Conselho de Justiça precisa analisar decisões erradas do ministro Moraes

Injustiça Brasileira: Charges sobre a Justiça Brasileira

Charge do Nani (nanihumor.com)

Carlos Newton

O Brasil tem características próprias, é diferente dos outros países que se dizem democráticos. Aqui existe a chamada lei-vacina, que está em vigor, mas “não pegou”. Não é que a norma tenha problema de redação ou interpretação. Por mais clara que seja, simplesmente não é obedecida e fica tudo por isso mesmo, como se dizia antigamente.

Na atual fase de nossa democracia – que não é das melhores, devemos reconhecer – as leis-vacinas mais interessantes são as que regulam o próprio funcionamento do Poder Judiciário.

Todos sabem que os magistrados, aos poucos, foram se tornando cidadãos privilegiados e acima de qualquer suspeita, como no genial filme de Elio Petri, que lançou Florinda Bolkan para o estrelato.

IMPUNIDADE – Com o passar do tempo, os magistrados se tornaram tão acima de qualquer suspeita que conquistaram a impunidade. A coisa mais rara é um juiz ser punido criminalmente. Em quase todos os casos, inventaram uma falsa norma para simplesmente aposentar prematuramente os juízes criminosos.

Bem, isso não é punição nem pena; é apenas benefício indevido e ilegal. Na forma da lei, o juiz criminoso só poderia ter direito à aposentadoria se já tivesse completado tempo de serviço, como qualquer outro brasileiro.

Se não tivesse cumprido o tempo mínimo, teria de continuar pagando, até conquistar o direito de se aposentar. Mas na prática não é assim. O juiz criminoso é imediatamente aposentado, não importa quantos anos tenha de serviço, e estamos conversados. Um ou outro juiz é condenado, mas isso é tão raro que merece comemoração.

SEMIDEUSES – Da mesma forma, não há punibilidade para os semideuses que integram os tribunais superiores, especialmente o Supremo. A lei que supostamente fiscalizaria seu desempenho judicante foi do tipo vacina e também não pegou.

Na forma da lei, seriam da competência do Conselho Nacional de Justiça a fiscalização administrativo/financeiro dos tribunais e o controle dos deveres funcionais dos juízes dos cinco segmentos do Judiciário brasileiro. Alega-se que se excetua o Supremo, porém nada existe na Constituição a esse respeito. Notem:

Artigo 103B § – 4º – Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes (…)

§ 5º – I –
receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Fica claro que o CNJ tem poder e obrigação de exercer o controle do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, assim como de receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários.

E com base nisso que o corregedor Luis Felipe Salomão abriu processo no Conselho contra quatro magistrados da Operação Lava Jato – a juíza Gabriela Hardt e três desembargadores federais que condenaram Lula da Silva.

Bem, fica faltando agora abrir processo com o ministro Alexandre de Moraes, cujos frequentes erros judiciários passam tranquilamente pelo Conselho, como se fossem imperceptíveis.

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P.S. –
Para as autoridades do Judiciário brasileiro, nunca é demais lembrar o que dizem as leis. Sejam do tipo vacina ou não, elas existem para serem cumpridas. Amanhã voltaremos ao assunto. (C.N.) 

O mundo precisa festejar! Assange é libertado sob fiança na Grã-Bretanha

ASSANGE ESTÁ LIVRE - ICL Notícias

Enfim, Assange deixa a prisão e volta a seu trabalho

Deu na Folha

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, concordou em se declarar culpado, nesta segunda-feira (24), por uma única acusação de crime de disseminação ilegal de material de segurança nacional em troca de sua libertação da prisão, no Reino Unido. Em 2019, um júri federal o indiciou em 18 acusações relacionadas ao compartilhamento dos documentos.

Assange já deixou a prisão, segundo informou o WikiLeaks em seu perfil no X. “Este é o resultado de uma campanha global que envolveu trabalho de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espectro político, até as Nações Unidas”, diz a publicação. “Agradecemos a todos que estiveram ao nosso lado, lutaram por nós e permaneceram totalmente comprometidos na luta pela sua liberdade. A liberdade de Julian é a nossa liberdade.”

LIBERDADE, ENFIM – Salvo imprevistos de última hora, o acordo pode pôr fim a uma extensa disputa dos EUA com Assange que começou depois que ele se tornou ao mesmo tempo celebrado e desprezado por revelar segredos de Estado na década de 2010.

O material revelado inclui informações sobre a atividade militar dos EUA no Iraque e no Afeganistão, além de telegramas confidenciais compartilhados entre diplomatas. Durante a campanha de 2016, o WikiLeaks divulgou milhares de emails roubados do Comitê Nacional Democrata, levando a revelações que constrangeram o partido e a campanha de Hillary Clinton.

SOB FIANÇA – Assange foi solto sob fiança após ficar vários anos exilado na embaixada do Equador e depois ser preso na Grã-Bretanha por acusações de crimes sexuais supostamente cometidos na Suécia.

A libertação de Assange havia sido confirmada na manhã desta segunda-feira pela Justiça britânica, que negou recurso apresentado contra a libertação do ativista australiano.

Em entrevista coletiva após ser solto, o ativista prometeu continuar o seu trabalho e voltou a alegar inocência. Ele agradeceu a “todas as pessoas no mundo que acreditaram” nele, a seus advogados e ao sistema judicial britânico.

RECURSO CONTRA – A questão de quem apresentou na última terça-feira o recurso contra a libertação sob fiança de Assange permanecia obscura. De um lado, um porta-voz da Procuradoria da Coroa britânica disse estar “atuando como um agente para o governo sueco no caso Assange” e afirmou que uma autoridade sueca “confirmou nesta manhã que apoiava plenamente o recurso”.

No entanto, pouco antes, a Procuradoria sueca havia declarado que não era responsável pelo recurso contra a libertação e que a questão “era puramente uma decisão britânica”.

Em entrevista coletiva, Mark Stephens, advogado de Assange, disse que não sabe quem apresentou o recurso. “Nos disseram que tinham sido os suecos, mas eles negaram. A promotoria (britânica) também negou. Precisamos nos perguntar quem foi, talvez essa pergunta seja respondida nos próximos dias.”

MONITORAMENTO – O dinheiro da fiança estabelecida previamente – 240 mil libras (cerca de R$ 640 mil) – já havia sido obtido com apoiadores do fundador do WikiLeaks, de acordo com Stephens.

Sob as condições da fiança que haviam sido estabelecidas previamente, Assange deveria ser monitorado eletronicamente. Ele ficará abrigado em uma casa de campo no leste da Inglaterra e terá de reportar-se à polícia diariamente.

A casa de campo – na verdade uma mansão de dez quartos – pertence a Vaughan Smith, apoiador de Assange, ex-oficial do Exército britânico e fundador do Frontline, um grupo que se apresenta como defensor do jornalismo independente.

ACUSAÇÕES – Os supostos crimes teriam sido cometidos na Suécia. Assange nega as acusações e alega que elas têm motivação política.

Na terça-feira, a advogada Gemma Lindfield, atuando em nome da polícia sueca, disse que uma das supostas vítimas acusa Assange de tê-la forçado a fazer sexo com ele sem camisinha. A mesma mulher acusa Assange de, alguns dias após o incidente, tê-la molestado de forma a “violar sua integridade sexual”.

Uma segunda mulher acusa Assange de ter feito sexo com ela, também sem preservativo, enquanto ela dormia, em Estocolmo. Na Suécia, este tipo de crime pode levar a condenações de até seis anos de prisão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
O mundo livre está em festa. O mais importante jornalista enfim está livre. Espera-se que a liberdade de expressão, daqui para a frente, possa ser mantida nesse mundo de Guantánamos e falsas democracias.  (C.N.)

