Trump empoderado é esperança de Bolsonaro e desafio para Lula

Donald Trump será presidente mais velho a tomar posse nos Estados Unidos.

Trump tem apenas 4 anos de mandato e metas demais para cumprir

Malu Gaspar
O Globo

Na manhã seguinte à vitória de Donald Trump, Brasília amanheceu tensa, mas as reações no governo Lula seguiram uma espécie de protocolo. O primeiro a falar em nome do governo foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, batendo na tecla de que, entre o que é dito em campanha e o que se faz no governo, pode haver um largo espaço.

— Após os primeiros resultados, já é um discurso mais moderado que o da campanha — tentou aliviar Haddad.

O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, foi na mesma toada, evocando a boa relação que Lula mantinha com George W. Bush em seu primeiro mandato e dizendo que o Brasil fará o “possível para ter uma conversa pragmática”. Nas redes sociais, Lula, que na semana passada afirmou torcer por Kamala Harris por ser “muito mais seguro para fortalecer a democracia”, cumprimentou Trump e pediu diálogo.

ESTRAGOS PARA LULA – Nos bastidores, porém, todo mundo sabe que haverá estragos para Lula, tanto na dimensão política como na econômica. Primeiro, porque a agenda de Trump — aumentar tarifas de importação para dificultar a entrada de produtos estrangeiros, cortar impostos e reduzir a entrada de imigrantes ilegais, aumentando o custo da mão de obra — tende a provocar inflação e retardar a queda dos juros por lá.

É uma agenda péssima para o Brasil, que tem pela frente um espinhoso ajuste fiscal para implementar. A tarefa se torna ainda mais complicada quando não se sabe ao certo a extensão do que vem por aí.

No discurso da vitória, Trump fez questão de dizer que as “promessas feitas serão cumpridas”, e o histórico mostra que não convém subestimar sua disposição.

EMPODERADO – Ao longo da campanha, ele deixou bem claro que tiraria de seu caminho todo e qualquer obstáculo, em especial a burocracia que o impediu de fazer estripulias mais drásticas no primeiro mandato.

Sua enorme votação, a conquista do controle da Câmara e do Senado pelos republicanos e a maioria que já tem na Suprema Corte tornaram Trump um presidente superpoderoso. Não há por que supor que ele aliviará logo agora que pode pegar pesado.

Na política brasileira, isso significa injetar um aditivo no estado de ânimo da direita, especialmente no cercadinho de Jair Bolsonaro. No primeiro mandato de Trump, a relação entre os dois foi bem assimétrica. Bolsonaro bancava o fã, e Trump um ídolo distraído — quem não lembra o dia em que ele disse que amava o americano e recebeu de volta um “legal te ver de novo”?

MUSK NA BRIGA – De lá para cá, as derrotas e processos judiciais aproximaram o bolsonarismo do trumpismo. Elon Musk, o dono do X, entrou de sola no cenário político e comprou briga com o Supremo Tribunal Federal, em especial com Alexandre de Moraes, que mandou suprimir postagens de personagens de direita da rede social.

Noutra frente, parlamentares republicanos apresentaram ao Congresso um projeto de lei para barrar a cooperação financeira e jurídica com instituições brasileiras e o financiamento a entidades de combate à desinformação que venham a assessorar a Justiça Eleitoral brasileira, além de um pedido para que o Departamento de Estado cancele o visto americano de Moraes.

 O senador que capitaneou essas iniciativas, Rick Scott, se reelegeu com larga vantagem e tem boas chances de ser líder da maioria.

AMEAÇA A MORAES – Na noite da vitória, estavam todos confraternizando com Eduardo Bolsonaro no jantar que Trump ofereceu a poucos convidados durante a apuração, em seu resort na Flórida.

Bolsonaro acredita que a vitória de Trump abrirá uma porta para reverter a inelegibilidade e lhe dar fôlego para retomar o espaço que começava a perder na direita depois das derrotas na eleição municipal. Tudo isso depende de variáveis que nem o poderoso Trump será capaz de controlar, mas não dá para negar que seu próximo mandato alterará o rumo da geopolítica mundial.

O que Lula fará a respeito, talvez nem ele saiba. Bolsonaro e seus aliados, estes estão prontos para surfar essa onda até 2026, provocando ainda mais instabilidade num cenário que já não é de calmaria.

Vitória de Trump protege blogueiros bolsonaristas que Moraes persegue

Allan dos Santos vira motorista de app e provoca Moraes

Allan dos Santos vira motorista de app e provoca Moraes

Teo Cury
CNN

Vitória de Trump pode dificultar cooperação jurídica internacional com Brasil. Processos com componente político envolvido devem ser afetados; mas o impacto não deve ser significativo na maioria dos casos – considerados técnicos e menos sensíveis

A avaliação de procuradores e integrantes do governo que atuam na área é de que, em casos específicos, nos quais há componente político envolvido, a tendência é que a cooperação seja mais difícil. O impacto, no entanto, não deve ser significativo em casos considerados técnicos e menos sensíveis.

ALLAN DOS SANTOS – Um dos casos de repercussão lembrados é o de Allan dos Santos. O blogueiro está foragido da Justiça brasileira e vive nos Estados Unidos desde 2021.

Fontes ouvidas pela CNN avaliam que na relação entre países com governos ideologicamente contrários há impacto maior em casos com teor político. Processos como esses tendem a ser colocados “na geladeira”.

Há um pedido de extradição de Allan dos Santos em aberto desde o ano passado, ainda na gestão do democrata Joe Biden. O blogueiro é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por calúnia, injúria, ameaça e organização criminosa.

RESPOSTA DOS EUA – Os Estados Unidos responderam ao Brasil no ano passado que não vão analisar o processo de extradição com base nos crimes de honra: calúnia, injúria e difamação.

O governo Biden informou que esses crimes não estão contemplados no tratado de extradição entre os dois países porque podem ser interpretados como liberdade de expressão.

Um desafio adicional é a interpretação da primeira emenda da constituição americana. O texto impede o Congresso de elaborar leis que restrinjam, entre outras medidas, a liberdade de expressão. O princípio é caro aos norte-americanos e é seguido independentemente do governo.

OUTROS CRIMES – O Ministério da Justiça e Segurança Pública pretende reforçar o pedido de extradição do blogueiro sustentando que ele também é investigado por ameaças contra delegados da Polícia Federal e formação de quadrilha com intenção de atacar autoridades.

A maioria dos pedidos de cooperação jurídica internacional, no entanto, não tem repercussão no noticiário. Justamente por isso, o impacto sobre eles não deve ser significativo.

Procuradores e integrantes do governo ponderam que a cooperação é sempre baseada na reciprocidade de tratamento entre dois países. E que fechar as portas para pedidos de cooperação não é considerada uma opção inteligente.

