Na orelha direita, exibia o curativo branco, condecoração do destino de quase mártir

Curativo na orelha vira tendência em convenção republicana - Internacional  - Ansa.it

Após o atentado, Trump virou candidato a predestinado

Dorrit Harazim
O Globo

A coreografia levou a assinatura do comunicador de massas intuitivo. Donald Trump sempre exerceu controle detalhista da própria imagem e, muito antes de entrar na política, aprendeu a dominar recursos imagéticos de impacto. Não foi diferente na última noite da Convenção Nacional do Partido Republicano, quando fez seu aguardado discurso de candidato oficial. Mandou escurecer as luzes na arena Fiserv Forum de Milwaukee e emergiu no palco a passos lentos, entre colunas de neon que projetavam cinco letras monumentais: T, R, U, M, P.

Portava na orelha direita o curativo branco, sua condecoração de herói do destino e quase mártir. Cinco dias antes, por um átimo, o candidato quase foi morto com um tiro de AR-15 na cabeça perante uma multidão de apoiadores. O atentado que estarreceu os Estados Unidos e o resto do mundo fez dele um candidato a predestinado.

O QUE SENTIU – Iniciou sua fala fazendo um dramático e minucioso relato do que sentiu, pensou, viu, imaginou e concluiu ao sair com vida do atentado. Enquanto descrevia o episódio a uma plateia cativa e emocionada, projeções múltiplas de seu rosto ensanguentado e punho cerrado emolduravam o palco. Ao final, concluiu com ardor na voz:

— Eu me senti seguro porque tinha Deus a meu lado.

Amém. Aleluia. Antes de mudar de assunto, Trump ainda beijou o capacete e alisou a jaqueta de bombeiro que pertenceu a Corey Comperatore, o pai de família atingido na cabeça por um dos disparos do franco-atirador. Os dois objetos plantados no palco haviam sido emprestados pela viúva da vítima, que dias antes declinara atender um telefonema de condolências do presidente Joe Biden.

AOS INCAUTOS — “Nos erguemos juntos ou caímos desunidos” — prosseguiu, em voz mansa, alimentando a expectativa de incautos de que, tendo visto de perto a cara da morte, pudesse ter se convertido à conveniência de um desarmamento verbal.

Não foi o que se ouviu. “Paz, estabilidade e harmonia no mundo” coabitaram com as velhas tiradas contra a “invasão de imigrantes ilegais, criminosos, estupradores que vêm roubar nossos empregos”. Como sempre, abordou a surrada “farsa eleitoral”, reclamou dos “chamados Aliados”, elencou o “tremendo fracasso” do governo Biden.

Num mesmo sopro, disse estar falando “com grande humildade”, enquanto anunciava suspender a produção de carros elétricos e dar prioridade à perfuração de poços de petróleo. Tudo salpicado da habitual enxurrada de superlativos e acusações de perseguição judicial.

UNIÃO COMIGO – Como resumiu o jornalista americano Eric Lutz, foi um discurso de união de sentido único: “União comigo, ou sai da minha frente”.

A própria redação final do programa partidário aprovada na convenção deu a dimensão da disposição de Trump para atropelar o que lhe parecer estorvo.

Já nas semanas anteriores, fez saber aos autores do festejado Projeto 2025 — originário de 34 cabeças pensantes da ultraconservadora Heritage Foundation, mais 140 ex-assessores de próprio Trump — que o catatau de 922 páginas não serviria de linha mestra para seu futuro governo. Em Milwaukee, surpreendeu o grupo de delegados designados para debater o programa partidário apresentando um texto enxuto, praticamente já acabado, sem muito espaço para debate. Aos delegados que haviam levado pastas recheadas de sugestões, restou concordar. Assim se forja um autoritário.

MULHER DE  VANCE – A grande surpresa da convenção, contudo, atende pelo nome de Usha Vance, née Usha Chilukuri, mulher do senador J.D. Vance, que Donald Trump tirou da cartola para compor sua chapa raiz. Na eleição de novembro próximo, os republicanos votarão em dois homens brancos e machos para presidente e vice. As semelhanças terminam aí.

Trump é velho, Vance tem 39 anos; por ter nascido em família influente, Trump escapuliu de servir no Vietnã, enquanto Vance, nascido em família disfuncional e sem recursos, foi fuzileiro naval no Iraque; Trump casou três vezes, sempre com mulheres-troféu, sem formação — Usha fez Direito na Universidade Yale (onde conheceu o marido) e História em Cambridge, é vegana e atua como litigante em grande escritório de advocacia transnacional.

Sobretudo, Usha Vance é filha de imigrantes indianos, o que, para muitos supremacistas do entorno de Trump, é sinônimo de traição.

TEORIA CONSPIRATÓRIA – Alguns divulgadores da teoria conspiratória de um fantasioso plano que visa a substituir a população americana por hordas de imigrantes já se manifestaram.

“Duvido que um cara com mulher indiana possa apoiar a identidade dos brancos” — avisou o extremista Nick Fuentes em seu podcast radical. Sem falar que Vance é um duplo convertido — atribui seu “retorno à vida com Cristo” ao amor pela mulher, e a recente, ferrenha, defesa do trumpismo a seu amadurecimento político.

Para o ex-presidente autoungido a imorrível, a semana deu um respiro. Para seu adversário Joe Biden, isolado com Covid numa casa de praia em Delaware, a vida política está por um fio. Que tempos!

Lava Jato não morreu no Peru e quer prender ex-executivo da Odebrecht

Jorge Barata

Jorge Barata teve prisão preventiva decretada no Peru

João Pedroso de Campos
Metrópoles

Alvo de um pedido de prisão preventiva no Peru, o ex-executivo da Odebrecht Jorge Barata pediu ao ministro Dias Toffoli, do STF, que impeça o governo brasileiro de processar qualquer pedido de cooperação internacional com a Justiça peruana no âmbito da Operação Lava Jato.

Ex-diretor da Odebrecht no Peru e delator, Barata acionou o STF nessa quinta-feira (18/7), em uma ação protocolada também em nome de Luiz Antônio Mameri, ex-vice-presidente da Odebrecht na América Latina.

PEDIDO DE PRISÃO – O pedido foi apresentado depois de Barata e Mameri serem intimados a depor como testemunhas em um processo da Lava Jato peruana, em oitivas previstas para as duas últimas semanas.

Há um mês, em 21 de junho, uma juíza do Quinto Juzgado de Investigación Preparatoria Nacional, em Lima, revogou o acordo de colaboração que Jorge Barata havia fechado com o Ministério Público peruano em 2019. Depois dessa decisão, em 8 de julho, o MP pediu a prisão preventiva dele por um prazo de 36 meses.

As medidas da Justiça do Peru contra Jorge Barata se deram sob alegações de que o ex-executivo da Odebrecht descumpriu cláusulas de seu acordo ao não prestar depoimento como testemunha em um processo que apura pagamentos ilegais da Odebrecht ao ex-presidente peruano Ollanta Humala.

DIZ A DEFESA – A Toffoli, a defesa dele alegou que Barata é alvo de retaliações do Ministério Público peruano, a quem acusou de desrespeitar termos da cooperação com o Brasil e as decisões do Supremo que invalidaram provas do acordo de leniência da Odebrecht. Entre o material anulado estão os sistemas Drousys e MyWebDayB, usados para contabilizar pagamentos ilícitos da empreiteira no Brasil e no exterior.

Humala e diversos outros políticos, autoridades e empresários estrangeiros pediram e obtiveram de Dias Toffoli decisões que invalidaram as provas da Odebrecht contra eles. Os despachos também impedem que delatores da Odebrecht prestem depoimentos como testemunhas, em território brasileiro, sobre o conteúdo anulado.

Os advogados sustentaram a Toffoli que Barata só deixou de testemunhar na ação contra Ollanta Humala em razão deste entendimento do ministro, referendado por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que cancelou a oitiva.

INTIMAÇÃO – Pelo mesmo motivo, a defesa argumentou que ele e Mameri não deveriam ter sido intimados a depor no outro processo.

