
Moraes abriu a guarda e agora está recebendo o troco
Roberto Nascimento
Nesses tempos obscuros, de trevas no horizonte pátrio, é sempre bom lembrar o vaticínio do saudoso Ulysses Guimarães, o tripresidente (Câmara, Constituinte e MDB, simultaneamente), ícone insubstituível da resistência democrática, um homem de coragem, respeitadíssimo em todo o país: ”Se vocês reclamam desse Congresso, esperem o próximo”, previu Ulysses. E o sistema funciona como se fosse uma maldição – a cada quatro anos, o nível dos parlamentares piora ainda mais.
O próximo Congresso, que se avizinha, terá o poder de uma bomba atômica contra o país. As piores figuras deverão ser eleitas e se juntar aos medievalistas atuais, sob o comando de Davi Alcolumbre, de novo presidente do Senado, fazendo uma dupla com o deputado a ser indicado por Arthur Lira para presidir a Câmara. Assim, o que está ruim hoje vai ficar muito pior amanhã.
DIFICULDADES – Nenhum governo pode ter vida fácil com essas feras, que, como os bárbaros, pretendem assaltar nossa esperança de um país melhor. E os sofrimentos do povo tendem a se agravar com a próxima reforma da Previdência, pois os altíssimos salários, pensões, aposentadorias e penduricalhos das elites do funcionalismo civil e militar terão de ser mantidos a qualquer custo, enquanto são reduzidos os direitos sociais do povo.
No momento, o foco se volta para o próximo pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Este é propósito dos senadores da direita, como Eduardo Girão, Magno Malta e Rogério Marinho, um trio do capeta.
Com base nas acusações genéricas de que alguns investigados, vão exigir de Pacheco, uma pauta para votação de impeachment de ministros do STF, a começar por Alexandre de Morais, e Flávio Dino também já está no radar deles, mas não há como acusá-lo, por ser estreante.
GRAVES AMEAÇAS – Essas figuras dantescas e demoníacas são hoje as maiores ameaças à democracia no país. O objetivo maior não é destruir Alexandre de Moraes, simplesmente. O que eles querem é aprovar a anistia a Bolsonaro e aos financiadores e executores do movimento de 8 de Janeiro.
Com essa insanidade, podem acabar eliminando o Estado Democrático de Direito. A essa altura do campeonato, isso pode significar a própria destruição do país, sempre ameaçado pela cobiça internacional em relação à Amazônia.
Essas peças, que o povo elegeu enganado, usam a mesma tática de Nicolás Maduro e outros ditadores. Se dizem nacionalistas democráticos, mas só estão interessados em seus próprios projetos de poder. Alguém tem dúvidas?