Loyola Brandão esclarece o debate sobre Jacinto de Thormes e Ibrahim

ignacio-de-loyola-brandao | Conto Brasileiro

Loyola Brandão era amigo de Jacinto de Thormes

Vicente Limongi Netto

Em mensagem que me encaminhou nesta semana, o jornalista, escritor, cronista e crítico cinematográfico Ignácio de Loyola Brandão, entra no debate sobre o colunismo social no Brasil, cujos principais nomes foram Maneco Müller, que escrevia sob pseudônimo de Jacinto de Thormes, em homenagem a um personagem de Eça de Queiroz, e seu seguidor no estilo, Ibrahim Sued.

Neste primoroso texto, Loyola Brandão, que é membro da Academia Brasileira de Letras nos dá uma aula sobre esse capítulo da história da Imprensa brasileira.

Antiguinho: 06/11/17

Maneco Müller, criador do colunismo social

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EU, JACINTO DE THORMES E IBRAHIM SUED
Ignácio de Loyola Brandão

Tive oportunidade de ser amigo pessoal do Jacinto de Thormes, isto é, de Manuel Bernardes Müller. Em certo momento, em seus últimos anos de vida, ele e eu fizemos juntos uma bela edição especial da revista Vogue, (da qual fui editor) sobre Carmem Mayrink Veiga.

E ela – Carmem, do alto de suas seguidas consagrações nas listas das mais elegantes e locomotivas sociais do Rio (quanta frescura…), me contou como Maneco mandava, comandava, regia a sociedade, pontificando do alto de sua coluna.

E lembro dele no final da vida como tranquilo na sua obscuridade. esquecido por todos que ele tinha tornado célebres.  Um homem digno e simples no final da vida. Apesar de ser um os raros plebeus que cochichou aos ouvidos da rainha Elizabeth, sentado ao lado dela no Maracanã e traduzindo as manifestações da torcida, que a encantaram, numa sensacional partida entre Rio e São Paulo, como Pelé e Gérson em campo.

FUI AO GOOGLE – Para falar sobre o famoso Jacinto de Thormes, nem precisei consultar o trabalho clássico de Nelson Werneck Sodré sobre a história da imprensa brasileira. Fui ao Google, mesmo.

Existe muito material sobre os dois homens que criaram o moderno colunismo social. Há semelhanças e diferenças. Mas fica demonstrado como Ibrahim foi  na onda revolucionária do Jacinto, que trouxe para ele os atalhos.

Jacinto de Thormes, pseudônimo de Maneco Müller, filho de um diplomata brasileiro e homem de estudos e cultura, nascido em 1923, um ano antes de Ibrahim,  começou a trabalhar em 1943 na “Folha Carioca” (Depois “Diario Carioca”) , tendo provocado uma revolução no colunismo.

NOTAS SOCIAIS – Até então, esse tipo de jornalismo era feito de notas sociais, nascimentos, aniversários, batizados, casamentos, etc. Maneco Müller foi um assombro.

Ele espantou os jornalistas, porque mudou tudo, baseado nos colunistas americanos do The New York Times e do Washington Post, que misturavam sociais com política, economia, arte, cultura, e também potins, ou fofocas, mexericos, etc. Enfim, abrangia todos segmentos da sociedade.

Aumentou a extensão dos interesses, modificou, eliminou a mesmice, o rotineiro. E de repente, aquele canto de página esquecido, desprezado e chato, ganhou força, com uma repercussão incrível.

FORÇA IMENSA – A crônica começou a ter força, muitas vezes uma nota política ou econômica virava manchete do jornal. Jacinto tornou-se um personagem único, admirado, bajulado, invejado, o grande astro da mídia. Mas também era atacado, como acontece com toda celebridade.

Ibrahim Sued teve uma trajetória diferente, porque veio de uma família de imigrantes, não teve a chance de adquirir profundidade cultural. Começou no jornalismo como fotógrafo, mas conseguiu convencer Roberto Marinho a lhe dar um espaço cultural no segundo caderno.