Fortalecido, Campos Neto deixará como legado a autonomia do Banco Central

Roberto Campos Neto

Lula acha que pode intimidar o presidente do Banco Central

Rose Amantéa
Gazeta do Povo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, entra fortalecido na reta final de seu mandato, após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) que interrompeu o ciclo de queda da taxa Selic em 10,5% na última quarta-feira (19). Campos Neto fica no comando do BC até o fim do ano, e depois será substituído por um indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A decisão foi vista como uma espécie de teste da autonomia do BC, conferida por lei aprovada em 2021, no governo Jair Bolsonaro (PL). A legislação estabeleceu mandatos fixos de quatro anos para o presidente e os diretores do BC, não coincidentes com o do presidente da República.

ALVO PREFERENCIAL – Primeiro a assumir o cargo sob o novo regime, Campos Neto é alvo preferencial de ataques de Lula e do PT, que desde o início do governo pressionam pela redução da taxa de juros. A última investida veio na véspera da reunião, quando Lula subiu o tom contra o presidente do BC

“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, declarou o petista.

O episódio foi interpretado como um recado aos conselheiros indicados por Lula, entre eles o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, que tenta se credibilizar como próximo condutor da instituição.

NÃO FUNCIONOU – A estratégia de Lula não funcionou: todos os diretores do BC, membros do Copom, votaram para interromper a queda dos juros. O comitê justificou, unanimamente, que o cenário da inflação ainda é preocupante e optou pela cautela.

“Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada”, afirmou o comunicado do comitê. Justificando o 9 a 0 em Lula e aliviando o mercado.

LARGA EXPERIÊNCIA – Roberto Campos Neto tem uma trajetória marcada por experiência no setor financeiro. Carioca, é bacharel e mestre em economia pela Universidade da Califórnia. Começou carreira no Banco Bozano Simonsen, posteriormente comprado pelo Santander, onde trabalhou por quase duas décadas.

Na filial brasileira do banco espanhol, Campos Neto foi chefe de trading, membro do conselho executivo do banco de investimentos no Brasil e no mundo, além de responsável pela tesouraria global para as Américas, cargo que ocupava em 2018 quando recebeu o convite para assumir o BC.

Campos Neto assumiu o BC em sintonia com a agenda de incentivo à concorrência defendida pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes, e desde o início pregou a importância de autonomia para a autoridade monetária.

DISSE NA POSSE – “Acreditamos que um Banco Central autônomo estaria melhor preparado para consolidar os ganhos recentes e abrir espaço para os novos avanços de que o país tanto precisa”, disse na cerimônia de posse em março de 2019.

Projeto antigo dos liberais – inclusive do senador Roberto Campos, ícone do liberalismo brasileiro e avô do presidente do BC –, a autonomia é uma forma de blindar a autoridade monetária contra interferências de governos de ocasião.

Ganhou força após Dilma Rousseff (PT) deixar a presidência, exatamente para impedir episódios de submissão do Banco Central aos interesses do Executivo, como se verificou na gestão de Alexandre Tombini, à frente do BC entre 2011 e 2016. Igualmente, visa anular pressões como as feitas por Lula desde seu retorno ao Planalto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Boa matéria de Rose Amantéa sobre a importância da autonomia do Banco Central, enviada por Mário Assis Causanilhas. Se está dando certo na matriz USA, por que não adotar a sistemática aqui na filial Brazil? Os próprios economistas ligados ao PT estão apoiando, mas Lula resolveu bancar o oportunista. (C.N.)

Lula procurou Sarney para voltar a fazer política com bom senso e paciência

Na hora do aperto, Lula recorre a Sarney

Vicente Limongi Netto

Parodiando o ditado popular, Lula, o bom aluno, à casa torna. Boas luzes levaram Lula novamente a Sarney. Teme ser reprovado em outubro. O aluno anda relapso nos deveres de casa. Esqueceu a boa cartilha política. Abusando de palavreados rudes. Tateando na escuridão. Dando coices no vento.

Mestre Sarney, cultor do bom senso e da paciência, reiterou ao açodado Lula o saudável caminho das pedras. O diálogo supera desavenças. Agressões e insultos são espinhos da política ruim e ultrapassada. 

PLANO REAL – Considerado um dos pais do Plano Real, o economista Edmar Bacha mostrou oceânico encantamento no Correio Braziliense (24/06), ao exaltar os 30 anos da vitoriosa medida.

Nesse sentido, a meu ver, já que o empolgado Bacha teve repentina falha de memória ou falta de desprendimento, ou ambas as coisas, destaco opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no programa de televisão “Consultor Jurídico”, em 2021, ao lado dos também ex-presidentes José Sarney e Michel Temer. 

Claro e categórico, FHC revelou que os planos econômicos do governo Collor foram valiosos para o sucesso da implantação do Plano Real.

MAIS QUE PASSARINHO – Quando David Luiz subiu mais do que passarinho, como brincava Dadá Maravilha, e vibrou com os dois belos gols, em duas partidas seguidas do Flamengo, sonhei que o cabeludo David havia ido para o Fluminense, para jogar, novamente, ao lado de Thiago Silva. O Fluminense continua penando. Jogando mal, rifando a bola, batendo cabeça, exagerando em passes errados. Sobretudo no meio de campo, onde começa, a meu ver, a decisão de um jogo.

Ganso, coitado, berrando com os colegas, dando broncas, ensinando que a bola não queima. Embora não goste de quem trata ela mal. Contra o Flamengo, Diniz sacou, não sei de onde, um Gabriel. Perdidão, entregando o ouro ao adversário. Outro omisso no jogo, Renato Augusto.

O excelente Samuel voltou da contusão devagar. Sem o antigo entusiasmo para pegar a bola, com moral e partir para frente, abrindo jogo pelas extremas, dando opção a Ganso. Parece, pelo jeito, que Samuel tem saudades de Arias. Jogador sensacional. Protege a bola com carinho e competência, como se fosse a mulher da sua vida.

ATÉ MARTINELLI – André é outro que precisa retornar, urgente, ao meio de campo tricolor das Laranjeiras. Pena que Marcelo não jogou. Tomara que retorne quarta, com o Vitória.

Lamentável e ridícula presença em campo do jovem John Kennedy. Sem fibra, atabalhoado. Até o regular Martinelli entrou na roda dos medíocres em campo. Batendo cabeça com o Gabriel. Sabe jogar, tem jeito, mas pareceu sentir a responsabilidade de levar o time para frente. Errou passes bisonhos. Lima ia bem, sem alarde, útil ao time. Cano jogou? Creio que não. O jeito é manter a fé. Porque o drama do fluminense já passou dos limites. Fábio é outro que deixa a torcida na pilha. Repõe a bola com dificuldade. Parece não acreditar nas chuteiras dos colegas da defesa.

Vem logo, Thiago Silva, por favor. Foi injusto Fernando Diniz ser demitido como vilão dos fracassos do time.  

Importante aviso para Eduardo Paes ler, examinar, reler e rever para decidir

Conheça o TERRENO do GASÔMETRO! Local FAVORITO para a ARENA BRB FLA!

Diretoria do Flamengo se apressa e pensa que o terreno já é seu

Jorge Béja

Não escondo e torno público. Gosto muito do prefeito Eduardo Paes. Seu pai – Valmar Souza Paes – também era advogado como sou e nos encontrávamos muito, nos corredores do Fórum do Rio e no meu franciscano escritório. Continuo Eduardo Paes. Paes é que me abandonou. Não responde mais minhas mensagens e-mail, não me telefona e nem me atende.

Pela grande estima é que escrevo este artigo-alerta a Eduardo Paes. Não quero vê-lo derrotado, nem na Justiça nem politicamente.

HASTA PÚBLICA – O decreto do prefeito Eduardo Paes que desapropria o terreno do Gasômetro, ainda que seja por ‘hasta pública”, para a construção do Estádio do Flamengo, decreto publicado nesta segunda-feira (24), parece não ser operação juridicamente segura. Corre o risco de ser desfeita pela Justiça e até mesmo refletir na candidatura de Paes ao quarto mandato, podendo atingir o atual prefeito na disputa.

