“Inocentado” por Gilmar, Dirceu quer voltar à Câmara nas eleições de 2026

Dirceu fez harmonização facial e agora quer começar tudo de novo

Igor Gadelha e Milena Teixeira
Metrópoles

A decisão do ministro do STF Gilmar Mendes de anular todas as condenações de José Dirceu (PT) na Lava Jato abre o caminho para o ex-chefe da Casa Civil de Lula disputar as eleições de 2026.

Aliados de Dirceu disseram à coluna que o petista mira uma vaga na Câmara dos Deputados. Ele pretende disputar o pleito por São Paulo, estado com maior número de cadeiras na Casa.

É CANDIDATO – Foi já de olho nas próximas eleições, inclusive, que o ex-ministro passou uma temporada na capital paulista, durante a campanha municipal de 2024, ajudando Guilherme Boulos (PSol).

Ao ser questionado pela coluna na manhã desta terça (29/10), Dirceu não negou a possibilidade de ser candidato em 2026. “Veremos no final de 2025”, disse o ex-ministro de Lula.

Petistas ouvidos pela coluna dizem não ver problemas na candidatura de Dirceu à Câmara em 2026. Segundo essas fontes, mesmo após o mensalão, o petista mantém forte influência no partido.

FORA DO GOVERNO – Os aliados de Lula rechaçam, entretanto, qualquer possibilidade de o ex-todo poderoso ministro da Casa Civil voltar a ocupar um cargo no terceiro mandato do petista à frente do Palácio do Planalto.

Conforme noticiou o Metrópoles, Gilmar Mendes anulou todas as condenações contra José Dirceu na Lava Jato. O ex-ministro havia sido condenado pelo então juiz Sergio Moro em 2016.

Juntas, as condenações na Lava Jato somavam 23 anos de prisão. Ele foi condenado por crimes como corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro. Agora, Gilmar Mendes estendeu os efeitos da decisão da 2ª Turma do STF, que havia declarado Moro suspeito para atuar em processos contra Lula, e anulou as condenações de Dirceu.

Eleição demonstrou que existe um sentimento de repúdio à política e aos três poderes

O voto em branco - Espaço Vital

Charge do Duke (O Tempo)

Roberto Nascimento

Uma coisa é unânime, entre gregos e troianos. Os dois maiores líderes nacionais, são Lula da Silva e Jair Bolsonaro, os outros estão na parte de baixo da tabela. Por enquanto, é claro.

O Brasil não é para principiantes. O alto índice de votos brancos e nulos, principalmente no segundo turno, é exemplo claro da insatisfação da sociedade com os políticos, magistrados e administradores públicos.

TUDO ERRADO – Há um clima de revolta contra as ações corporativas, a leniência com a corrupção nos três poderes, o orçamento secreto, com emendas de bancada e emendas PIX, além da roubalheira sem precedentes em governos estaduais, prefeituras, assembleias legislativas e câmaras municipais, enquanto o eleitor luta para sustentar a família e sofre com o péssimo atendimento público, sobretudo nas filas dos transportes e no terrível atendimento nas emergências e nos hospitais públicos lotados.

Tudo isso vem resultando no fortalecimento da direita e no sentimento antipetista, demonstrados no troco da sociedade nas urnas.

Pessoalmente, eu já começo a considerar e advogar a anistia para Bolsonaro disputar as eleições de 2026, como uma medida que se impõe, justificando a marca da sociedade brasileira de pacificação entre suas correntes políticas e libertando os manifestantes do 8 de Janeiro.

ATOS GOLPISTAS – Importante salientar que os inquéritos sobre os atos golpistas estão em fase de conclusão e quando forem entregues pela Polícia Federal ao relator Alexandre de Moraes para decisão, o plenário do Supremo se manifestará votando com o ministro ou não, porque a pressão pela anistia aumenta progressivamente.

Assim, mesmo na hipótese de uma nova condenação de Bolsonaro, o Congresso pode optar por uma anistia, ampla, geral e irrestrita.

O fato é que a decepção com a política é cada vez maior. Exemplo solar, o eleitor paulista disparou sua inconformidade com uma abstenção em massa. Mais de 3 milhões de paulistanos se abstiveram do direito ao voto, ultrapassando a votação do prefeito eleito, Ricardo Nunes, que somou 3 milhões e pouquinho.

HÁ CONTROVÉRSIAS – A alegria, o riso nervoso, os pulos, os abraços no comício da vitória, tudo isso não se coaduna com a rejeição do povo da maior metrópole do país ao prefeito eleito e ao adversário, Boulos, que perdeu para a rejeição, manchado pela alcunha de radical, colocada na testa dele pelos adversários devido a seu passado de invasões sociais de casas e apartamentos.

Em Porto Alegre, os gaúchos preferiram votar no candidato inoperante das inundações, um prefeito apático e mal gestor nas calamidades, do que na deputada Maria do Rosário, do PT, porque ela também é identificada como radical de esquerda.

O mesmo fenômeno ocorreu em outras grandes cidades, no segundo turno, porque está acontecendo uma aversão medonha à política, mais notadamente aos corruptos e radicais de esquerda. Os políticos sabem o que fizeram no verão passado, mas ignoraram que o povo poderia lembrar de tudo que eles têm aprontado.

Bolsonaro inelegível boicota Tarcísio  e já indica um filho como candidato

Valdemar Costa Neto comanda ala da direita que conseguiu êxitos na eleição de 2024, como a costura que incluiu Tarcísio de Freitas e Bolsonaro na chapa de Ricardo NunesCarlos Andreazza
Estadão

Guilherme Boulos sai menor das urnas. Teve o apoio do PT e muita grana para campanha. Colheu a mesma votação de 2020. O teto da rejeição se lhe impôs. Parece limitação incontornável – comunica a incompetência.

Foram quatro anos e nenhum programa para minimizar a imagem negativa, sendo estarrecedor haver quem supusesse que algo positivo poderia ser extraído da submissão desesperada à sabatina com Marçal.

TREMENDA SOLIDÃO – Boulos sai também sozinho. A lavação de roupa suja petista, processo delirante, já atribui o revés ao que seria escolha errada de candidato; como se o PT contasse, em seu deserto de renovação, com opção paulistana competitiva; e como se o partido não tivesse se lançado a enfrentar o prefeito da tragédia em Porto Alegre com a única candidata que o faria menos rejeitado. Sebastião Melo venceu no Sul.

Ricardo Nunes, em São Paulo. Seu papel doravante sendo o de amarrar o MDB ao plano de Tarcísio de Freitas e lhe garantir espaços à acomodação de aliados. O prefeito reeleito foi corpo para um projeto-piloto. Que reuniu o conjunto heterogêneo de jogadores de que o governador precisará em 26.

Estavam lá o bolsonarismo, a direita Valdemar – aquela, oportunista e ilegítima, que paga casa e salário ao mito – e o PSD de Kassab, líder de um bloco de centro que, lendo o ritmo das marés, ora pende à direita e é financiado pelo fundo eleitoral paralelo em que se constituíram as emendas parlamentares. Grupo de equilíbrio precário.

TUDO AMARRADO – O “líder maior” Tarcísio – definição de Nunes – é subordinado ao líder maior inelegível, Bolsonaro, de quem precisa tanto quanto de Kassab. Gestão difícil. Não à toa acarinha frequentemente o bolsonarismo.

Foi o que fez, urnas ainda abertas, ao instrumentalizar a condição de governador para divulgar – sem apresentar provas – o que seria “salve” do PCC pela candidatura de Boulos.

Barbaridades assim podem não ser suficientes. Porque há desconfianças, no bolsonarismo, sobre o bolsonarista Tarcísio, que estaria mais para direita Valdemar. E precisará também de sorte. Para que não lhe apareça um desafiante à moda Marçal, agente que denuncia a associação a Kassab, afrouxa o controle da família Bolsonaro sobre o rebanho e faz se insinuar um bolsonarismo sem Bolsonaro.

DIREITA VALDEMAR – Bolsonaro não foi vencedor agora em 2024. Ou seja, as vitórias do ex-presidente estariam contidas no êxito da direita Valdemar.