No início, era humilhado, desprezado, mas contratou jornalistas talentosos para auxiliá-lo na coluna e assim se tornar poderoso e virou uma celebridade como Jacinto de Thormes, que havia abandonado o colunismo social e passara a trabalhar no jornalismo esportivo na Ultima Hora, escrevendo crônicas diárias sobre futebol.

MESMA FÓRMULA – Ibrahim recebeu a fórmula do Jacinto e a usou. Aprendeu com ele a criar termos novos, a fazer lista de mais elegantes, inclusive homens. Arranjou informantes de alta categoria. Criou até bordões de linguagem.

Sua coluna começou em 1954 no “Globo”. Portanto, começou onze anos depois do Maneco Müller, que lhe abriu o caminho. Ibrahim aplainou a estrada, recebeu um público específico e diversificado. Tornou-se tão importante quanto seu precursor. Mas o formato já tinha sido montado, explorado e preparado o público. Ibrahim recebeu de mão beijada. Essa a diferença. Mas isso não diminui em nada Ibrahim Sued, pois ele simplesmente seguiu a mesma trilha de Maneco Müller, com o mesmo sucesso.

Quanto a Jacinto de Thormes, voltou a pertencer à obra eterna de Eça de Queiroz, “A Cidade e as Serras”.

Já ficou óbvio que Boulos X Nunes não é reedição de Lula X Bolsonaro

2º turno: Pesquisa mostra Nunes com 54% e Boulos com 37% | Brasil |  Pleno.News

Afirmar que Nunes é tão radical como Bolsonaro não funcionou

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Não colou a estratégia de o PSOL associar Nunes ao extremismo bolsonarista. Outro dia, numa mesa de bar, discutíamos a eleição para a Prefeitura de São Paulo. Alguns defendiam o voto em Boulos, apenas um em Nunes. Perguntaram a esse uma proposta do prefeito que ele achasse boa. Não soube dizer. Então foi ele que perguntou aos demais quais propostas de Boulos os tinham convencido. Também não conseguiram citar nem sequer uma.

E são todas pessoas bem informadas, que assistiram a vários dos debates em que cada candidato empilhou proposta em cima de proposta. Mesmo assim, não sobrou nada. Uma verdade que insistimos em esquecer: não votamos em propostas, votamos em pessoas.

SEM DONO – Proposta boa não tem dono. O candidato vencedor pode tranquilamente incorporar propostas de um derrotado. É o que Boulos fez com algumas das propostas de Marçal e de Tabata. Assim como pode, no dia da posse, jogar no lixo o tal “plano de governo” com que se elegeu. Quem governa não são ideias, e sim a pessoa que foi eleita, mesmo que mude de ideia.

Caminhamos para um segundo turno que, pelas pesquisas, deve reeleger o atual prefeito. Boulos deve repetir o desempenho de 2020: foi muito bem no primeiro turno, mas naufragou no segundo.

Em 2022, a cidade de São Paulo deu mais votos a Lula que a Bolsonaro. Não duvido que, nesses dois anos, o eleitorado tenha caminhado um pouco para a direita. Mas não é isso que explica a provável vitória tranquila de Nunes.

MAIS SIMPLES – A explicação é mais simples: Boulos X Nunes simplesmente não é uma reedição de Lula X Bolsonaro. Nunes é um político de centro-direita, tem pouco a ver com o extremismo bolsonarista, por mais que Boulos insista no contrário. Não colou.

Também pesam sobre Nunes acusações de corrupção —baseadas principalmente no número de licitações em caráter emergencial, o que levanta dúvidas justificadas— e a ideia de que é um prefeito inoperante, que nada faz.

Em meio a tantas acusações para todo lado no primeiro turno —inclusive de proximidade com o PCC—, talvez todas elas tenham se neutralizado.

