Pedro do Coutto
O presidente da República, Lula da Silva, deve aproveitar o próximo dia 8 de janeiro para fazer um pronunciamento bastante amplo sobre o quadro que encontrou no país, em 2023, dando ênfase ao projeto golpista que levaria à uma ruptura com a democracia. É uma oportunidade que se descortina para que fique assinalado na história brasileira em termos oficiais e bastante claros o que se pretendia fazer no país.
Será um pretexto, inclusive, para uma reaglutinação de forças políticas, deslocando-as para a importância da sobrevivência democrática. Até porque se o golpe tivesse tido sucesso, os mandatos de senadores e deputados perderiam o sentido num quadro totalitário.
AUTORITARISMO – Veja-se o exemplo de outros países que enveredaram pelo rumo do autoritarismo, a exemplo da Venezuela. A tentativa de golpe fica marcada na história do país e deve ser um motivo de união de todos em prol do regime democratico. A democracia venceu, mas dificuldades no horizonte persistem, sobretudo no campo do relacionamento entre o Congresso e o Executivo. A articulação do Palácio do Planalto não vem sendo bem desenvolvida.
A base do toma lá, dá cá remete a tempos que deram ensejo ao mensalão e que terminou causando momentos que permanecerão também na memória do país. O presidente Lula, anunciou os seus resultados em 2023, mas falta muito, neste ano, para que cumpra os compromissos de sua campanha nas urnas da sucessão.
ALUCINADOS – A entrevista do ministro Alexandre de Moraes a Thiago Bronzatto e Marianna Muniz, O Globo, revela o caráter alucinatório do movimento articulado e que começou pela invasão de Brasílias, pelas depredações e pela conivência de agentes da ordem que ficaram inertes ou facilitaram as ações da desordem.
O magistrado, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral , contou que a investigação desvendou planos contra ele, que envolviam até homicídio. Entre os projetos golpistas, previa-se que as Forças Especiais (do Exército) prenderiam Moraes em um domingo e o levariam para Goiânia. Em seguida, se livrariam do corpo no meio do caminho. E, alguns mais exaltados, defendiam que, após o golpe, o magistrado deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes.
Os relatos refletem o nível de ameaça representados pelos atos de janeiro de 2023, carregados pela agressividade e pelo ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição, e comandados por organizadores intelectuais e financiadores que continuam sob investigação da justiça.