Dólar fecha em alta com mal-estar provocado por pacote fiscal

Proposta do governo não foi bem recebida pelo mercado

Pedro do Coutto

O mercado, entidade cujas ações são sempre uma incógnita, reagiu mal ao pacote fiscal apresentado pelo ministro Fernando Haddad que teria como objetivo equilibrar as contas públicas.  O dólar encerrou as negociações na última quinta-feira a R$ 5,9, após sofrer uma alta de 1,29% ao longo do dia. Mais cedo, por volta das 12h, o fôlego permitiu para a moeda norte-americana alcançar a cotação dos R$ 6.

O pronunciamento sobre o ajuste nas contas públicas também incluiu o anúncio da isenção do Imposto de Renda para quem ganha salários de até R$ 5 mil.  A previsão da equipe econômica é de que as medidas possam garantir uma economia de R$ 71,9 bilhões nos anos de 2025 e 2026 e de R$ 327 bilhões até 2030 para o orçamento público.

PEC – O governo enviará ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com impacto de R$ 11,1 bilhões em 2025, R$ 13,4 bilhões em 2026, R$ 16,9 bilhões em 2027, R$ 20,7 bilhões em 2028, R$ 24,3 bilhões em 2029 e R$ 28,4 bilhões em 2030.

Com a alta do dólar, ficou patente que o conteúdo das medidas do governo provocaram reações diversas e negativas. Mas é preciso analisar a questão com mais objetividade. As causas do endividamento brasileiro não estão no pacote fiscal ou no orçamento anual, mas no endividamento regulado pela variação da ORTN. Logo, cada ponto de incidência corresponde a um valor absoluto e é esse que está em questão na matéria de endividamento e o seu reajuste.

NÚMEROS ABSOLUTOS – Não sei porque não se publica em números absolutos o Produto Interno Bruto do país em relação ao qual o endividamento é calculado. Esse cálculo de endividamento não é aberto ao conhecimento público, embora seja fácil estimá-lo, como os números indicam. Se você tem uma dívida de R$ 560 bilhões, o percentual da taxa Selic incide sobre esse total. Mas como não se tem dinheiro para pagar os juros, o governo emite mais títulos para o mercado absorver de forma que esse lastro cubra os juros devidos.

Então, o pacote fiscal é interno, apenas referência, enquanto o endividamento real está explicado pela incidência dos juros fixados pelo Banco Central que age sobre o endividamento. Essa questão não é enfrentada pelo governo concretamente quando ele dança sobre os números do orçamento em real, não levando em consideração as despesas decorrentes da incidência da taxa Selic sobre a dívida total.

Essa sim é a verdade do problema. O que desequilibra não são os recursos orçamentários, mas é fundamental colocar-se na mesa de análise o quanto pesam os juros pagos pela dívida para rolar esses números. Portanto, é importante levar a discussão para um plano mais concreto e menos aéreo como ocorre normalmente.

A musa de olhos verdes que enfeitiçava Machado de Assis

Pin pagePaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Era também um grande poeta, que fazia versos altamente românticos, como em “Musa dos Olhos Verdes”.

 MUSA DOS OLHOS VERDES
 Machado de Assis                                          

Musa dos olhos verdes, musa alada,
Ó divina esperança,
Consolo do ancião no extremo alento,
E sonho da criança;

Tu que junto do berço o infante cinges
C’os fúlgidos cabelos;
Tu que transformas em dourados sonhos
Sombrios pesadelos;

Tu que fazes pulsar o seio às virgens;
Tu que às mães carinhosas
Enches o brando, tépido regaço
Com delicadas rosas;

Casta filha do céu, virgem formosa
Do eterno devaneio,
Sê minha amante, os beijos meus recebe,
Acolhe-me em teu seio!

Já cansada de encher lânguidas flores
Com as lágrimas frias,
A noite vê surgir do oriente a aurora
Dourando as serranias.

Asas batendo à luz que as trevas rompe,
Piam noturnas aves,
E a floresta interrompe alegremente
Os seus silêncios graves.

Dentro de mim, a noite escura e fria
Melancólica chora;
Rompe estas sombras que o meu ser povoam;
Musa, sê tu a aurora!

Inocentado pelo Planalto, Silvio Almeida agora aguarda a PF

Quem é Ednéia Carvalho, esposa do ex-ministro Silvio Almeida

Almeida com a mulher, Ednéia, que confia nele…

Carlos Newton

Causou grande surpresa na opinião pública a notícia de que a Comissão de Ética da Presidência da República considerou inocente o ex-ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos), acusado de assédio sexual pela ainda ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), arquivando o processo contra ele.

Agora, está prestes a ser concluído o inquérito da Polícia Federal que apura as mesmas denúncias. Com toda a certeza, o arquivamento da questão no Planalto pode influir na investigação da PF, pois as provas examinadas são rigorosamente as mesmas.

JÁ ERA ESPERADO – A decisão da Comissão de Ética da Presidência já era esperada aqui na Tribuna da Internet, porque desde o início estranhamos a fragilidade de uma acusação que sequer chegou a ser feita pela suposta vítima, que se escudou atrás de uma ONG.

Causou estranheza que uma mulher destemida como Anielle Franco, mãe de duas meninas, a mais velha com 9 anos, tivesse se deixado manipular.

O pior foi quando o suposto assediador Silvio Almeida exibiu as conversas gravadas, em que ficava evidente ter ocorrido um tórrido romance entre os dois. Afinal o que significa este diálogo “Quero recomeçar” e “Eu também”?

VIDA ARRASADA – A absolvição na Comissão de Ética é importante, mas não conserta os erros desse amor que terminou, digamos assim.

O inquérito está chegando ao final, só falta o depoimento de Silvio Almeida, que foi caninamente perseguido antes do julgamento, porque o ministro do Supremo está impedindo que a defesa do investigado tenha conhecimento das provas levantadas contra ele.

É um absurdo total. Uma coisa é o processo tramitar em sigilo. Outra coisa, muito diferente, é impedir que a defesa conheça as acusações. Diz o Código de Processo Civil: “O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores”.

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P.S. 1 –
Negar acesso aos autos não é Justiça nem é democracia. Portanto, o relator do inquérito, ministro André Mendonça, está seguindo os caminhos ilegais e ditatoriais de Alexandre de Moraes. É decepcionante.

P.S. 2 – Silvio Almeida é um respeitados professores de Direito, que faz carreira nos Estados Unidos e não inventa currículo. A quem interessa destruir um advogado como ele? Já perdeu o cargo de ministro, sem direito a defesa, Lula não permitiu que abrisse a boca. Agora, a Universidade onde trabalha pretende afastá-lo do quadro de professores e a editora não quer publicar suas novas obras. Sinceramente, não há amor que justifique tanto sofrimento. (C.N.)

Asteroide que ameaça a vida na Terra passará “raspando“ em 2029

Asteroide Apophis deve passar a 32 mil quilômetros de distância da superfície da Terra em 2029. Asteroide tem potencial devastador pelo seu tamanho, de 375 metros de diâmetro, mas possibilidade de colisão foi descartada.

O Apophis vai passar entre as órbitas da Lula e da Terra

Giovanna Castro
Folha

O asteroide Apophis, que tem cerca de 375 metros de diâmetro, deve passar a menos de 32 mil quilômetros da superfície da Terra em 13 de abril de 2029, podendo sofrer tremores e deslizamentos por influência da gravidade terrestre, conforme cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). O impacto deve ser tão grande, que a órbita do asteroide deve mudar após a sua passagem próxima à Terra.

“Forças de maré fortes vão comprimir e distorcer o asteroide enquanto o seu lado mais próximo da Terra será puxado em direção ao nosso planeta, mais do que no lado mais distante de nós. Isso alterará sua superfície, podendo desencadear terremotos e deslizamentos de terra, além da maneira como ele roda. O encontro também estenderá a órbita do asteroide ao redor do Sol”, afirma a ESA.