Além do pedido de interrupção da cooperação entre Brasil e Peru na Lava Jato, os advogados de Barata e Mameri solicitaram a Toffoli que declare as provas da Odebrecht imprestáveis contra ambos; ordene ao Ministério da Justiça que recolha, por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), todas as provas compartilhadas pelo Brasil com o Peru, incluindo os depoimentos dos dois e documentos; e mande o DRCI barrar trâmites para produção de provas destinadas à Lava Jato peruana.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É outra Piada do Ano, mostrando o erro que o Supremo cometeu ao extinguir a Lava Jato e transformar o Brasil no paraíso da impunidade. (C.N.)

Além de Milei no Sul, Lula terá um espinho ao Norte, se Trump se eleger

Ed Raposo on X: "Acertaram um tiro de raspão na orelha de Donald Trump durante comício. Ele levantou de punho cerrado e com o rosto ensanguentado. Imagem histórica. Os EUA já tem

Lula previu que Trump usaria essa foto na campanha

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Se Donald Trump se reeleger, Lula ficará com dois espinhos, pois já tem o argentino Javier Milei ao sul. Ele poderia ficar com suas incontinências verbais restritas aos corintianos.

Quando ele comentou a fotografia do atentado a Trump, saiu-se com essa: “Eu sinceramente acho que o Trump vai tentar tirar proveito disso. Aquela foto dele com o braço erguido, aquilo, se fosse encomendado, não sairia melhor. Ele vai explorar isso”.

LEMBRANDO KENNEDY – Imagine-se como ficaria a relação do Brasil com o presidente americano se, em 1963, John Kennedy tivesse se livrado dos dois tiros e o presidente brasileiro João Goulart dissesse uma dessas.

Joe Biden arrisca virar um presidente americano de um só mandato. O grande mistério estará em contar como ele destruiu quatro anos de governo em menos de um mês.

É verdade que a sorte não o ajudou, e a Convenção nos EUA reflete culto a Trump no Partido Republicano.

BOB DYLAN – Donald Trump diz que tem Deus ao seu lado, e o fato de ter saído vivo do atentado mostra que é pelo menos um homem de muita sorte.

Deveria deixar Deus de fora, até porque, faz tempo, o poeta Bob Dylan cantou:

“Judas Iscariotes tinha Deus ao seu lado”.

Desequilíbrio de Poderes faz o imoral tornar-se normal na realidade brasileira

Juízes auxiliares do STF ganham mais que os ministros da corte - Espaço  Vital

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Merval Pereira
O Globo

A democracia, não apenas no Brasil, está passando por momentos tormentosos que prenunciam um futuro inquietante. Em consequência, os Poderes da República ganham tons políticos que não se coadunam com o equilíbrio teoricamente imaginado por seus criadores.

À medida que os Poderes se envolvem com ações políticas que sempre foram consideradas imorais, até ilegais, elas se transformam em normais, e fica-se com a sensação de que trabalham em comum acordo — um acordo político muito semelhante àquele proposto pelo hoje lobista Romero Jucá, que prenunciou um pacto “com o Supremo, com tudo” para “estancar essa sangria”, referindo-se à Operação Lava-Jato.

GOVERNO DISFUNCIONAL – Alguns fatos preocupantes mostram que estamos vivendo não mais numa República, ou quase isso, no limite de um governo disfuncional em que, dependendo do momento, um dos três Poderes se impõe e é acobertado pelos outros dois, o que pode ser indicativo de um regime autoritário à vista.

Está acontecendo a mesma coisa nos Estados Unidos, agravada pelo triste hábito de resolver as pendências políticas à bala. Lá, um juiz achou normal que o ex-presidente Trump levasse para casa documentos secretos do governo e anunciou sua decisão às vésperas da convenção que o indicará como o candidato republicano à Presidência.

Também lá a Suprema Corte deu recentemente uma interpretação mais flexível a uma lei anticorrupção, admitindo que funcionários públicos podem receber presentes ou dar assessoria a empresas.

DEFENDER O FILHO – Aqui, Bolsonaro acha normal ligar para o chefe da Receita Federal para falar sobre um filho que é investigado. O presidente da ocasião pode escolher o secretário da Receita Federal, mas não tem o poder de interferir nas investigações, especialmente para defender um filho. Isso acontece com realezas das antigas, em que a família do rei é intocável, e não é o que a República pede.

Nas realezas modernas, a intocabilidade já está bastante limitada pela ação dos paparazzi, da imprensa livre e da sociedade, cada vez mais atenta aos abusos. A vontade de normalizar qualquer deslize vai longe, na visão de direita ou esquerda.

O presidente Lula acha que pode interferir na Petrobras, que pode indicar políticos aliados para órgãos estatais. Não é o que uma verdadeira democracia pede de seus dirigentes. A tendência de achar que o presidente pode qualquer coisa é anacrônica, fora do que exige uma democracia moderna.

EXORBITÂNCIA – O mesmo acontece com o Supremo Tribunal Federal (STF), que exorbita de suas funções, achando que tem poderes para dirigir as investigações do ponto de vista da maioria eventual naquele momento — sempre uma maioria relativa, dependente da tendência do presidente que nomeia os ministros, entre progressistas, conservadores, de direita ou de esquerda.

Não é possível que os mesmos ministros votem de maneiras distintas sobre o mesmo caso. É preciso um mínimo de coerência para que o cidadão se sinta garantido pela mais alta instância da Justiça brasileira.

Um exemplo inquietante é o caso do ministro Alexandre de Moraes, que, a partir do belo serviço prestado na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em defesa da democracia, convenceu-se de que é intocável — e não apenas ele.

UMA LAMBANÇA – Uma desavença num aeroporto no exterior com uma família de brasileiros transformou-se em caso de segurança nacional. O encarregado da investigação, que considerou o caso de menor gravidade e o arquivou, foi substituído por outro, que viu na discussão em solo estrangeiro um caso sério, a ponto de o procurador-geral da República ter denunciado por calúnia e injúria os membros da família, com base em “expressões corporais”, pois o vídeo não tem áudio.

Não é aceitável, numa democracia, que se ataque fisicamente uma autoridade, mas também é impensável que uma investigação que já fora encerrada mude de direção sem que tenha surgido fato novo.

O Congresso, que teoricamente representa o povo brasileiro, tem interesses próprios para tratar com urgência, como a anistia aos partidos que desrespeitaram a legislação que eles mesmos aprovaram. Assim la nave va, desgovernada.

Apagão cibernético: Dimensão dos prejuízos é enorme, mas quem pagará por isso?

Charge do Cazo (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

O apagão que atingiu o sistema cibernético mundial na última sexta-feira deve ter deixado rastros em matéria de prejuízos que não foram ainda calculados em toda a sua plenitude. O episódio atingiu computadores e afetou vários setores, incluindo o aeroportuário, serviços bancários e de saúde por todo o mundo. As principais companhias aéreas dos Estados Unidos cancelaram todos os voos. Problemas técnicos foram reportados em aeroportos da Europa, da Índia, de Hong Kong e Singapura.

No Reino Unido e na Austrália, algumas das principais redes de televisão ficaram fora do ar. O serviço de saúde foi afetado em países como Reino Unido e Alemanha, onde cirurgias chegaram a ser canceladas em dois hospitais. O mercado de ações, commodities e câmbio também foi afetado, com bolsas prejudicadas ao redor do planeta.

FALHA – Informações apontam que o problema está relacionado a uma falha em sistemas operacionais de uma empresa de segurança cibernética dos Estados Unidos com mais de 20 mil assinantes em todo o mundo e que presta serviço para a Microsoft. Segundo o CEO da empresa, houve uma interrupção nos serviços por conta de uma atualização no sistema.

Não é possível que um fato como esse, que mostrou a vulnerabilidade de um sistema conectado, não tenha deixado reflexos gigantescos. O noticiário deste sábado revela a volta à normalidade dos voos (que foram cancelados em diversos países), mas não focalizaram o montante das consequências deixadas em aberto para serem compensadas de alguma maneira.