Tudo isso porque o negócio imobiliário ocorre em ano eleitoral em que a  transferência de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, são práticas que a Lei nº 9504, de 30/9/1997 proíbe para todo o ano em que se realiza a eleição, como este ano de 2024, e não somente ao período de campanha.

A alienação de bens públicos – seja qual for a modalidade –  ocorre pela transferência de bem de propriedade pública a terceiro(s) ao fundamento do interesse público, que sempre ampara o procedimento.

A ALIENAÇÃO – São modalidades de alienação de bens públicos: venda, doação, permuta, concessão de domínio, investidura e legitimação de posse.

Mas a questão do terreno do Gasômetro se tornar o Estádio de Futebol do Flamengo, ainda que traga outros benefícios colaterais, não se enquadra em nenhuma das seis modalidades acima. Será por desapropriação. E o Poder Público só pode desapropriar bem que não lhe pertence.

Isto é, o Município do Rio desapropria bem de terceiro, alega utilidade pública, deposita em Juízo o valor que entende ser o justo, mas que pode ser contestado pelo desapropriado, torna-se proprietário (é o chamado poder discricionário do governante) e depois vende através de “leilão”, conforme justificado. Sim, “leilão!”. Afastada a retórica jurídica e a manipulação das palavras, “hasta pública” nada mais é do que leilão.

VENCEDOR ANTECIPADO – Se a venda pós-desapropriação será por leilão (“hasta pública”), como garantir que o Clube de Regatas do Flamengo será o licitante vencedor? É preciso o reexame deste processo, dessa empreitada de Eduardo Paes em pleno ano eleitoral, certo de que Paes é concorrente à reeleição.

Ainda que tudo estivesse dentro da mais absoluta legalidade, o fato do negócio imobiliário acontecer em ano eleitoral, mesmo antes do período de campanha, já é o suficiente para duvidar da sua legalidade.

Ninguém pode ignorar que a conduta de Paes, ao conseguir um terreno por “desapropriação por hasta pública” para a construção do Estádio do Flamengo lhe trará muitos benefícios eleitorais. O “Mengão” e a nação rubro-negra agradecem. E muito, muito e muito.

Israel e Estados Unidos enfim iniciam “negociações cruciais” do fim da guerra 

Ministro de Israel diz que combate ao Hamas levará “mais do que vários meses”

Yoav Gallant quer munições e não promete cessar-fogo

Deu no g1

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, viaja hoje aos Estados Unidos para participar de negociações “cruciais” sobre a guerra na Faixa de Gaza contra o movimento islamista palestino Hamas e o aumento da tensão no Líbano com o grupo pró-Irã Hezbollah.

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu a aceleração do processo de desbloqueio do envio de armas e munições por parte dos Estados Unidos, aliado histórico do país, depois que o chefe de Governo israelense criticou o atraso no fornecimento nos últimos meses.

PROMESSA – Netanyahu disse neste domingo ao seu gabinete que o “desentendimento” com Washington, que critica o elevado número de civis mortos em Gaza, será solucionado em breve. “À luz do que ouvi no último dia, espero e acredito que esta questão será resolvida em um futuro próximo”, acrescentou.

Netanyahu disse ao seu gabinete que o bloqueio no envio de armas ocorreu começou quatro meses atrás, sem especificar quais armas, de acordo com a AP.

O premiê disse apenas que “alguns itens chegaram esporadicamente, mas a maioria das munições ficou para trás”. O bloqueio mostra como aumentaram as tensões entre Israel e Washington sobre a guerra em Gaza, principalmente em torno da conduta militar de Israel.

DESDE MAIO – Joe Biden, presidente dos EUA, vem atrasando o envio de artilharia pesada desde maio por conta dessas preocupações. Porém, sua administração refutou a acusação de que outros envios tenham sido afetados.

Neste momento de tensão entre Israel e Estados Unidos, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, viaja a Washington para, em suas próprias palavras, “abordar os acontecimentos em Gaza e no Líbano”.

“Nossos vínculos com os Estados Unidos são mais importantes do que nunca. Nossas reuniões com as autoridades americanas são cruciais para a guerra”, afirmou Gallant em um comunicado.

TEMOR DE PROPAGAÇÃO – A fronteira norte de Israel, com o Líbano, é cenário de aumento da violência entre o Exército israelense e o Hezbollah, aliado do Hamas, o que provoca o temor de propagação do conflito por outros países do Oriente Médio.

O grupo pró-Irã anunciou neste domingo que atacou duas posições militares no norte de Israel com drones, em resposta à morte de um de seus comandantes.

Em Gaza, os bombardeios israelenses prosseguem de modo incessante. Testemunhas relataram ataques neste domingo nas imediações e no centro da cidade de Rafah, extremo sul do território palestino, onde o Exército iniciou uma ofensiva terrestre em 7 de maio.

OUTROS ATAQUES – Também foram registrados bombardeios na Cidade de Gaza, ao norte, e tanques abriram fogo contra o campo de refugiados de Nuseirat, no centro.

O Exército israelense indicou que caças atacaram no sábado “dezenas de alvos terroristas na Faixa de Gaza, incluindo instalações militares e infraestruturas, em operações direcionadas” em Rafah.

“Os terroristas foram eliminados em combates corpo a corpo e por franco-atiradores e drones” no centro do território, acrescenta uma nota militar.

DESDE OUTUBRO – A guerra começou em 7 de outubro, quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses.

Também sequestraram 251 pessoas, das quais 116 pessoas continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 41 que teriam morrido, segundo o Exército israelense.

Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, que deixou pelo menos 37.598 mortos, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

PRESSÃO – Netanyahu, para quem Israel está travando uma “guerra por sua existência”, está cada vez pressionado no país.

Mais de 150 mil pessoas, segundo os organizadores, participaram no sábado em uma manifestação em Tel Aviv contra o governo de Netanyahu: o grupo pediu eleições antecipadas e o retorno dos reféns.

“A única forma de conseguir uma mudança aqui é retirar este governo, retirar os extremistas”, declarou Maya Fischer, uma manifestante de 36 anos, durante o protesto, o maior desde o início da guerra. “É hora de acabar com a guerra, trazer os reféns e salvar vidas, tanto do lado israelense como do lado palestino”, acrescentou.

SEM CESSAR-FOGO – As negociações para um cessar-fogo estão paralisadas. Netanyahu insiste que prosseguirá com a guerra até a destruição do Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Quase 2,4 milhões de pessoas estão aglomeradas e passando fome no estreito território palestino, segundo a ONU.

“Mais de um milhão de pessoas estão em deslocamento constante, em busca de um local seguro, mas não há nenhum local seguro no território”, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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NORA DA REDAÇÃO DO BLOG
Israel não pode manter eternamente a guerra. Por isso a viagem do ministro da Defesa a Washington é fundamental para que haja o cessar-fogo. (C.N.)

Moraes age como onipotente, censurando e ‘descensurando’ quando bem entende

Charge do Jeff (Arquivo Google)

Carlos Andreazza
Estadão

Alexandre de Moraes censurou e descensurou. A liberdade do onipotente produz relaxamentos; o “juízo de cognição sumária” baixando já sem tentativa de envernizar a ordem com Direito.

Ordenou a censura, porque pleito de Arthur Lira. Em 2019, na origem dos inquéritos xandônicos, censurara a Crusoé a pedido de Dias Toffoli. É ler as oito páginas da decisão e constatar a inexistência de outra fundamentação. Periculum in Lira.

ARREPENDEU-SE – Ordenou a descensura porque, entre os censurados, estava jornalão. Talvez tenha sabido só depois… “Ih! A Folha.” Ministro do Supremo flagrado mui à vontade para censurar distraidamente, copiando e colando trechos de censuras anteriores.

O objeto da censura ora (mais ou menos) descensurado é entrevista, de 2021, em que a ex-mulher de Lira o acusa de violências físicas e coação. Vídeo que Xandão tirou do ar, em 2024, para interromper – você já conhece o texto – a “propagação dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.