Atualmente, Apophis é membro da família de asteroides ‘Atens’, que cruzam a órbita da Terra, mas têm órbitas ao redor do Sol menores em largura total do que a da Terra. Após sua passagem próxima à Terra em 2029, a órbita de Apophis deverá ser alargada, transferindo-o para o grupo ‘Apollo’, de asteroides que cruzam a órbita da Terra, mas têm órbitas ao redor do Sol mais largas que a da Terra.

CHANCE DE COLISÃO – Apophis foi descoberto em 2004 e observações iniciais indicaram chance de colisão com a Terra em 2029, 2036 ou 2068, o que seria devastador para o planeta, pelo seu tamanho. Justamente por essa razão, à época, foi nomeado em homenagem ao Deus egípcio do caos e da destruição, Apophis.

A hipótese de colisão foi descartada posteriormente para os próximos 100 anos, a partir de estudos sobre o padrão de alterações na órbita do asteroide.

De acordo com a ESA, em 2029 Apophis ficará, por um curto período, mais próximo da Terra do que satélites de telecomunicações em órbita geoestacionária. Será a passagem mais próxima de um asteroide deste tamanho que a humanidade já soube com antecedência. Ele ficará visível a olho nu em partes da Europa, África e Ásia.

OPORTUNIDADE – “A aproximação de Apophis em 2029 representa uma oportunidade científica e de divulgação pública única. Agências espaciais e institutos científicos ao redor do mundo estão planejando usar a passagem para explorar o solo do Apophis usando telescópios e espaçonaves”

A probabilidade de impacto do Apophis com a Terra foi descoberta em 19 de junho de 2004 no Observatório Nacional de Kitt Peak, nos EUA, e ele foi identificado como um dos asteroides potencialmente mais perigosos já detectados pelo ser humano.

O risco de um impacto em 2029 seria, incialmente, de 2,7%. Isso fez com que o Apophis alcançasse a classificação mais alta já registrada na ‘escala de Torino’, método usado para avaliar a ameaça que um asteroide representa para a Terra.

ÓRBITA FUTURA – “Usando observações adicionais do asteroide, os astrônomos conseguiram descartar o risco de um impacto”, diz a ESA. Apophis foi removido da ‘Lista de Riscos’ mantida pelo Escritório de Defesa Planetária da ESA em 26 de março de 2021.

Mas “quando Apophis passar pela Terra em abril de 2029, a atração da gravidade do planeta alterará significativamente a órbita do asteroide e ampliará nossa incerteza sobre sua trajetória futura”.

Segundo a ESA, a exploração de Apophis durante a sua passagem próxima à Terra não representa risco ao planeta, mas oferece uma “oportunidade única” para estudar de perto o asteroide, nos preparando melhor para futuros asteroides que possam representar ameaça. Também a Nasa vai estudar o asteroide.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Grande notícia! O asteroide vai raspar nosso planeta, passando a 32 mil km, muito mais perto do que a Lula, que passa a 384 mil km. Por enquanto, nada de Armagedon nem Impacto Profundo. E vida que segue, diria João Saldanha, se os cientistas não estiverem errados. (C.N.)

Um vazio toma conta da minha alma, preciso ter forças para prosseguir

Imagens de Sozinho pensando sem royalties | Depositphotos

Ilustração do site DepositPhotos

Vicente Limongi Netto

Deus levou para perto dele minha amada Maria Wrilene. Partiu dormindo. Subiu para a eternidade, com flores na alma e no coração. Viveu com dignidade e alegria. Companheira dedicada, amorosa, solidária, por 54 anos.

Educada, afável, sorridente, cultivou legião de amigos. Juntos vivemos alegrias. vencemos obstáculos. Educamos nossas filhas, Joana e Carla. Acompanhamos o crescimento dos lindos netos, Manuela e Federico. A dor no peito é imensa. Respiro fundo. Gostaria que Deus também me levasse.

Wrilene era o porto seguro dos irmãos. Conselheira e amiga de todas as horas. Juntos, sempre. A perda recente da mãe dela, nossa amada Consuelo, deixou marcas profundas de saudade e lembranças no coração dela.  Clamo por forças divinas para suportar, por mais tempo, sofrimento tão grande. Um vazio tomou conta da minha alma.

A toda-poderosa Alemanha agora está desesperada, diz The Economist

Crise da economia da Alemanha com pilha de moedas de ouro | Foto Premium

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Por The Economist

O Ministério das Finanças do Estado de Baden-Württemberg, no sul da Alemanha, lar de gigantes como Bosch, Mercedes e zf Friedrichshafen, não é um local ruim para sondar as ansiedades da Alemanha. O país está dominado por temores de desindustrialização, enquanto se encaminha para uma eleição que parece certa de que o chanceler, Olaf Scholz, perderá seu cargo se seu partido não o abandonar primeiro.

O ocupante desse ministério, Danyal Bayaz, teme que a Alemanha tenha desperdiçado os “dividendos da globalização” dos últimos 15 anos, subfinanciando a esfera pública em uma era de baixas taxas de juros. Agora, enfrentando um aperto energético, a crescente concorrência da China e a perspectiva de que os Estados Unidos de Donald Trump imponham tarifas de 10% a 20% sobre as importações, o modelo de negócios do país, teme o ministro, está “entrando em colapso”.

NOVAS TECNOLOGIAS – Bayaz lamenta a incapacidade da Alemanha de lidar com as novas tecnologias, apesar de seus pontos fortes em pesquisa básica e engenharia. Ele observa que a última grande startup bem-sucedida da Alemanha foi a Sap, uma empresa de software, fundada no momento em que Franz Beckenbauer levou o time de futebol da Alemanha Ocidental à vitória no campeonato europeu de 1972.

A Alemanha tem 60 vezes mais pessoas do que a Estônia, mas apenas 15 vezes mais “unicórnios” (startups privadas que valem mais de US$ 1 bilhão).

Essa é uma ladainha conhecida. A indústria alemã, especialmente suas pequenas e médias empresas Mittelstand (termo usado na Alemanha para pequenas e médias empresas), concentrou-se na inovação incremental, deixando-a despreparada para choques tecnológicos como o advento dos veículos elétricos.

COMPLACÊNCIA – Os vínculos confortáveis entre empresas, bancos e políticos geraram complacência e resistência à reforma. A adesão dogmática às regras fiscais levou a pontes enferrujadas, escolas decadentes e trens atrasados.

O crescimento nos mercados estrangeiros engordou os lucros da Deutschland ag (e as receitas do Tesouro) por um tempo, mas esse modelo orientado para a exportação deixou a Alemanha exposta quando os ventos da globalização se tornaram frios.

Agora, a Alemanha, que no ano passado substituiu o Japão como a terceira maior economia do mundo, está colhendo os frutos. É difícil discernir qualquer crescimento líquido no PIB real desde antes da pandemia. As previsões são pouco melhores e não levam em conta os riscos de uma guerra comercial trumpiana.

GÁS DE PUTIN – A Volkswagen, a maior montadora de automóveis da Europa, está cogitando o primeiro fechamento de fábrica em seus 87 anos de história; até 30 mil empregos podem ser perdidos. O desemprego está aumentando, embora a partir de uma base baixa.

Os altos preços da energia, especialmente depois que a Alemanha teve de se desfazer do gás russo após a invasão da Ucrânia por Vladimir Putin em 2022, são uma reclamação comum entre as empresas de um país onde a manufatura ainda representa 20% do valor agregado bruto.

Isso continua sendo quase o dobro do valor da França, embora a produção industrial tenha atingido o pico em 2018 e, desde então, tenha caído mais rapidamente do que em outras partes da UE, especialmente em setores de energia intensiva, como a siderurgia.

ATÉ OS VAREJISTAS – As carteiras de pedidos estão em baixa, e os investimentos planejados foram adiados ou transferidos para o exterior. O diretor-presidente da Thyssenkrupp, uma siderúrgica deficitária, disse que a Alemanha está “em plena desindustrialização”. Até mesmo os varejistas foram atingidos.

Após a invasão da Rússia, Raoul Rossmann, que dirige uma cadeia de farmácias com sede perto de Hanover que leva o nome de sua família, percorreu suas filiais para descobrir como economizar nas contas de energia.