Bolsonaro está contido na direita Valdemar. O bolsonarismo, desconfortável com isso. O sangue da inelegibilidade do mito está na água e os nikolas farejam.

Bolsonaro reage aos ensaios de autonomia demarcando território e se apregoando como o candidato da direita em 26. Candidato que não será. Candidato – candidatos – que haverá.

Quando Gleisi quer regulação das redes, o que ela pretende é aprovar a censura

Ministro de Lula é criticado por Gleisi Hoffmann por fala sobre desempenho  do PT nas eleições municipais - Blog do BG

Gleisi Hoffmann tenta explicar e justificar a derrota do PT

Victor Ohana e Iander Porcella
(Broadcast)

Após as eleições municipais em que seu partido teve desempenho abaixo do que esperava, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu regulação das redes sociais para que a esquerda deixe de ser “massacrada”. A dirigente petista afirmou ainda que o PT “paga um preço” nas eleições municipais pela formação de uma frente ampla no governo federal.

A declaração ocorreu nesta segunda-feira, 28, na sede do diretório nacional do PT, em Brasília, após uma reunião da Executiva e da bancada de parlamentares do partido. “É óbvio que, por ter a Presidência da República, havia uma expectativa de o PT ter números maiores do que teve”, disse.

PROTAGONISMO – Gleisi afirmou que vê como necessidade para o PT e a esquerda ter mais protagonismo nos municípios, mas ponderou que “nunca foi o forte” desse campo político ganhar a maioria das eleições locais.

“Embora tenhamos administrado muitos municípios, a verdade é que nós temos um projeto nacional. Mas precisamos atentar para o que é necessário melhorar, enquanto partido e enquanto governo”, declarou.

A petista acrescentou: “É importante frisar que a gente faz parte de um governo de coalizão. Então, o PT também paga um preço por isso, porque muitos aliados no plano nacional são os que disputam conosco no plano local”.

DERROTA NATURAL – A presidente do PT também ressaltou o alto índice de reeleição, o que faz o partido ver como “natural” que os candidatos que disputaram contra petistas terminassem vitoriosos.

O partido elegeu 252 prefeitos, 69 a mais do que em 2020, e 290 vice-prefeitos, 84 a mais que na eleição municipal anterior. No 2º turno, o PT disputou eleições em 13 municípios e venceu em quatro: Fortaleza (CE), Camaçari (BA), Pelotas (RS) e Mauá (SP).

O destaque vai para a vitória de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza, a única capital conquistada pelo partido neste ano, sendo que em 2020 a legenda não teve nenhuma. A sigla também disse ter eleito 3.129 vereadores, 466 a mais que o último pleito.

“REGULAÇÃO” – Gleisi defendeu a regulação das redes sociais. Ela admitiu que o partido tinha expectativas de resultados melhores nas eleições municipais deste ano.

“Claro que vocês vão perguntar: o PT precisa modernizar e ampliar o seu discurso. Eu ouço muito isso. É verdade, nós precisamos modernizar e ampliar nosso discurso, sem perder de vista os princípios e o programa que nos trouxe até aqui”, afirmou.

Gleisi prosseguiu: “Tem uma base que veio conosco até aqui e enfrentou os piores momentos, quando nós estávamos nos piores momentos. Não é esquecendo que a gente vai ampliar”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, quando Gleisi Hoffmann fala em “regularizar” ou “regulamentar”, na verdade está querendo “censurar” as redes sociais, mas isso não funciona em democracia, somente nas ditaduras. Mas é surrealismo puro ver o PT defender censura. A que ponto chegamos… (C.N.) 

Bolsonaro faz balanço das eleições: “O PT morreu, só falta jogar a terra”

Gostaria que saíssem às ruas como eu', responde Bolsonaro a Maia e  Alcolumbre | CNN Brasil

Bolsonaro diz que Lula não tem coragem para andar na rua

Deu em O Globo

Após o segundo turno das eleições municipais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o resultado apontado pelas urnas representa uma vitória para a direita. O antigo chefe do Executivo disse também que o “PT morreu” ao comentar a derrota do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.

— Em São Paulo, foi muito bom. A vitória foi do povo conservador, da direita, do povo de bem. Eu estou feliz! Cada vez mais a população se afasta do mal, do vermelho, que aflige o mundo todo. O PT morreu. Já desceram o caixão. Só falta jogar a terra na catacumba — afirmou Bolsonaro à CNN.

DERROTAS – O ex-presidente também comentou os resultados desfavoráveis em Fortaleza e Goiânia. Segundo Bolsonaro, a perda em algumas cidades teve gosto de vitória.

— Em Fortaleza, tivemos um jovem que arrastou multidão, lutando contra a máquina. A capital está totalmente dividida. Foi uma derrota com sabor de vitória, porque a diferença foi pouca — disse. — Em Goiânia, uma operação da PF, quase às vésperas da eleição, atrapalhou, é evidente. Mas agora é olhar para a frente.

Partidos que mais participaram de disputas de segundo turno no domingo, o PL e o PT foram também os que amargaram mais derrotas.

RESULTADOS – A legenda de Bolsonaro, que tinha 22 candidatos disputando prefeituras no segundo turno, elegeu seis e viu 15 saírem derrotados. Já a sigla do presidente Lula, que ainda tinha 13 candidatos nas disputas, conseguiu vitórias em quatro cidades e teve derrotas em nove.

Das 15 derrotas do PL no segundo turno, sete ocorreram em capitais, incluindo locais como Goiânia, Belo Horizonte e Palmas, onde Bolsonaro se empenhou diretamente nas disputas.

O partido de Bolsonaro também foi derrotado em colégios eleitorais relevantes de seus estados, como Santos (SP) e Santarém (PA), que foram visitados pelo ex-presidente na reta final da campanha.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bolsonaro está enganado. O PT não morreu. Somente morrerá quando Lula passar desta para a melhor, e isso só vai acontecer porque ele não permitiu o surgimento de herdeiros políticos, e os filhos verdadeiros querem distância dele. (C.N.)

Eleições municipais: No embate Lula x Bolsonaro, ambos mais perderam do que ganharam

PT ganhou em uma capital; e PL em quatro nas eleições de 2024

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva, o PT e o ex-presidente Jair Bolsonaro foram os grandes derrotados nas eleições deste domingo que complementaram os pleitos municipais iniciados há cerca de duas semanas.  Com apenas um prefeito eleito em capitais, o chefe do Executivo e o Partido dos Trabalhadores receberam um duro recado dos eleitores brasileiros. O principal deles é de que a imagem e discurso de Lula e do PT continuam desgastados entre os eleitores medianos e que vivem nas metrópoles do País.

Nas eleições de 2024, Lula apoiou candidatos em todas as capitais e o PT lançou 13 nomes encabeçando chapa majoritária. Desses, quatro disputaram o 2º turno com alguma chance, mas apenas um foi eleito – em uma clara demonstração de que as fontes de lideranças municipais do PT são poucas ou, ao menos, não têm vigor suficiente para atingir seus propósitos e conquistar votos.

CONQUISTAS – Já o Partido Liberal, que tem como maior representante nacional o ex-presidente Jair Bolsonaro, venceu em duas capitais do Nordeste e ascendeu na região que é um reduto eleitoral para o PT. Em 2020, o PL não havia conquistado nenhuma capital da região. Em 2024, o partido garantiu o comando da prefeitura de Maceió, com João Henrique Caldas (JHC), e de Aracajú, com Emilia Correa.

Das nove capitais do Nordeste, o PL e o PT tiveram candidatos em cinco. No entanto, os dois partidos concorreram diretamente apenas em Aracajú , João Pessoa e Fortaleza. Em Aracajú e João Pessoa, o PL superou os candidatos do PT ainda no primeiro turno. Em Fortaleza, onde a disputa foi mais acirrada, o candidato do PT, Evandro Leitão, venceu com uma margem apertada de 0,76%.