Sua intenção – ao mandar apagar relato em que uma mulher denuncia agressões – era “interromper a lesão ou ameaça a direito”. Lesionado o Direito quando juiz de corte constitucional, copiando e colando, determina supressão da palavra – ato extremo – sem argumento concernente ao caso concreto.

NOVOS CHAVÕES – Está na decisão – você já conhece o texto: “Liberdade de expressão não é liberdade de agressão! Liberdade de expressão não é liberdade de destruição da democracia, das instituições e da dignidade e honra alheias! Liberdade de expressão não é liberdade de propagação de discursos mentirosos, agressivos, de ódio e preconceituosos!”

Moraes copiou e colou e, calculando os tempos da última terça, 18 de junho, não será improvável que tenha despachado enquanto votava para tornar réus os acusados – entre os quais um deputado federal – de mandar assassinar Marielle.

O brado “liberdade de expressão não é liberdade de agressão” numa imposição censória sobre entrevista de uma mulher que acusa parlamentar poderoso de a ter agredido.

LIRA NEM É PARTE -O presidente da Câmara peticionou pela extensão da censura, em processo de que não é parte: uma reclamação da Agência Pública contra o bloqueio – mantido por Xandão – à reportagem “Ex-mulher de Lira o acusa de violência sexual”. A reclamação, instrumento para assegurar a liberdade de expressão, servindo à ampliação do arreganho.

Esse caso tramita na Primeira Turma do STF. A censura, que já dura nove meses, foi endossada por Fux e Zanin. Formada a maioria. Cármen Lúcia – outrora a juíza do “cala a boca já morreu”, que, em 2022, votou para censurar um documentário – pediu vista em abril.

Constituição é clara: Polícia Civil é uma coisa, PM é outra, com função diferente

Operação em favela de Niterói deixa policiais baleados e prejudica o  trânsito nos acessos à Ponte - Jornal O Globo

Quem sobe o morro e enfrenta os bandidos são os PMs

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Em outubro do ano passado, o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, representando a Associação de Delegados do Estado de São Paulo, pediu ao corregedor nacional de Justiça que recomendasse aos magistrados o respeito ao dispositivo constitucional que delimitou as jurisdições das polícias civis e militares.

O artigo 144 da Constituição é claro: “Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.”

POLICIAMENTO – “Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil”.

Contam-se às centenas os casos em que magistrados deferem pedidos de busca e apreensão solicitados pelas polícias militares. Mariz de Oliveira é um respeitado criminalista e já foi secretário da Segurança de São Paulo (1990-1991). Conhece de cor e salteado os dois lados do balcão.

O que ele pede é que o Conselho Nacional de Justiça recomende aos magistrados que não defiram pedidos encaminhados pelas PMs invadindo a competência das polícias civis.

JOGO JOGADO – A questão foi remetida ao Tribunal de Justiça de São Paulo e, em maio passado, seu corregedor respondeu que “em situações de urgência específicas” os magistrados podem deferir pedidos de buscas e apreensões solicitados pela Polícia Militar, sempre apoiados pelos representantes do Ministério Público.

É o jogo jogado, desde que se defina o que vem a ser uma “situação de urgência específica”. As estatísticas indicam que as palavras “urgência” e “específica” são sinônimos de negro e pobre.

Indo ao coração do problema, o juiz Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça, informou, num parecer em que repisou a clareza da Constituição:

ILEGALISMOS – “Pesquisa recente realizada pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF), a partir da análise de dados da região metropolitana do Rio de Janeiro, informa que é no cumprimento de mandados de busca e apreensão, ao lado da repressão ao tráfico de drogas e armas, retaliações por mortes ou ataque a unidade policial, recuperação de bens roubados, entre outras, que pavimentam as operações policiais que resultam em chacinas.

Ou seja, mandados de busca mal realizados e executados tornam-se instrumento e tipo de circunstância que necessariamente antecede ou desencadeia massacres, violações, abusos de todas a ordens e têm levado o país, inclusive, a condenações em cortes internacionais.”

NOVOS PARECERES – Lanfredi concluiu propondo que o corregedor Luiz Felipe Salomão recomende aos magistrados “que se abstenham de proferir decisões de deferimento de pedidos de busca e apreensão domiciliar ou de outros atos privativos de polícia judiciária e investigativa requeridos diretamente pela Polícia Militar”.

Uma decisão final ainda deverá esperar novos pareceres e será votada pelo plenário do Conselho Nacional de Justiça antes que o pedido de Mariz complete um ano.

PL antiaborto inclui estratégia de que o governo deve administrar as mentes

Nani Humor: PT QUER APOIO EVANGÉLICO

Charge do Nani (nanihumor.com)

Demétrio Magnoli
Folha

“É a economia, estúpido!”. O slogan, criado pelo marqueteiro James Carville, que orientou a campanha presidencial vitoriosa de Bill Clinton, em 1992, ficou célebre, mas era política convencional: o governo deve administrar as coisas. Há, porém, um outro tipo de ação política que desafia a tradição democrática.

O PL antiaborto não é (só) sobre aborto nem (apenas) um problema das mulheres. Avulta, atrás dele, uma estratégia política baseada na ideia de que o governo deve administrar as mentes.

ESTADO LAICO – O mundo moderno nasceu com a separação entre política e religião: Estado laico. Geralmente, com razão, aponta-se o fundamentalismo islâmico como a mais notável reação à modernidade. Arábia Saudita, Irã, Taleban —os Estados teocráticos formam uma nítida antítese à laicidade das democracias ocidentais.

Neles, a religião figura como fonte de poder indiscutível e controle social absoluto. A estratégia política do fundamentalismo cristão inveja as prerrogativas dessas teocracias.

Príncipes sauditas bebem sem parar durante suas estadias nababescas na Europa. Os políticos que pregam a moral bíblica não ligam a mínima para os mandamentos: religião, para eles, é uma escada que conduz ao palácio. O PL antiaborto não é sobre fetos, mas uma aplicação circunstancial de seu slogan eleitoral: “É a moral, estúpido!”.

BUKELE, O SALVADOR – O herói principal dessa turma não é Trump ou, muito menos, Milei. Chama-se Nayib Bukele, o tiranete salvadorenho que roubou a cena na mais recente Conferência de Ação Política Conservadora, fórum da direita global realizado em Maryland, nos Estados Unidos, em fevereiro.

Bukele emergiu na política pela esquerda, no berço do partido FMLN, migrando mais tarde para a direita, pela qual elegeu-se presidente em 2019 e, violando a Constituição, reelegeu-se meses atrás.

Há três anos, destruiu a independência do Judiciário, destituindo todos os seus juízes, o que lhe valeu um elogio ganancioso de Eduardo Bolsonaro. Os pilares paralelos de seu poder são a manipulação midiática das redes sociais e uma estreita aliança com vetores evangélicos fundamentalistas sediados nos EUA.

COM TRUMP – Os pastores Franklin Cerrato, da diáspora salvadorenha nos EUA, e Mario Bramnick, conselheiro de Trump, traçaram os contornos da aliança.

Bukele atribuiu ao Espírito Santo a profecia de que governaria El Salvador, convidou o pastor midiático argentino Dante Gebel, da River Church de Anaheim (Califórnia) para orar na sua posse e comprometeu-se a criar uma Secretaria de Valores devotada à educação moral do país.

No final de 2019, uma deputada do círculo presidencial apresentou moção que decretava a leitura compulsória da Bíblia nas escolas. Governar as mentes – eis o segredo da ditadura salvadorenha.

DEUS ESTÁ COM ELE – O trumpista Bramnick celebrou o triunfo de Bukele de 2019 numa conferência evangélica por meio de uma referência à profecia bíblica das 70 semanas:

“O tempo do cativeiro terminou. O Senhor está levantando Ciros não só nos EUA, mas na América Latina. Bolsonaro é um Ciro. Seu presidente Bukele é um Ciro. Deus está sobre ele”.