Trump é risco menor perto de avanço da dívida pública, adverte Meirelles

Henrique Meirelles anuncia que será candidato a senador por Goiás em 2022 |  Política | Valor Econômico

A austeridade de Meirelles é vista como negativa por Lula

Julio Wiziack
Folha

A vitória de Donald Trump nos EUA não preocupa mais do que o ajuste fiscal necessário para conter o avanço da dívida pública brasileira. Para Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e ex-presidente do Banco Central no governo Lula (2003-2011), a turbulência no câmbio gerada pelo retorno de Trump não preocupa tanto quanto a projeção do aumento da dívida.

Nos últimos dez anos, a dívida pública saltou de R$ 2,7 trilhões, 53,7% do PIB, para R$ 8 trilhões, o 74,4%. Cálculos da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado indicam que ela pode romper a barreira de 80% do PIB neste ano.

PROBLEMAS – “O país não vai conseguir conviver com esse déficit sem ter problema econômico lá na frente”, disse Meirelles em entrevista ao Painel S.A.

O ex-ministro da Fazenda considera que haverá barreiras tarifárias erguidas por Trump a importados como forma de reverter a desindustrialização. Nesse processo, acha difícil que o Brasil seja prejudicado.

“No caso da desindustrialização americana, ele quer arrebentar. Isso afeta mais os países da Ásia. O alvo maior dele é a China. Agora, o Brasil exporta preferencialmente commodities. Até que ponto vai querer produzir café nos EUA? Na soja, eles são produtores. Mas o aumento da capacidade de produção lá pode gerar pressão inflacionária. É difícil”, disse.

ALTA DO DÓLAR – Para Meirelles, a valorização do dólar logo após a vitória é esperada e reflete ainda uma aposta de investidores de que será mais seguro investir em títulos dos EUA do que de emergentes, uma situação que tende a se acomodar à medida que seu governo tiver início.

“O dólar subiu contra alguns países e foi só isso. É uma pressão de curto prazo. Temos de ver como isso se acomoda.”

A alta do dólar é um problema menor perto do avanço da dívida pública.

DÍVIDA PÚBLICA – “O problema é a dívida pública continuar subindo com esse tipo de déficit [fiscal]. Vai chegar num momento que ficará insustentável. O primeiro problema, a alta do dólar no curto prazo, coloca uma pressão de percepção de curto prazo, de impacto na inflação, taxa de juros etc. Agora, o mais importante, e tem que resolver, é a trajetória da dívida. O país não vai conseguir conviver com esse déficit sem ter problema econômico lá na frente.”

Para ele, a condução da economia pela equipe de Fernando Haddad (ministro da Fazenda) “não é excepcional, nem ruim”, mas conseguem equilibrar a pressão do PT, de um lado, e, de outro lado, com o que precisa ser feito.

“Não dá. Tem que enfrentar [corte de gastos]. Acho que Haddad e Simone Tebet [ministra do Planejamento] estão certos. Tem que ser logo [o anúncio do pacote].”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enfim, aparece alguém preocupado com a dívida pública. Infelizmente, no Brasil a irresponsabilidade reina, junto com a impunidade e a imunidade. Temos todos os motivos do mundo para sermos pessimistas, e Trump nada tem a ver com isso. (C.N.) 

Com Trump de volta à Casa Branca, o conservadorismo avança

Preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho…

Cartola e Beth Carvalho, parceria fundamental para o samba (Foto: arquivo pessoal)

Beth Carvalho fez a primeira gravação

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Agenor de Oliveira (1908-1980), mais conhecido como Cartola, considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, ao compor “O Mundo é um Moinho” originou algumas discussões sobre o significado da letra.

Segundo alguns críticos, Cartola teria feito essa música para sua enteada, filha de Dona Zica, que teria o propósito de sair de casa para se prostituir. Ao ouvir os versos escritos pelo mestre, percebe-se o quão plausível pode ser essa versão da lenda. Contudo, há quem defenda que a letra seja mesmo para a enteada, mas motivada por uma decepção amorosa dela.

O samba “O Mundo é um Moinho” foi gravado por Beth Carvalho e depois por Cartola.

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O MUNDO É UM MOINHO
Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

“Analistas” consideram Trump muito pior do que Armagedon e Apocalipse

Um partido desesperadamente corrupto | Exame

Trump em cena, fazendo o papel de presidente na Casa Branca

Carlos Newton

Sinceramente, em quase 60 anos de jornalismo, em exercício diário, posso dizer que jamais se viu nada igual. A vitória de Donald Trump está sendo encarada como se estivéssemos à beira do abismo, para o qual estamos sendo empurrados pelo ex futuro presidente americano, como se ele representasse as forças do mal incorporadas e somadas ao Armagedon e aos quatro cavaleiros do Apocalipse.

É tanto exagero, tanta notícia ruim, que a gente fica até com medo de sair de casa. Mas quando chega na rua, descobre que nada mudou. As crianças saem para ir à escola, os adultos vão trabalhar, os aposentados batem o ponto no boteco para tomar uma gelada, fica até parecendo que nada mudou, e na verdade é justamente isso que espanta, porque nada mudou, mesmo.

PODEM AGUARDAR – Nos jornais da velha imprensa, nos portais e redes sociais, nas rádios e televisões, realmente nada mudou, mas logo irá mudar, porque o assustador Trump vai tomar posse dia 20 de janeiro.

Portanto, esperem mais um pouco que a nova ordem mundial vem por aí, e o maior sinal é Caetano Veloso estar se tornando evangélico, para acompanhar dois de seus filhos já convertidos.

Há outros sinais acontecendo, que precisam estar em linha, como na astrologia. Um deles foi a reeleição dos cinco congressistas americanos que pretendem proibir que o ministro Alexandre de Moraes pise em território norte-americano, igualando-o ao ex-deputado Fernando Gabeira, que até hoje é meio complexado por não conhecer a Disneylândia nem o personagem Pateta.

OUTROS SINAIS – O fato é que a opinião pública aqui no Brasil estará esperando o pior quando Trump tomar posse dia 20 de janeiro, mais bronzeado do que Aristóteles Onassis. Nesse histórico dia, vão surgir outros sinais.

Se Jair Bolsonaro estiver lá, será o significado A; se continuar com o passaporte retido, o significado será B, mas o sábio Olavo de Carvalho não está mais entre nós para destrinchar toda a mensagem.

Outros sinais estarão contidos no pronunciamento de Trump, que o mundo vai parar para ouvir e a imprensa vai fazer um escarcéu danado.