As possibilidades para reaver os prejuízos causados a empresas ainda não são claras. Enquanto seus sistemas são gradualmente reestabelecidos, elas calculam as potenciais perdas relacionadas à paralisação de operações e as possibilidades de redução das perdas.

RESSARCIMENTO – No Brasil, logo pela manhã, o problema já estava resolvido, o que deve reduzir o caso de companhias brasileiras reivindicando o ressarcimento, normalmente feito por meio de créditos de desconto no pagamento em meses seguintes.

Os seguros não devem dar conta de amortizar as perdas, já que a maioria das apólices cibernéticas não cobrem responsabilidades decorrentes de falha do sistema, portanto, as exposições podem ser inferiores ao previsto. Nos próximos dias, as companhias ainda devem enfrentar ações de danos aos consumidores afetados pela paralisação. Ainda que sejam apenas contratantes dos serviços, não estão imunes a obrigações de ressarcimento.

Em nota à imprensa, o Procon-SP afirmou que “o Código de Defesa do Consumidor resguarda os direitos de quem eventualmente tiver prejuízos, bem como estabelece deveres para os fornecedores igualmente impactados, os quais precisam prestar aos seus clientes informações claras e precisas sobre quais as condutas mais adequadas que o consumidor deve adotar”. Em meios a todos os trâmites burocráticos, todos que tiveram prejuízos, provavelmente terão que aguardar por muito tempo para serem atendidos.

A força dos sonhos, nas asas da esperança, inspira a poesia de Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos, um poeta trágico

Paulo Peres
Poemas e Canções

O grande poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) mostra neste soneto que a esperança é a panaceia para todos os sentimentos e momentos do viver, inclusive, na espera da morte.

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A ESPERANÇA
Augusto dos Anjos

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro – avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa! 

Inquéritos no estilo dos trapalhões diminuem as chances de Bolsonaro ser preso

Bolsonaro provoca mais para posar de vítima. Por Fernando Brito

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

Depois de provocar uma tremenda empolgação das massas petistas, com a Polícia Federal indiciando o ex-presidente Jair Bolsonaro em três inquéritos sucessivos, um a cada semana, com pedidos à Procuradoria-Geral da República para que proceda às respectivas denúncias e abra logo os processos contra o ex-chefe de governo, com possibilidade de prisão e tudo o mais, de repente vem um jato de água fria em pleno inverno.

Depois do vendaval sobre cartão de vacina, venda de joias e “Abin Paralela”, quando se aguardava o primeiro pedido de prisão preventiva de Bolsonaro, agora começam a ser publicadas notícias dizendo que não é bem assim.

ALARME FALSO – O caso considerado mais grave é o da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que se transformou num escândalo depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, liberou uma gravação que dizem ser incriminadora.

O áudio é de um encontro entre o então presidente Bolsonaro com o diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem; o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional e as duas advogadas que defendiam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da “rachadinha”, e denunciavam irregularidades na ação da Receita Federal.

Mas foi alarme falso. A Abin investigou, concluiu que a Receita nada fez de errado e tudo parou por aí, o processo contra Flávio Bolsonaro foi anulado em outra esfera, no Superior Tribunal de Justiça, nada a ver com a Abin. De reprovável ali, apenas a reunião, realmente vexaminosa, que jamais deveria ter ocorrido.

TUDO ERRADO – O que parecia um escândalo não serve de prova, porque não houve interferência da Abin em nenhuma instituição. A espalhafatosa acusação de Moraes e da Polícia Federal não se sustenta.

Da mesma forma, há dificuldades para encontrar crime na venda das joias, porque elas foram recompradas e devolvidas ao Patrimônio da União. O crime, portanto, se desfez antes de ser investigado.

Também não está fácil incriminar Jair Bolsonaro por um crime cometido pelo tenente-coronel Mauro Cid no caso dos cartões de vacinação. Chegaram a prender o secretário da Saúde da Prefeitura de Duque de Caxias, mas não tiveram coragem de prender o ex-presidente.

FALTA O GOLPE – Na verdade, só resta o inquérito do golpe para jogar Bolsonaro numa prisão igual à de Lula, com chuveiro elétrico, TV a cabo e privacidade para receber visitas masculinas e femininas, pois a cela de Lula nem tinha grades, era uma sala de 15 metros quadrados.

Mas também está difícil, por mais que as leis sejam interpretadas e avacalhadas no Brasil, porque o tal golpe não aconteceu. Quando chamei de golpe da Viúva Porcina, que foi sem ter sido, a piada viralizou, fez mais sucesso do que as falas de Lula.

É claro que sempre existe a possibilidade de o Supremo arranjar uma saída jurídica, como na injustificável condenação de Bolsonaro por ter reunido o corpo diplomático, depois de o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, ter feito exatamente a mesma coisa, vejam a que ponto chegou a esculhambação na Justiça.

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P.S.Se Bolsonaro será preso, só Deus sabe, como dizia Armando Falcão, o ex-deputado que Roberto Marinho emplacou como ministro da Justiça no governo do general Geisel. Mas Deus certamente tem coisas mais importantes para cuidar. (C.N.)

Por que o audiovisual argentino está dando de dez a zero no brasileiro?

Meu Querido Zelador - Série 2022 - AdoroCinema

Série argentina faz sucesso devido à qualidade

Luiz Felipe Pondé
Folha

Qual a explicação para o audiovisual argentino dar de dez a zero no brasileiro?Nossa produção é, em geral, limitada a chanchadas, masturbação mental de egos ou panfletos de esquerda

A pergunta que não quer calar quando vejo alguma produção audiovisual argentina é: por que diabos não conseguimos fazer nada que chegue aos pés do que eles fazem? Nossa produção é, com raríssimas exceções, limitada a três tipos —chanchadas, masturbação mental de egos narcísicos ou panfletos de esquerda. Chatinhos que dói.

Não creio que nenhuma das ciências humanas explique essa diferença. Já ouvi coisas como “os argentinos quando foram ricos fizerem sua lição de casa com a educação pública”. Não duvido que fizeram. Mas não acho suficiente. O Canadá tem escola pública possivelmente mais organizada do que a argentina e é um tédio politicamente correto absoluto.

DIZEM QUE… – “Muitos judeus e psicanalistas elevam o nível da reflexão crítica”. Outra explicação que já me deram. Muitos judeus existem em alguns países e nem por isso eles estão metidos na produção audiovisual. Aliás, a Argentina goza de histórico antissemitismo e racismo em geral, largamente reconhecidos.

Psicanalistas existem em toda parte. E muitos deles, aliás, como aqui e lá, são integrantes da óbvia elite de esquerda. Fossem eles a causa, o cinema argentino seria um tédio como o nosso.

A Argentina é um país muito parecido com o Brasil em suas misérias. A começar pelo Estado profundamente corrupto e uma sociedade violenta nas suas pequenas e grandes relações cotidianas. Sua economia tem estado bem pior do que a brasileira. Sua política, um lixo, como a nossa, com aspectos diferentes devido ao seu histórico peronismo de esquerda, de direita e de centro.

SEM EXPLICAÇÃO? – E aí?  Qual a explicação para o audiovisual argentino dar de dez a zero no brasileiro? Não creio que consigam explicar isso. As ciências humanas são fracas epistemologicamente: não explicam nada.

Olhemos dois exemplos, razoavelmente recentes, de séries argentinas, ambas com duas temporadas, de 2022 e 2023. “Iosi, o Espião Arrependido”, no Amazon Prime Video, e “Meu Querido Zelador”, no Star+.

A primeira série é baseada em fatos, narra a história de um espião da inteligência argentina infiltrado na comunidade judaica — assim começa a primeira temporada e não vou dar spoiler já que se trata de uma série de suspense. A segunda é uma comédia de costumes que narra a história de Eliseu, zelador de um prédio de classe média alta em Buenos Aires.

CINEMA VERDADE – No caso de “Iosi” são muitos os elementos relevantes da sua qualidade como produto audiovisual. Além do elenco, vale salientar o tratamento da corrupção e da truculência do Estado argentino que chega a tocar a Presidência da República em figuras como Raul Alfonsín e Carlos Menem.