Com 100% das urnas apuradas, o candidato petista recebeu 50,38% dos votos válidos, derrotando André Fernandes (PL), o candidato apoiado por Bolsonaro, que obteve 49,62% dos votos. Embora tenha ganhado na capital cearense, o sucesso eleitoral de Evandro está mais na conta da máquina do governo do Estado, que é comandada pelo PT há mais de 10 anos, do que de Lula.

DISPUTAS – Em todo o País, PT e PL disputaram o segundo turno de forma direta em duas capitais. Além de Fortaleza, Cuiabá (MT) teve nas urnas uma ‘batalha’ entre PT x PL. Ao contrário da capital cearense, por lá o PL levou a melhor com Abilio Brunini (PL), que se elegeu para a Prefeitura da capital mato-grossense com 53,80% dos votos válidos, derrotando Lúdio Cabral (PT), que conquistou 46,20% dos votos válidos.

O PL teve candidatos próprios em 14 capitais. O partido venceu quatro e perdeu em 10. Além de Maceió, Aracajú e Cuiabá, o partido venceu em Rio Branco (AC), com Tião Bocalom (PL). Por outro lado, perdeu em capitais relevantes do Sudeste e Centro-Oeste, como Belo Horizonte (MG), com Bruno Engler (PL) e em Goiânia (GO), com Fred Rodrigues, que contou com a presença de Bolsonaro em seu dia de votação. Quando consideradas as coligações — ou seja, os partidos aliados em disputa — o PT de Lula e o PL de Bolsonaro foram adversários em mais três capitais no segundo turno. São elas: Natal (RN), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Nas três, Lula saiu derrotado.

Em Natal, Paulinho Freire (União) ganhou de  Natália Bonavides (PT). Na capital gaúcha, Sebastião Melo (MDB) venceu Maria do Rosário (PT). E em São Paulo (SP), Ricardo Nunes (MDB) ganhou de Guilherme Boulos (PSOL). Nunes teve o apoio de Bolsonaro, e Boulos foi o candidato de Lula na capital paulista. O tabuleiro político mais uma vez se movimenta, demonstrando que o extremismo está cedendo lugar às articulações pelo país. O quadro parece inclinar-se a uma espécie de teste para o que poderá vir em 2026.

Acredite se quiser! Gilmar Mendes anula todas as condenações de Dirceu

Nani Humor: GILMAR MENDES

Charge do Nani (nanihumor.com)

Mateus Coutinho
do UOL

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou ontem (28) todas as condenações da Lava Jato contra o ex-ministro José Dirceu (PT). O processo está sob sigilo. Com a decisão, na prática, Dirceu retoma seus direitos políticos e deixa de ser considerado “ficha-suja”.

A decisão atende a um pedido da defesa para estender ao ex-ministro a decisão da 2ª Turma do STF que considerou o ex-juiz Sergio Moro suspeito para julgar Lula.

CONFRARIA – Na decisão, Gilmar critica a “confraria formada pelo ex-Juiz Sérgio Moro e os Procuradores da Curitiba”. Ele diz que a operação “encarava a condenação de Dirceu como objetivo a ser alcançado para alicerçar as denúncias que, em seguida, seriam oferecidas contra Luiz Inácio Lula da Silva”.

Ações da Lava Jato contra Dirceu eram “alicerce” contra Lula, argumentou Gilmar. O ministro do STF entendeu que as ações movidas contra o petista tinham como objetivo servir de “alicerce” para as denúncias que foram apresentadas posteriormente contra Lula.

Por isso, Gilmar decidiu estender a Dirceu o entendimento que anulou condenações de Lula.

ALEGA GILMAR – “A extensão, assim, legitima-se não como uma medida geral, que aproveita a qualquer outro investigado na Lava Jato, mas devido a indicativos de que o juiz e procuradores ajustaram estratégias contra esses réus, tendo a condenação de um deles como alicerce da denúncia oferecida contra outro”, decidiu o ministro do STF.

Ante o exposto, ante a situação particular do réu, defiro o pedido da defesa para determinar a extensão da ordem de Habeas Corpus (…) anulando todos os atos processuais do ex-juiz federal Sergio Moro nesses processos e em procedimentos conexos, exclusivamente em relação ao ex-ministro José Dirceu.

Na decisão tomada logo após o fim do segundo turno das eleições, o decano do STF recupera o julgamento do STF e mensagens da Vaza Jato.

SETE INDÍCIOS – Ao longo de 24 páginas, Gilmar menciona os sete indícios que o Supremo levou em conta ao considerar que houve quebra de imparcialidade por Moro ao julgar Lula. Ele também lista mensagens entre a força-tarefa de Curitiba e o ex-juiz reveladas pela imprensa.

Faz críticas a Moro por ter virado ministro do governo Bolsonaro ao deixar a magistratura.

Gilmar afirma que Moro tinha o desejo de “impulsionar movimentos sociais e forças de oposição ao partido político liderado pelo paciente —forças estas a que ele mesmo, em seguida, viria a aderir, quando aceitou o convite para integrar o governo de Jair Bolsonaro”, escreve o decano do STF.

OUTRO PROCESSO – O ex-ministro ainda tinha uma condenação por recebimento de propina da empreiteira Engevix no âmbito do esquema de corrupção da Petrobras.

 O STJ (Superior Tribunal de Justiça) chegou a analisar o caso em 2022 e entendeu que a pena dele deveria ser de 27 anos de prisão. A defesa do ministro, porém, havia recorrido da decisão e o caso estava para ser analisado no próprio tribunal.

Em paralelo à ação no STJ, a defesa buscava a anulação do caso por meio de um habeas corpus com o ministro Gilmar Mendes. Com a decisão do ministro do STF, na prática, este outro processo que estava no STJ deve perder o objeto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Gilmar esquece que Dirceu foi condenado por ter aberto um escritório para fazer tráfico de influência e seus atos de corrupção foram provados à exaustão. É uma vergonha nacional, mas quem se interessa? Agora, só falta devolver o dinheiro a ele e inocentar também Sérgio Cabral, aquele que confessou ser “viciado em dinheiro”. E assim o Supremo confirma ser um caso patológico, que nem Freud explica. (C.N.)

Nos olhos da amada, um grande momento do poeta Augusto Frederico Schmidt

Augusto Frederico Schmidt – poemas

Schmidt criava um galo de estimação em casa 

Paulo Petes
Poemas & Canções

O poeta, editor, diplomata e empresáriio carioca Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) revela que um grande momento acontecia romanticamente para ele, quando seus olhos conseguiam entrar pela noite fresca dos olhos da amada.

O GRANDE MOMENTO
Augusto Frederico Schmidt

A varanda era batida pelos ventos do mar.
As árvores tinham flores que desciam para a
morte, com a lentidão das lágrimas.
Veleiros seguiam para crepúsculos com as
asas cansadas e brancas se despedindo,
O tempo fugia com uma doçura jamais de
novo experimentada
Mas o grande momento era quando os meus
olhos conseguiam
entrar pela noite fresca dos seus olhos…

Altos índices de rejeição ameaçam candidaturas de Lula e Bolsonaro

Pesquisa Quaest para presidente: Lula tem 42%; e Bolsonaro, 34% - Blog do Pávulo

Bolsonaro tem 58% de rejeição e Lula está com 48% para 2026

Carlos Newton

Depois do vendaval que marcou essas eleições, com temporais  que desabaram sobre a cabeça dos maiores líderes políticos do país, é hora de discutir uma pesquisa aparentemente despretensiosa, realizada pelo Instituto Datafolha às vésperas da disputa do segundo turno na capital de São Paulo.

Ao invés de indagarem sobre os candidatos Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, os entrevistadores saíram em campo para indagar o que os eleitores da maior cidade da América Latina pensam dos principais lideres políticos do país – o atual presidente Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

PESQUISA ESPONTÂNEA – O método utilizado pelo Datafolha foi a chamada pesquisa espontânea, considerada a mais confiável, porque esse tipo de levantamento tem índice zero de indução ao entrevistado.

As perguntas feitas foram absolutamente claras e diretas: “O que você acha de Lula?”. “E o que você acha de Bolsonaro?”. Simples assim, como devem ser as coisas na política.