Outras lamentações incluem a falta de trabalhadores qualificados à medida que a Alemanha envelhece e as camadas de burocracia, muitas delas provenientes de Bruxelas, que o Instituto Ifo, em Munique, calcula que custam à economia € 146 bilhões (US$ 154 bilhões) por ano. Um desenvolvimento crucial, de acordo com Sander Tordoir, do Centre for European Reform (cer), um grupo de reflexão, é a mudança no relacionamento com a China.

EXPORTAÇÕES – Nas décadas de 2000 e 2010, a Alemanha estava perfeitamente posicionada para satisfazer o apetite chinês por seus carros, produtos químicos e widgets de engenharia de precisão: as exportações de mercadorias para a China aumentaram 34% entre 2015 e 2020, mesmo com a queda das exportações para outros países.

Ainda em 2020, a China era um importador líquido de carros, mas no ano passado se tornou o maior exportador do mundo. As empresas chinesas estão se transformando de clientes em concorrentes, passando a comer o almoço não apenas da indústria automobilística alemã, mas também do Mittelstand. “A história dos carros é emblemática, mas também se trata de máquinas e produtos químicos”, diz Tordoir.

Conforme observado por Clemens Fuest, da Ifo, a China agora responde por apenas 6% do total das exportações alemãs, aproximadamente a mesma participação da vizinha Holanda.

DEPENDÊNCIA – Mas a história da China não se resume à dependência da exportação. Tordoir e Brad Setser, economista do Council on Foreign Relations, um think-tank americano, descrevem em um artigo como o “segundo choque da China” pode piorar os problemas industriais da Alemanha.

O mercado interno da China não consegue absorver o excesso de produção de seus fabricantes subsidiados pelo Estado e, como eles buscam clientes no exterior, o superávit comercial do país explodiu. Isso apresenta dificuldades para as empresas alemãs no país e nos mercados estrangeiros.

“Os mercados dirigidos pelo Estado na China poderiam fornecer níveis irracionais de financiamento para o investimento chinês em novas capacidades por mais tempo do que a capacidade de solvência de grande parte da indústria alemã”, escreve a dupla.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os analistas esqueceram que as fábricas europeias altamente poluidoras foram reinstaladas na China depois de serem proibidas em seus países de origem. Com isso, a China se transformou num gigante industrial, recordista em poluição, que deve estar matando cerca de 8 milhões de chineses por ano, e o governo não está nem aí, deseja que morra muito mais gente, para que outros possam viver neste mundo-cão. (C.N.)

Afinal, por que Costa Neto foi indiciado no inquérito do golpe?

Valdemar Costa Neto aumenta o próprio salário para R$ 30.483

De repente, Costa Neto virou um tremendo conspirador

Milena Teixeira, Gustavo Zucchi e Igor Gadelha

O relatório final da Polícia Federal sobre o inquérito do golpe diz que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi indiciado por atuar “de forma coordenada” para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Segundo o documento, cujo sigilo foi retirado pelo ministro Alexandre de Moraes nesta terça-feira (26/11), Valdemar praticou os crimes de associação criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

QUESTÃO DAS URNAS – A PF concluiu que o presidente nacional do PL tinha “ciência da falsidade das alegações de fraude eleitoral e, mesmo assim, as utilizou para tentar anular o resultado das eleições de 2022”.

Além disso, segundo a PF, a participação de Valdemar no esquema golpista se deu, entre outras ações, por meio da “Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária” junto ao TSE questionando as urnas.

“Essa representação foi elaborada com a participação de diversos membros da organização criminosa, incluindo Carlos Rocha e Éder Balbino, com quem Valdemar mantinha contato direto”, diz um trecho do documento da Polícia Federal.

CONTATO COM JUIZ – A PF também aponta que Valdemar teve contato com o juiz federal Sandro Nunes Vieira, que atuou junto ao TSE, para discutir a possibilidade de irregularidades nas urnas eletrônicas.

“Em resumo, a PF concluiu que Valdemar Costa Neto teve um papel central na tentativa de golpe de Estado, atuando de forma coordenada com outros membros da organização criminosa para disseminar informações falsas, pressionar autoridades e criar um clima de instabilidade institucional”, diz a polícia em outro trecho do relatório.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Valdemar da Costa Neto teria atuado de forma dolosa no ajuizamento de “Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária” junto ao TSE pela agremiação partidária em novembro de 2022, a partir de ‘argumentos técnicos’ os quais tinha ciência de que eram falsos”, diz o relatório. Em tradução simultânea, fica parecendo que a força-tarefa de Moraes fez um esforço hercúleo para indiciar Valdemar Costa Neto, sem haver justificativa concreta. Indiciar por que contratou uma empresa que lhe foi indicada? Ora, teria sido muito mais decente se o indiciassem pelo “conjunto da obra”. Mas quem se interessa? Vamos voltar ao assunto.  (C.N.)

Fracasso da democracia no Brasil não a torna o pior dos regimes

Tribuna da Internet | Alguém tem de dizer a Lula e ao STF que a democracia  deve ser respeitada

Charge do Duke (O Tempo)

Mario Sabino
Metrópoles

A democracia que acaba de se salvar é que faz disparar a cotação do dólar. Depois do pacote fiscal, que de fiscal não tinha nada e que só serviu para fazer disparar a cotação do dólar, ficou mais evidente que o Brasil cresce a despeito do governo Lula, não por causa do governo Lula.

Exemplo de hoje: a taxa de desemprego divulgada há pouco, de apenas 6,2%, a menor desde 2012, deve-se, em boa parte, à reforma trabalhista feita durante o governo de Michel Temer, quem diria — reforma que jamais teria sido feita sob um governo qualquer do PT.

MAIOR SEGURANÇA – Só a reforma trabalhista já valeu o impeachment de Dilma Rousseff. Ela permitiu contratações em diversos regimes, flexibilizou as pesadíssimas obrigações trabalhistas herdadas da CLT getulista e deu maior segurança jurídica a quem emprega — e quem emprega é o empresário, não é o governo ou o sindicato, ao contrário do que pensa o petista obtuso, com o perdão do pleonasmo.

Há sete anos, o país parecia estar no rumo certo: o da recuperação econômica baseada em reformas estruturais imprescindíveis, o da privatização de estatais e o da redução da corrupção a níveis compatíveis com os da civilização.

Mas tudo foi posto a perder por Jair Bolsonaro e a reação oportunista que lhe foi muro e que tirou Lula da cadeia para recolocá-lo no poder, a pretexto de salvar a democracia.

RETROCESSO – Pegamos o trem do retrocesso. A democracia que foi salva é a democracia que fracassou miseravelmente na missão de colocar o Brasil no rol das nações desenvolvidas. É a democracia do Estado paquidérmico, do patrimonialismo e do seu corolário, o capitalismo de compadrio, do cemitério das ideias ainda assombrado pelo socialismo, do assistencialismo coronelista, da corrupção institucionalizada.

É a democracia que mantém metade da população sem esgoto no século da Inteligência Artificial. É a democracia que faz disparar a cotação do dólar.

O fracasso da democracia brasileira não a faz o pior dos regimes, porque a opção, uma ditadura de direita ou de esquerda, seria ainda mais nefasta.

MEDIOCRIDADE É META – Sem opção, temos de almejar a mediocridade, no máximo, que é sempre o melhor dos mundos por estas latitudes, haja vista também, ou principalmente, a estagnação e a queda de índices que mensuram os graus de avanço de uma sociedade, como o educacional e o tecnológico, as exceções confirmando a regra.

Vai piorar, mas rezemos que seja com certo vagar. Era para estarmos assistindo ao processo civilizatório, mas estamos diante de um processo de imbecilização. Ele está presente nas escolas, nas universidades, na cultura, na imprensa, nos debates em Brasília, nas relações sociais, todas as esferas sob o estigma de um quociente de inteligência da população que só faz cair desde 1909, não importa o regime político sob o qual padecemos, porque o esforço nesse sentido não conheceu grandes tréguas.

Em alguns momentos, entrevimos a saída. Agora, não há mais nenhuma visível.