A história começa em 1985 e avança adentro do século 21. Reuniões entre membros corruptos do governo e criminosos se dão na Casa Rosada. Será mesmo que a corrupção dos Estados nacionais chega assim às cortes? Claro que sim.

Produções assim hoje no Brasil seriam processadas até pelos cachorros das famílias dos dignatários apontados na série, além de fazer alguns cardeais do STF babarem de desejo de provar o sangue dos autores, o que me leva a supor que a democracia argentina seja melhor do que a brasileira, não? Seria um atentado contra a honra como se diz por aqui. Mais um ponto para los hermanos?

CASAL WOKE – No caso do “Meu Querido Zelador”, entre outros inúmeros detalhes, vale apontar o casal “woke” de moradores do prédio. Exploradores da sua empregada —que recusam a usar o termo por considerar politicamente incorreto— nossos comedores de comida orgânica são uns escrotos. Seríamos nós capazes de expor de forma tão clara a canalhice da elite jovem “woke” no cinema brasileiro?

O casal lésbico tampouco é o modelo ideal de amor, como costuma aparecer, seja no audiovisual brasileiro ou mesmo americano. Uma delas é comedora de mulheres enquanto a parceira, médica, vai dar plantão.

A carpintaria dos personagens é sofisticada, o que faz com que fiquemos longe dos personagens clichês do audiovisual brasileiro. A oposição conservador/progressista passa longe, apesar de pulularem canalhas à direita e à esquerda. O Brasil está longe de chegar perto da Argentina.

Livro do advogado André Marsiglia mostra que há censura por toda parte

Censura por toda parte - Os bastidores jurídicos do inquérito das Fake News  e a nova onda repressora que assola o BrasilMario Sabino
Metrópoles

Faz mais de cinco anos que estou no inquérito das fake news. É tanto tempo que até virei personagem de um livro recém-lançado: Censura por Toda Parte, de André Marsiglia. O subtítulo do livro é “os bastidores jurídicos do inquérito das fake news e a nova onda repressora que assola o Brasil”.

Como fui o primeiro cidadão a constar dessa peça exemplar da nossa democracia pitoresca, André Marsiglia, que me defende desde os tempos da Veja, foi o primeiro advogado a se deparar com o processo que se assemelha ao do romance de Kafka.

CENSURA DIRETA – No livro, ele descreve a situação na qual me vi enredado como publisher da revista que criei e como diretor do site de notícias que fundei, ambos censurados por publicar notícia verdadeira.

Já escrevi fartamente sobre o assunto em outras paragens. A revista e o site já não existem mais na forma que eu e o meu sócio idealizamos, mas o inquérito permanece aberto, sem data para terminar, e eu ainda figuro nele.

Falo de mim, mas estou longe de ser o grande assunto do livro. O destemido André Marsiglia é a referência jurídica na defesa da liberdade de expressão. Além do caso do qual sou personagem, ele aborda outras situações de censura judicial a reportagens e também as de censura não explícita.

ONDA REPRESSORA – Elas são cada vez mais comuns, daí “a nova onda repressora que assola o Brasil” do subtítulo. O inquérito das fake news abriu a porta do inferno para a liberdade de expressão, e vocês que entram em tal inferno podem deixar a esperança do lado de fora.

Um dos pilares do Estado de Direito, a liberdade de expressão agora é descaradamente relativizada ao sabor de conveniências pessoais, políticas e econômicas.

A coisa chegou a tal ponto que, hoje, pratica-se a pior forma de censura, que é a autocensura. A servidão nunca foi tão voluntária.

DIZ MARSIGLIA – No início de Censura por Toda Parte, André Marsiglia, dono de um raciocínio lógico invejável, faz a seguinte consideração:

“Posso afirmar categoricamente que a censura no Brasil nunca acabou, jamais deixou de existir. Ela permanece e é tão ou mais cruel que as demais a que assistimos pela janela da história. A censura não acaba, apenas se modifica, alterna de mãos. Um dos maiores erros conceituais a respeito da censura é acreditar que a sua existência não se compatibiliza com as democracias modernas e que, se ela existe, não há democracia; ou então, se há democracia, ela não pode existir. Esse erro impõe uma visão limitadora e paradoxal: ou escolhemos ignorar a censura, se nos julgamos em uma democracia, ou escolhemos ignorar a democracia, se nos julgamos sob censura.”

É o que se está fazendo no Brasil neste momento.

COMPREENSÃO – E o advogado André Marsiglia continua: “Compatibilizar censura e democracia, e enxergar censura fora do eixo do Poder Executivo, torna possível uma compreensão melhor do tema. Políticos de direita afirma que, no Brasil atual, estamos em uma ditadura, por aqui haver censura. Políticos de esquerda negam a existência da censura para não reconhecer a possibilidade de fracasso da democracia. Ambos estão errados”, diz, acrescentando:

“Existem a democracia e a censura, elas são compatíveis. Trata-se de um erro que até mesmo a imprensa comete, e por isso muitas vezes se nega a utilizar a terminologia ‘censura’, por acreditar que, ao fazê-lo, assumirá um discurso antidemocrático.”

Censura por toda parte: a luta continua, companheiros, mas não há garantia de que, um dia, riremos de tudo isto. No momento, apenas as hienas riem.

Entre as ideias mais estúpidas da esquerda, destaca-se a “despenalização”

A corrupção não é uma invenção... Jô Soares - PensadorMario Sabino
Metrópoles

É difícil escolher qual é a ideia mais estúpida da esquerda. Uma das que figuram no top 10 é a da despenalização. Basicamente, ela significa abolir uma série de delitos do direito penal, transformando-os em simples contravenções.

A despenalização envolve também diminuir a gravidade de alguns crimes, como roubos inferiores a determinada quantia. Foi o que aconteceu no estado americano da Califórnia, por exemplo. Deixou de ser considerado delito grave roubar mercadorias no valor de até US$ 950.

LIBEROU GERAL – O resultado, obviamente, é a roubalheira desenfreada em supermercados e farmácias. Tanto que muitos produtos, antes deixados em prateleiras, agora estão trancafiados em armários. É que nenhum gênio da legislação pensou que um mesmo estabelecimento poderia ser roubado várias vezes.

O recorde de estupidez, contudo, foi o que ocorreu na sequência da morte do cidadão negro George Floyd, em 2020, na cidade de Minneapolis, asfixiado por um policial branco. Os manifestantes que tomaram as ruas dos Estados Unidos para protestar contra o assassinato queriam resolver o problema de racismo da polícia com a extinção da polícia.

A esquerda de qualquer país odeia polícia por considerá-la instrumento das classes dominantes contra quem é vítima de injustiça social — o criminoso. Os abusos são, portanto, inerentes à atividade policial. E o sistema prisional é, consequentemente, uma perversidade.

PALESTRA A JUÍZES – A ideia estapafúrdia ficou cristalina naquela história publicada por mim do estuprador, torturador e assassino cruel de um menino de 5 anos que se vende como “sobrevivente do sistema penitenciáriol” e foi chamado a dar palestra em um curso de formação de juízes, em Minas Gerais.

Em uma carta ao seu ministro da Polícia, Joseph Fouché, apresentado nesta coluna como “o maior canalha da história”, Napoleão Bonaparte escreveu que “a arte da polícia é não ver o que é inútil que ela veja”.

Mesmo sem conhecer Napoleão, é a recomendação que os bons policiais seguem quando já faziam vista grossa a bobagens como o garoto que fumava maconha na rua antes da descriminalização do porte de 40 gramas ou quando deixam de prender pobre com fome que rouba biscoito em supermercado.

BOM SENSO – Isso, porém, não tem nada a ver com despenalização e assemelhados. É só bom senso.

Quando a impunidade passa a ser política de Estado, a criminalidade tende a aumentar e a se agravar, atingindo principalmente os mais pobres, que não andam de carro blindado ou tem guarda particular.