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P.S. –
Quanto a mim, prometo ficar atento aos sinais de que alguma coisa está fora da ordem. Por enquanto, confesso que não estou vendo nada, apenas a posse de um velho cafajeste de 78 anos, já bastante consumido pelo tempo, com uma extraordinária vocação de ator, que não foi aproveitada na hora certa, mas ele seguiu em frente como eterno aprendiz, até se julgar capaz de fazer papel de presidente da república. Ganhou quatro anos de mandato e não fez nada que prestasse, absolutamente nada. Mesmo assim, pediu bis e ganhou mais quatro anos para desenvolver melhor o papel. A única coisa que se sabe é que o único Oscar que pode ganhar é o de Efeitos Especiais, por causa da plataforma de laquê que usa para manter o extravagante topete na posição viagra. (C.N.)

Republicanos que querem barrar ministros do Supremo foram reeleitos

O ministro totalitário

Deputada Maria Salazar perguntou: “É um socialista ou um tolo?”

Sérgio Lima
Poder360

Os cinco congressistas do Partido Republicano dos Estados Unidos que haviam pedido a revogação do visto dos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em setembro deste ano foram reeleitos para um novo mandato no legislativo no legislativo norte-americano.

No pedido, endereçado ao secretário de Estado Antony Blinken, Alexandre de Moraes e os demais ministros do STF foram mencionados como “cúmplices de práticas antidemocráticas”.

SEM VISTOS – O projeto de lei apresentado pela deputada norte-americana Maria Salazar tem como proposta barrar a emissão de vistos para os EUA de autoridades que tenham “censurado” norte-americanos.

Os cinco congressistas republicanos que assinaram o pedido de veto do visto dos 11 ministros do STF são: senador Rick Scott (Flórida); deputada Maria Salazar (Flórida); deputado Carlos Giménez (Flórida); deputado Rich McCormick (Georgia); deputado Chris Smith (Nova Jersey).

Os republicanos expressam, no pedido direcionado a Blinken, uma “profunda preocupação quanto à supressão alarmante da liberdade de expressão orquestrada pela Suprema Corte brasileira sob a liderança do ministro Alexandre de Moraes”. Todos os 5 congressistas tiveram reeleição confirmada na eleição de 3ª feira (5.nov.2024).

SEGURANÇA NACIONAL – “É do interesse da segurança nacional dos EUA garantir que qualquer visitante no nosso país não busque ativamente erodir processos ou instituições democráticas. Moraes e seus pares do Supremo Tribunal Federal estão fazendo exatamente isso”, argumentaram os congressistas no projeto.

“Nós, respeitosamente, apelamos para que o senhor [Blinken] negue qualquer aplicação para vistos dos Estados Unidos ou admissão [entrada] nos EUA, incluindo a revogação de qualquer visto existente, no nome do ministro Alexandre de Moraes e de outros integrantes da Suprema Corte do Brasil cúmplices destas práticas antidemocráticas”, diz um trecho do pedido.

O projeto de lei, que leva o nome de “Sem censuradores nas nossas praias”, determina que qualquer estrangeiro que atue como agente de algum governo e que seja considerado responsável por ações que violem a 1ª Emenda da Constituição dos EUA, que estipula a liberdade de expressão, terá a permissão para entrar no país vetada.

SOCIALISTA OU TOLO – Em maio deste ano, a deputada Maria Salazar havia mencionado Alexandre de Moraes durante uma sessão da subcomissão de assuntos exteriores, referenciando-se ao ministro como “tolo“. Ela disse:

“Nós não sabemos se o ministro é um socialista, ou se ele é um tolo, ou se ele é um tolo útil para os socialistas. Mas sabemos que ele está cerceando um dos direitos fundamentais de uma democracia que é a liberdade de expressão”.

Na ocasião, a deputada exibiu aos jornalistas uma foto ampliada de Alexandre de Moraes.

Afinal, por que Lula e Bolsonaro apoiam Alcolumbre para presidência do Senado?

Cursos 'facilitam' mau uso de diárias

Charge do Benett (Folha)

Vicente Limongi Netto

Em março, o presidente Lula da Silva fez questão de se antecipar e anunciou apoio do PT a Davi Alcolumbre para a presidência do Senado. Agora, Jair Bolsonaro e Rodrigo Pacheco embarcam na mesma canoa furada. É a importância constitucional do Senado indo para o ralo da insensatez.  É a qualificação pessoal e profissional do bom político indo para a lata do lixo. É o apoio velado entre cretinos e dissimulados.

Rodrigo Pacheco, com a cara manjada de bebê chorão no carnaval dos Bonecos de Olinda, não engana ninguém.  É um esmerado demagogo, num trio de vestais grávidas. A grandeza política da cadeira outrora ocupada por eminentes figuras como Nelson Carneiro, José Sarney, Humberto Lucena, Jarbas Passarinho, Antônio Carlos Magalhães, Mauro Benevides, tudo indica que novamente será ultrajada pelo torpe, medonho e desqualificado senador pelo Amapá. É o fim da picada.

BATORÉ DE NOVO – O balofo Alcolumbre, vulgo “senador Batoré”, como é conhecido no Amapá, voltará a deslustrar a presidência do Senado e do Congresso. Alcolumbre é inoperante, farsante, incapacitado. Sujeito ruim. Incapaz de gestos de grandeza. A Câmara Alta será vilipendiada. O busto de Rui Barbosa, no plenário, fechou os olhos, envergonhado.

Custo a crer, é inacreditável, que entre 81 senadores não existam nomes melhores para presidir a Casa.  Bolsonaro, por sua vez, deixa claro que o apoio velado ao roliço Davi, objetiva cargos na futura Mesa Diretora da Câmara Alta, para senadores apaniguados do ex-presidente inelegível.

É o fim da picada. Bolsonaro, Pacheco e Alcolumbre seguem a cretina cartilha que depõe contra a saudável e boa política, a descarada e desprezível barganha por cargos e vantagens.

Não foi Trump quem inaugurou, mas ele aprofunda a era das incertezas

Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos pela segunda vez

Donald Trump, um personagem a ser estudado a fundo

William Waack
Estadão

Uma das imagens mais poderosas que orientou os estrategistas republicanos nas três últimas eleições foi a do voo 93, título de um famoso (para a direita americana) artigo publicado em 2016. “Voo 93″ se refere ao episódio, durante os ataques terroristas do 11 de setembro, no qual os passageiros de um dos voos sequestrados se rebelam contra os terroristas e tentam invadir a cabine.

Os republicanos tinham de tomar o cockpit do avião Estados Unidos ou morrer, pregava a doutrina eleitoral. Pois eles acabam de conseguir exatamente isso. Tomaram o Legislativo, o Executivo e a Suprema Corte já era conservadora antes das últimas eleições. Mas assumiram o comando do voo no meio de uma era das incertezas.

O SONHO ACABOU – A primeira delas é doméstica e tem profundas raízes culturais, daí a gravidade da crise política americana. Trata-se da perda do consenso sobre o que é ser americano, reflexo direto de visões contrárias e irreconciliáveis sobre o que de fato constitui o país.