Zelensky aguarda proposta de Trump para fim da guerra contra a Rússia

Zelensky acredita que guerra na Ucrânia 'terminará antes' com Trump | Mundo  | G1

Zelensky diz que Trump antecipará o fim dessa guerra 

Rob Picheta
da CNN

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou que a guerra contra a Rússia pode terminar no próximo ano e que está aguardando as propostas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a resolução do conflito.

“Sobre quando a guerra terminará… quando a Rússia quiser que acabe. Quando a América tiver uma posição mais forte”, afirmou Zelensky em uma conferência sobre segurança alimentar, segundo a agência de notícias estatal Ukrinform.

CAMINHO DIFÍCIL – “Não será um caminho fácil, mas estou confiante de que temos todas as chances para tal no próximo ano”, afirmou.

“Estamos abertos a propostas de líderes de países africanos, da Ásia e de Estados árabes. Eu quero ouvir também as propostas do novo presidente dos Estados Unidos. Acho que veremos [as propostas] em janeiro e teremos um plano para acabar com esta guerra”, acrescentou o presidente da Ucrâbiazzni.

DEPENDE DE TRUMP – Na semana passada, Zelensky destacou à emissora pública ucraniana Suspilne que a guerra terminará “mais rápido” quando Trump assumir como presidente.

“Devemos fazer de tudo para garantir que a guerra termine no próximo ano por meios diplomáticos”, complementou.

Trump tem lançado dúvidas sobre a continuação da ajuda dos EUA a Kiev e afirmou repetidas vezes que a guerra não teria começado se ele fosse presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enfim, surge uma esperança concreta de paz. Trump vai conseguir o cessar-fogo e surpreenderá o mundo. (C.N.)

Dos 31 ministros do STJ, 15 têm parentes que advogam no tribunal

charge miguel justiça.jpg :: Direito e (In)justiça

Charge do Miguel (Arquivo Google)

Carolina Brígido e Mateus Coutinho
do UOL

Dos 31 ministros que hoje compõem o STJ (Superior Tribunal de Justiça), 15 têm parentes que atuam como advogados em processos que tramitam na Corte. São 24 filhos, sobrinhos, enteados e esposas de ministros que assinam ações, fazem sustentação oral em plenário e são recebidos em audiência nos gabinetes. O STJ tem 33 cadeiras no plenário, mas duas estão vagas. O levantamento abrange até o último dia 19.

Levantamento feito pelo UOL aponta que, ao todo, os parentes dos ministros assinaram pelo menos 4.406 ações ajuizadas no tribunal. Dessas, 889 estão em tramitação. O número equivale a 0,3% do acervo, composto por 331.932 processos. A quantidade pode ser maior, porque os parentes de ministros podem representar clientes em ações sigilosas.

PRÁTICA VEXAMINOSA – Embora a atuação dos parentes represente um percentual baixo em relação a todos os processos que tramitam no tribunal, a prática provoca incômodo na advocacia e em autoridades, já que não é raro observar a rápida ascensão profissional dos familiares em um mercado bastante disputado.

A relação eticamente questionável entre advogados e ministros soma-se a um cenário em que a reputação do tribunal está em xeque: tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) uma investigação sobre a suspeita de venda de sentenças de ministros do STJ em um esquema que abrange servidores, advogados e lobistas.

Segundo divulgou o STF, não há até o momento elementos que atestem envolvimento de ministros do STJ no esquema.

FILHO NO PROCESSO – Um caso recente expõe a forma como os parentes de ministros são acionados . O município de Satuba, no interior de Alagoas, acionou a Justiça Federal em Brasília em 2018 contra a ANP (Agência Nacional do Petróleo) para ampliar os valores de royalties a que teria direito por sediar em seu território uma parte do chamado Campo de Pilar, onde ocorre exploração de petróleo e gás natural.

O município saiu vitorioso na primeira instância e no TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, mas a ANP recorreu das decisões e o caso foi enviado ao STJ em 2023. Até chegar ao tribunal, o escritório que representava o município incluiu outros advogados na ação, por meio do chamado substabelecimento – isto é, quando um escritório dá poderes para outros advogados também atuarem no caso, como se fosse uma “subcontratação”.

Foi em um destes substabelecimentos que o filho do ministro Humberto Martins, Eduardo Martins, entrou no caso, em outubro de 2020, quando a ação ainda estava no TRF-1. Ele não chegou a assinar os recursos, mas, quando o caso subiu ao STJ, o advogado que atuava desde o começo no processo deixou a causa e a entregou a outros em novembro de 2023.

SEM HONORÁRIOS – Ao fazer isso, na prática, ele abriu mão de receber os honorários que poderia ganhar em processo no qual atuava havia cinco anos.

Em março, véspera de tomar posse como desembargador no TRF-1, Eduardo Martins renunciou ao caso. Ao fazer isso, declarou que designou a irmã Luísa Martins e outros dois advogados para assumirem o processo. A medida é pouco usual, já que, ao renunciar ao caso, o advogado perde o poder de atuar nele e de indicar outras pessoas.

Passados seis anos do início da ação da prefeitura, o caso aguarda julgamento no STJ. O município é defendido por uma equipe de advogados diferente da que conduziu as ações ao longo de cinco anos. A filha de Humberto Martins só entrou no caso após ele chegar à Corte.

SEM MENCIONAR – O processo chegou a ser distribuído para o ministro e ficou no gabinete dele de março a novembro de 2023, quando ele pediu para outro colega atuar no processo, sem mencionar que seu filho estava na equipe de defesa.

Parentes de ministros que advogam no STJ já protagonizaram escândalos. Em 2020, Eduardo Martins foi alvo de uma investigação da Lava Jato com outros advogados sob a acusação de tráfico de influência.

O grupo foi citado na delação de Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio do Rio. Eduardo Martins foi acusado de receber R$ 82 milhões para influenciar decisões do STJ.

ANULAÇÃO – No ano seguinte, a investigação foi anulada pela Segunda Turma do STF. Os ministros ponderaram que a investigação deveria ter sido conduzida pela Justiça Estadual, e não pela Justiça Federal, além de os mandados de busca e apreensão não terem o detalhamento das justificativas.

Livre das acusações, Eduardo Martins foi nomeado em março deste ano pelo presidente Lula desembargador do TRF da 1ª Região. As duas irmãs dele continuam advogando no STJ.

Procurado pelo UOL, o desembargador não comentou o assunto. Quando foi alvo da delação, ele se defendeu dizendo que era inocente.

PARENTADA – Francisco Falcão é o ministro com mais parentes atuando no STJ. São três filhos e um enteado. Em seguida vem Luis Felipe Salomão, com dois filhos e um sobrinho. Entre os parentes que advogam, quem tem mais ações ajuizadas no STJ é a advogada Anna Maria Trindade dos Reis, esposa de Sebastião Reis Júnior, com 145 processos em tramitação hoje. Ela atua na Corte desde 1990. O marido tomou posse como ministro apenas em 2011. (Leia mais ao final do texto).

Há filhos de ministros que se apresentam como especialistas em tribunais superiores. Catarina Buzzi, filha de Marco Buzzi, tem pós-graduação em direito eleitoral e cursa pós-graduação em direito marítimo.

Mas, na página oficial de seu escritório, informa que sua prática hoje está focada em direito penal “especialmente em casos envolvendo tribunais superiores”.

IMPEDIMENTO – Atualmente, o sistema do tribunal deixa registrado quando um parente de ministro atua como advogado e alerta sobre qual ministro deve estar impedido. Ainda assim, a atuação de parentes eventualmente causa mal-estar interno.

Em caráter reservado, um ministro do STJ disse ao UOL que o tratamento acaba sendo diferenciado quando recebe em seu gabinete o filho ou a esposa de um colega.

“Os filhos acabam sendo recebidos de forma mais desarmada. Por mim, pelo menos”, confessa. É comum ver esses advogados chegarem ao tribunal e serem recebidos por ministros sem agendamento prévio. Eles também têm acesso privilegiado aos integrantes do tribunal em festas em Brasília, onde são presença frequente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Ora, se no Supremo as leis que preveem impedimento de ministros estão completamente desmoralizadas, pois apenas Cristiano Zanin costuma se dizer impedido, por que seria diferente no STJ? E ainda chamam isso de Justiça. (C.N.)