Prende-se muito no Brasil, diz a esquerda, mas a verdade é que, em boa parte dos casos, o preso sai da cadeia rápido demais, mesmo tendo cometido crimes pesados, e fica livre para delinquir de novo.

FICHA SUJÍSSIMA – Temos então a situação do policial que detém um meliante, verifica a sua ficha e se depara com uma longa lista de desserviços prestados por ele à sociedade. Que estímulo o policial tem para continuar a fazer o seu serviço, se a regra geral é a da esculhambação? E se o crime compensa para o meliante, por que não compensaria para o policial corrupto?

Nada disso existe para a esquerda e as suas ideias desconectadas da realidade dos trabalhadores que ela diz querer defender. Uma estupidez só.

Zema diz que Tarcísio é o nome mais forte da direita sem Bolsonaro em 2026

SÃO PAULO, SP, 31.07.2023: Romeu Zema, governador de Minas Gerais participa de evento no Insper que debate os 10 anos do nosso arcabouço jurídico anticorrupção. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)

Zema di que Tarcísio tem mais chances de vencer Lula 

Artur Búrigo
Folha

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o nome mais forte da direita para as eleições de 2026 considerando a situação atual, de inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Hoje, com certeza é o Tarcísio, pela relevância do estado de São Paulo. Algumas pesquisas já apontam o Tarcísio”, afirmou em conversa com jornalistas, relatada pelos jornais O Tempo e Estado de Minas.

APOIO A BOLSONARO – No encontro, o governador apontou inicialmente Bolsonaro como sendo aquele com maior viabilidade para as eleições de 2026.

Em entrevista à Folha há duas semanas, Zema saiu em defesa do ex-presidente no caso das joias presenteadas por autoridades estrangeiras e disse que a Justiça precisa tratar todos de maneira igual.

Além de Bolsonaro e Tarcísio, Zema também citou o próprio nome e dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), como opções para uma candidatura da direita nas próximas eleições presidenciais – os três foram reeleitos em 2022 e não podem concorrer novamente aos governos.

ABRINDO MÃO – Questionado no encontro com jornalistas sobre se gostaria de ser o candidato do bolsonarismo nas próximas eleições, Zema disse que “se for para chegar lá de pés e mãos amarradas, eu prefiro que outro vá”, conforme publicado pelo jornal O Tempo.

No início deste mês, o governador disse que poderia ser candidato a presidente caso o seu nome apareça como o mais viável entre aqueles que compõem seu grupo político.

“Nós, governadores de centro-direita, temos conversado muito, nos aproximado, e no que depender de mim estarei apoiando o nome que o grupo vier analisar como o mais viável. Se for o meu, serei candidato”, afirmou em live.

PODE SER VICE – Em outra ocasião, no mês passado, Zema não descartou disputar o pleito como candidato a vice-presidente. Ele negou, porém, a possibilidade de concorrer a um cargo no Legislativo, ao dizer que não tem perfil para o posto.

No encontro desta sexta, o governador de Minas também aproveitou para responder às críticas do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), que afirmou na semana passada que Zema deixou o estado à beira de um colapso.

Sem citar diretamente o nome de Silveira, o governador disse que, desde 2022, seu governo já pagou R$ 6,7 bilhões à União, sendo a administração que mais pagou dívida na história, “ao contrário do que diz por aí um ministro”.

PRORROGAÇÃO – E na quarta-feira (dia 17), o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), atendeu parcialmente ao pedido do governo do estado e prorrogou para 1º de agosto o prazo para Minas Gerais retomar o pagamento de sua dívida com a União.

Com uma dívida de R$ 160 bilhões, o estado tenta adiar o prazo para pagamento até que o projeto de renegociação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), seja aprovado no Congresso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. Se Bolsonaro continuar inelegível, todos os caminhos levam a Tarcísio de Freitas, que será um candidato fortíssimo contra Lula ou contra Haddad, caso a idade pese demais nos ombros do Biden da Silva. (C.N.)

Haddad errou feio na gestão política dos novos impostos e abraçou um problema

Taxa Humana': meme do ministro Haddad é exibido em telão na Times Square

A oposição aproveita para fazer gozação com Haddad

Bruno Boghossian
Folha

Fernando Haddad não olhou por onde andava quando o governo começou a discutir a taxação de encomendas internacionais de até US$ 50. “Vocês falam da Shein como se eu conhecesse. Eu não conheço a Shein”, disse o ministro sobre a gigante das comprinhas em abril de 2023.

Em seguida, o governo protagonizou uma sequência constrangedora de avanços e recuos. Anunciou a cobrança do imposto e mudou de ideia depois que a primeira-dama se viu soterrada por críticas à medida. Só foi até o fim quando o Congresso topou contrabandear a taxa numa proposta sobre outro tema.

UM CERTO APOIO – Em nenhum momento Haddad esteve em posição vantajosa no debate sobre a taxação. O ministro tentou se segurar na justificativa razoável de que a entrada indiscriminada de produtos importados era prejudicial à produção nacional. Ganhou apoio de varejistas e da indústria, mas não fabricou um único eleitor feliz por pagar mais por suas encomendas.

O ministro e o governo erraram na gestão política. Menosprezaram o impacto de uma medida que havia sido esconjurada pelo presidente anterior e foram incapazes de produzir argumentos suficientes para blindar a proposta. Entregaram um presente para a oposição e, com o estrago feito, não souberam reagir.

A associação de Haddad a um mau humor com a cobrança de impostos estava na praça havia cerca de 40 dias. Para piorar, o ministro ainda subiu no palco como opositor da inclusão da carne na nova cesta básica da reforma tributária.

MÁQUINA DE MEMES – A turma da Fazenda só acordou quando ele se tornou alvo de uma máquina de memes na internet. O ministério apontou que a carga tributária está em queda e deu o jogo por resolvido.

O problema do governo é que esta é uma campanha com potencial de chegar a ricos e pobres, que conhecem ou não a Shein.

Ela ocorre num território em que a direita liberal se esbalda, jogando lenha numa insatisfação generalizada com a ineficiência de um Estado que precisa dar conta de um país enorme, mas sempre pode parecer gordo demais.

Lula tem mostrado maior empenho em falar e gastar do que em governar

Lula diz ter divergência de conceito com o 'pessoal do mercado'

Lula diz ter divergência de conceito com o ‘pessoal do mercado’

Rolf Kuntz
Estadão

Mais empenhado em falar e em gastar do que em governar, o presidente Lula entregará mais dois anos de expansão econômica abaixo de 3%, segundo estimativas do Ministério da Fazenda, revisadas e divulgadas nesta quinta-feira, 18. A economia crescerá 2,5% em 2024 e 2,6% no próximo ano, de acordo com o novo quadro apresentado pelo ministro Fernando Haddad.

As projeções são mais otimistas que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), 2,1% e 2,4%, e também menos sombrias que as do mercado financeiro, 2,1% e 1,97%, incluídas no boletim Focus da última segunda-feira, 15. Reafirmam, no entanto, a aparente maldição do crescimento na vizinhança dos 2%, muito baixo para uma economia emergente do tamanho da brasileira.

MAIS INFLAÇÃO – Inflação revista para cima contrasta com o quadro da economia emperrada. Na previsão oficial, passou de 3,7% para 3,9% a alta estimada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Emprego vigoroso e consumo em alta devem refletir-se mais nos preços pagos pelas famílias do que no aumento do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com as projeções do Ministério da Fazenda. No mercado, as expectativas são um pouco piores: 4,02% de inflação neste ano e 3,88% em 2025.

Com pressões inflacionárias ainda consideráveis – o centro da meta é 3% –, é difícil prever um afrouxamento sensível da política de juros.

E A SELIC? – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já indicou a disposição de manter a taxa básica elevada até o fim do ano e de reduzi-la, em seguida, lentamente. Segundo a expectativa captada no mercado, a taxa deve permanecer em 10,5% até dezembro e terminar 2025 em 9,5%. Crédito caro deverá atrapalhar o esforço dos empresários para dinamizar os negócios no próximo ano.