É esse fenômeno abrangente que explica em boa parte a desconfiança em relação às instituições, ao sistema eleitoral, mídia, políticos, “a Washington” e, especialmente, às elites tecnocráticas, liberais e ideológicas dissociadas do “homem comum”.

A segunda grande incerteza vem de fora e na sua expressão mais simples é o desafio apresentado pela China à potência até aqui hegemônica. Não há diferenças entre republicanos e democratas sobre o fato da China ser considerada uma inimiga, e não apenas uma competidora, nem quanto as ferramentas para “sufocá-la”. Mas não existe uma estratégia “comum”.

HOMEM ERRÁTICO – O voto popular e o colégio eleitoral têm como vencedor a figura de um “homem forte” que construiu em boa medida seu sucesso pregando o desrespeito à regra e ao que se poderia chamar de convencional.

Em seu primeiro mandato, porém, Donald Trump exibiu comportamento errático, mudanças abruptas de julgamento e opiniões, um estilo no mínimo caótico de administração do próprio pessoal e uma profunda desconfiança quanto ao próprio aparato de Estado montado para servi-lo (como os serviços secretos, por exemplo).

Pode-se discutir ad infinitum quanto Trump é responsável ou apenas sintoma do que os acadêmicos passaram a chamar de “políticas do ressentimento cultural”.

FRASE DO CAPITÃO – O fato é que ele soube melhor do que qualquer outro personagem político expressar a raiva frente às elites privilegiadas (à qual sempre pertenceu, aliás), o tal “campo progressista” e seu apego às ideias identitárias, a mídia, aos circuitos da educação superior e até mesmo à indústria do entretenimento e, claro, o governo federal.

Daí a realizar as promessas empenhadas, dentro e fora dos Estados Unidos, é também uma grande incerteza. E já que se trata de tomar o cockpit, paira sobre tudo isso a frase do capitão Sully, quando pousou seu Airbus no Rio Hudson: “Brace for impact”

O que atrapalhará Bolsonaro a ter aval do STF para ir à posse de Trump

Bolsonaro nega à CGU que pediu ação da PRF nas Eleições 2022 | Metrópoles

Jair Bolsonaro tem de se explicar bastante perante o Supremo

Guilherme Amado e Eduardo Barretto
Metrópoles

Ministros do STF avaliam que o fato de Jair Bolsonaro ter passado duas noites na Embaixada da Hungria em Brasília em fevereiro, na mesma semana em que teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal (PF), é um precedente negativo para autorizar a saída do ex-presidente do país. Bolsonaro pretende ir à posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.

A apreensão do passaporte de Bolsonaro foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes e mantida pela Primeira Turma do STF em outubro.

ISOLADO – O ex-presidente também está proibido de fazer contato com outros investigados sobre as supostas tentativas de golpe de Estado e venda irregular de joias recebidas pelo Estado brasileiro.

Em fevereiro, Bolsonaro foi alvo de uma operação da PF. Além do passaporte retido, o ex-presidente teve ex-assessores presos. Quatro dias depois dessa operação, Bolsonaro passou duas noites na Embaixada da Hungria em Brasília.

PLANO DE FUGA – Em tese, ele não poderia ser alvo de uma ordem de prisão sem o aval da Hungria, por estar em um prédio com imunidade diplomática.

Segundo Bolsonaro, ele recebeu um “convite” da embaixada para “manter contato com autoridades” da Hungria, governada por Viktor Orbán, aliado de Bolsonaro e Trump.

A estada na embaixada não foi um crime, como avaliou o STF na época. Foi, contudo, um indicativo ruim de que o ex-presidente pode ter plano de fuga das autoridades brasileiras. É esse fator o principal a impedir que o STF autorize Bolsonaro a deixar o país em janeiro.

Seja bem-vindo à era de Trump, com sua estranha ordem mundial

What could possibly go wrong? | Nov 2nd 2024 | The EconomistThe Economist

Se Trump destruiu a velha ordem, o que tomará seu lugar? Enquanto a velha América defendia o livre comércio, Trump acelerará o retorno ao mercantilismo pré-guerra. Ele é um firme defensor das tarifas. Déficits comerciais, ele afirma, são prova de que os estrangeiros estão tratando os americanos como tolos e perdedores.

Sob sua supervisão, os EUA provavelmente serão perdulários, enquanto ele e seu partido pressionam por cortes de impostos, o que aumentará ainda mais o déficit orçamentário.

Trump prometeu desregulamentação massiva. Isso pode muito bem trazer benefícios, mas o próximo presidente anseia por bajulação. Há um risco de que ele consiga acordos especiais para seus apoiadores, como Elon Musk, o homem mais rico do mundo.

PODE CONSEGUIR – Nossa esperança é que Trump consiga evitar essas armadilhas, e reconhecemos que em seu primeiro mandato ele conseguiu. Nosso medo é que durante esta presidência ele esteja no seu momento mais radical e desenfreado, especialmente se, como o presidente mais velho dos EUA, suas faculdades mentais começarem a falhar.

Tendo aprendido com Trump 1, sua equipe se empenhará para garantir que ninguém que provavelmente o conteria seja nomeado para o governo. Trump, portanto, poderá usar ao máximo seu controle do Congresso e seu mandato popular.

GANHAR DINHEIRO – Nas décadas após Franklin Delano Roosevelt, a política externa americana funcionou por meio de alianças de longa data. Em contraste, os instintos de Trump são tratar cada encontro como um acordo onde se pode ganhar dinheiro.

Ele gosta de dizer que é tão imprevisível que os adversários dos EUA ficarão intimidados demais para tentar qualquer coisa. Ele pode realmente conseguir fechar um acordo com Vladimir Putin em relação à Ucrânia que não acabe com tanques russos em Kiev.

Ele também pode conseguir pressionar o Irã e impedir a China de usar o poder militar para dominar a Ásia. Mas, se mandar quem pode, as dúvidas em relação à confiabilidade de Trump podem igualmente incitar a agressão chinesa e russa.

CUSTOS AOS ALIADOS – O que é certo é que sua imprevisibilidade imporá custos aos aliados dos EUA, especialmente na Europa. Se temerem que não poderão depender de Trump para apoiá-los se forem ameaçados, eles tomarão medidas para se proteger.

No mínimo, os aliados dos EUA precisarão gastar mais em sua própria defesa. Se eles não conseguirem reunir armas convencionais suficientes para deter o agressor local, mais deles, além do Reino Unido e da França, podem obter armas nucleares.

Parte da liderança global dos Estados Unidos se deu pelo poder do exemplo. Em sua própria política e em sua conduta internacional, eles estavam atentos aos precedentes que estavam estabelecendo. O que era notável não era que os presidentes americanos às vezes quebravam as regras, mas o quanto eles as seguiam. Com Trump, o inverso será verdadeiro. Sua vitória terá um efeito de demonstração em outros lugares.