Entre Lula e Bolsonaro, a melhor escolha é “nenhum dos dois”

O que uniu Lula e Bolsonaro, no caso da prerrogativa de nomear o  diretor-geral da Polícia Federal - Tribuna da Imprensa Livre

Charge do Iotti (Gaúcha/Zero Hora)

Fabiano Lana
Estadão

Frente ao evidente golpismo e delinquência de Jair Bolsonaro e as ideias quase suicidas do Partido dos Trabalhadores em conduzir a economia brasileira, a história vai mostrar que aquela pessoa, em minoria, que se horroriza com ambos os lados e há décadas escolhe pelo menos pior tem razão sobre os desatinos do Brasil: o eleitor isentão (ou isentona).

Do ponto de vista dos espectros mais radicais da chamada polarização, o isentão é um covarde, que não se compromete, que permite que o lado do inaceitável vença. Mas a verdade é que o isentão sabe que o Brasil tem sido dominado há tempos por duas forças políticas antagônicas que se deixadas sem controle são capazes de causar um dano mortal ao país.

NÃO AO BOLSONARISMO – Lula e Bolsonaro foram escolhas dos ‘isentões’ no segundo turno das últimas eleições presidenciais, mas não agradam a eles.

O caso do bolsonarismo é bastante indubitável. Um bando de gente de maus modos e sem qualquer apreço pela democracia. Que de sua cúpula ao militante da porta de quartel sonham com uma intervenção militar. Que tentaram minar uma qualidade dos brasileiros: a abertura às vacinas e aos progressos da ciência.

Que falam em liberdade, mas o que quer mesmo é um país com valores teocráticos (a ex-primeira Dama Michelle já admitiu isso). Que gostam de falar que são conservadores, mas, longe disse, são apenas reacionários, paranoicos, conspiratórios e intransigentes.

NÃO AO LULISMO – No caso do Partido dos Trabalhadores a aliança atual com as instituições é apenas circunstancial. Quando houve o escândalo e aqueles bilhões desviados revelados pela Lava Jato, não tiveram pruridos de ir ao ataque contra o Judiciário, a imprensa, as elites (e tudo mais que o bolsonarismo hoje também odeia).

Mas a questão petista é mais complexa. Como o atual ministro da Fazenda Fernando Haddad tem aprendido a duras penas, há dentro do Partido dos Trabalhadores uma resistência enorme ao conceito de economia ajustada.

Com a estridente liderança da atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não se preocupam tanto com déficits públicos ou aumento da dívida. Nunca se recuperaram da queda do Muro de Berlim em 1989, e vivem em um passado distante e inviável.

ECONOMIA IDEAL – O grande problema e que já vivemos essa “economia ideal” sonhada pelos petistas. Foi durante o governo de Dilma Rousseff, que Lula sabiamente soube enviar para milhares de quilômetros de distância em um bom cargo de banqueira internacional (todo dia ele deve agradecer ao aspone que teve a ideia).

Mas a gestão Dilma, com seus devaneios de um Estado a controlar toda a economia, teve a corrupção dos grandes contratos públicos, aumento cavalar da dívida, e leniência com os controles inflacionários.

O resultado, como sabemos, foi a explosão da inflação, do desemprego, das taxas de pobreza (após os avanços permitidos pela boom das commodities/políticas de transferência direta de renda), escândalos morais, rebelião no Congresso, impeachment, um mandato tampão de Temer (que até tentou controlar as contas, mas que naufragou frente ao ritmo frenético de destruição institucional) e, finalmente, a eleição de Bolsonaro a surfar numa onda gigantesca de antipetismo/antipolítico.

VOTO DO ISENTÃO – Bolsonaro teve o voto do tal isentão em 2018? Infelizmente, talvez sim, de alguns deles, mesmo que fosse com o nariz tapado, até porque do outro lado só se via o caos.

Mas o tal isentão também ficou apavorado com Bolsonaro. Possivelmente votou em Simone Tebet em 2022. E, no segundo turno, deu uma chance a Lula (o ex-presidiário), porém tomado por melancolia e mesmo desespero, querendo se livrar do capitão maluco, inconsequente, perigoso e obtuso.

Antes de decidir em quem votar o isentão teve que se tornar uma espécie de sommelier de criminosos/insensatos. Os que não votaram nulo tiveram que decidir, em suas cabeças, por opção de quadrilha menos letal ao país. Esse tem sido o sentimento desse ser politicamente solitário – fora a leve irritação com uma primeira-dama deslumbrada e boquirrota.

AJUSTE FISCAL – O isentão também sabe que, se o presidente Lula não cuidar direitinho da economia, se resolver ouvir o canto da sereia do petismo raiz, seu mandato será uma espécie de Dilma 3, com consequências já sabidas – um voo de galinha do crescimento seguido por anos e anos de depressão.

Mesmo com uma retórica esquerdista como nunca, Lula parece, até agora, resistir ao populismo rastaquera. Aguardemos Godot, quer dizer, o doloroso mas necessário ajuste fiscal anunciado pela equipe econômica.

Como observador, cético, cansado, desanimado, o isentão (ou isentona) só espera, na verdade, esse ciclo vicioso terminar e opções de governo viáveis e mais sensatas aparecem no horizonte. Em geral é um derrotado eleitoral no que quer para o Brasil, mas a razão está com ele.

Dólar alcança R$ 6 depois de medidas de contenção de gastos e isenção de IR

Charge do Baggi (jornaldebrasilia.com.br)

Pedro do Coutto

A subida do dólar em consequência do pacote de medidas anunciado pelo governo  é muito boa para os exportadores, inclusive a Petrobras que exporta petróleo bruto. Porém, é muito negativa para os importadores de produtos refinados, a exemplo da gasolina e do gás, pois as despesas serão maiores que as previstas. Resta saber se uma coisa compensa a outra e qual a incidência isso terá na economia.

Após bater o recorde de R$ 5,91 na cotação de fechamento nesta quarta-feira, o dólar comercial abriu as negociações na manhã desta quinta-feira em forte alta, de mais de 1,4%, e chegou a ser negociado a R$ 6 às 11h22, na máxima do dia.

PACOTE – O valor supera a máxima histórica intraday (enquanto as negociações estão abertas), quando alcançou R$ 5,97 em 13 de maio de 2020, auge da pandemia. Na véspera, a moeda americana subiu com força diante da informação de que o aguardado pacote de medidas de cortes de gastos viria acompanhado com o anúncio de que o governo vai isentar de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil.

Os analistas avaliaram que a medida terá um impacto fiscal que vai erodir parte da redução de gastos prevista nas outras medidas. E, ainda, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu enfraquecido de um embate dentro do governo, prevalecendo a visão de que era preciso politicamente mostrar que o presidente Lula também iria cumprir sua promessa de campanha sobre o Imposto de Renda.

“BALA DE PRATA” – Durante o anúncio das medidas ontem, o ministro Fernando Haddad afirmou que não acredita em “bala de prata” e que o mercado financeiro precisa fazer uma releitura e colocar em xeque “profecias não realizadas” em relação a projeções de crescimento econômico e de resultado primário. “O mercado tem que fazer releitura do que o governo está fazendo. Tanto no crescimento quanto no déficit o mercado errou “, disse, afirmando que o ajuste não se encerra com o pacote.

O que pode ter causado essa elevação abrupta do dólar é a taxação dos supersalários e a isenção de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Essa compreensão do problema talvez tenha causado a subida da moeda americana, sobretudo porque o pacote apresentado pelo ministro Fernando Haddad inclui a taxação sobre os supersalários.

Admitamos que alguém ganhe R$ 60 mil por mês, o IR incidirá apenas sobre R$ 55 mil, porém há um acréscimo que será será efetivado ao que tudo indica. O que ganham os supersalários temem é uma taxação muito maior, daí o refúgio do dólar que não está sujeito à incidência desse tipo. A incógnita fica no ar, refletindo-se no valor do dólar.