O Ciro salvadorenho desfechou o autogolpe em fevereiro de 2020, dia da invasão militar da Assembleia Legislativa, quando sentou-se na cadeira da presidência do parlamento e, mãos sobre o rosto, pôs-se a rezar. Depois, no ápice da pandemia, decretou o Dia Nacional de Oração “para pedir a Deus que nos livre desta enfermidade”.

GUERRA ÀS GANGUES – As redes sociais, os pastores e as orações ajudaram, mas a reeleição de Bukele, com 85% dos votos, refletiu a popularidade de sua “guerra às gangues” que converteu El Salvador num Estado militar-policial em perene “estado de exceção”.

A mega-prisão de Tecoluca, uma das maiores do mundo, com capacidade para 40 mil prisioneiros, retrata melhor seu regime que qualquer imagem bíblica. O PL antiaborto é só uma pedra inaugural no edifício político distópico imaginado pelos nossos fundamentalistas.

Bloqueio de perfis por Moraes é caixa-preta com sigilo e sem aval de PF e PGR

Ministro do STF dá carteirada e se recusa a passar por detector de metais  em aeroporto | Jusbrasil

Sem conseguir se defender, Moraes está engolindo em seco

Matheus Teixeira
Folha

As decisões do ministro Alexandre de Moraes que não envolvem pedidos da Polícia Federal ou pareceres da PGR (Procuradoria-Geral da República), além do sigilo imposto a inquéritos, têm impossibilitado o acompanhamento global de quantos perfis de redes sociais foram suspensos por ele — e por quais motivos.

CENSURANDO ADOIDADO – A determinação de retirar do ar uma entrevista da Folha com a ex-mulher do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se soma a outras decisões do integrante do STF (Supremo Tribunal Federal) de censurar perfis em redes sociais.

O relatório do Congresso dos EUA com decisões sigilosas do magistrado para suspender perfis de redes sociais também revelou casos que não partiam da PGR ou da PF nem passavam por esses órgãos.

Esse fato, atrelado ao sigilo de inquéritos, faz com que somente o ministro tenha condições de saber quantas contas já mandou suspender e por quais motivos. Uma das investigações mais polêmicas, a de fake news, aberta por Dias Toffoli, tem todos os documentos físicos, não digitalizados, sendo que sua totalidade só pode ser acessada por Moraes.

SEM TRANSPARÊNCIA – A falta de transparência nas decisões tem sido um dos motivos das críticas recebidas pelo ministro. Em alguns casos, ao longo de cinco anos de investigações comandadas por ele, nem PGR nem PF tiveram acesso ao conteúdo antes da ordem de providência enviada às plataformas, até mesmo em determinações envolvendo quebras de sigilo.

Como mostrou a Folha, o ministro também derrubou perfis e conteúdos apenas com base em relatório da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, órgão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), grupo que ele mesmo criou.

O modelo de comunicação de Moraes com as plataformas para dar as ordens judiciais foi exposto no material divulgado pela comissão do Congresso dos Estados Unidos comandada pelo deputado republicano Jim Jordan, ligado ao ex-presidente Donald Trump —ídolo do bolsonarismo.

FARTO MATERIAL – A documentação elenca decisões de Moraes em inquéritos em andamento no STF e decisões relacionadas à atuação do ministro no TSE.

No caso da corte eleitoral, as 22 decisões reveladas são fundamentadas e detalham os motivos da suspensão das contas ou de postagens. Nelas, alguns pedidos partem da assessoria do próprio ministro.

As notificações às plataformas via STF, no entanto, não são acompanhadas das respectivas decisões fundamentadas. Essas decisões, apontam os documentos, são relacionadas a casos como o inquérito das fake news, 8 de janeiro e milícias digitais —todos relatados por Moraes.

TUDO EM SIGILO – O ministro, nesses casos, apenas cita no documento que uma decisão foi tomada, mas é mantida em sigilo, e determina que a ordem de derrubada também seja mantida em sigilo.

Em nota, o STF afirmou que todas as decisões tomadas “são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação”. Sobre o que foi revelado pela comissão do Congresso americano, a corte informou que não se tratam de decisões, mas de “ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão”.

“Fazendo uma comparação, para compreensão de todos, é como se tivessem divulgado o mandado de prisão (e não a decisão que fundamentou a prisão) ou o ofício para cumprimento do bloqueio de uma conta (e não a decisão que fundamentou o bloqueio).”

MUITAS CRÍTICAS – A ausência das decisões tem sido criticada nos bastidores pelas plataformas. Do lado de Moraes, o entendimento é que como as plataformas são apenas o meio de divulgação, não precisam ter acesso aos documentos que fundamentam a decisão.

Advogados que representam essas empresas de tecnologia afirmam, sob reserva, que as decisões nesse sentido se acumularam durante as eleições de 2022 e logo após o pleito. Depois, o ritmo diminuiu, mas ordens judiciais desta natureza seguem ocorrendo.

Profissionais que atuam nos casos afirmam que o STF é o único tribunal do país a dar ordens do tipo sem estar acompanhada de uma fundamentação. Pessoas com conhecimento dos processos afirmam que na minoria dos casos houve decisão posterior para autorizar a retomada de perfis. A maioria, portanto, segue fora do ar.

NAS PLATAFORMAS – O relatório traz decisões relacionadas ao X (ex-Twitter), mas que também determinam a derrubada de links de outras plataformas —como TikTok, YouTube, Instagram e Telegram.

O relatório indica que foram ao menos 77 decisões tomadas no âmbito do STF pela derrubada de perfis em 2022 – em alguns casos, as contas dizem respeito à mesma pessoa, mas em diferentes plataformas.

No ano seguinte, foram suspensas das redes sociais 136 contas por ordem de Moraes nas apurações em curso no Supremo. Do total, 107 perfis foram derrubados entre janeiro e março, o que demonstra que a atuação do ministro se intensificou logo após os ataques golpistas de 8 de janeiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes agiu à margem da lei, com apoio do Supremo, e agora está pagando caro por isso. A batata dele está assando lá no Congresso americano e o ministro agora não tem como se defender. (C.N.)

Vagabundagem! Parlamentares liberados para se divertirem nas festas juninas

Lula afirma que vai sancionar projeto que libera cassinos e jogos de azar

Para Lula, não é isso “que vai salvar o país” em termos de receitas

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva, de acordo com o que foi divulgado no último sábado pelo O Globo, não deve vetar o projeto que tramita no Senado e que restabelece a liberação dos jogos de azar no país, como no tempo dos cassinos, e cuja proibição foi determinada pelo então presidente Eurico Dutra, em fevereiro de 1946, logo após ter assumido o governo no final de janeiro daquele ano.

Lula afirmou que deve sancionar o projeto de lei que propõe a legalização de cassinos e jogos de azar, como bingo e jogo do bicho, no Brasil. Para Lula, entretanto, não é isso “que vai salvar o país” em termos de receitas e geração de empregos. Em entrevista à Rádio Meio Norte, em Teresina, no Piauí, o presidente disse que, se o texto for aprovado no Congresso, com acordo entre os partidos políticos, “não tem porque não sancionar”.

RELATÓRIO – Na última semana, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, por 14 a 12 votos, relatório sobre o Projeto de Lei nº 2.234/2022, que veio da Câmara dos Deputados, onde foi aprovado, e tramita no Senado desde 2022. O tema agora deve ser remetido ao plenário da Casa.  A proposta prevê a permissão para a instalação de cassinos em pólos turísticos ou em complexos integrados de lazer, como hotéis de alto padrão (com pelo menos 100 quartos), restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos culturais.

O texto propõe ainda a possível emissão de uma licença para um cassino em cada estado e no Distrito Federal. Alguns estados teriam exceção, como São Paulo, que poderia ter até três cassinos, e Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará, com até dois cada um, sob a justificativa do tamanho da população ou do território.

REVOGAÇÃO – Hoje, 78 anos depois de a exploração de jogos de azar no Brasil ter sido proibida, tenta-se revogar a medida que através do tempo recebeu várias iniciativas, mas no fundo nenhuma delas foi à frente. Agora, vê-se mais um esforço para restabelecer o jogo. A opinião pública fica dividida em relação à liberação e à manutenção da proibição.