REALIZAÇÕES – Quanto a não fazer nada como prefeito, Nunes  apresenta os números e obras de seu governo. Apenas o incumbente pode mostrar ao eleitorado uma lista dos projetos, das obras e das realizações nos mais de três anos de mandato.

Os demais, por definição, estão fora do poder e, portanto, nada têm a mostrar naquele cargo. Quanto ao que Nunes mostrou: é muito? É pouco? Ninguém fez questão de comparar de forma objetiva.

Boulos, mais uma vez, não conseguiu transmitir uma imagem de mudança desejável para boa parte dos eleitores. Ainda pesa sobre ele a pecha de radical. Ele seria um radical de esquerda que colocou paletó e aparou a barba para passar uma imagem de moderado. Também não me parece uma descrição justa, mas em política o que importa é a percepção.

BOULOS MUDOU? – O candidato do PSOL se vendeu como alguém que sempre foi moderado, sem fazer uma defesa clara de seu passado de militância no MTST e nos protestos de rua e mostrar exatamente em que ele mudou —se é que houve alguma mudança substancial.

Mesmo sem clareza das propostas, grande parte da população diz preferir o prefeito visto como insosso e pouco conhecido ao político de esquerda com promessas de mudança, mas visto como radical.

Num país que dá passos consistentes para a direita, talvez isso guarde alguma lição para a esquerda.

Inelegível, Bolsonaro força o comando da direita, mas está encontrando resistências

É bom ser útil", diz Bolsonaro em churrasco com Nunes

Bolsonaro tenta ostentar uma liderança que está se esvaindo

Bruno Boghossian
Folha

O desejo de liberar Jair Bolsonaro para disputar a eleição de 2026 começou a ser soprado por aliados assim que o TSE condenou o ex-presidente. O assunto aparecia como uma questão de fé. O objetivo era evitar que sua influência despencasse e permitir que ele mantivesse o controle da própria sucessão.

Os choques internos na direita durante as eleições municipais deste ano fizeram com que a campanha ganhasse ares de ação orquestrada.

SOBREVIVÊNCIA – Com a contestação à liderança do ex-presidente em seu campo político, a defesa da reversão da inelegibilidade passou a ser encarada como uma questão de sobrevivência.

A sensação de ameaça levou Flávio Bolsonaro a queimar a largada. Num balanço do primeiro turno, o senador escreveu que o resultado representava o endosso a um projeto conservador “liderado por Bolsonaro”.

Afirmou ainda que o “sistema político” deveria permitir que seu pai fosse testado nas urnas, “conforme o desejo da maioria do povo”.

EXAGEROS – Há muita propaganda, um pouco de torcida e quase nada de verdade nestas palavras. Se as disputas municipais contam uma história sobre a direita, elas dizem que vários eleitores não veem Bolsonaro como líder único e indispensável nesse campo.

A onda de Pablo Marçal e a disposição de Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior para enfrentar candidatos bolsonaristas em seus estados ofereceram sinais nessa direção.

O cálculo de Bolsonaro mudou. O ex-presidente acreditava que, mesmo fora do jogo, seria capaz de determinar candidatos, alianças e compromissos da direita. Agora, ele parece considerar que só terá todos esses poderes caso consiga incluir seu nome na urna.

ÚNICO NOME? – Na semana passada, Valdemar Costa Neto fez uma correção de rota nesse sentido. Dias depois de citar possíveis sucessores na direita, o presidente do PL afirmou que Bolsonaro era o único nome para 2026. O ex-presidente disse o mesmo nesta terça (22).

Boa parte do raciocínio tem relação com o futuro de Bolsonaro nos tribunais. Seus desafiantes, incluindo Marçal, já mostraram alguma resistência a um enfrentamento radical com o STF.

O ex-presidente seria o único interessado em manter esse ponto no centro da agenda da direita.