O resultado foi surpreendente, porque demonstrou que o presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro (PL) despertam mais associações negativas do que positivas entre os eleitores da capital paulista.

RESULTADO NEGATIVO – Segundo a repórter Ana Luiza Albuquerque, da Folha, “quando perguntados sobre qual é a primeira coisa que vem à cabeça quando pensam em Lula, 48% dos entrevistados fazem menções negativas e 39%, positivas”.

No caso de Bolsonaro, o resultado é ainda pior: 58% o associam a referências negativas e apenas 30%, a positivas.

As associações negativas aos dois políticos foram variadíssimas. Por exemplo, as mais comuns referentes a Lula são “bandido” ou “ladrão” (13%); “corrupção” ou “fraude” (3%); “péssimo” (2%); “mentiroso” ou “divulgador de fake News” (2%).

TRADUZINDO – Bem, em tradução simultânea, o resultado é significativo em relação à próxima disputa presidencial em 2026. Entre as citações positivas em relação a Lula, as principais foram: “bom” ou “melhor presidente” (5%); “simpatiza” ou “gosta dele” (2%); apoia a população mais pobre (2%); bom trabalho ou governo (2%); ajuda o povo ou o país (2%).

No caso de Bolsonaro, as referências negativas mais citadas foram: “péssimo” (5%); “não gosta dele” ou “não deixou saudades” (4%); “não foi um bom presidente” (3%); “gestão ruim” (3%); “doido ou insano” (3%); “bandido ou corrupto” (2%); “não votaria nele” (2%).

Já as principais associações positivas ao ex-presidente foram: “bom” ou “melhor presidente” (7%); “votaria nele” (2%); “bom trabalho” (2%).

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P. S –
A pesquisa espontânea é a mais confiável, porém a margem de erro máxima também é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. De toda forma, o resultado deve ser considerado auspicioso, porque políticos com grau de rejeição de 58% (Bolsonaro) ou 48% (Lula) têm mais chances de vitória quando um enfrenta o outro, o que pode facilitar a ascensão de candidatura de terceira via. (C.N.)

Lula e Bolsonaro saem destas eleições rebaixados do comando do espetáculo

Eleições 2022: quais são as propostas de Lula e Bolsonaro? - BBC News Brasil

Os dois mitos realmente estão em queda no eleitorado

Dora Kramer
Folha

Eleição municipal atípica, a que termina agora, dá um sinal claro para a próxima, daqui a dois anos, coisa que normalmente não ocorria: duas das mais relevantes lideranças políticas no plano nacional não obtiveram vitórias significativas. Ou, por outra, tiveram derrotas eloquentes.

Isso não antecipa necessariamente o cenário de 2026, mas evidencia que o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) e o antecessor Jair Bolsonaro (PL) não comandam o espetáculo da política na dimensão em que ambos acreditaram ou talvez ainda acreditem.

AMBOS PERDERAM – No cômputo geral dos resultados nas capitais, a aparência foi de prevalência de Bolsonaro, cujo partido elegeu quatro prefeitos contra apenas um do PT de Lula. No detalhe, porém, vê-se que ambos perderam, e muito em função de erros de cálculo sustentados em excesso de confiança nos respectivos tacos.

Lula já tivera uma ideia ruim quando impôs Dilma Rousseff em 2010 apostando numa volta fácil em 2014. Agora teve três más ideias: chamar a polarização à cena, confiar na transferência de votos e considerar a aliança com Marta Suplicy receita de sucesso.

O presidente gabaritou no equívoco: o eleitorado preferiu julgar gestões e Guilherme Boulos (PSOL) manteve o patamar de votos de 2020, quando não tinha dinheiro nem presidente na retaguarda. Além disso, houve o retraimento de Marta, que por impossibilidade de falar mal de Ricardo Nunes (MDB), de quem foi secretária de Relações Internacionais, não foi a debates de vices e recusou-se a dar entrevistas.

CHEIRO DE QUEIMADO – Bolsonaro perdeu para o próprio ego ao se confrontar com governadores e parlamentares de seu campo, comprovando-se mais uma vez desleal. Nesse quesito, também perdeu para Lula, que soube detectar o cheiro de queimado a tempo de se distanciar de embates com partidos aliados em Brasília.

O presidente levou em conta o dia de amanhã, mas seu antecessor preferiu combater ao sol e à chuva sem cacife robusto o suficiente para ganhar. Contratou desafetos na forma de potenciais adversários futuros.

Juntos no estrelato em 2022, Lula e Bolsonaro terminam 2024 unidos no infortúnio.

Entre a cadeira de prefeito e a honra, Boulos errou ao escolher a cadeira

O candidato Guilherme Boulos  (PSOL) durante coletiva de imprensa após resultado da final da apuração das eleições municipais em São Paulo

Boulos errou ao fazer a sabatina com Marçal, que o ofendeu

Marcelo Godoy
Estadão

Maquiavel dizia que sem piedade se podia empalmar o poder, mas não a glória. Há várias formas de se empalmar o poder, além da união entre a Fortuna e a Virtù para eleger o príncipe ou o prefeito. Os tempos mudaram e Guilherme Boulos, o candidato do PSOL, pareceu querer se adaptar a ele e, assim, não ser dobrado pelos ventos novos. Derrotado, ele disse ontem: Perdemos, mas recuperamos a dignidade da esquerda”. Será?

Por essa e outras, o eleitor da capital paulista viu exemplos formidáveis nesta campanha. Além do ex-coach Pablo Marçal, cujas razões de sucesso – e do fracasso final – já foram debatidas à exaustão, há outra candidatura que merece uma sessão de terapia: a do próprio deputado federal Boulos.

ACEITOU SABATINA – O psolista foi além da esquerda que troca a defesa dos direitos trabalhistas e da distribuição da riqueza pela mudança de pronomes: em sua luta para ganhar uns votos a mais no segundo turno, o Boulos resolveu aceitar o desafio de Marçal para uma sabatina em suas redes sociais.

Em 14 de agosto, no debate promovido pelo Estadão, pela Fundação Armando Álvares Penteado e pelo Terra, Marçal insinuou que Boulos consumia cocaína. Na plateia, assessores do candidato do PRTB fungavam fortemente quando o deputado psolista começava a falar. Até que o ex-coach resolveu exorcizar Boulos, exibindo-lhe uma carteira de trabalho, como se fosse um crucifixo.

Boulos reagiu de forma intempestiva: tentou retirar de Marçal a carteira. Virou meme. Enquanto isso, o ex-coach não perdia a oportunidade de dizer que ia revelar uma bomba contra o “comunista”. Seria no último dia de campanha.

CHORO DA FILHA – O deputado do PSOL chegou a relatar o choro da filha diante dos ataques do adversário. Marçal parecia não ter limites. Nem se conter. E angariava votos na mesma medida em que ameaçava os favoritos Nunes e Boulos.

Seus adversários alertavam para o passado do candidato e para a proximidade de aliados do ex-coach com o Primeiro Comando da Capital (PCC) até que ele levou em um debate um golpe com um banquinho desferido pelo tucano José Luiz Datena.

Visto como um pária na campanha eleitoral, Marçal queria mesmo se vender assim, como alguém contra todos os que ele chamava de “consórcio”. Teve 28% dos votos e ficou um ponto porcentual abaixo de Boulos e 1,5 ponto abaixo de Nunes, os candidatos que passaram para o segundo turno.

E o que fez o psolista para tentar vencer a aritmética desfavorável que indicava Nunes como herdeiro dos votos de Marçal? Tentou mimetizar a estética, as ideias e até o caráter da candidatura de Marçal.

Foi assim que no dia 23 de outubro, o deputado publicou um vídeo no X, o antigo Twitter, no qual eleitores que diziam ter votado em Marçal decidiam escolher Boulos no 2º turno. Terminava com um deles retirando o boné com a letra M, símbolo da campanha do ex-coach, trocando-o por um da mesma cor e modelo, mas com a letra B.