EXEMPLO PERIGOSO – No Brasil, Jair Bolsonaro foi eleito dois anos depois que Trump venceu em 2016. Na França, Marine Le Pen agora parece uma presidente mais provável em 2027.

O movimento internacional de populistas nacionalistas que parecia estar diminuindo após 2020 será revivido, e Trump inspirará novos imitadores. Se ele usar o sistema de justiça contra seus oponentes, como prometeu, isso dará um exemplo perigoso.

A vitória de Trump mudou os Estados Unidos, e o mundo precisará entender o que isso significa. Os EUA continuam sendo o poder preeminente.

PODER ECONÔMICO – Apesar da degradação de sua política, sua economia continua a superar o mundo — pelo menos por enquanto. O país domina a inteligência artificial. É rico, e suas forças armadas são inigualáveis, mesmo que o Exército de Libertação Popular tente alcança-as.

No entanto, sem o interesse próprio esclarecido americano como princípio organizador, a temporada de caça estará aberta para os valentões. Os países serão mais capazes de intimidar seus vizinhos, econômica e militarmente, sem medo das consequências. Suas vítimas, incapazes de recorrer aos EUA em busca de alívio, estarão mais propensas a fazer concessões ou capitular. Iniciativas globais, desde o combate às mudanças climáticas até o controle de armas, acabaram de ficar mais difíceis.

Trump sem dúvida retrucaria que esse é um problema do mundo, não dos EUA. Sob ele, os americanos podem seguir com suas vidas livres do peso das responsabilidades estrangeiras. No entanto, duas guerras mundiais e o colapso ruinoso do comércio na década de 1930 dizem que os EUA não podem se dar esse luxo. Por um tempo — possivelmente por anos — os EUA podem se sair bem. Em algum momento, o mundo vai alcançá-los

Trump ofereceu o caos, exigiu mais poderes e os americanos toparam

Trump no poder: Por que a vitória do republicano impacta o Bitcoin e as  criptomoedas?

Vitória de Trump impacta também o Bitcoin e as criptomoedas

Bruno Boghossian
Folha

No discurso de vitória, Donald Trump reivindicou “um mandato poderoso e sem precedentes”. Durante a campanha, o republicano pediu para voltar à Casa Branca com autoridade expandida. Explorou com destreza o rancor de setores abalados por transformações econômicas e sociais, prometendo ultrapassar os limites que fossem necessários para atendê-los.

Os americanos toparam fechar mais um negócio com o magnata. Os EUA deram a Trump uma eleição confortável até nos estados-pêndulo que haviam sido responsáveis por sua demissão em 2020. Ofereceram ao republicano uma maioria no Congresso para cumprir suas promessas mais perigosas.

MESMA ESTRATÉGIA – Trump voltou a capturar uma classe trabalhadora frustrada, desinteressada em esperar por uma mudança que os democratas não foram capazes de entregar, a despeito de bons números da economia.

O republicano reuniu um grupo mais diverso do que em sua primeira eleição, melhorando o desempenho entre eleitores latinos e homens negros.

Esses americanos puseram de lado os riscos e os efeitos do caos oferecidos por Trump. Eleitores que se sentem deixados para trás julgaram que a ideia de vingança era mais sedutora do que os apelos à identidade ou a direitos como o acesso ao aborto e a preservação de uma democracia que, na visão deles, não os atende.

NARCISISMO – Trump fará de tudo para tirar proveito desses sentimentos. Dará vazão ao próprio narcisismo para retaliar aqueles que o transformaram num criminoso condenado. Abusará de pendores autoritários para derrubar obstáculos que a democracia impõe.

Terá o prazer de manipular a raiva do eleitorado para atropelar consensos civilizatórios sobre o clima, as guerras, o comércio, o trabalho e a imigração.

A vitória coroa uma mutação que transferiu o controle da direita americana para as mãos da extrema direita trumpista. Num ciclo de oito anos, Trump liderou uma revolução que deu aos republicanos a preferência do eleitorado de baixa renda, sem que fosse preciso sair da cama dos bilionários fiéis que bancam seu plano de poder.

ECOS PELO MUNDO – A sobrevivência desse modelo político dos Estados Unidos terá ecos desastrosos em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Estabelecerá uma nova âncora para o negacionismo ambiental, a brutalidade social, as divisões políticas e as doutrinas anticientíficas, para ficar em alguns exemplos.

Para completar, Trump volta ao poder depois de tentar um golpe de Estado para desafiar de maneira escancarada a própria ideia de democracia.

Ilusão marca primeiras reações de Brasília ao triunfo de Trump

Folha do Estado | Lula abre processo contra comentarista político

Lula está preocupado com a nova situação criada pelos EUA

Josias de Souza
do UOL

A vitória graúda de Donald Trump na sucessão presidencial dos Estados Unidos deixou o governo Lula zonzo. As primeiras manifestações de autoridades graduadas de Brasília destoaram da realidade. Foram tisnadas pela marca da ilusão.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) avaliou que “o dia amanheceu mais tenso”, pois Trump disse na campanha “coisas que causam apreensão no mundo inteiro.” Enxergou, porém, motivos para otimismo na primeira manifestação formal do eleito. “Já é um discurso mais moderado do que a campanha”, declarou.

Celso Amorim, o assessor internacional do Planalto, também soou otimista ao afirmar numa entrevista ao Valor que acha possível que Lula mantenha com Trump “uma relação normal”. Lembrou o pragmatismo que embalou o relacionamento de Lula nos seus dois primeiros mandatos com o então presidente americano George W. Bush.

PAPAI NOEL – A moderação que Haddad detectou no discurso inaugural do presidente eleito tem muita semelhança com Papai Noel.

Assim como o bom velhinho, um Trump moderado é ficção. Retornou à Casa Branca um criminoso condenado, já indiciado por tentar melar a eleição anterior e às voltas com inéditas pendências judicias.

O novo Trump é idêntico ao velho. Haddad talvez não tenha prestado atenção ao trecho do discurso em que o personagem disse coisas assim: “Os Estados Unidos nos deram um mandato poderoso e sem precedentes”. Ou assim: “Vou governar com um lema simples: promessas feitas, promessas mantidas.”

MAIS VINGANÇAS – No palanque, Trump prometeu vingar-se de opositores, livrar-se de servidores públicos incômodos, deportar milhões de imigrantes e fechar a economia dos Estados Unidos. Deixou claro que usará sua segunda Presidência como um meio para a realização dos seus fins autocráticos.

Submetido a essa plataforma distópica, o eleitor americano disse “sim”. Supor que Trump vai descumprir o que prometeu é um flerte com o ilusório. Sobretudo quando são levados em conta os flashbacks alucinantes da administração anterior, a maioria conquistada no Congresso e o salvo conduto já concedido em julho por uma Suprema Corte de viés conservador que deu ampla imunidade às ações de Trump na Presidência.

