Marcelo Copelli
Um dos pontos prioritários na pauta do país, atualmente, é o da regulação das plataformas sociais no Congresso Nacional, sobretudo em face das eleições municipais deste ano. A recorrente ameaça da propagação da desinformação sobre a sociedade deve ser contida e evitada de forma ampla e irrestrita. Ao mesmo tempo, é preciso não deixar de lado o papel dos políticos ou aspirantes aos cargos neste cenário, uma vez que a tecnologia, por si só, não se beneficia dos desastres provocados pelas falsas notícias.
Em tradução simultânea, os integrantes da elite política mal intencionada, suas equipes de campanha e gabinetes do ódio representam uma intimidação muito maior nesse cenário, pois são eles que se utilizam de forma torta das ferramentas disponíveis para ludibriar a opinião pública, através da disseminação nas redes sociais.
Os impactos das fake news, com a difusão de mentiras como estratégia de obter vantagens ou lucros políticos, sinalizam um grave alerta para os próximos pleitos. Basta relembrarmos o exemplo ocorrido nos Estados Unidos, em que o Washington Post parou de contar as mentiras de Donald Trump após registrar mais de 30 mil alegações falsas ou enganosas. Em outro caso ilustrativo, no Reino Unido, a organização sem fins lucrativos “Full Fact” relatou que “cerca de 50 deputados – incluindo dois primeiros-ministros e ministros – não conseguiram corrigir alegações não evidenciadas só em 2022, apesar dos repetidos apelos para o fazer”.
O trabalho árduo de agências de checagens e empresas jornalísticas no processo de verificação de fatos é constante e, de uns anos para cá, redobrado, para expurgar falsidades de políticos das redes sociais. Mas trata-se de um trabalho hercúleo, pois a desinformação se alastra de forma rápida e volumosa.
Mas, ratificando, é preciso focar não só nas plataformas, mas em quem faz mal uso das mesmas, a começar dos mentores políticos e suas organizações quase criminosas no tratamento das notícias disseminadas. E aproveitam-se das brechas tecnológicas para suas bandalhas. O WhatsApp, por exemplo, não permite rastrear notícias falsas em razão da criptografia. Mais do que regulamentar a tecnologia, é preciso contestar a atuação dos nossos representantes políticos no meio virtual.