Avançar no Seguro-Desemprego é uma covardia social ardilosa

(Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Em artigo publicado nas edições de ontem do O Globo e da Folha de São Paulo, Elio Gaspari condena fortemente um projeto que tramita nos bastidores do governo de reduzir os recursos para o seguro desemprego. “A ideia é ardilosa. Trata-se de pagar menos a pessoas demitidas sem justa causa que, por isso, recebem do empregador um adicional de 40% sobre o valor do Fundo de Garantia”, destaca.

Não há dúvidas que o jornalista tem razão, pois não faz sentido reduzir recursos para quem está no desemprego. Essa articulação só pode ter partido de uma posição extremamente conservadora que, por vezes, predomina nas ações governamentais.

ALTERAÇÃO – Dentro do pacote de medidas de corte de gastos preparado pelo Ministério da Fazenda e do Planejamento, avalia-se alterar o desenho das políticas de proteção ao trabalhador: a multa de 40% do FGTS para demissões sem justa causa e o seguro-desemprego. Além de oneroso para os cofres da União, a avaliação é que a sobreposição de benefícios acaba desestimulando a permanência no emprego, principalmente quando o mercado de trabalho está aquecido.

A equipe que trabalha no pacote de revisão de gastos mira um corte de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões em despesas. Na última semana, a jornalista Míriam Leitão afirmou que o governo tem a intenção de retomar o combate aos supersalários no serviço público, que já é discutido no Congresso. Atualmente, alguns adicionais, conhecidos como penduricalhos, impedem que seja cumprido o teto salarial do funcionalismo. Segundo a colunista, esse deve ser o primeiro item a ser cortado e deve possibilitar uma economia entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões por ano.

Em relação ao FGTS, uma das opções avaliadas é usar parte da multa de 40% paga pelo empregador para “financiar” o seguro-desemprego. Nesse sentido, o governo gastaria menos com o benefício para os desempregados. A dotação orçamentária do benefício saiu de R$ 47,7 bilhões no ano passado, para R$ 52,1 bilhões na atualização do orçamento de 2024 feita em agosto, mesmo com a taxa de desemprego nas mínimas históricas atualmente.

IMPOSTO – O governo também estuda reverter a multa para o trabalhador em um imposto para a empresa, uma vez que o intuito da política é punir o comportamento do empregador que demite muito. Dessa forma, as empresas ou setores com maiores índices de demissão pagariam uma alíquota maior de imposto. É uma maneira de evitar que se tenha incentivos para demitir, mas sem estimular que o trabalhador “cave” sua própria demissão.

Gaspari destaca que em tese, a medida pegaria só trabalhadores que ganhavam mais de quatro salários mínimos (R$ 5.648). Num exemplo hipotético, o trabalhador demitido sem justa causa receberia R$ 6.900 em razão da multa sobre seu FGTS e teria direito a cinco parcelas de R$ 2.300 de seguro-desemprego. Com a mudança, ficaria só com duas parcelas do seguro-desemprego. “Tomaria uma tunga equivalente à multa, que saiu do bolso do empregador. Com a mágica, o governo economizaria R$ 5,6 bilhões”, afirma, acrescentando que avançar no dinheiro dos desempregados é uma covardia social.

Não creio que Lula possa adotar tal alternativa para reduzir o déficit dos recursos públicos, pois isso causaria um declínio em sua popularidade. É incrível que se pense em ações desse tipo com os empregados sofrendo dupla taxação, uma que é a perda dos salários e outra, o próprio seguro desemprego. É impressionante como há pessoas que defendem soluções desse tipo.

A bem-humorada propaganda eleitoral do poeta Belmiro Braga

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Belmiro Braga, grande poeta mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O poeta Belmiro Ferreira Braga (1872-1937), nascido em Vargem Grande (MG), fez através deste soneto a sua “Propaganda Eleitoral” e, por incrível que pareça, foi eleito, mas não assumiu, embora, em sua homenagem, seu local de nascimento tenha recebido seu nome após ser elevado à categoria de município, passando a ser chamado Belmiro Braga.