É verdade que Lula relacionou-se muito bem com Washington em seus mandatos anteriores. Mas Celso Amorim esqueceu de lembrar —ou lembrou de esquecer—que a diferença da conjuntura é abissal. George W. Bush era um presidente conservador que tinha apreço pela democracia. Trump é um político arcaico e antidemocrático.

FOI PULVERIZADO – Aquele Partido Republicano da era Bush não existe mais. Foi pulverizado por Trump.

Considerando-se o protocolo, Haddad e Amorim talvez não pudessem declarar em público nada além do que disseram. O próprio Lula, que na véspera tornara pública sua torcida por Kamala Harris, foi compelido pelas circunstâncias a parabenizar o eleito numa postagem nas redes sociais.

Lula anotou no seu post que o mundo precisa de “diálogo e trabalho conjunto”. Certo, muito certo, certíssimo. Mas ninguém ignora que a reviravolta americana jogou água no chope das duas principais ações do governo brasileiro na política externa.

COP30 E G20 – O negacionismo ambiental de Trump esvazia a COP30, que ocorrerá em Belem, no final do ano que vem.

Acertos da cúpula do G20, marcada para meados deste mês de novembro, tendem a ser solenemente desprezados por Trump.

Ignorar os fatos infelizmente não fará com que a nova realidade desapareça.

Trump reanima plano de um regime pós-liberal, com Partido Trabalhista

Trump tem ideias inebriantes, mas terá coragem de mudar?

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

A categórica vitória de Donald Trump sobre sua rival democrata, Kamala Harris, poderá abrir as portas para uma mudança mais profunda nos EUA? Ou será que essa mudança, na verdade, já está inapelavelmente em curso?

Não se trata apenas do sempre citado impulso autocrático do eleito ou do sinistro Projeto 2025, com o qual Trump afirma ter divergências e não se sabe ao certo se e como será adotado.

POPULISMO – O que vale perguntar também é se não se projeta, das redefinições da sociedade e do eleitorado, alguma movimentação mais profunda com vistas a novos arranjos políticos e institucionais.

A segunda onda de Trump tem a oportunidade de abalar a configuração tradicional do establishment liberal democrático com repercussões na própria representação partidária, dando contornos mais definidos ao que pareceu a alguns ser um surto populista episódico, espontâneo e anárquico na vitória de 2016.

Vai nesse sentido a conhecida proposta de um “regime pós-liberal”, exposta em recente livro por Patrick Deneen (“Mudança de Regime – Rumo a um Futuro Pós-Liberal”), um influente interlocutor intelectual do senador JD Vance, agora vice-presidente eleito dos EUA e forte candidato a herdeiro do trono.

ENGENHARIA IMPROVÁVEL – Tal regime, que nasceria da inescapável crise do liberalismo, há pouco parecia não mais que uma engenharia política improvável, a reunir no mesmo edifício propostas que poderiam soar de esquerda e de direita.

Deneen é entusiasta, por exemplo, da formação de um partido de perfil trabalhista que atue para representar os interesses da classe trabalhadora –abandonada tanto pelas elites da direita clássica republicana quanto pelas progressistas, ligadas aos democratas, com suas variantes identitárias pós-modernas. Em contraste com o laissez-faire globalizante e a lógica do individualismo vencedor ou perdedor, uma dose de intervencionismo na economia faz parte da receita.

Ao mesmo tempo, o professor da Universidade Notre Dame prega um embasamento da vida social em círculos comunitários e entidades religiosas, dando ânimo a um sistema de apoios e solidariedade de pessoas e classes. É o que ele classifica como “conservadorismo do bem comum”.

FUTURO INCERTO – É claro que o regime pós-liberal de Deneen é uma abstração fácil de se colocar em pé num livro e difícil de se materializar na prática. Esse tipo de discussão, porém, não deixa de revelar que há algum método e formulação estratégica no mundo de Trump —que já controla, por exemplo, o Partido Republicano, hoje uma estrutura a seu serviço, com o consequente desalojamento de lideranças tradicionais da direita, muitas das quais se viram na circunstância de apoiar a candidata democrata. Para onde irão? O que esperar do futuro da velha sigla?

É verdade também que tudo isso pode terminar, por hipótese, num grande fiasco econômico e até mesmo em algum grave tropeço que motive um processo de impeachment – por ora fora de qualquer cogitação, dado o enorme capital político acumulado e a sólida maioria parlamentar conquistada. Ou mesmo numa retomada de terreno por parte dos democratas, caso reajam à altura do que está acontecendo.

Neste momento são especulações, mas o retorno triunfal de Trump, que captura a revolta contra as elites, não é um fato trivial na história americana.

O que dizem os ministros do STF sobre terem seus vistos cancelados

Câmara pode ouvir deputada americana que quer cancelar visto de Moraes -  Agora Notícias Brasil

Deputados querem cassar o visto de Alexandre de Mors

Por Bela Megale
O Globo

Integrantes da família Bolsonaro garantem a aliados que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial, Alexandre de Moraes, terão os vistos que permitem a entrada nos Estados Unidos cassados, em nova gestão de Donald Trump. Os magistrados, no entanto, não veem chance disso acontecer.

Integrantes do STF avaliam que, com a vitória do republicano, nem esta e nem outras medidas de retaliação defendidas pelos bolsonaristas sobre a corte serão tomadas.

SOLICITAÇÃO – Em setembro, cinco congressistas americanos solicitaram formalmente ao secretário de Estado, Antony Blinken, a cassação dos vistos do ministro Moraes, do STF. Um dos argumentos foi a suspensão da rede X, após a plataforma descumprir ordens judiciais do Brasil.

A medida não prosperou no governo Joe Biden e a esperança do clã Bolsonaro é que ela avance num eventual governo Trump. Caso Kamala Harris tivesse vencido, os integrantes da família do ex-presidente descartam qualquer sanção contra os magistrados do STF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– São apenas suposições. Sem bases reais, concretas, sólidas. (C.N.)

Vitória de Trump significa derrota da esperança e da renovação americana

Retorno de Trump é um retrocesso para a agenda climática global

Pedro do Coutto

A vitória de Donald Trump por larga margem de votos foi sem dúvida a derrota da esperança e da renovação política aguardada por milhares de americanos que se identificam com a possibilidade de ruptura com a concentração de renda e lutam contra a inércia em relação às questões do meio ambiente, inconformados com as raízes do passado que pode se repetir em um novo mandato.

O retorno de Trump à Casa Branca deve representar um pesado retrocesso para a já abalada agenda climática global. Além dos efeitos negativos para as negociações de redução das emissões dos gases de efeito estufa, a expectativa de uma postura refratária nos Estados Unidos significa um duro golpe para as iniciativas internacionais de financiamento climático.

ACORDO –  Em seu primeiro mandato, em junho de 2017, o republicano retirou os EUA do Acordo de Paris, compromisso firmado em 2015 pela comunidade internacional para limitar o aquecimento global. O país foi reintegrado ao instrumento em 2021, após a posse de Joe Biden.