“Borandá”, a saga do retirante da seca, na composição de Edu Lobo

Prestes a chegar aos 80, Edu Lobo celebra marcas do seu legado musical -  Sesc São Paulo : Sesc São Paulo

Aos 80 anos, Edu continua fazendo shows

Paulo Peres
Poemas & Canções

O arranjador, instrumentista, cantor e compositor carioca Eduardo de Góes Lobo compôs “Borandá” (conjunção de “embora andar”), estilo bossa-protesto, onde também aparece o verso “Vam’borandá” (conjunção de “Vamos embora andar”).

A letra da música retrata a procura do homem do campo por uma vida melhor na cidade. “Borandá” foi gravada no LP A música de Edu Lobo por Edu Lobo, em 1964, pela Elenco/Polygram.

BORANDÁ
Edu Lobo

Deve ser que eu rezo baixo
(Pois meu Deus não ouve, não)
É melhor partir lembrando
Que ver tudo piorrar

Vam’borandá, que a terra
Já secou, borandá
É borandá, que a chuva
Não chegou, borandá

Já fiz mais de mil promessas
Rezei tanta oração
Deve ser que eu rezo baixo
(Pois meu Deus não ouve, não)

Borandá, que a terra (…)

Vou-me embora, vou chorando
Vou me lembrando
Do meu lugar

É borandá, que a terra (…)

Quanto mais eu vou pra longe
Mais eu penso sem parar
Que é melhor partir
Lembrando
Que ver tudo piorar

Borandá, borandá, borandá
Vam’borandá

Bolsonaro apela ao Supremo: “Por favor, vamos partir para a anistia”

Bolsonaro, sobre STF: 'Sou a cereja do bolo, querem minha cabeça'

Abatido, Bolsonaro entrega o pontos e pede arreglo

Deu na Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reiterou o apelo pela anistia nesta quinta-feira (28), negou as acusações referentes ao relatório final da Polícia Federal sobre a trama golpista de 2022 e disse ter discutido ações com militares (como decretação do estado de sítio, estado de defesa e uso do artigo 142 da Constituição) após as eleições daquele ano.

Ele afirmou para a revista Oeste que apenas um perdão aos excessos cometidos na escalada antidemocrática que culminou nos ataques golpistas de 8 de janeiro pode pacificar o país, comparando o momento com a promulgação da Lei de Anistia de 1979, no fim da ditadura militar.

ELOGIO A LIRA – Bolsonaro ainda elogiou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pela atitude após o indiciamento pela PF do deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS), que tinha criticado um delegado federal em discursos na tribuna da casa.

“Para nós pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder. Quem tem que ceder? O senhor Alexandre de Moraes. A anistia, em 1979: eu não era deputado, foi anistiada gente que matou, que soltou bomba, que sequestrou, que roubou, que sequestrou avião, e ‘vamos pacificar, zera o jogo daqui para frente’. Agora, se tivesse uma palavra do Lula ou do Alexandre de Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido. Não querem pacificar? Pacifica”, afirmou o ex-mandatário.

APELO REPETIDO – “Eu apelo aos ministros do Supremo Tribunal Federal, eu apelo. Por favor, repensem, vamos partir para uma anistia, vai ser pacificado”, concluiu.

O ex-presidente disse ter ficado feliz com a declaração de Michel Temer (MDB) minimizando as revelações da PF sobre a trama golpista e reiterou a tese de que “ninguém vai dar golpe com um general da reserva, quatro oficiais e um agente da Policia Federal”.

Ele também chamou o relatório da corporação de “peça de ficção” e voltou a falar sobre as conversas no fim de seu governo. Disse que discussões com os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica ocorreram após Moraes, então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), multar o PL em R$ 22 milhões por questionar parte das urnas eletrônicas no segundo turno.

ARTIGO 142 – “Você vê até os depoimentos dos comandantes de Força. Eles falam que o Bolsonaro discutiu conosco hipóteses de [artigo] 142, de estado de sítio, de estado de defesa. Eu discuti, sim, conversei, não foi uma discussão acalorada.”

Ele continuou: “Porque quando nós peticionamos ao TSE em novembro de 2022, baseado na ação, peticionamos com advogado, em poucas horas o ministro Alexandre de Moraes —presidente do TSE— indeferiu, arquivou e nos deu uma multa de R$ 22 milhões, nós conversamos: se a gente for recorrer, a multa passa para R$ 200 milhões. Quem sabe até cassa o registro do partido. Vamos buscar outra maneira”, disse, lembrando as qiatro linhas:

 “O que que sobrou para a gente? Sobrou as quatro linhas [da Constituição]. Eu sempre joguei dentro das quatro linhas. O que que tem aqui dentro para gente ver o que a gente pode buscar aí mostrar os erros do sistema eleitoral. Rapidamente viu que não tinha sucesso. Não tinha, esquece, abandona.”

PERSEGUIÇÃO – Bolsonaro também comparou a sua situação com a de perseguidos políticos na Venezuela, Nicarágua e Bolívia.

“Querem arrumar uma maneira de me tirar de combate. Alguns acham até que não é nem tornar inelegível por mais tempo ou uma condenação. Querem é executar. Vou acabar sendo um problema para eles trancafiado.”

Sobre o indiciamento de Van Hattem, o ex-mandatário afirmou ver como positiva a atitude de Lira ante o indiciamento do congressista. Disse ser necessário fortalecer a Câmara diante de, na visão dele, uma omissão do Senado, e negou ser possível esperar comportamento semelhante de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Bolsonaro afirmou também que a imunidade parlamentar prevê a isenção de sanções a qualquer opinião ou voto de um deputado ou senador. “Eu tenho uma rede com pouco mais de cem deputados e eu falei para eles lá: ‘nos meus bons tempos de deputado federal eu estaria elogiando agora o Arthur Lira’, eu mandei para os parlamentares, vários subiram à tribuna e fizeram elogios a ele”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sem condições de se defender, Bolsonaro joga a toalha e dá uma bela brochada, pedindo arreglo ao Supremo. Sua saída de cena será proveitosa para direita, que pode pensar em escolher um candidato melhor qualificado, para representá-la em 2026. (C.N.)

Bolsonaro pensou (?) que “usaria” os militares e “foi usado” por eles

Bolsonaro regulamenta agrado para militares e cria novas despesas

Bolsonaro achava que poderia “comprar” os militares

Carlos Newton

A imprensa segue no estardalhaço da análise do relatório sobre o golpe, atribuindo-o erradamente à Polícia Federal, quando na verdade ele foi inteiramente redigido no Supremo pela força-tarefa do ministro Alexandre de Moraes, formada por desembargadores, juízes auxiliares, advogados, assessores, delegados e agentes federais.

A autoria do relatório é falsamente atribuída à Polícia Federal, que apenas assinou a peça, na forma da lei, porque o trabalho não poderia ser enviado pela força-tarefa, comandada pelo desembargador Airton Vieira e pelo delegado federal Fábio Shor, porque no caso a função de investigar é privativa da PF.

VALE O ESCRITO – A autoria é importante, porque se o relatoria fosse da própria Justiça Federal, não conteria os erros bisonhos causados pela “criatividade” que o ministro Moraes impõe à força-tarefa, conforme ficou provado em gravações de conversas no WhatsApp, nas quais o ministro pede que seus auxiliares forcem a barra contra determinados suspeitos sobre os quais não havia provas. E a palavra usada por Moraes foi justamente “criatividade”.

Detalhe importante: nada disso é novidade, tudo isso foi divulgado com destaque pela Folha. Mas a imprensa tem pouca memória e o país não tem nenhuma.

Agora, em excelente matéria de Daniel Gullino e Renata Agostini, O Globo descobre no relatório que os comandantes das Forças Armadas se reuniram 14 vezes com Bolsonaro após derrota na eleição e enquanto golpe era debatido.

ANTIPETISTAS – Não causa surpresa. A imensa maioria dos chefes militares é totalmente antipetista. A substituição derradeira dos comandantes, em março de 2022, já no caminho do golpe, foi feita escolhendo a dedo os oficiais mais claramente bolsonaristas.

Assim, desde sempre o general Freire Gomes, o brigadeiro Baptista Júnior e o almirante Almir Garnier foram adeptos do golpe, caso houvesse fraude na eleição. Mas isso não aconteceu, apesar dos esforços do pseudo especialista Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, contratado pelo PL para questionar a eleição.