As bancadas do Congresso estão se mobilizando, em sua maioria, creio, para manter a proibição. Porém,  se o presidente Lula disse que não vetaria, então estará aberto um caminho para o projeto que propõe a volta dos cassinos no Brasil. Os argumentos partem de ambos os lados, e tenho a impressão que existem mais contra do que a favor. Vamos aguardar.

Um samba famoso, baseado numa carta de Pixinguinha a Mozart de Araújo

NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA - ISMAEL SILVA - Discografia  BrasileiraPaulo Peres
Site Poemas & Canções

O cantor e compositor Ismael Silva (1905-1978), nascido em Niterói (RJ), para fazer a letra de “Antonico”, inspirou-se em uma carta de Pixinguinha para Mozart de Araújo, na qual o maestro pedia ao amigo um emprego para o sambista em dificuldade. O samba “Antonico” foi gravado por Alcides Gerardi, em 1950, pela Odeon.

ANTONICO
Ismael Silva

Ô Antonico
Vou lhe pedir um favor
Que só depende da sua boa vontade
É necessário uma viração pro Nestor
Que está vivendo em grande dificuldade
Ele está mesmo dançando na corda bamba
Ele é aquele que na escola de samba
Toca cuíca, toca surdo e tamborim
Faça por ele como se fosse por mim

Até muamba já fizeram pro rapaz
Porque no samba ninguém faz o que ele faz
Mas hei de vê-lo bem feliz, se Deus quiser
E agradeço pelo que você fizer 

Ataque de Lula contra autonomia de Banco Central e Petrobras é ‘tiro no pé’

O presidente Lula durante a solenidade de posse de Magda Chambriard no cargo de presidente da Petrobras

Lula mudou a presidência da Petrobras sem haver motivos

Eliane Cantanhêde
Estadão

O presidente Lula patrocinou uma cena de ocupação da Petrobras, ao ir à posse de Magda Chambriard com a primeira-dama, sete ministros e presidentes de bancos estatais, exatamente quando aprofunda a investida sobre o Banco Central, seu atual presidente e sua autonomia, conquistada por consenso e comemorada depois de muitos anos de debates e cobranças.

O que significa? Que Lula se acha “dono” de estatais e bancos públicos e decidiu lhes impor suas crenças políticas? É uma sinalização ruim para o mercado, onde a palavra chave é sempre liberalização, mas também para setores políticos e da sociedade, onde crescem dúvidas sobre os rumos do governo e temores sobre a volta de Lula ao passado.

PALAVRAS, PALAVRAS… – Na posse, entre sorrisos e simpatia mútua, Lula fez loas à estatização e reduziu a Lava Jato, a maior operação de combate à corrupção da história, a uma ação que visava puramente “desmonte da Petrobras”, enquanto a nova presidente da companhia – foram oito presidentes em oito anos – disse em seu discurso que Lula “não quer confusão”, está “totalmente alinhada” com ele e vai manter firme a exploração de combustíveis fósseis, justificando: “o petróleo vai financiar a transição energética”. É polêmico…

Ainda bem que a ministra Marina Silva não estava lá. Não só pelo tom dos discursos, mas porque o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (cada vez mais dentro do Planalto e próximo de Lula e agente decisivo da queda do petista Jean Paulo Prates), deixou claro: a exploração de petróleo na margem equatorial do Amazonas é “a visão majoritária no governo”. Ou seja: de Lula. E às vésperas da COP em Belém.

INTERVENCIONISMOS – Enquanto Lula reafirmava no Rio, ao vivo e a cores, suas intenções intervencionistas na Petrobras, o Copom decidia em Brasília, por unanimidade, o fim, ou suspensão do ciclo de quedas dos juros. A decisão de manter a taxa em 10,5% já era esperada e foi de certa forma antecipada pelo Boletim Focus do BC nesta semana. A dúvida passou a ser se a votação repetiria os 5 a 4 do último Copom, ou seria por unanimidade. Deu 9 a zero.

Esse resultado foi interpretado como uma união do BC em defesa da instituição, da autonomia e do atual presidente, depois de Lula dizer, na véspera, que Campos Neto “trabalha contra o País” e compará-lo a Sérgio Moro.

Assim, a declaração de guerra de Lula obteve um efeito bumerangue: os quatro diretores indicados por ele votaram pela manutenção da taxa, demonstraram independência política e garantiram a unanimidade.

MAIS PALAVRAS… – Lula, porém, não se deu por satisfeito e voltou à carga no dia seguinte, declarando que “foi uma pena o Copom manter (a taxa, que vinha caindo desde agosto), porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro”.

O BC, porém, não é malvado e desalmado, apenas age tecnicamente diante de circunstâncias externas e internas, como a insegurança quanto ao desequilíbrio das contas públicas – uma responsabilidade do governo.

“O Meirelles tinha autonomia tanto quanto tem esse rapaz, mas o Meirelles era um cara que eu tinha direito de tirar”, disse Lula à Rádio Verdinha, do Ceará, comparando Henrique Meirelles, presidente do BC dos seus primeiros mandatos, e Campos Neto, deixando claro que, no fundo, no fundo, gostaria de poder demitir os presidentes do BC com a facilidade com que demitiu Prates da Petrobras. Vai crescer o movimento no Congresso para rever a autonomia do Banco Central. Mais um debate desgastante, que cai como uma luva para a oposição. O famoso tiro no pé.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Eliane Cantânhede é uma excelente analista política. Depois de receber muitas críticas, sendo acusada de “petista”, vem fazendo uma série de artigos que desnudam Lula, enquanto ele pensa que está de roupa nova, como no conto de Hans Christian Andersen. O jornalismo é assim – apoiar o que está certo e criticar o que está errado, como a jornalista Eliane Cantânhede faz, bem diferente daquela patota da GloboNews. (C.N.)

Moraes não tem como responder às indagações do Comitê da Câmara dos EUA

Moraes reforça presidência do TSE com juiz da Lava Jato e ex-ministro da  Justiça - 12/03/2022 - Poder - Folha

Moraes fez muita coisa errada e expõs o país a essa situação

Carlos Newton

Ao se recusar a responder às indagações do presidente da subcomissão de Direitos Humanos da Câmara dos Estados Unidos, deputado republicano Chris Smith, o ministro Alexandre de Moraes tenta demonstrar que o Brasil não é filial dos Estados Unidos e nossas questões internas são resolvidas sem qualquer interferência externa.

Ele está certíssimo nessa posição, pois o Brasil, como país soberano, não pode aceitar pressões de qualquer natureza, não importa se estejam certas ou equivocadas.

JOGO DOS SETE ERROS – Nesse caso, a saída via soberania e nacionalismo é a única possível, o ministro precisa ser apoiado com entusiasmo. No entanto, o affaire diplomático pode ter outra leitura. O fato concreto é que Moraes tem extrapolado seus poderes e ficou sem condição de responder negativamente a nenhuma das setes questões levantadas pelo Comitê de Direitos Humanos da Câmara americana. Se não, vejamos:

1)Existem atualmente jornalistas ou outros indivíduos cujo conteúdo está sujeito à censura prévia por sua ordem, incluindo, mas não se limitando a medidas como bloqueio de contas em redes sociais, remoção de sites ou conteúdo online, ou quaisquer outras ações que impeçam a publicação ou livre disseminação de informações?

A resposta é “sim”, porque se refere a blogueiros como Allan dos Santos e Monark.

2)O senhor tem conhecimento de quaisquer ações tomadas por uma entidade governamental que tenham dificultado jornalistas de exercer suas funções profissionais, como o congelamento de seus ativos financeiros ou a imposição de restrições às suas liberdades civis, incluindo ordens de prisão ou o cancelamento de seus passaportes?”

A resposta continua sendo “sim”, porque a pergunta também se refere a blogueiros como Allan dos Santos e Monark.