Ainda durante a campanha, Trump prometeu voltar a remover seu país do acordo. Grupos conservadores, no entanto, já vêm encorajando a futura administração republicana a ir ainda mais longe, abandonando completamente a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Com um longo histórico de disseminação de informações falsas ou equivocadas sobre as alterações climáticas, que já foram classificadas por ele de farsa, Trump também defende abertamente o avanço irrestrito dos combustíveis fósseis. Em seu primeiro mandato, o republicano desmantelou uma série de medidas de proteção ao ambiente, incluindo a revogação de mais de uma centena de regras ambientais.

EXPECTATIVAS – Além disso, é na promoção da concentração de renda que poderá advir com a sua nova gestão que morrem as expectativas de mudanças. Não é fácil enfrentar esse aspecto da questão, pois os interesses envolvidos são muito fortes e se acumulam através das décadas e até dos séculos. Trump seguirá pelo mesmo caminho.

A falta de saída para o desenvolvimento econômico e social está exatamente na incapacidade de se romper essa característica que separa a acumulação de capital de um esforço para se distribuir a renda de forma mais justa e mais humana.

Partindo do princípio de que só existe o capitalismo, seja ele estatal, misto ou particular, vemos passar os anos sem que se encontre uma saída para um dos problemas básicos da humanidade.

DERROTA DE HARRIS – Vemos assim um desastre contido na derrota de Kamala Harris que ao menos trazia a esperança de romper o círculo cristalizado contra os valores do trabalho humano e sua remuneração mais justa.

O drama intrínseco nesses aspectos está mergulhado nas decisões que se repetem de promessa em promessa. Vamos aguardar o governo Donald Trump, mas sem muitas esperanças de mudanças, pois essa escapou na derrota de Kamala Harris.

Teremos que esperar mais quatro anos para que se tente uma reforma capaz de fazer justiça social.

Quando todos os poemas e todas as palavras são de amor…

Alice Ruiz - poemas - Revista Prosa Verso e Arte

Alice Ruiz na revista Prosa Verso e Arte

Paulo Peres
Poemas & Canções

A publicitária, tradutora, compositora e poeta curitibana Alice Ruiz Scherone explica no poema “Sim” por que todos os  poemas são de amor a alguma coisa, que pode ser até algo que se passou quando a vida virava palavra.

SIM
Alice Ruiz

Sim.
Todos os poemas
São de amor
Pela rima,
Pelo ritmo,
Pelo brilho
Ou por alguém,
Alguma coisa
Que passava
Na hora
Em que a vida
Virava palavra.

STF não resistirá a Trump e deixará Bolsonaro disputar eleição em 2026?

Feitosa comemora a receptividade a Bolsonaro: “tentaram silenciar e não  conseguiram” - RADAR POLÍTICO 365

Bolsonaro comemora a vitória consagradora de Trump

Mônica Bergamo
Folha

A vitória de Donald Trump para a Presidência dos EUA levou aliados de Jair Bolsonaro (PL) à euforia, e injetou novo ânimo no projeto de torná-lo elegível para disputar as eleições presidenciais de 2026.

De acordo com interlocutores do ex-presidente, o Supremo Tribunal Federal (STF), que poderia ter a última palavra tanto sobre os direitos políticos como sobre uma anistia que beneficiasse Bolsonaro, não conseguirá resistir ao “vento contra” que poderá soprar sobre os magistrados a partir dos EUA.

MAIS PRESSÕES – No próprio STF já se admite que as pressões vão aumentar. Elas viriam do próprio Trump, de um de seus principais aliados, o dono do X, Elon Musk, e do Congresso dos EUA, onde os republicanos passarão a ter a maioria de votos.

Musk, que é arqui-inimigo do ministro do STF Alexandre de Moraes, sai fortalecido como nunca do pleito. Ele estava ao lado de Trump no jantar oferecido nesta terça (5) pelo presidente eleito em sua casa na Flórida para acompanhar as eleições. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também estava no local.

Em seu discurso de vitória, Trump destacou o “surgimento de uma nova estrela”, Elon Musk.

MARCANDO EM CIMA – Ainda sob o governo de Joe Biden, foram inúmeras as tentativas de pressão de norte-americanos sobre o STF.

Neste ano, o comitê de assuntos judiciários da Câmara dos EUA divulgou um relatório sobre “o ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio da administração Biden: o caso do Brasil”.

Os deputados norte-americanos que tomaram a frente da investigação foram municiados por parlamentares brasileiros alinhados com o bolsonarismo. Elon Musk também investiu contra o STF, atacando Alexandre de Moraes e desobedecendo ordens judiciais.

TROCA DE GUARDA – Com os democratas no poder, as pressões não evoluíram. O quadro agora pode mudar, acreditam integrantes do grupo de Bolsonaro.

Poderiam ser aprovadas, por exemplo, medidas como um veto para que Alexandre de Moraes entre deixe de ingressar nos EUA, e também sanções econômicas contra o Brasil.

A nova correlação de forças poderia impulsionar também a aprovação de uma anistia para Bolsonaro no Congresso brasileiro. Sob pressão, o STF não colocaria empecilhos para que ela valesse de fato já a partir de 2026, o que permitiria que Bolsonaro disputasse a Presidência da República.

Musk gasta milhões em Trump, vence e deve atuar no governo

Donald Trump conversa com Elon Musk

Trump conversa com Musk no jantar que acompanhou a apuração

Stephen Morris e Hannah Murphy
Financial Times

“Uma estrela nasce: Elon”, afirmou Donald Trump em um longo agradecimento ao seu maior doador enquanto reivindicava vitória nas eleições dos EUA na madrugada desta quarta-feira (6). Horas depois, o triunfo do republicano seria confirmado.

A vitória de Trump inaugura uma nova era para Musk —a pessoa mais rica do mundo com uma fortuna de US$ 260 bilhões (R$ 1,51 trilhão)— cujo risco em uma eleição acirrada valeu a pena, pois ele está prestes a se tornar um dos conselheiros políticos e empresariais mais influentes do novo presidente.

LUGAR DE PONTA – O papel prometido por Trump para Musk assumir como chefe de um novo Departamento de Eficiência Governamental dará ao bilionário amplos poderes para recomendar cortes profundos no que ele considera uma “vasta burocracia federal… segurando os Estados Unidos de uma maneira gigantesca.”

Musk também prometeu defender a desregulamentação e ganhará influência na política dos EUA em inteligência artificial, exploração espacial e veículos elétricos —todos setores nos quais ele tem interesse pessoal, já que é dono da xAI, do SpaceX e da Tesla.

“Ele é um personagem, ele é um cara especial, ele é um super-gênio”, disse Trump sobre Musk no discurso desta quarta-feira. “Temos que proteger nossos gênios, não temos muitos deles.”