O golpe só falhou, porque o relatório de Rocha foi torpedeado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mudando totalmente o quadro da conspiração.

CONSULTA PRÉVIA – Inseguros, os comandantes tiveram de consultar os Altos-Comandos, mas o único que interessa é o do Exército. “Cinco não querem, três querem muito e os outros zona de conforto. Infelizmente”, disse o coronel golpista Reginaldo Vieira de Abreu, sobre os 16 integrantes do Alto-Comando.

Foi assim que o sonho acabou. Se o relatório do tal Instituto Voto Certo tivesse um mínimo de credibilidade, o golpe seria dado tranquilamente, nem precisaria de tropas nas ruas, porque os militares odeiam Lula da Silva e tudo o que ele representa, por ser amigo dos amigos e ter montado um Supremo francamente favorável à corrupção, que envergonha o país no exterior.

Bolsonaro não teve coragem de dar o golpe, porque  seria preso. Ele sabe que o principal poder nesse país é o Alto-Comando do Exército. Mesmo assim, sonhou (?) em contestar a hierarquia e se deu mal, muito mal, mesmo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na esperança de usar os militares, Bolsonaro fez o possível e o impossível para lhes agradar. Contratou 6 mil oficiais e suboficiais da reserva, elevou os soldos e gratificações ao teto, criou uma série de penduricalhos de altos valores e acabou por promover os generais a marechais, cargo que só existe em tempo de guerra. Assim, ao invés de o presidente usar os militares, foram os militares que o usaram. Hoje, Braga Netto é marechal, mas se diz general, para não dar na vista. O resto é folclore, como dizia Sebastião Nery. (C.N.)

Pablo Marçal aparece filiado ao PT e Gleisi diz que vai expulsá-lo

Pablo Marçal: os processos contra empresas do candidato — 'Trabalho de  domingo a domingo' - BBC News Brasil

Pablo Marçal considera uma ofensa sua filiação ao PT

Augusto Tenório
Metrópoles

Presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann afirmou que vai retirar Pablo Marçal do partido. Crítico da esquerda, o ex-coach consta como filiado à legenda no sistema oficial do Tribunal Superior Eleitoral.

O empresário, que semana passada anunciou que se filiaria ao União Brasil, afirma que “acionará a Justiça” para sair da sigla.

DISSE GLEISI – “Vamos desfazer. Na Justiça, [Marçal] não consta mais [como filiado], mas no sistema [do TSE] realmente tinha. Infelizmente, em sistema aberto de filiação, acontece isso”, disse Gleisi Hoffmann à coluna. Já o ex-coach afirmou: “Fiquei sabendo dessa loucura. Vamos anular isso na Justiça”.

Secretários do PRTB, partido pelo qual Pablo Marçal disputou a eleição municipal, acreditam que o caso é fruto de uma ação hacker ou do uso irregular dos dados do ex-coach.

Após a publicação da reportagem, Marçal complementou sua fala por meio de nota enviada pela assessoria: “Certamente é uma manipulação orquestrada para me tirar da pesquisa desta semana. Estão desesperados com meu crescimento e querem eliminar a concorrência para 2026”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGQuando o PT foi criado, era preciso que a filiação fosse averbada por outro sócio e nas reuniões eram feitas autocríticas, para que o partido pudesse evoluir . Agora é uma esculhambação tamanha que até Pablo Marçal aparece como filiado. Ele também ficou furioso e disse que sua filiação ao PT é uma ofensa, uma vergonha pessoal. (C.N.)

STF inventa “bolsonarismo qualificado” e apaga graves crimes de corrupção

A culpa é do STF

Charge do Duke (O Tempo)

J.R. Guzzo
Estadão

O jornal The New York Times, tido como o Alcorão da correção política e do avanço civilizatório mundiais, acaba de publicar uma reportagem dizendo para o resto do planeta o que os brasileiros já sabem de cor: o STF anula em massa crimes confessos das empresas comprovadamente mais corruptas do Brasil, e devolve a cada uma delas o dinheiro que roubaram. Justo agora, quando o mesmo STF diz que continua salvando o país de um golpe militar devastador? Justo agora.

Há duas perguntas a respeito do tema. Primeira: o New York Times é um jornal bolsonarista? Segunda: um STF apontado, com base nas sentenças que assina, como o maior incentivador da corrupção no mundo pode ser levado a sério em alguma coisa?

COMO FICA? – O artigo 1º. da Constituição Federal brasileira, conforme ela é executada hoje pelos ministros, estabelece que qualquer objeção ao STF tipifica o delito de bolsonarismo qualificado. Mas no caso não é assim, obviamente. Como fica?

Nossa “suprema corte” colocou o Brasil numa situação inédita em toda a sua história. Só a Odebrecht e a Braskem, só elas, confessaram nos Estados Unidos sua culpa em crimes de corrupção ativa, e aceitaram pagar 3,5 bilhões de dólares de multa.

No Brasil a mesma Odebrecht e a JBS fizeram exatamente a mesma confissão, e jamais retiraram uma sílaba de tudo o que confessaram. Mas aqui, por decisão do STF, e só dele, recebem de volta todo o dinheiro que prometeram pagar para sair da cadeia.

FORA DA LEI – Os fatos descritos acima são apenas isso – fatos concretos, certos e consumados às vistas do público. Está acima de qualquer discussão, também, que o STF e a Polícia Federal violaram objetivamente a lei, em mais de uma ocasião, para executar desejos políticos. Basta ver, para ficar num caso só, o que estão fazendo com o ex-assessor presidencial Filipe Martins. É uma fotografia da Justiça brasileira de hoje.

Martins ficou seis meses preso sob a acusação de ter ido para os Estados Unidos se esconder de crimes que, segundo a PF, teria cometido ou iria cometer.

O suspeito provou, com passagem de avião, recibos do Uber e localização geodésica do seu celular, que tinha para Ponta Grossa, e não para a Flórida – e que o documento da sua suposta entrada nos EUA foi falsificado por um funcionário da Imigração americana. É acusado agora de não ter ido. Para a PF, ele teria “forjado” a viagem para embaralhar as “pistas”. É esse o nível.

PROBLEMAS SÉRIOS – Uma democracia está com problemas sérios se depende, para a sua sobrevivência, deste tipo de tribunal supremo e deste tipo de polícia.

Hoje é obrigatório mostrar fé cega na PF e no STF, mesmo quando ela diz que um documento crítico para provar o golpe ora em apreciação não pode ser exibido por que foi “rasgado” – ou quando o presidente da Corte afirma que um grupo de magistrados que apaga crimes confessos de corrupção “recivilizou” o Brasil.

Isso faz nexo, no mundo do pensamento racional?

Bolsa derrete (-2,40) e dólar sobe (+1,30) reagindo ao pacote fiscal

Ibovespa fecha no vermelho, com liquidação global; Bradesco se salva com mais 7%

O governo Lula e o mercado não falam a mesma língua

Daniel Rocha
Estadão

O índice da Bolsa de Valores caiu 2,40, aos 124.781 pontos, enquanto o dólar encerrava as negociações desta quinta-feira (28) a R$ 5,99, após sofrer uma alta de 1,29% ao longo do dia. Mais cedo, por volta das 12h (horário de Brasília), o fôlego permitiu para a moeda norte-americana alcançar a cotação dos R$ 6.

A disparada se deve ao descontentamento do mercado com a proposta de ajuste fiscal, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em rede nacional na noite desta quarta-feira (27).

IMPOSTO DE RENDA – O pronunciamento sobre o ajuste nas contas públicas também incluiu o anúncio da isenção do imposto de renda (IR) para quem ganha salários de até R$ 5 mil. “O mercado não gostou dos detalhes da coletiva sobre o pacote e da divulgação conjunta da medida do IR, inflacionária, e pede mais prêmios nos juros também. A Selic pode subir mais que o esperado”, comenta Guilherme Esquelbek, gerente de câmbio da corretora Correparti.

A previsão da equipe econômica é de que as medidas possam garantir uma economia de R$ 71,9 bilhões nos anos de 2025 e 2026 e de R$ 327 bilhões até 2030 para o orçamento público.