BOA IDEIA? – Parecia uma boa ideia. Pode-se dizer que a mensagem se dirigia aos eleitores. Mas a identificação de Boulos com os símbolos de Marçal era algo que não se imaginava possível no dia 5 de outubro.

Naquele dia, o deputado pedira a prisão e a cassação de Marçal, depois de o ex-coach divulgar à noite anterior o falso laudo que imputava ao adversário “ideias homicidas” em um estado de “surto psicótico” pelo consumo de cocaína.

Logo no mesmo dia 23, Boulos anunciou que aceitava o convite de Marçal para a sabatina que o ex-coach propunha com os candidatos. Era a aposta final do deputado para conquistar um eleitor improvável e baixar a sua rejeição nas pesquisas.

A manobra rendeu a Boulos 42 publicações na rede X – 25 delas no dia da sabatina, 25 de outubro – e outras 20 no Instagram.

OPRESSOR E OPRIMIDO – Em uma delas, Boulos anunciava: “Jesus é inspiração para todos nós. Isso eu aprendi no movimento social”. Contou com 12,6 mil visualizações. Um apoiador respondeu-lhe: “Acho que Jesus largou a cidade de São Paulo faz tempo, olha o absurdo que temos que assistir: o opressor e o oprimido do primeiro turno”.

Se conquistou algum voto, é difícil saber. No domingo à noite, as urnas mostravam que o psolista tivera 40,65% dos votos, um pouco mais do que os 40,21% que obtivera quatro anos antes.

Para muitos de seus colegas de partido, ao aceitar o convite de Marçal, Boulos mostrava a degradação de quem busca conciliar com o que não há conciliação. Entre a honra e a cadeira de prefeito, ele escolheu a cadeira. E acabou sem ambas. Não teve Virtù, nem lhe abraçou a Fortuna.

Eleições exibiram a força do Centrão, o maior vencedor na política nacional

Charge do Zé Dassilva: Ministério do Centrão - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Merval Pereira
O Globo

As eleições municipais chegam ao fim hoje marcando uma mudança importante na política partidária brasileira, colocando a centro-direita no topo da preferência dos eleitores, e reduzindo a importância da esquerda, que está no governo central, mas já não tem o controle da situação como em outras épocas.

O presidente Lula evitou envolver-se nas disputas regionais por ter uma ampla base de apoio no Congresso, que é dominada pela centro-direita, embora essa tendência não seja respeitada na formação ministerial, nem na tomada de decisões.

CONTRADIÇÃO – O terceiro mandato de Lula vem sendo marcado por essa contradição, não é nem de esquerda, nem de centro, muito menos de direita. Mas vagueia entre tendências, sem ter condições políticas de ditar o rumo.

Somente na política externa a direção é ditada pela esquerda tradicional, provocando muitas críticas, sem conseguir demonstrar que defende os interesses nacionais quando adere ao BRICS ampliado, que dilui a importância do Brasil e o leva a ser minoritário entre tradicionais ditaduras e governos esquerdistas que querem transformar o grupo em uma instituição antiocidental sem futuro prático, mas com presença política relevante para os interesses da China e da Rússia.

DESAGRADO – Mesmo nesse aspecto o governo Lula se afasta da maioria do eleitorado, que desaprova nossa união com essa aliança do Sul Global que se afasta das grandes potências europeias e dos Estados Unidos.

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, mostrou-se surpreso com as críticas, alegando que “pelo que me consta, o Brasil faz parte do Ocidente”. Tem toda razão, e por isso mesmo é estranhável que faça parte de uma associação internacional que só reúne países que se colocam em confronto com os valores ocidentais.

A democracia já não é uma condição sine qua non para se fazer parte dos BRICS, o que define de pronto a tendência do grupo.

POLÍTICA EXTERNA – Esse aspecto do governo não faz parte da temática das eleições municipais, e nem mesmo nas campanhas nacionais nossa política externa ganha relevância, a não ser para que Lula seja criticado por imprimir uma direção esquerdista a nossas posições nos fóruns internacionais.

Recentemente, as posições brasileiras em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra de Israel contra os grupos terroristas Hezbolah e Hamas têm sido aproveitadas pela direita nacional como instrumento de combate político, o que fragiliza ainda mais o governo.

Assim como o presidente do PL, Waldemar Costa Neto brada aos quatro cantos que a direita não tem condições de derrotar Lula em 2026 se não se juntar ao centro, também a esquerda não tem condições de ganhar a eleição sem se aproximar do centro.

CENTRÃO, O VENCEDOR – As eleições municipais estão mostrando a força eleitoral do Centrão, o verdadeiro vencedor. Diz-se que as eleições municipais não têm a ver com as nacionais, mas essa generalização também está errada. Prefeitos e vereadores têm influência na formação do futuro Congresso, que se avalia venha a ser um Congresso mais à direita do que o atual.

Tudo indica que, mesmo sem a presença de Bolsonaro na disputa, o centro-direita tem condições de vencer se não se dividir. Caso Lula também não possa concorrer, seja por que razão for, a projeção é de que teremos uma eleição tão diversificada quanto a de 1989, quando nada menos que 22 candidatos concorreram à primeira eleição direta depois da ditadura.

Pode vir a ser um marco do reinício da disputa partidária no país, como foi a de 1989. O resultado daquela não foi, no entanto, dos mais felizes. Collor foi eleito e acabou impedido pelo Congresso de continuar no governo dois anos depois. Lula, que disputou com ele, admitiu anos depois que não estava preparado para o cargo naquele momento.

Recordista em prefeituras, PSD invade redutos de PSDB, MDB e União Brasil

Presidente do PSD, Gilberto Kassab festejou o saldo da sigla nas eleições deste ano: “Este é um partido que nunca teve crise”.

A estratégia da Kassab (PSD) é só apoiar quem vai vencer…

Felipe de Paula
Estadão

O Partido Social Democrático (PSD), legenda que elegeu o maior número de prefeitos no pleito municipal, avançou principalmente sobre redutos consolidados do União Brasil, MDB e PSDB, de acordo com levantamento do Estadão. A análise levou em consideração as fusões e incorporações partidárias, além dos resultados das eleições municipais desde 2000.

Entre as 887 prefeituras conquistadas pelo PSD (segundo o resultado divulgado oficialmente pelo TSE), 236 eram gerenciadas há 12 anos ou mais por um dos três partidos. Proporcionalmente, 26,61% dos prefeitos vencedores pelo PSD em 2024 elegeram-se em municípios tradicionais do MDB, PSDB e União Brasil (neste caso, considera-se também DEM e PSL, partidos que formaram o União Brasil por meio de uma fusão em 2021).

PSDB EM BAIXA – O maior prejudicado entre as siglas foi o PSDB, que teve 102 redutos capturados, principalmente no interior de São Paulo, região histórica de atuação tucana. A “desidratação” partidária para a legenda de Gilberto Kassab, entretanto, começou já após a eleição de 2020, quando prefeitos eleitos pelo PSDB migraram para o PSD visando disputar a reeleição com mais chances de vencer.

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, afirmou que essa movimentação entre as duas siglas minou a atuação do partido em São Paulo, mas sua avaliação do pleito ainda é positiva.

DIZ PERILLO – “Nós saímos muito mal das eleições de 2022. Perdemos o governo de São Paulo depois de 28 anos, sete mandatos consecutivos. E, consequentemente, logo em 2023, perdemos quase todos os nossos prefeitos. Em 2020 nós elegemos 174 prefeitos em São Paulo e ficamos com 23. Com isso, reduzimos muito o número de prefeitos no PSDB. Em todo o Brasil, foram eleitos 525 em 2020 e agora sobraram 296,” afirmou Marconi.

Essa estratégia de migração partidária utilizada pelo PSD é uma das técnicas mais efetivas de expansão eleitoral, segundo a coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom), Mayra Goulart.

A pesquisadora acrescenta que, para este ano, o PSD priorizou candidaturas mais plurais, que pudessem abarcar grande parte do eleitorado da centro-direita e centro-esquerda.