A PIA DE MUSK – Mais cedo naquela noite, Musk postou uma foto editada de si mesmo carregando uma pia para o Salão Oval, uma referência excêntrica a uma foto semelhante que ele tuitou quando entrou no X (antigo Twitter) pouco antes de adquirir a rede social por US$ 44 bilhões em outubro de 2022.

Outra foto na terça-feira mostrou o bilionário em uma conversa com Trump durante uma festa na noite da eleição na residência Mar-a-Lago do presidente eleito na Flórida, com a legenda: “O futuro vai ser tão quente [com um emoji de fogo].”

Musk —um autodeclarado “absolutista da liberdade de expressão” que disse ter votado anteriormente em Joe Biden, Hillary Clinton e Barack Obama — moveu-se acentuadamente para a direita nos últimos anos. Ele se alinhou com a campanha de Trump em questões como imigração e regulamentação, aversão à mídia tradicional e o que ele chamou de política “woke”.

APOIO FUNDAMENTAL – Musk endossou publicamente Trump horas depois de o político sobreviver a uma tentativa de assassinato em 13 de julho e comprometeu-se constantemente com mais tempo e recursos para sua reeleição.

Ele contribuiu com mais de US$ 100 milhões (R$ 582,94 milhões) para o America Pac pró-Republicano, organizou assembleias em estados-chave como a Pensilvânia e doou US$ 1 milhão (R$ 5,83 milhões) por dia para eleitores que assinaram sua petição a favor da liberdade de expressão. No dia da eleição, ele transportou eleitores republicanos que não podiam dirigir para os locais de votação.

Musk obteve um enorme retorno sobre esse investimento —a vitória de Trump e ao adicionar bilhões à sua riqueza, já que as ações da Tesla subiram quase 15% nas negociações pré-mercado desta quarta-feira.

REDE X – Nos meses que antecederam a votação, Musk usou seu próprio megafone —a rede social X— como proprietário e a conta mais popular com mais de 200 milhões de seguidores. Ele inundou a plataforma com mensagens pró-Trump, alegações sobre fraude eleitoral e avisos de que Kamala Harris destruiria o país se ganhasse a disputa presidencial.

Ao longo de 24 horas nessa terça-feira, dia final para a votação, ele tuitou quase 200 vezes, de acordo com uma análise do Financial Times, acumulando cerca de 955 milhões de visualizações, após uma média de mais de 100 postagens por dia no mês anterior à votação.

JOGAR PARA GANHAR – Durante uma entrevista com o apresentador conservador Tucker Carlson na noite de terça-feira (5), Musk disse: “Minha filosofia é jogar, jogar para ganhar, e não pela metade.”

Críticos argumentaram que Musk incluiu o viés nos algoritmos da plataforma e amplificou narrativas de extrema-direita e teorias da conspiração com pouca ou nenhuma evidência, ao mesmo tempo em que reduziu a moderação e a verificação de fatos.

Alguns alertaram que Musk se tornou um dos maiores divulgadores de desinformação e conspirações políticas no período pré-eleitoral, promovendo alegações de possível fraude na votação, por exemplo. Uma análise do grupo de verificação de fatos PolitiFact de 450 postagens de Musk no X nas duas primeiras semanas de outubro encontrou uma riqueza de desinformação, que recebeu quase 679 milhões de visualizações e mais de 5,3 milhões de curtidas.

Facão do corte de gastos de Haddad pode estar saindo na direção errada

Governo federal avalia novo corte de cerca de R$ 5 bilhões em despesas para  cumprir o teto de gastos | ASMETRO-SI

Charge do Guto (Jonal de Brasília)

Elio Gaspari
O Globo

Sabe-se lá o que vem por aí no pacote de corte de gastos armado em Brasília. A notícia de que Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniram-se com os seus colegas da Saúde, Educação e Trabalho, assusta. A lâmina parece apontada na direção errada.

Começando pelo Ministério do Trabalho, sabe-se que nas últimas semanas a ekipekonômika andou soprando por Brasília uma tunga engenhosa. Quem fosse demitido sem justa causa perderia uma porção da multa de 40% sobre o FGTS a que tem direito e que é paga pelo patrão. O engenho da tunga estava em descontar esse dinheiro avançando-se sobre aquilo que receberia pelo salário-desemprego, outro direito. Exposta, a tunga foi desmentida pelo Planalto e condenada pelo ministro do Trabalho, que ameaçou ir embora.

TAMBÉM NA SAÚDE – Olhando-se para a Saúde, percebe-se que o governo, assustado, quer cortar gastos. Contudo, em condições normais de temperatura e pressão, tentou gastar mal. Em junho, o Ministério da Saúde soltou um edital para a compra de 60 milhões de kits com dentifrício, fio dental e escova de dentes (enfeitadas com o logotipo do governo federal). Coisa de até R$ 3 bilhões.

Feito o pregão, uma empresa contestou-o, e a compra foi detonada na Justiça e no Tribunal de Contas. Precisava começar esse programa de saúde bucal com 60 milhões de kits?

Num primeiro sopro da tunga, revelou-se que junto viria um combate aos supersalários. Boa ideia, vinda de um governo que pretende cortar gastos, seria exemplar. É verdade que seria uma economia de clipes, mas pelo menos sete ministros (e mais alguns assessores afortunados) têm assento em conselhos de estatais para fazer pouco, ou nada, por falta de qualificação.

FARRA DO BOI – Em 2022, cada ministro do governo anterior com assento no conselho da hidrelétrica de Itaipu faturou cerca de R$ 500 mil entre jetons, participação nos resultados, um abono, mais plano de saúde (da Eletronorte) e seguro de vida. A carga de trabalho incluía reuniões mensais presenciais e outras, poucas, por videoconferências.

A Viúva banca viagens ao exterior de ministros do Supremo Tribunal Federal, em alguns casos acompanhados por assessores e seguranças. O Executivo não pode cortar no orçamento do tribunal, mas os doutores poderiam oferecer bons exemplos. F

az pouco tempo, um jatinho da FAB levou um ministro e mais cinco pessoas à cidade argentina de Mendoza para um encontro de magistrados do Paraná, que fica no Brasil. O avião esperou pelo doutor por dois dias para trazê-lo de volta.

ASTEROIDE MARÇAL – Cada mordomia do andar de cima ampara-se em normas e portarias.

Tudo bem, mas não se deve reclamar quando ameaça cair sobre a cidade de São Paulo um asteroide chamado Pablo Marçal.

Por questão de Justiça, deve-se lembrar que o Brasil já elegeu um presidente que tinha a vassoura como símbolo.

Conforme lembrava um conhecedor dos costumes do andar de cima, Jânio Quadros, debilitado por problemas neurológicos, foi levado pelas ruas de Genebra para tentar localizar o banco onde guardava sua conta suíça.