3)Algum integrante do Congresso brasileiro foi processado, investigado ou sujeito a medidas preventivas, como congelamento de bens ou restrições de viagem, devido a opiniões expressas ou ações tomadas no curso do exercício de suas funções legislativas?

A resposta também é “sim”, pois a pergunta se refere ao deputado Daniel Silveira, e Moraes bloqueou até a conta bancária da mulher dele, num ato de selvageria.

4)Em suas investigações e processos contra civis, o senhor observou o devido processo legal, incluindo fazer as devidas notificações e citações em casos de indivíduos residentes nos Estados Unidos?

Ainda é “sim” a resposta, porque Moraes age de ofício, sem permitir defesa e recurso aos atos de censura.

5) “O senhor tem conhecimento de alguma instância de repressão transnacional, incluindo o uso de agências dos EUA ou organizações internacionais operando nos EUA, como a Interpol, para assediar indivíduos atualmente em território dos EUA e sob jurisdição dos EUA?”

É “sim” a resposta, porque Moraes acionou a Interpol para prender Allan dos Santos e Monark.

6)O senhor solicitou dados ou emitiu ordens contra empresas ou indivíduos que não estão sob sua jurisdição geográfica, incluindo empresas ou indivíduos sob a jurisdição dos Estados Unidos?

Continuamos no “sim”, porque a pergunta se refere aos blogueiros.

7) “O senhor exigiu que empresas ou indivíduos dos EUA cumprissem ordens cuja legalidade é questionável sob a lei brasileira, incluindo ordens que ameaçam empresas ou indivíduos dos EUA com ações legais contra seus funcionários, com multas ou com bloqueio, proibição e/ou desconexão deles no Brasil?”

Outra resposta “sim”, em relação às empresas Rumble e X.

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CONCLUSÃO Moraes foi apanhado em flagrante, com a mão na massa. É claro que não vai responder, porque não tem mesmo como se desculpar dos atos que cometeu, não interessa se houve e há concordância do Supremo. A democracia tem dessas coisas. (C.N.)

Conversas moles e duras não precisam incluir insultos a Roberto Campos Neto

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | Veja

Janio de Freitas
Poder360

O cidadão Lula da Silva acredita em política. Acredita, e diz com frequência, que “conversando os objetivos contrários se entendem”. Acredita, portanto, em boa-fé no que se entende por meio político e em racionalidade. Aí está a parte que lhe cabe na criação dos impasses que assolam o seu governo.

O que prevalece na política brasileira são interesses marginais. O interesse público e o conceituado como interesse nacional são secundários, visto o universo político sem a individualização que localizaria exceções admiráveis.

POUCAS HORAS – As conversas com Arthur Lira, de Lula ou de Fernando Haddad, costumam surtir efeito positivo. Por horas, poucas. Depois, é esperar para ver. Em se tratando do presidente da Câmara, com domínio de chefão sobre a maioria da Casa, é um exemplo abrangente do terreno político movediço que o governo tenta atravessar.

Semelhantes nos efeitos adversos aos propósitos governamentais, as dificuldades de Lula com o Congresso e com o Banco Central se fortalecem mutuamente sem, no entanto, terem as mesmas causas e objetivos. Têm, porém, a igualdade das conversas vãs.

Já no governo Lula, o dono de um banco provocou artigos críticos ao falar de uma conversa telefônica em que o presidente do BC o consultara sobre a inflação. O banqueiro e Roberto Campos Neto, na verdade, fizeram o corriqueiro.

AMPLA CONSULTA – A taxa oficial de juros, dita Selic, é fixada a partir da consulta, pelo BC, a perto de 150 integrantes do “mercado” sobre a inflação vindoura e o desenrolar da economia.

A coleta vem a ser a base a que se junta a opinião dos dirigentes do BC, na chamada reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária. Com voz preponderante do presidente do banco.

Disso resulta a taxa Selic, que terá influência decisiva para o melhor ou pior desempenho da economia. O governo não tem poder algum sobre o montante da taxa nem recurso algum se a considerar inconciliável com suas políticas e projetos. É assim desde fevereiro de 2021, com a “autonomia do Banco Central” sancionada por Bolsonaro.

QUEM GANHA? – Está claro que a formação da decisiva taxa de juros tem influência de um amplo contingente de interessados na própria taxa. A mais significativa opinião vem do setor financeiro, cuja rentabilidade notoriamente elevada tem relação direta com taxas de juros.

Outros setores só na aparência elaborada têm vantagem em juros baixos. Com juros altos, ganham nas vendas a prazo, no acréscimo em duplicatas industriais, não faltam expedientes.

A extensão da tarefa técnica do BC a interessados na taxa de juros os torna suspeitos. Não, a priori, de má-fé. Mas porque as suas cabeças não funcionam contra os seus interesses. O que não constitui novidade no ser humano e, muito menos, nos escolhidos ao Copom por sua relação com ganhos financeiros.

SEM INSULTOS – Nem por isso insultos na batalha dos juros fazem sentido. Não consta deslize de Roberto Campos Neto que pudesse motivá-los. Mesmo como bolsonarista explícito, logo, adepto de política econômica conservadora e elitista.

Como já dito muitas vezes, o mandato de presidente do BC, indo da metade de um mandato de presidente da República à metade do mandato do presidente sucessor, foi uma idiotice interesseira. Deliberado impedimento a reduções da desigualdade social por transferência de renda.

Lula estica queda de braço e leva conflito da economia para o mundo dos ricos

Tribuna da Internet | Lula quer um Estado grande e gastador, no estilo  Dilma. mas esquece o fracasso dela

Charge do JCaesar (Veja)

Bruno Boghossian
Folha

Depois da briga com o Banco Central, Lula esticou sua queda de braço. Primeiro, deu uma entrevista em que atribuiu a manutenção da taxa de juros aos interesses de especuladores e do “sistema financeiro”. Depois, durante um evento, disse que vê os ricos “mamarem naquilo que o povo paga de Imposto de Renda”.

O choque com a elite econômica e o mercado financeiro é uma página conhecida da cartilha do presidente. Ainda assim, o petista reconheceu a voltagem daquelas declarações: “As pessoas podem dizer: ‘Mas o Lula está radical’. Eu não estou radical. Eu estou apenas tentando contar uma história para vocês”.

DOIS CONFLITOS – Lula leva para o campo político dois conflitos incômodos para o governo na economia. Um deles é a resistência do BC a um corte de juros, fator que os petistas consideram uma trava aos investimentos no país. O segundo é a pressão por um ajuste nas contas públicas com uma tesourada considerável nos gastos.

O petista atravessou a semana de mãos atadas diante de um Banco Central em que o governo é minoritário. Sabendo que seria derrotado, apontou o dedo para os nítidos vínculos políticos de Roberto Campos Neto.

E, na sequência, argumentou que a escolha do BC era uma vitória dos mais ricos. “Quem está perdendo é o povo brasileiro”, declarou.

CULPA DOS RICOS – A oposição voltou a aparecer nos comentários do presidente sobre a cobrança por um corte de despesas. “São os ricos que se empoderam de uma parte do Orçamento do país e se queixam do que você está gastando com o povo pobre”.

Lula escolheu marcar posição diante do que parecia uma capitulação do governo nesse assunto. Se o ajuste fiscal for inevitável, o petista quer ditar seus termos e reduzir ao máximo o impacto sobre sua base eleitoral.

Essa disputa política obriga o presidente a enfrentar uma amarga flutuação do mercado financeiro a cada declaração sobre o tema. Na transição, Lula afirmou que “o mercado fica nervoso à toa”. Nesta quinta (20), o dólar bateu R$ 5,46 e chegou ao maior valor de seu governo.

Há múltiplas razões para Lula querer um “troglodita” como rival em 2026

O presidente Lula veste camisa de meio candidato

Lula acha que consegue vencer Bolsonaro de novo em 2026

Francisco Leali
Estadão

Estamos quase no meio do caminho entre a última e a próxima eleição presidencial. Mas o tema vira e mexe bate na porta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele próprio lembrou nesta terça-feira, 18, que em 2026 terá 80 anos. E, segundo diz, no auge de sua vida. Como reza a regrinha básica da política, não se fala em candidatura antes da hora. Então, o petista veste a camisa de meio candidato. Por lei, tem o direito de disputar a reeleição, mas para que falar publicamente disso agora?