SEM RESTRIÇÕES – “O PSD montou nominatas com bastante maleabilidade, com pessoas de diferentes perfis ideológicos. Então é um partido que tem como estratégia a maximização eleitoral nos diferentes territórios do Brasil,” explica Mayra.

O MDB, partido que desde a redemocratização liderou em número de prefeituras, viu a maior parte dos redutos serem absorvidos pelo PSD no Paraná e em Santa Catarina. No total, o MDB perdeu 88 municípios para o partido de Kassab, sendo que 63 estão nas regiões Sul e Sudeste do país.

A queda de braço entre PSD e MDB pelo maior número de prefeituras é uma “verdadeira competição”, segundo o cientista político e coordenador do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), Vinicius Alves.

DISPUTA DIRETA – Segundo o pesquisador, o MDB divide espaço na arena municipal com outros partidos de centro há alguns anos, e essa tendência de embate direto entre as grandes legendas vem crescendo nas últimas eleições.

Por outro lado, o pesquisador ressalta que os emedebistas ainda preservam uma competitividade significativa no plano nacional. Por mais que o MDB tenha perdido o posto de sigla com maior número de prefeituras, o partido cresceu em relação ao pleito de 2020, quando elegeu 793 prefeitos em todo o País.

Neste ano, o MDB angariou mais 63 prefeituras, chegando a 856 municípios —e venceu no voto popular em São Paulo pela primeira vez.

KASSAB FESTEJA – Presidente do PSD, Gilberto Kassab festejou o saldo da sigla nas eleições deste ano: “Este é um partido que nunca teve crise”.

Em entrevista ao Estadão logo após o primeiro turno, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, revelou o desejo de lançar o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), como candidato à Presidência da República em 2026.

“Se nós tivermos um candidato, é o Ratinho. Nenhuma decisão, mas o que eu posso afirmar é que se a gente tiver, será ele. A não ser que ele não queira”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lembrando que Kassab também é secretário de Governo de São Paulo na gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), ele tem uma estratégia de só apoiar quem vai vencer. Na dúvida, não apoia ninguém e espera a eleição. Por enquanto, Tarcísio tem mais chances do que Ratinho, caso Bolsonaro não seja anistiado e continue inelegível. Vamos aguardar. (C.N.)

Veja quem realmente ganhou e quem perdeu nessas urnas municipais

Charge do JCaesar | VEJAJosias de Souza
do UOL

Perderam Lula e Bolsonaro. Ambos revelaram-se cabos eleitorais menores do que imaginavam. Ficaram mal a ultradireita e a esquerda. Ganharam a centro-direita (PSD e MDB) e a direita (PP e União Brasil). A rota que leva ao Planalto em 2026 passa pelo centro.

QUEM PERDEU 1 – Bolsonaro foi o grande perdedor de 2024. No primeiro turno, a derrota no Rio de Janeiro havia sido atenuada pela passagem de bolsonaristas de mostruário para a fase final. No tira-teima, a maioria dos queridinhos do capitão naufragou.

Bolsonaro perdeu em Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Palmas, Fortaleza, João Pessoa, Manaus e Belém e Porto Velho. Em São Paulo, até Silas Malafaia notou a covardia do mito: “Porcaria de líder”, definiu o pastor.

O conservadorismo que prevaleceu nas urnas municipais não se confunde com o bolsonarismo. O capitão logo será matéria prima de sentenças.

QUEM PERDEU 2 – Lula nacionalizou a eleição mais importante, em São Paulo, ao dizer que seria uma disputa entre ele e a “figura”. Bolsonaro fugiu da briga. Lula virou sócio da derrota de Guilherme Boulos. Restou um consolo. Lula tem nas suas mães o seu futuro e o de seus antagonistas.

Se chegar a 2026 com boa saúde e bom desempenho, fará de 2024 apenas uma memória triste. Nessa hipótese, Lula aprisionaria as ambições políticas de Tarcísio de Freitas dentro de São Paulo. Melhor um Palácio dos Bandeirantes na mão que um Planalto voando.

QUEM PERDEU 3 – O PT e os demais partidos de esquerda e centro-esquerda disputavam seis capitais no segundo turno. Perderam cinco. A vitória mais dolorida foi a de Guilherme Boulos, em São Paulo.

A única vitória, obtida pelo petista Evandro Leitão, em Fortaleza, não justifica a explosão de fogos. Com a máquina estadual a seu favor e o apoio de Lula, Leitão derrotou o protobolsonarista André Fernandes por míseros 11 mil votos. Foi a única capital conquistada pelo PT. No ranking dos partidos, ocupa a nona posição, com 252 prefeituras. Está atrás do moribundo PSDB (274).

QUEM PERDEU 4 – A ultradireita teve o protagonista de 2024, Pablo Marçal, e mostrou que o bolsonarismo não é escravo de Bolsonaro, podendo aderir a outras opções de desqualificação.

Marçal nacionalizou sua baixaria. Armado das redes socias, vendeu ilusões a religiosos, jovens e brasileiros que ralam à margem da CLT. Teria potencial para bagunçar o quintal da direita em 2026. Mas a opção pelo crime eleitoral fez dele um candidato favorito à inelebilidade.

Filhotes de Marçal mais reverentes a Bolsonaro colecionaram derrotas ao redor do país.

QUEM GANHOU 1 – Tarcísio de Freitas, chamado de “grande líder” por Ricardo Nunes. O governador de São Paulo não venceu apenas na capital. Associou-se a vitórias do seu partido e de aliados em 626 dos 645 municípios de São Paulo. Coisa de 97,5% das cidades do estado.

Pavimentou a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. Manteve-se, de resto, no primeiro lugar da fila de alternativas conservadoras para o Planalto.

Paradoxalmente, Tarcísio apequenou o próprio feito ao difundir, sem provas, que o PCC pedia votos para Guilherme Boulos desde as prisões. Sua pretensa moderação tem dificuldades para se entender com seu bolsonarismo.

QUEM GANHOU 2 – Gilberto Kassab, dono do PSD, tornou-se onipresente nos bastidores da política. Prevaleceu em praças como Rio, Curitiba e Belo Horizonte.

Na cidade de São Paulo, embarcou no bonde de Ricardo Nunes. É secretário de Governo de Tarcísio de Freitas e aliado de Lula, em cujo governo o PSD controla três ministérios.

Kassab está em toda parte. Impossível fazer política no Brasil sem esbarrar nele.

QUEM GANHOU 3 – O centro-direita e a direita também venceram. O PSD comandará o maior número de prefeituras (887), superando MDB (854), PP (747) e União Brasil (584). Partidos de centro-direita e de direita venceram em 20 capitais.

Consolidaram-se duas percepções: 1) O itinerário que leva ao Planalto em 2026 passa pelo centro. 2) O próximo Congresso será feito de mais do mesmo.

Mais emendas, fisiologismo e emendas orçamentárias, com o mesmo viés conservador.

QUEM GANHOU 4 – Um dos grandes vitoriosos da eleição municipal foi o saco cheio nacional. O desalento do eleitorado foi dimensionado por uma taxa de abstenção de 29,26%. É praticamente o mesmo percentual registrado em 2020 (29,53%), em plena pandemia.

Em São Paulo, a taxa que mede os eleitores ausentes às urnas de 2024 foi de 31,64%, superior aos 30,81% registrados há quatro anos.

Os atores da polarização precisam prestar atenção a esse pedaço do eleitorado que se sente desatendido pela democracia. Para qualquer candidato, a chegada ao Planalto passa pelo Planalto.

Piada do Ano! Eleição mostra “satisfação do povo” com o governo, diz Mercadante

Mercadante quer ajudar Haddad a conseguir superávit fiscal

Até a sombra de Mercadante se assustou com a Piada dele…

Hamilton Ferrari
Poder360

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira (28.out.2024) que o fato de 80% dos prefeitos terem sido reeleitos demonstra a “satisfação do povo” com a vida no Brasil.

Reconheceu, porém, que o país tem problema com as contas públicas e que será necessário adotar medidas para atingir o grau de investimento nas agências de risco.