Empenhado em conter o ritmo da inflação, o ministro da Fazenda deve contingenciar parte das verbas orçamentárias, liberando recursos, depois, em ritmo controlado. Esse expediente já foi usado no Brasil e pode facilitar a gestão dos gastos federais.

Um congelamento de R$ 15 bilhões já foi anunciado. Mas um controle efetivo da despesa dependerá principalmente da adesão do presidente da República ao compromisso de austeridade. Essa adesão é por enquanto incerta, apesar das manifestações presidenciais de apoio ao trabalho de Haddad.

CENÁRIO GLOBAL – Também o cenário global será complicado, se os fatos confirmarem as projeções do FMI. Nesse quadro, o produto mundial aumentará 3,2% em 2024 e 3,3% no próximo ano, com crescimento muito parecido com o do biênio anterior. Parece irrealista esperar grandes estímulos do exterior.

A expansão da China, principal mercado para a exportação brasileira, deve ficar em 5% neste ano e 4,5% no próximo. Será mantido, nesse caso, ritmo semelhante ao dos últimos anos, bem menor que o observado na longa fase de grande expansão econômica. Mas permanecerão, segundo se estima, condições favoráveis ao comércio com o Brasil.

O balanço das condições internas e externas aponta um quadro desafiador para o governo brasileiro. Para combinar crescimento e estabilidade, a administração federal terá de combinar prudência fiscal, estímulo ao setor privado e esforços de atração de capitais externos.

CONFIANÇA – Será especialmente importante alimentar a confiança dos investidores – nacionais e estrangeiros – e isso dependerá de uma contínua demonstração de bom senso e responsabilidade.

O presidente declarou-se disposto a apoiar um corte de gastos se estiver convencido da necessidade de limitar o dispêndio. “Você sabe”, disse ele numa entrevista, “que eu tenho uma divergência histórica, divergência de conceito com o pessoal do mercado”.

Em seguida: “Nem tudo que eles tratam como gasto eu trato como gasto”. Não se trata, no entanto, de uma questão de “conceito”, mas de um grave desconhecimento. A palavra “gasto”, sinônimo de “despesa”, aplica-se tanto ao investimento quanto ao consumo, ou, no caso do governo, ao custeio.

FINALIDADE DO GASTO – A diferença está apenas na finalidade do gasto. Um se destina a ampliar o estoque de capital – itens como rodovias, portos, edifícios, sistemas de geração e transmissão de eletricidade, etc. Outro é destinado, no caso do governo, a manter as condições de operação da máquina administrativa, com ações como pagamentos de salários e suprimento de material de trabalho.

Em qualquer caso, investimento ou custeio, a ação só será possível se houver recursos financeiros. E recursos financeiros – para investimento ou custeio – dependem de tributação e de outras formas de captação de dinheiro. Dinheiro não dá em árvore, nem cai do céu, nem é inesgotável.

O presidente Lula parece esquecer esses fatos – tão simples quanto importantes – quando anuncia sua disposição de gastar.

Nada mudou! Congelamento de R$ 15 bilhões não anima nem desanima o mercado

Blog do Roberto Moraes: A ética do mercado na visão do chargista

Chrage do Mariano (Charge Online)

Victor Sena
Folha        

O governo decidiu congelar R$ 15 bilhões dos gastos para cumprir a meta de fechar as contas deste ano sem déficit. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (18) pelos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet. Os ministérios mais atingidos são Cidades, Desenvolvimento Regional, Turismo e Esporte. Saúde e Educação também serão impactadas.

Entenda: o congelamento é uma prática comum e envolve dois mecanismos diferentes, o bloqueio e o contingenciamento. Eles são usados porque nem sempre as receitas e gastos acompanham a estimativa feita no Orçamento.

R$11,2 bilhões serão bloqueios e R$ 3,8 bilhões contingenciamentos.  Como funciona: Despesa acima do previsto = bloqueio; arrecadação abaixo do previsto = contingenciamento.

PODE REVER – O governo pode rever a decisão caso o cenário mude nos próximos meses. Por que importa? Agentes do mercado financeiro têm dúvidas se as contas deste ano – e do próximo – vão fechar no zero a zero, como determinam as regras criadas pelo governo Lula (Não lembra? Para 2025, foi anunciado um corte de R$ 25 bilhões).

Falas do presidente ao longo do mês de junho aumentaram a suspeita de que as regras poderiam ser afrouxadas. Com a repercussão, principalmente no preço do dólar, que bateu R$ 5,70, Haddad e outros ministros discutiram o assunto com Lula, que moderou o tom no início do mês.

Idas e vindas. O mercado até acalmou, mas novos questionamentos foram feitos pelo presidente. Nesta terça, disse que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se tiver “coisas mais importantes para fazer”, mas que tem compromisso com a regra. Afirmou também que precisa ser convencido sobre cortes.

CORTES PARA ONTEM – Questionado se havia convencido o chefe Lula sobre o bloqueio, que não é exatamente um corte, Haddad respondeu: “Se estou dando o anúncio, é porque ele já foi”.

O anúncio ocorre no momento em que o ministro tem sido alvo de piadas e “memes”, que fazem satirizam mudanças em impostos e a reforma tributária, com Haddad como Tocha Humana “Taxadd”.

O ministro defende um ajuste das contas públicas com incremento de arrecadação desde o início do governo.

PERDEU APOIO – Sim, mas… Há sinais de que a pauta perdeu apoio no Congresso. Não foi encontrada, por exemplo, uma solução para compensar a verba da desoneração da folha de pagamentos.

Medidas apontadas por economistas e técnicos do governo para ajustar as contas são: mudanças nas regras que aumentam automaticamente os gastos com saúde e educação; alteração nas regras que reajustam pensões e benefícios sociais acima da inflação.

O STF (Supremo Tribunal Federal) deu até 11 de setembro para a definição de uma nova fonte. Caso contrário, os 17 setores com isenção voltarão a ter cobrança.

Indiciamento de Bolsonaro sobre joias e reunião pró-Flávio gera divergências

Gravações mostram Bolsonaro discutindo com aliados formas de blindar filho

Bolsonaro alega que as provas são frágeis e dirigidas

Matheus Teixeira
Folha

As implicações criminais contra Jair Bolsonaro (PL) nas investigações sobre a venda de joias que havia recebido enquanto presidente e no caso da “Abin paralela” dividem especialistas ouvidos pela Folha.

Por um lado, há a tese de que o ex-mandatário cometeu crimes em série nas duas situações, que estão sob apuração da Polícia Federal e da PGR (Procuradoria-Geral da República).

Mas as opiniões se dividem. A compreensão jurídica de parte dos advogados é que os elementos indicam delitos na área criminal e ilícito civil que poderiam causar o impeachment por crime de responsabilidade, se ele ainda estivesse à frente do Executivo federal. No entanto, há quem não pense assim.

GRAVAÇÃO NA ABIN – No caso da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), a avaliação foi reforçada após o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberar uma gravação na última semana.]

Trata-se de um encontro do ex-presidente com o então chefe da Abin, Alexandre Ramagem; o então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno; e mais duas advogadas, num contexto em que discutiram maneiras para anular as acusações contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da “rachadinha”.

Para parte dos especialistas, a investigação sobre a existência de um esquema de arapongagem na Abin poderia ainda ser inserida nos inquéritos que investigam se o ex-presidente participou de uma trama para dar um golpe de Estado após a derrota para o presidente Lula (PT), em 2022.

OUTRA VISÃO – Por outro lado, há advogados que não veem provas suficientes no momento para incriminar o ex-presidente. Em relação às joias, eles divergem quanto a se os presentes milionários que Bolsonaro recebeu e depois tentou vender integrariam seu acervo pessoal ou o acervo público.

Já sobre a Abin, no caso da atuação em favor de Flávio, também existem diferentes entendimentos quanto a se reunião divulgada recentemente tem força para enquadrar Bolsonaro e os demais envolvidos em algum delito.

