada uma de suas declarações sobre equilíbrio fiscal ou juros.

Mesmo que uma fatia de eleitores tome o lado do petista, o grosso da população só estará mais insatisfeito por pagar mais caro por alguns produtos como consequência da briga. Como o pugilista mais famoso e o único que depende de votos para sobreviver, Lula tende a ficar com a fatura mais amarga.

CORTES PROFUNDOS – A disputa dificulta a vida do governo também na busca por uma agenda de redução de despesas. Sem estresse na praça, o governo poderia satisfazer investidores com um bloqueio razoável. Agora, as dúvidas sobre o futuro deixam o pedágio mais caro e exigem cortes mais profundos.

Lula mediu as palavras ao falar de economia nesta quarta-feira (dia 3). Disse que investirá em transferência de renda e gastará o que for preciso, mas acrescentou que seguirá um compromisso de responsabilidade fiscal. Reforçou sua plataforma e deu um sinal de previsibilidade. Se o tom fosse este desde o início, poderia ter evitado turbulências custosas.

“Estou passando por isso por ser advogado e defender Bolsonaro”, argumenta Wassef

Advogado da família Bolsonaro, Wassef aparece no Senado em dia de CPI

A lealdade a Bolsonaro está custando caro para Wassef

Maria Clara Matos
CNN São Paulo

O advogado Frederik Wassef, defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que está “passando por tudo isto apenas por exercer advocacia em defesa de Bolsonaro”. Nesta quinta-feira (4), ele foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no caso das joias sauditas pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

“Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho a público reafirmar que não foi Jair Bolsonaro e nem o Coronel Cid quem me pediram para comprar o Rolex. Eu estava em viagem nos Estados Unidos por quase um mês e apenas pratiquei um único ato, que foi a compra do Rolex com meus próprios recursos”, comunicou o advogado em nota.

PRESENTE SAUDITA – O Rolex, um relógio de luxo, foi dado a Bolsonaro pelo governo da Arábia Saudita. Segundo a PF, os itens foram omitidos do acervo presidencial e vendidos no exterior.

Wassef defende que a compra do relógio foi feita para que ele fosse devolvido ao governo federal, e que entregou provas disso à PF. O advogado também afirma que nem ele nem o resto da defesa do ex-presidente tiveram acesso ao relatório final da investigação.

Além dele, Jair Bolsonaro e mais outras dez pessoas foram indiciadas, como o assessor e ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten.

ENCAMINHAMENTO – Agora, o indiciamento precisa ser encaminhado pela Procuradoria-Geral da República ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Lista completa de indiciados no caso das “joias sauditas”: Jair Bolsonaro; Bento Albuquerque; José Roberto Bueno Júnior; Julio Cesar Vieira Gomes; Marcelo da Silva Vieira; Marcos André dos Santos Soeiro; Mauro Cesar Barbosa Cid; Fabio Wajngarten; Frederick Wassef; Marcelo Costa Câmara; Mauro Cesar Lourena Cid; e Osmar Crivelatti.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Salta aos olhos que Wassef não tem nada a ver com a venda dos relógios, até porque foi fazer o favor de recomprá-las. Se ele tivesse agido como advogado, jamais estaria sendo indiciado. Comportou-se como amigo e tiete de Bolsonaro. Ao depor, se tivesse dito a verdade, que Bolsonaro lhe pedira para ir aos Estados Unidos recomprar os relógios, talvez não estivesse sendo indiciado. Mas deve ter inventado alguma história para preservar o mito, e o resultado é esse, enrolou-se todo e está sujo na rodinha. (C.N.)

Procuradoria vai decidir se Bolsonaro será processado pela venda das joias

Tribuna da Internet | FBI pode investigar Bolsonaro por lavagem de dinheiro  com peculato e ocultação de valores

Charge do Jean Galvão (Folha)

Daniel Gullino
O Globo

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na investigação sobre um suposto esquema de venda de presentes e joias recebidos pela Presidência da República é baseado em uma série de provas reunidas pela Polícia Federal (PF) e até mesmo pelo FBI. A apuração foi facilitada pelos próprios envolvidos, que deixaram diversos “rastros”, incluindo o reflexo em foto, registros de localização nos aplicativos Waze e Uber e conexão na rede Wi-Fi de uma loja de relógios.

Ao longo da apuração da PF, a defesa de Bolsonaro chegou a afirmar que ele agiu dentro da lei” e “declarou oficialmente os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens”. Esses itens, na visão dos advogados, deveriam compor seu acervo privado, sendo levados por ele ao fim de seu mandato.

OUTRAS JOIAS – Em 29 de dezembro de 2022, antepenúltimo dia do governo de Bolsonaro, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva tentou retirar da alfândega do aeroporto de Guarulhos um outro conjunto de joias, que foi entregue ao governo brasileiro pela Arábia Saudita e não chegou a ser vendido.

Jairo foi enviado por tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para a tarefa e argumentou com o auditor responsável que a retirada era “de urgência”, porque, devido à troca de governo, “não pode ter nada do antigo para o próximo”. O conjunto, no entanto, não foi liberado e continuou com a Receita Federal.

O reflexo do rosto do general do Exército Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid, aparece no reflexo de uma foto de uma escultura. Lourena Cid tirou o retrato para pedir uma avaliação do valor do item em lojas especializadas.

VIAGEM OFICIAL – Em junho de 2022, o tenente-coronel Mauro Cid aproveitou uma viagem oficial de Bolsonaro aos Estados Unidos para vender dois relógios que haviam sido recebidos pelo então presidente, das marcas Rolex e Patek Philippe. Cid guardou um comprovante da compra em seu armazenamento de nuvem. O documento mostra que os relógios foram vendidos por US$ 68 mil.

O dinheiro da venda foi depositado em uma conta de Mauro Lourena, pai de Cid. No dia anterior à venda, Lourena enviou ao filho dados da conta que seria utilizada na transação.

Além do documento, a PF também comprovou que Cid esteve no local por dois rastros que ele deixou. Na data, ele buscou no aplicativo Waze — utilizado para direções — um endereço do shopping onde fica a loja, especializada em vendas de relógios novos e usados. Depois, utilizou a rede de Wi-Fi da loja.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Nada de novo. Tudo isso já era sabido. Resta saber se a Procuradoria da República fará a denúncia, que abrirá o processo. E tudo indica que vai mesmo processar. O mais incrível é Bolsonaro estar sendo indiciado apenas por ser sovina. Ele tem um alto patrimônio rachadista declarado (cerca de 20 milhões) e pode-se imaginar que haja um outro não-declarado, em dólar, ouro etc. Mesmo rico assim, ficou com medo de ter de pagar caro a advogados e começou a vender os presentes recebidos. Já fora do governo, abriu um PIX para doações e recebeu R$ 17,2 milhões, que a essa altura já passaram de R$ 20 milhões. Mas quem enriquece ilicitamente jamais está satisfeito. O resultado é a difamação, o nome sujo na praça, a ficha criminal. E um homem como esse, um mau militar, ainda quer voltar a ser presidente. Vida que segue, diria João Saldanha, um homem simples e que não se importava com dinheiro.  (C.N.)