Foi tentando se desvencilhar da pergunta durante entrevista à rádio CBN que o presidente declarou haver “muita gente boa” com condições de ser candidato na próxima disputa eleitoral. O gesto deve ter ouriçado uns e outros. Está cheio de político naquele dilema de admitir que Lula ainda é o nome mais forte da esquerda, mas torce para a fila andar.

ANTIBOLSONARO – Ao mesmo tempo em que tenta jogar para bem longe a discussão sobre sua eventual candidatura, o presidente da República deixa claro que seu nome pode ser lembrado para garantir que o passado bolsonarista não retorne ao comando do País. Assim, Lula se apresenta, de novo, como a melhor opção ao eleitor que não embarca nos desvarios do “mito”.

O petista, como até Jair Bolsonaro já sabe, retornou ao Palácio do Planalto pela soma de votos de quem estava saudoso do Lula 1 e 2 com quem queria se livrar do bolsonarismo a qualquer custo. Embarcaram na candidatura do petista até mesmo os desgostosos com o PT.

Sem meias palavras, Lula faz aquele papel de que pode se ver obrigado a disputar de novo a eleição presidencial só para impedir “nazistas, fascistas e trogloditas” de assumirem o poder. Jair Bolsonaro segue inelegível, mas sabe-se lá se o Judiciário ainda vai mudar de ideia.

BOLSONARO EM CENA – Como o ex-presidente Bolsonaro anda percorrendo o País, abraçando gente e também fazendo pose de quem não está fora do páreo, a cena vira um convite para Lula se oferecer como o remédio, ainda que amargo para muita gente.

Há, no entanto, uma outra questão para o petista resolver: o resultado que sua administração pode obter. Ter apenas o tal “troglodita” para enfrentar não dá conta do dever de casa feito que precisará ser apresentado por Lula em 2026. O passado não servirá mais como dividendo e as cobranças de quem depositou nele suas esperanças em 2022 serão muitas.

Um presidente à deriva, que não deveria ter ficado velho antes de ficar sábio

Novas jogadas no velho tabuleiro

Presidente Lula não está bem e já não diz coisa com coisa

Eduardo Affonso
O Globo

“A gente não vai permitir que nos roubem a criação da inteligência artificial, assim como foi roubada a criação do avião. Eu desafiei os nossos cientistas”: — Vamos criar vergonha. Vai ter uma conferência nacional em julho, e vocês tratem de me apresentar um produto de inteligência artificial em língua portuguesa, criado pelos brasileiros. Porque a gente não vai permitir que nos roubem a criação da inteligência artificial, assim como foi roubada a criação do avião”. (11/6/24)

— Se o Zelensky diz que não tem conversa com o Putin, e o Putin diz que não tem conversa com o Zelensky, ou seja, é porque eles estão gostando da guerra, porque senão já tinham sentado para conversar e tentar encontrar uma solução pacífica. (13/6/24)

PLANETA MELHOR — “A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais. Certamente tentando encontrar um planeta melhor que a Terra, para não ficar no meio dos trabalhadores que são responsáveis pela riqueza deles”. (13/6/24)

Não vou permitir que este país volte a ser governado por um fascista. (18/6/24)

— Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que ajudar o país, porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está. (…) A quem esse rapaz é submetido? (18/6/24)

PETRÓLEO É NOSSO — “Não tem contradição. Temos Guiana, Suriname explorando petróleo, próximo de nós. (…) O que não dá é pra gente dizer, a priori, que vai abrir mão de explorar uma riqueza que, se for verdade (sic) as previsões, é uma riqueza muito grande para o Brasil. É contraditório? É, porque estamos apostando na transição energética. Olha, mas enquanto a transição energética não resolve nosso problema, o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo”. (18/6/24)

— Por que uma menina é obrigada a ter um filho de um cara que estuprou ela? Que monstro vai sair do ventre dessa menina? (18/6/24)

— Teve um terremoto nesse país, ou teve uma praga de gafanhoto, que veio para tentar destruir aquilo que era a realização de um sonho do povo brasileiro. Tudo isso veio abaixo, mais uma vez, com a agourância (sic) da elite. Com o falso argumento de combater a corrupção, a Operação Lava-Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobras. (…) O que estava por trás da Lava-Jato era entregar patrimônio a petrolíferas estrangeiras. (19/6/24)

INTELIGÊNCIA — “Quando eu vejo o que vocês fazem aqui na Petrobras, a inteligência humana, fico me imaginando um país como o Brasil talvez não precise de inteligência artificial porque a nossa humana é muito competente, e ela pode dar conta do recado”. (19/6/24)

— Vocês estão lembrados, quando nós começamos a fazer a Copa do Mundo, a quantidade de denúncias de corrupção nos estádios na Copa do Mundo? E muita gente inventou aí, da direita mesmo, sabe? Tudo tem que ser “padrão Fifa”. Porque o Brasil tem que dar saúde “padrão Fifa”, o Brasil tem que dar não sei o que lá “padrão Fifa”, na tentativa de desmoralizar a Copa do Mundo. E Deus é justo, nós tomamos de 7 a 1 naquela Copa do Mundo, da Alemanha, sabe? Já que é pra castigar, vamos castigar. (19/6/24)

— Eu sou da turma em que artista, cinema e novela não é para ensinar putaria. É para ensinar cultura, contar história, contar narrativas, e não para dizer que nós queremos ensinar às crianças coisas erradas. Nós só queremos fazer aquilo que se chama arte. Quem não quiser entender o que é arte, dane-se. (19/6/24)

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P.S. –
Não devias ter ficado velho antes de ficar sábio.” (William Shakespeare. Rei Lear, ato 1, cena 5.)

 

Quem se interessa pelo conhecimento humano deve ler a “História da Filosofia”, de Durant

“O Pensador”, escultura de Auguste Rodin

José Carlos Werneck

O livro “História da Filosofia”, do pensador norte-americano Will Durant é uma excelente “porta de entrada” para todos aqueles que desejam iniciar-se na matéria. Filosofia é palavra grega que significa, literalmente “amor pela sabedoria”. Ou seja, é o estudo de questões gerais e fundamentais sobre a existência, conhecimento, valores, razão, mente e linguagem, frequentemente colocadas como problemas a se resolver. O termo provavelmente foi cunhado por Pitágoras (a.C. 570 – 495 a.C.).

Considerado um clássico no tema, o livro é dividido em 11 capítulos, que abordam vida e obra de Platão, Sócrates, Aristóteles, Francis Bacon, Spinoza, Voltaire, Emanuel Kant, Schopenhauer, Herbert Spencer, Friedrich Nietzche, Henri Bergson, Benedetto Croce, Bertrand Russell, George Santayana, William James e John Dewey.

Esta obra de Durant faz um estudo bastante elucidativo e didático daqueles que se ocuparam com assunto tão relevante do conhecimento humano e fundamental na formação de estudiosos de qualquer área do Conhecimento.

OBRA FUNDAMENTAL – “História da Filosofia” surgiu como uma série da editora dos Little Blue Books (panfletos educacionais destinados aos trabalhadores) e por ser tão popular, foi republicada como um livro de capa dura por Simon & Schuster em 1926 e tornou-se um “best-seller”, dando a Durant a independência financeira que lhe permitiu deixar o magistério e começar a trabalhar nos onze volumes da” História da Civilização”, durante quatro décadas.

Sua exaustiva dedicação foi bem-sucedida, porque a “A História da Civilização” tem sido a base de outras importantes obras, como “Civilização”, do pensador britânico Kenneth Clark.

Extremamente agradável, a “História da Filosofia” é obra a ser lida por todos os que se interessam pelo conhecimento humano.