Segundo informações do Broadcast, o governo enviará ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com impacto de R$ 11,1 bilhões em 2025, R$ 13,4 bilhões em 2026, R$ 16,9 bilhões em 2027, R$ 20,7 bilhões em 2028, R$ 24,3 bilhões em 2029 e R$ 28,4 bilhões em 2030.

EXPECTATIVA – O resultado sobre a proposta de ajuste fiscal estava no radar do o mercado financeiro desde outubro, quando a equipe econômica do governo informou que estava preparando medidas para reduzir as despesas públicas.

A expectativa dos analistas era de que o Executivo entregasse uma corte de gastos de pelo menos R$ 50 bilhões, além de correções nas despesas obrigatórias e discricionárias no orçamento público, como mostramos.

Mas o pacote teve outras prioridades.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Com sua notória irresponsabilidade fiscal, Lula da Silva segue na luta para transformar o Brasil numa imensa Argentina. (C.N.).

Ligação do 8 de Janeiro com o plano golpista ainda não convence

imagem estilizada do dia dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro feita pela arte para ilustrar documentário -- Metrópoles

Imagem estilizada dos ataques feitos em 8 de Janeiro

Mario Sabino
Metrópoles

É inconvincente a parte do relatório da PF que tenta ligar o 8 de Janeiro de 2023 ao plano de golpe de Estado dos kids pretos. A julgar pelo mesmo relatório e pelas provas nele incluídas, já estava claro para os golpistas, em meados de dezembro, que o Alto Comando das Forças Armadas não embarcaria na aventura e que, portanto, ela era impossível.

Em mensagem de 8 de dezembro de 2022 ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o general Mário Fernandes afirmou que “a gente não pode perder a oportunidade”, porque “a partir da semana que vem, eu cheguei a citar isso para ele (Jair Bolsonaro), das duas uma, ou os movimentos de manifestação na rua, ou eles vão esmaecer ou vão recrudescer. Recrudescer com radicalismos e a gente perde o controle, né?”.

SEM GOLPE – O fato é que a manifestação recrudesceu mesmo com radicalismo, como protesto por seus participantes não terem conseguido promover uma quartelada. O 8 de janeiro ocorreu porque não houve e não haveria golpe militar.

 Pela mensagem de Mário Fernandes, os kids pretos até tentaram instrumentalizar as pessoas que acampavam na frente dos quartéis, mas não tinham controle nenhum sobre elas.

A menos que surjam provas concretas em contrário, a invasão na Praça dos Três Poderes foi um movimento espontâneo de gente desapontada e com falta de parafuso na cabeça, não uma ação coordenada pelos kids pretos.

FUGA PARA EUA – De acordo com a PF, Jair Bolsonaro fugiu para os Estados Unidos, em dezembro de 2022, ainda com a expectativa de que o golpe seria possível com um evento como o 8 de Janeiro, apesar da recusa prévia do Alto Comando de derrubar Lula. Fugiu para não ser preso caso o desfecho fosse negativo, segundo os investigadores.

Quando essa ilação veio à tona, em fevereiro deste ano, perguntei se Jair Bolsonaro era o sujeito mais estúpido da história brasileira. Afinal de contas, ele enviou todo o seu dinheiro líquido para os Estados Unidos (foi o que a PF escreveu na ocasião), mas voltou para o Brasil em março de 2023, correndo o mesmo risco de ser preso de quando partiu daqui, se o problema fosse o quebra-quebra em Brasília.

O que enxergo é que o 8 de Janeiro não entra nesse roteiro, em que pesem os esforços da PF para encaixá-lo no plano golpista. Ao ir para os Estados Unidos, Jair Bolsonaro estava com medo é de o implicarem com os kids pretos. Voltou para o Brasil noventa dias mais tarde porque achou que não surgiria nada contra ele.

POR QUE FICOU – Um mês depois da volta de Jair Bolsonaro ao país, Alexandre de Moraes mandou prender e apreender o celular de Mauro Cid. Por que o ex-presidente não fugiu outra vez? Porque confiava que o seu ex-ajudante de ordens não abriria a boca e não imaginava que seria possível recuperar tantas provas no celular do moço.

A ficha de Jair Bolsonaro só caiu quando o seu passaporte foi apreendido em fevereiro deste ano. Quatro dias depois da apreensão, ele protagonizaria aquele episódio ridículo de dormir na embaixada da Hungria, temendo a prisão, conforme revelado pelo New York Times.

Há muita coisa a ser esclarecida, e não se pode dizer que tudo será colocado a limpo, embora a imprensa já tome o relatório da PF como verdade absoluta.

Atentados, golpes e ameaças estão testando a força da democracia

Gilmar Fraga: uma democracia... | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Marcus André Melo
Folha

Em 2022, um homem partiu da Califórnia para Washington, DC, com o propósito de assassinar Brett Kavanaugh, ministro da Suprema Corte americana. Fiquei indignado com o voto da Corte sobre o aborto. Chegando à residência do juiz, invejosa mensagem de despedida para a irmã. Fala do suicídio que cometeria após o ato. A irmã o dissuadiu e o instigou a ligar para o 911, o que permitiu sua captura.

Quem ou o que estava em risco neste episódio? Certamente o juiz cuja vida esteve por um fio. Mas a democracia americana não estava em risco; Conclui-se que não se alteraria caso o plano tivesse tido êxito.

AÇÃO ISOLADA – Tratava-se de uma ação isolada, mas com conteúdo político-partidário inequívoco: “Eu poderia pelo menos pegar um deles, o que iria mudar os votos por mais de uma década, e eu vou atirar em três. Todas as principais nos últimos dez anos têm sido decisões partidárias, então se tivermos mais liberais que os conservadores tenham o poder”.

O quase atentado é produto da polarização política recente naquele país? As evidências sugerem que a polarização incentiva comportamentos não democráticos, mas não necessariamente violência. Há semelhanças entre este caso e o de Tiu França.

Mesmo que a ação não fosse individual —e envolvesse um bando de lunáticos— a conclusão seria a mesma: são atentados e não ameaças à democracia. A conspiração para um golpe de Estado, no entanto, faz parte de outra classe de ações.

VÁRIOS TIPOS – As ameaças à democracia podem ser observáveis ​​ou não, ou seja, apenas conhecidas posteriormente, como com o plano golpista.

No primeiro caso, elas podem deflagrar respostas concomitantes, das instituições e da sociedade. Mas podem ser meramente retóricas, sem medidas concretas. Caso estas existam, as respostas tomam a forma de ações pelo Legislativo, Judiciário e sociedade.

Aqui a resiliência da democracia é visível e mensurável. Mas ela também se manifesta por dissuasão: a percepção da robustez das instituições e também de suas disfuncionalidades (ex. fragmentação partidária obstaculizando mudanças radicais) tem efeito inibidor.

ZONA DE CONFORTO – É cedo para qualquer conclusão, mas o malogro do plano tem ancoragem institucional. É o que sugere uma troca de mensagens entre o general Mario Fernandes e seu chefe de gabinete: “Cinco (generais) não querem, três querem muito e os outros, zona de conforto. É isso. Infelizmente”. “

“Tem o dissidente, tem a filha da p… lá, tem, já tá comprovado. Mas nós sabemos que é um colegiado”…

“Quatro linhas da Constituição é o cacete! Nós estamos em guerra”. Os golpistas eram francamente minoritários, o que não deveria causar surpresa.

DIZ O MINISTRO – A decisão do ministro da Defesa do governo Lula, ex-deputado José Múcio, captura parte da dinâmica em jogo:

“Não houve golpe porque as Forças Armadas foram leais à Constituição”. Por que a maioria dos generais disse não? Aqui se comparam fatores individuais (sobre os quais nunca poderemos ter certezas) e instituições, como discutido aqui na coluna. Mas é fundamentalmente uma complexidade institucional que faz o plano ser percebido como uma aventura indesejável.

Estas conclusões não se alteraram mesmo se o plano não tivesse sido abortado. Como no caso do ministro americano Kavanaugh, o risco para muitos indivíduos era alto; mas à democracia foi baixo.