Há quem entenda que não existe até o momento uma prova definitiva para comprovar que o ex-mandatário fez algum movimento concreto para beneficiar o próprio filho. Essa é a avaliação do advogado Alberto Toron, que, apesar disso, não exime o ex-presidente de eventual responsabilidade política sobre o caso.

NADA DE CONCRETO – “Você pode ver uma espécie de aparelhamento, tentativas de aparelhamento de agentes estatais, mas tudo não passou, até onde enxergo, de conversas, alvitres, propostas. Não se praticou nada concretamente, de modo que não vejo crime”, afirma ele.

O advogado e doutor em direito criminal Ruiz Ritter diverge de Toron: “As conversas retratam um contexto de intenção em defender um interesse privado perante órgãos da administração pública valendo-se da qualidade de funcionário, no caso chefe do Executivo federal”.

“Isso pode caracterizar a advocacia administrativa [Código Penal, artigo 321], a depender dos atos praticados para levar a efeito aquilo que foi sugerido na reunião gravada”, diz Ritter.

ILÍCITO CIVIL – Ele opina que a reunião também pode configurar um ilícito civil. “Os fatos em questão podem constituir um ato de improbidade administrativa, principalmente sob a perspectiva de desvio de finalidade em detrimento da eficiência da administração e prejuízo ao erário”.

A advogada e mestre em direito processual penal Maria Jamile José afirma que é legítimo um investigado se valer de todos os meios lícitos para se defender e comprovar que foi vítima de injustiça, mas acredita que Bolsonaro pode ter ido além.

“O problema passa a existir se, para obter as informações pretendidas, recorre-se indevidamente a pessoas que exercem funções públicas — e que não poderiam patrocinar interesses privados”, diz ela.

INVESTIGAÇÃO ATRASA – O caso da Abin paralela está em um estágio de investigação menos avançado que o das joias, em que Bolsonaro já foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de crimes de associação criminosa (com previsão de pena de prisão de 1 a 3 anos), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos) e peculato/apropriação de bem público (2 a 12 anos).

A advogada afirma que peculato é o delito aparentemente mais visível no caso: “Parece o mais nítido, que é justamente o ato de se apropriar, no exercício do cargo, de bens que tenha posse em razão do cargo. A meu ver, ao menos em tese, o delito está caracterizado”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O problema é que tentam apanhar Bolsonaro em quatro investigações diferentes, tudo ao mesmo tempo, de forma a provocar um pré-julgamento da opinião pública, sem ter havido a indispensável apresentação das provas. 0 resultado é esse – muita espuma e pouco chope, como diz Mário Assis Causanilhas. Vamos voltar ao assunto, por sua importância. (C.N.)

Biden começa a aceitar a ideia de desistir das eleições

Cresce a hipótese de Harris ser a candidata dos Democratas

Pedro do Coutto

Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden, pela primeira vez, admitiu retirar a sua candidatura caso os médicos apontassem o surgimento de alguma “condição médica” que o impedisse de servir um novo mandato presidencial. Na conversa, o presidente disse que reavaliaria sua permanência na corrida “se eu tivesse alguma condição médica que surgisse, se alguém, se os médicos viessem até mim e dissessem, você tem esse problema e aquele problema”, disse Biden.

Desde que perdeu o debate contra Donald Trump e teve suas aptidões física e mental questionadas, Biden vem afirmando repetidamente em diversas entrevistas e coletivas que não tem nenhuma condição médica grave, segundo seus médicos, e que “faz testes cognitivos todos os dias” em suas funções como presidente.

HARRIS – Com essa afirmação de Biden, cresce a hipótese de Kamala Harris ser a candidata dos Democratas, uma vez que ela tem condições para isso. Biden parece estar mais enfraquecido do que no início da corrida presidencial. Kamala Harris tem ganho a simpatia dos eleitores para concorrer às eleições dos EUA como candidata principal no lugar do atual de Biden.

Segundo a Associated Press, uma pesquisa do centro AP-NORC mostrou que 6 em cada 10 democratas acreditam que a atual vice-presidente faria um “bom trabalho” como gestora do país. Já 20% dos entrevistados não confiam na vice para assumir a cabeça de chapa nas eleições de novembro.

PRESSÃO – A especulação sobre a candidatura da vice-presidente é feita em um momento em que Biden enfrenta pressão de doadores e correligionários para desistir da disputa presidencial, marcada para 5 de novembro. O debate entre o atual presidente com Trump em 27 de junho foi negativo para a imagem de Biden diante dos eleitores, com o presidente aparentando confusão. As preocupações com a idade do democrata (81 anos) e sua capacidade cognitiva tem levado figurões do partido a recomendar publicamente a desistência.

Kamala Harris, porém, mantém-se completamente leal a Biden, sendo sua grande defensora. Oakley Graham, democrata de Greenwood, Missouri, declarou que, embora esteja “muito feliz” com as conquistas de Biden no cargo, sentiu que estaria mais entusiasmado por apoiar Harris como candidata a presidente e que “já era tempo” de uma mulher tornar-se chefe de Estado no país.

Harris é mais popular entre os negros norte-americanos do que entre os adultos brancos ou hispânicos. É mais rejeitada pelos homens do que pelas mulheres. Outros democratas proeminentes que foram considerados potenciais substitutos são menos conhecidos do que Harris.Mais um capítulo de abre na corrida pela Casa Branca.

Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração

Brant e Milton, amigos para sempre

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, compositor e poeta mineiro Fernando Rocha Brant (1946-2015), na letra de “Canção da América”, lembra o desejo de “frátria”, devido aos laços histórico/afetivos que unem os países americanos, em especial, os latino-americanos. Pelo potencial confraternizador que carrega, a canção tornou-se o hino de celebração das amizades, mormente, para retratar os encontros e as despedidas existentes em nossa vida. Esta música foi gravada por Milton Nascimento, em 1980, no LP Sentinela, pela Ariola. E deve ser cantada sempre, como se fosse um hino do Dia do Amigo, que se comemora hoje, 20 de julho.

CANÇÃO DA AMÉRICA
Milton Nascimento e Fernando Brant

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi

Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam “não”
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente
Vai se encontrar.

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DIA DO AMIGO
Paulo Peres

Não existe palavra
Que possa definir
O real significado,
A bênção Divina
E a felicidade infinda
De tê-lo como amigo.

Eis a questão: devemos publicar ou não o que acontece na família de Lula?

Filho de Lula xinga Janja em mensagem, mostra site

Não convidem Luís Cláudio e Janja para o mesmo evento…

Carlos Newton

Nesta sexta-feira, como editor da Tribuna da Internet, fiquei na dúvida se deveria publicar a notícia divulgada pelo jornalista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, que recebeu com exclusividade cópia de uma mensagem enviada por Luís Cláudio Lula da Silva, filho mais novo do presidente, em que ofende sua madrasta, Janja da Silva, de maneira desclassificante.

É assunto de família, ninguém tem nada a ver com isso, uma tremenda falta de ética – essas colocações me passavam pela cabeça.

PREÇO DA FAMA – No entanto, lembrei a liberdade de imprensa e as circunstâncias que cercam quem entra na política e luta muito até se tornar famoso.

Como se sabe, a fama é um fardo a ser carregado, mesmo que seja rápida e ocupe apenas aqueles 15 minutos previstos pelo artista plástico e animador cultural Andy Warhol.  

No caso de Lula, é um dos políticos mais famosos e importantes do mundo. Isso significa que tudo o que faz se torna notícia. É claro que cabe a ele não somente administrar o país, mas também cuidar da própria família, que anda se estranhando depois do terceiro casamento oficial do velho sindicalista, sem contar a ligação paralela com Rosemary Noronha.

FAMÍLIA ESPARSA – Todos os cinco filhos foram convidados e participaram da cerimônia do casamento, mas nenhum deles se aproximou da madrasta. Pelo contrário, a família não existe mais, está cada vez mais esparsa, não se reúne nem mesmo nos dias festivos, nos aniversários, tudo mudou em comparação ao que acontecia nos primeiros governos, com aquela bagunça na piscina do Alvorada.