CRESCIMENTO – Mercadante participa em São Paulo do BIF (Brazil Investmet Forum), o 7º Fórum de Investimento do Brasil. Ele disse que a projeção de PIB acima de 3% é potencializada pelo crescimento industrial e investimentos.

“Temos um problema fiscal. O país vai ter que fazer ajustes nas contas públicas. Nós temos que colocar a meta de grau de investimento como a meta fundamental, e está muito próxima a ser atingida. Terminaremos, para os pessimistas, com mais uma derrota nas suas previsões. Não só manteremos a relação dívida-PIB, eu tenho a convicção, mas, principalmente, temos que fazer isso com crescimento econômico”, declarou.

Sobre as eleições, o presidente do BNDES disse que a reeleição de 80% dos prefeitos mostra uma “satisfação do povo” com as prefeituras e com a vida no Brasil.

CONTINUÍSMO – “O resultado da eleição é o continuísmo. Foi o grande recado que veio das urnas”, declarou. Mercadante avaliou que o Brasil é um país com cultura de “paz” e o mundo passa por uma escalada militar “preocupante”.

Afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem a paz como “princípio inegociável” e que busca saída diplomática e suspensão das guerras.

“Nós somos um país que há 150 anos não tem guerra com nenhum vizinho e é um fator de estabilidade decisiva na região”, disse. Mercadante declarou que o Brasil tem estabilidade política, apesar da “tentativa de golpe”, o ato do 8 de Janeiro de 2023.

CLIMA DE PAZ – “A Justiça brasileira foi eficaz, rápida. Nesta eleição municipal, mais de 5 mil municípios, não tem um vereador que questionou urna eletrônica e nenhum prefeito. Ninguém invadiu prefeitura. Nós estamos vivendo um clima totalmente tranquilo e de paz”, declarou.

Mercadante defendeu rever as emendas parlamentares para projetos estruturantes. Segundo ele, há uma “parlamentarização” do Orçamento que é exagerada.

Os poderes Executivo e Legislativo se comprometeram com o STF (Supremo Tribunal Federal) a entregar um Projeto de Lei Complementar sobre a regulação da execução das emendas de congressistas. Quem está costurando o projeto é o senador Angelo Coronel (PSD-BA).

INVESTIMENTO – Morgan Doyle, gerente de países do Cone Sul no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), disse que a América Latina, e particularmente o Brasil, é parte fundamental para desafios do futuro, como a transição energética. Defendeu que a relevância global cria também oportunidades de investimento e desenvolvimento.

Afirmou que o Brasil registrará, em 2024, o 4º ano de crescimento anual “robusto”. O PIB (Produto Interno Bruto) do país avançou 4,8% em 2021, 3,0% de 2022, 2,9% em 2023 e, segundo as projeções de analistas do mercado financeiro, 3,08% em 2024.

Doyle declarou ainda que as taxas de crescimento ficaram acima das projeções dos economistas nos últimos anos. Disse que a taxa de desemprego está nos menores níveis históricos e o cenário favorável está sendo “muito percebido pelos investidores”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mercadante é um dos melhores quadros do PT, já trabalhou na iniciativa privada com Henrique Meirelles e tem futuro garantido. Fica feio para ele fazer essas bajulações a Lula, que mal o suporta. Além do mais, lançar Piadas do Ano com a economia é mais vergonhoso ainda. Detalhe intrigante: Por incrível que pareça, Mercadante era amigo de Carlos Lessa e Maria da Conceição Tavares, que devem ter fechado as contas mais cedo para não ver esses vexames bajulatórios do economista do PT. (C.N.)

E quando o poeta já não tem palavras para descrever seu amor inalcançável?…

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, folclorista, ensaísta e poeta gaúcho Augusto Meyer (1902-1970) confessa no poema “Gaita” que já não tem mais palavras, porque seu amor está levando a sua vida, diante da impassividade de seu orgulho.

GAITA
Augusto Meyer

Eu não tinha mais palavras,
Vida minha,
Palavras de bem-querer;
Eu tinha um campo de mágoas,
Vida minha,
Para colher.

Eu era uma sombra longa,
Vida minha,
Sem cantigas de embalar;
Tu passavas, tu sorrias,
Vida minha,
Sem me olhar.

Vida minha, tem pena,
Tem pena da minha vida!
Eu bem sei que vou passando
Como a tua sombra longa;
Eu bem sei que vou sonhar
Sem colher a tua vida,

Vida minha,
Sem ter mãos para acenar,
Eu bem sei que vais levando
Toda, toda a minha vida,
Vida minha, e o meu orgulho
Não tem voz para chamar.

China critica comentário dos EUA sobre Brasil e a Nova Rota da Seda

Representante de Comércio dos EUA viaja ao Brasil - Embaixada e Consulados  dos EUA no Brasil

Katherine Tai *|EUA) quer o Brasil fora na Nova Rota da Seda

Pedro Teixeira
CNN Brasília

A Embaixada da China no Brasil definiu como irresponsável o comentário da chefe de Comércio dos Estados Unidos, Katherine Tai, de que o governo brasileiro deveria pesar os riscos de aderir à Nova Rota da Seda, projeto internacional de investimentos chineses.

Em nota assinada por Li Qi, porta-voz da embaixada chinesa, Pequim avaliou que o ato da representante americana “carece de respeito ao Brasil, um país soberano, e despreza o fato de que a cooperação sino-brasileira é igualitária e mutuamente benéfica.”

NEGOCIAÇÃO – Autoridades brasileiras e chinesas trabalham em um acordo sobre o projeto, que pode ser divulgado no mês que vem, quando o líder chinês, Xi Jinping, visitará o Brasil e deve ter uma reunião bilateral, em Brasília, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na nota, Pequim ressaltou que a iniciativa da Nova Rota da Seda “é uma importante medida para promover uma abertura de alto nível da China ao mundo e ao mesmo tempo, uma plataforma internacional para levar adiante um desenvolvimento inclusivo e universalmente benéfico da globalização econômica. A iniciativa está aberta para países com as mesmas aspirações, em busca duma cooperação de consulta extensiva, contribuição conjunta e resultados compartilhados.”

Na última quarta-feira (23), a representante americana Katherine Tai disse, em um evento organizado pela Bloomberg em São Paulo, que o Brasil deveria ter cautela com uma possível adesão à iniciativa chinesa.

DISSE TAI – “O Brasil deve se perguntar qual é o caminho que leva a mais resiliência não só da economia brasileira, mas da economia global”, afirmou Katherine durante um debate sobre a relação EUA e China.

Em agosto, o presidente Lula deu sinal de que o Brasil pode aderir ao megaprojeto de infraestrutura da China.

“Os chineses querem discutir conosco a ‘Rota da Seda’. Nós vamos discutir a ‘Rota da Seda’”, disse Lula sobre a iniciativa, que sofre crescente objeção de parceiros ocidentais do Brasil, como Estados Unidos e União Europeia.

PERDE E GANHA – “Nós não vamos fechar os olhos, não. Nós vamos dizer: O que é que tem para nós? O que eu tenho com isso? O que eu ganho? Porque essa é a discussão”, disse o presidente Lula, acrescentando:

“Não pense que quando falo da China quero brigar com os EUA, pelo contrário. Quero os Estados Unidos do nosso lado tanto quanto quero a China. Eu quero saber onde é que nós entramos, qual o lugar eu vou entrar, com quem eu vou dançar? O Brasil só será respeitado se tiver projeto”, completou Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula da Silva está mais do que certo. A melhor estratégia diplomática é conviver e negociar com todos, para conseguir fechar os melhores negócios para o país. Os norte-americanos são espertos demais e querem passar a conversa nos países em desenvolvimento. (C.N.)

Clima no entorno de Nunes reflete empenho de Tarcísio e põe Boslonaro para escanteio

Tarcísio sai como protagonista responsável pelo sucesso de Nunes

Pedro do Coutto

As eleições de ontem em todo o país não devem representar mudanças na estrutura dos municípios ou no caráter ideológico que marca o voto nas urnas. O cenário, inclusive, volta-se para o conservadorismo, e não há expectativas  de mudanças substanciais no que se refere à vitória de candidatos da esquerda. Escrevo este artigo na tarde de domingo.

A direita e o centro-direita devem prevalecer, sobretudo porque o confronto mais importante na cidade de São Paulo deve culminar com a vitória de Ricardo Nunes. Seria uma grande surpresa que Guilherme Boulos apresentasse uma virada no pleito. As pesquisas apontam uma diferença de nove pontos, um percentual muito grande a ser superado. Portanto, São Paulo foi uma vitória do governo Tarcísio de Freitas, apesar de bolsonaristas tentarem emplacar a sua marca no êxito de Nunes.

DESCONTRAÇÃO – Ontem, o clima no entorno de Ricardo Nunes era outro. A tensão que marcou o primeiro domingo do mês, na disputa mais apertada da história da cidade de São Paulo, deu lugar à descontração. Sorridente, o candidato chegou para votar ao lado de Tarcísio de Freitas, e usou todos os adjetivos que encontrou para elogiar seu empenho na campanha. Quando questionado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, Nunes fez questão de ignorá-lo.

No primeiro turno, o ex-presidente não participou de nenhuma agenda de Nunes, manteve uma postura titubeante, inclusive com eventuais elogios a Pablo Marçal, e só aceitou gravar um vídeo em apoio ao atual prefeito na véspera da eleição. Questionado sobre a importância que Tarcísio e Bolsonaro tiveram em sua campanha, Nunes respondeu: “Hoje eu quero falar de retidão, fidelidade, lealdade, comprometimento. No momento onde eu dei uma caída na pesquisa, dias 28 e 29 de agosto, foi o momento em que o governador Tarcísio mais entrou na campanha. Isso demonstra o caráter, a lealdade. O que mostra a pessoa que ele é e a dignidade que tem. Um grande líder precisa ter estas qualidades”.

O prefeito disse que “tudo que acontece na cidade de São Paulo reverbera no país”, mas evitou antecipar discussões sobre a disputa em 2026, que pode ter o governador como candidato à presidência da República. No primeiro turno, quando os eleitores começavam a ir às urnas, Nunes não escondeu o desconforto após Bolsonaro elogiar Marçal e dizer que o apoiaria caso fosse ao segundo turno contra Guilherme Boulos.. O momento era crítico na campanha, com pesquisas mostrando empate técnico entre os três.

“NA FOTO” – Se o prefeito ainda busca ponderação, fazendo comparações indiretas entre a fidelidade de Tarcísio e a de Bolsonaro, em sua equipe de campanha a postura é mais explícita. Um dos assessores de confiança de Nunes reclamou neste domingo que agora “todos querem aparecer na foto”, e opinou que aqueles que não se empenharam no primeiro turno deveriam se afastar.

Enquanto a desconfiança ronda as relações com Bolsonaro, Tarcísio colhia no entorno de Nunes os frutos de sua dedicação. Entre os eleitores, houve mais pedidos de selfie para ele neste domingo do que para o próprio prefeito. Questionado insistentemente pela imprensa sobre o seu futuro político, Tarcísio se limitou a dizer que as eleições municipais demonstraram que a população pode estar mais disposta a priorizar o pragmatismo e a capacidade de gestão.

Eleições municipais exibem um Brasil rumo ao “conservadorismo de direita”

AVANÇO DO CENTRÃO NA MÁQUINA ESTATAL, TORNA SITUAÇÃO DE LULA DIFÍCIL E PREOCUPANTE - Cariri é Isso

Charge do Erasmo (Arquivo Google)

Malu Gaspar
O Globo

As pesquisas indicaram que Jair Bolsonaro teria derrotas importantes neste domingo, e a esquerda, minguadas chances de vitória. Mas, independentemente dos resultados e de algumas surpresas que sempre ocorrem em disputas acirradas, o quadro que se forma ao final deste ciclo eleitoral é o de um Brasil de direita sim, mas principalmente conservador.

O grande número de reeleições – oito em cada dez prefeitos se reelegeram no primeiro turno – é um indicativo disso. O crescimento dos partidos do Centrão, na esteira da despudorada distribuição de emendas, é outro.

DIREITA ORGANIZADA – O fato de que o PL de Jair Bolsonaro fez o maior número de vereadores em capitais no Brasil e de que o PSD de Gilberto Kassab, que flerta mais com a direita que com a esquerda, ter feito o maior número de prefeituras, demonstram que a direita aprendeu a se organizar.

Essa organização se reflete na possibilidade de vitória nas 15 capitais onde haverá segundo turno. Em todas elas, de Norte a Sul, há um representante da direita ou da centro-direita. Já a esquerda ficou encolhida, e está na disputa em apenas seis capitais – onde não lidera, mas está em empate técnico ou em segundo lugar.

No primeiro turno e agora, estão vencendo os prefeitos bem avaliados e o discurso da direita não-extremada.

CONSERVADORISMO -Debates sobre costume estiveram, em maior ou menor grau, presentes nas disputas, em geral onde o bolsonarismo precisava se contrapor à esquerda de forma mais enfática. Sentindo o conservadorismo do eleitorado, até candidatos de esquerda, como Lúdio Cabral (PT) em Cuiabá (MT), adotaram um discurso mais conservador, e procuraram ou demonstrar moderação ou evitar ao máximo temas como legalização das drogas, aborto, Venezuela, ideologia de gênero.

Chama a atenção, porém, que candidatos que representavam rupturas radicais ou surfaram em um discurso muito extremado também tenham tido dificuldades de se impor.

Tudo isso indica que componente ideológico tem seu peso – especialmente o antipetismo e antiesquerdismo genérico –, mas até um certo ponto. Ao que parece, o eleitor está fazendo por conta própria uma espécie de retrofit do conservadorismo em que se mantém o direitismo, mas se abandona a caricatura.

Em Goiânia, a derrota que mais doeu para Bolsonaro neste segundo turno

Caiado e Mabel quebram tabu que durava 32 anos em Goiânia - Portal 6

Caiado elegeu Mabel e disse que a direita não tem dono…

Bela Megale
O Globo

A derrota de Fred Rodrigues (PL) em Goiânia foi a mais sentida por Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições. Desaconselhado por aliados a ir para a capital de Goiás neste domingo, o ex-presidente insistiu em fazer agenda com o candidato do PL, que acabou derrotado.

O vencedor foi Sandro Mabel (União), apoiado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Com 97% das urnas apuradas, o candidato do União já recebera 55% dos votos e o do PL, 44%.

AS RAZÕES – Na avaliação dos bolsonaristas, dois pontos enfraqueceram Fred Rodrigues na reta final. Um deles foi a denúncia de que seu diploma universitário é falso. O outro foi a operação da Polícia Federal contra o deputado Gustavo Gayer, principal padrinho político do candidato do PL em Goiânia.

Gayer é suspeito de desviar recursos públicos da cota de deputado e falsificar documentos. A investigação aponta que ele mantém uma escola de inglês e uma loja de roupa com recursos da Câmara.

Bolsonaro fez ouvidos moucos e decidiu ir para Goiânia. De camarote, presenciou a derrota do aliado.

PONTO DE HONRA – A vitória na capital goiana era questão de honra para Bolsonaro. O ex-presidente tinha certeza de que seu candidato Fred Rodrigues derrotaria Sandro Mabel, e, por consequência, o governador Ronaldo Caiado, com quem Bolsonaro travou uma guerra nas eleições municipais e chegou a chamar o oponente de “covarde” e “rosnador”.

Ao longo da semana, o ex-presidente vinha recebendo informações de pesquisas mostrando que a chance de Mabel vencer era grande, mas nunca acreditou.

No sábado, Caiado disse que Mabel iria ganhar, porque a direita não tem dono. Na manhã deste domingo, Bolsonaro mudou o tom e fez aceno direto a Caiado, falando que a direita não tem racha…

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bolsonaro e Lula saíram derrotados dessas eleições, que incluíram candidatos de todas as facções políticas, em geral. A próxima eleição presidencial irá fatalmente a segundo turno, totalmente indefinida. (C.N.)