Isso não deve ser do interesse de ninguém, pode-se argumentar. No entanto, creio que é exatamente o contrário. Todos devem se preocupar com a vida pessoal do presidente, porque ela sempre influenciará  seu desempenho à frente do governo.

Salta aos olhos que Lula não está bem, a cada dia uma surpresa, não diz coisa com coisa, a ponto de Janja o proibir de falar de improviso diante de pessoas deficientes, mas ele sempre arranja uma maneira de dizer alguma asneira.

IDEIA FIXA – Todos já perceberam que, ao invés de pensar (?) em seu governo, Lula está inteiramente dedicado à reeleição, em campanha diária e ininterrupta. É a esse empenho que se deve tanta declaração patética e ridícula.

Seu empenho em recuperar a aprovação popular chega a ser comovente. Está completamente dedicado à política eleitoral, inaugurando obras pela metade, iniciativa que o fez passar vergonha no Ceará.

Será que Lula está variando, como se diz lá no Nordeste? Ou será o efeito dos aditivos que toma para se sentir mais jovem e segurar a onda, digamos assim?

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P.S. – É exatamente por isso que a imprensa precisa divulgar tudo o que ocorre em torno de Lula ou de qualquer governante. Eles não são infalíveis e estão sujeitos a erros, como todos nós. No Brasil, apenas o ministro Alexandre de Moraes e o Supremo jamais erram e estão acima da lei e da ordem. Todos os outros são simples mortais. (C.N.)

Faça como João Havelange e não esqueça que hoje, 20 de Julho, é o “Dia do Amigo”  

A amizade é um amor que nunca morre. Mario Quintana - PensadorVicente Limongi Netto

Ando irritadiço, nostálgico, saudades de amigos e parentes que partiram, meus pais, e hoje lembrei de João Havelange, eterno amigo, porque o dia 20 de julho tem um significado especial para todos que gostam de exaltar a arte de viver. É o Dia do Amigo. Ele preenche o vazio da alma.

O amigo não nos deixa faltar nada. É uma dádiva dos céus. Espanta a melancolia, fortalece o espírito. Estimula a convivência, respeita a individualidade. Pondera com sabedoria. Amo meus amigos. Não vivo sem eles. No meu blog destaco Vitor Hugo: “Um amigo pela metade, é um traidor pela metade”.

NETO E AMIGO – É sublime a relação dos netos com os avós. Corações iluminados de ternura, amor e dedicação. Com emoção e orgulho. Jovens e adultos de todas as idades, retribuindo o carinho e atenção que sempre tiveram. Saudável que na correria pela vida, netos encontrem tempo no coração e nos compromissos, para beijar os avós. Para saber como estão. Para saborear boas lembranças. Para rirem abraçados. Para saber se precisam de alguma coisa.

Nada mais belo do que o afeto desinteressado. O gesto grandioso de saber ouvir e conviver com os mais experientes.  São exemplos marcantes de seres humanos que mostram que nem tudo está perdido nos sombrios horizontes da humanidade. Prova de que milhões de jovens amorosos e determinados salvarão o mundo do caos da ignorância, da patrulha doentia, da intolerância e da barbárie de sentimentos. Ando meio nostálgico, mas sou um avô feliz. 

GRANDE HAVELANGE– O ex-presidente da Fifa, João Havelange, jamais esquecia o Dia do Amigo. Hoje achincalhado por hienas e hipócritas, Havelange realmente usou todo seu prestigio para trazer a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016 para o Brasil.

“Caro amigo Limongi, não desejava faltar com o sentimento de amizade, de cumprimentá-lo por esse momento que, para todos nós, é de felicidade. Em razão de meu estado de saúde ainda delicado, tenho restringindo minhas idas ao meu escritório. Mas isso não exclui de tê-lo sempre em meu pensamento como um amigo. Renovando aqui as minhas felicitações, envio o meu abraço amigo”, escreveu Havelange, em carta que me enviou:

LEMBRAR O TRI – Da mesma forma que exaltou a conquista do tetra, seguramente a imprensa esportiva não deixará de também destacar, com merecidas honras e orgulho, no próximo dia 21, os 54 anos da conquista do Tri, no México, formada por monstros sagrados como Pelé, Gerson, Rivelino, Carlos Alberto Torres, Tostão, Clodoaldo e Jairzinho.

E a coluna S/A (Correio Braziliense – dia 10/07) informa que na opinião do vice-presidente Geraldo Alckmin, Milei “tem mau gosto” ao trocar Lula por Bolsonaro.

De minha parte, não aceitaria a companhia e a amizade nenhum dos três citados por Alckmin. É duro tentar saber qual deles é pior amigo.

Silêncio do Brasil sobre ameaça de Maduro contradiz fala de Lula por democracia

Lula faz acenos a Maduro e sobe o tom contra os EUA | Brasil | Valor  Econômico

Maduro conta com apoio integral de Lula na eleição

Roseann Kennedy
Estadão

O governo Lula silenciou sobre a ameaça do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de que haverá um “banho de sangue” e uma “guerra civil fraticida” caso não vença as eleições. No Itamaraty, interlocutores dizem que mantém os olhos atentos, mas argumentam que não cabe comentário público sobre o processo eleitoral de outro país. A justificativa, entretanto, não se sustenta e expõe o comportamento ideológico da atual gestão, na visão de especialistas.

“O Itamaraty deveria manifestar a preocupação com as declarações de Maduro. Afinal o presidente Lula declarou que o Brasil vai reconhecer o resultado das eleições”, afirmou à Coluna do Estadão o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil em Londres e em Washington.

LULA, TAMBÉM – Para Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM e especialista em segurança mundial, diante da gravidade da fala do chefe do Executivo venezuelano, além do Ministério das Relações Exteriores, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria falar com Maduro e fazer “uma declaração pública forte”, cobrando respeito à democracia e ao resultado das eleições.

“O problema é que, pelas visões ideológicas, isso não tem sido feito pelo governo e pelo presidente”, lamentou Gunther.

A professora de relações internacionais da ESPM e especialista em América Latina e Estados Unidos, Denilde Holzhacker, destacou que Lula poderia usar seu prestigio pessoal com Maduro para defender a democracia, mas a postura adotada leva à “visão de que o governo brasileiro tem feito pouco e o presidente Lula tem feito pouco”.

DISSE A ANALISTA – “O Brasil tem a postura de não interferência em assuntos eleitorais internos, mas é uma situação de país participou do diálogo para construir o processo eleitoral, então teria condições de ser um interlocutor”, complementou Denilde.

O presidente Lula conversou com o ditador da Venezuela no início de junho e, de acordo com o Planalto, ele reiterou o apoio brasileiro aos acordos de Barbados, que prevê a realização de eleições livres e justas no país em 28 de julho e o reconhecimento do resultado por parte da ditadura chavista.

Em março, o ministério das Relações Exteriores criticou a ditadura de Maduro por impedir a inscrição da candidata opositora Corina Yoris nas eleições de julho. Ela foi indicada pela líder da oposição, Maria Corina Machado, inabilitada pelo regime.

CAUTELA – Carolina Pedroso, professora do Departamento de Relações Internacionais da Unifesp, fez uma ponderação. “Apesar do grau de preocupação que precisa estar elevado nesse momento, a diplomacia brasileira tende a se manter cautelosa e aguardar o curso dos acontecimentos. Qualquer declaração prévia pode só piorar a tensão, porque, de fato, não se sabe nem se o governo (Maduro) reconheceria uma derrota e nem se a oposição faria o mesmo, então o risco de escalada de violência é real”.

Já Denilde Holzhacker destacou que a manifestação pode ser diplomática, sem gerar um ambiente mais belicoso. “Não precisa ser reprimenda direta, mas manifestação de preocupação. O Itamaraty poderia emitir uma nota colocando que a questão da violência é inaceitável e que o pleito deve seguir. Seria um posicionamento público em defesa da democracia”, destacou.

Todos concordam que a ameaça de Maduro não é mera bravata e dizem que há risco real. A ameaça seria inclusive parte da tática do presidente Venezuelano de pôr medo para a população não votar ou não escolher a oposição.