PROPAGANDA ELEITORAL
Belmiro Braga

Meu caro Coronel Martins Ferreira,
candidato extrachapa a deputado
ao congresso da Câmara Mineira,
desejo ser aí o mais votado.

A minha fé de ofício é de primeira.
Vale por um programa o meu passado,
e no congresso não direi asneira
todas as vezes…que ficar calado.

Fui caixeiro, depois fui negociante,
e do torrão natal, representante,
agora aspiro a ser como escrivão;

E, eleito, espero, mas que maravilha!
ser pai da Pátria e receber da filha
todo o subsídio, quer trabalhe ou não…

Lula busca o Nobel e bagunça a política externa: “Foi sem querer querendo”

Charge por @izanio_charges 

Charge do Izânio (artigo

Carlos Newton

A volta do famoso personagem Chaves à televisão coincide com as novas façanhas externas do presidente Lula da Silva e sua equipe, liderada formalmente pelo chanceler Mauro Vieira e informalmente pelo incansável assessor internacional Celso Amorim, que vive pelo mundo a mando de Lula, que se julga merecedor do Prêmio Nobel da Paz.

A grande surpresa do nobélico Lula foi ter levado o Brics a rejeitar que Venezuela e Nicarágua entrassem na lista de possíveis países parceiros do Brics. A decisão coincide com o desejo expressado pelo Brasil, que não quer os dois países no bloco.

AGRADO E DESAGRADO – Assim, do outro lado do mundo e com a cabeça quebrada, o presidente conseguiu agradar alguns parcos países democráticos do Brics, como África do Sul e Bolívia.

Ao mesmo tempo, desagradou os demais parceiros do bloco, especialmente China, Rússia, Irã, Uganda e Cuba, países que ainda se mantém como ditaduras, mas fazem eleições simuladas para manter as aparências.

Maduro engoliu a decisão do ex-amigo Lula e seguiu em frente. Foi recebido nesta quarta-feira pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que deixou tudo às claras.

DISSE PUTIN – “A Venezuela é um dos parceiros antigos e confiáveis da Rússia na América Latina e no mundo em geral”, afirmou Putin durante a reunião na cidade russa de Kazan, transmitida ao vivo pela televisão estatal.

“As relações de associação estratégica entre os dois países continuam a se fortalecer”, dizem Putin, acrescentando que “os volumes de comércio bilateral estão crescendo, temos muitos projetos nos setores de energia, produtos farmacêuticos, transporte, conquista do espaço e novas tecnologias”.

Disse que a Venezuela ficará na fila de espera dos Brics, junto com a Nicarágua. E Maduro emendou: “A Venezuela pratica os princípios do Brics por convicção, o Sul Global só pode existir com o direito de ter o futuro, de ter igualdade, de ter liberdade, de ter prosperidade”.

DESGASTE À TOA – Em tradução simultânea, isso significa que Lula se desgastou à toa, porque o Brics é um bloco econômico que se antepõe à Alca americana e à União Europeia, mas também há objetivos políticos. Assim, em breve Venezuela e Nicarágua serão novamente convidadas a participar.

O pior de tudo é o Brasil abandonar sua estratégica política de neutralidade internacional, adotada com sucesso desde o final do século 19. Essas circunstâncias internacionais prejudicam o ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o fechamento do acordo comercial do MercoSul com a União Europeia.

E se alguém perguntar a Lula como ele consegue se meter em tanta confusão na política externa, ele responderá imitando o personagem Chaves: “Foi sem querer querendo”.

PT não tem forças para competir, mas influirá na eleição da Câmara

O jeito PT de combater a corrupção – PSDB – PE

Charge do Cabral (Arquivo Google)

Dora Kramer
Folha

Vejam vocês como a política é mesmo aquela nuvem do clichê: muda ao sabor dos ventos —e aqui já abusando do lugar-comum porque é assim que a banda toca nesse ambiente cheio de chavões.

Até outro dia a presidência da Câmara dos Deputados era uma questão a ser resolvida por obra exclusiva da vontade do deputado Arthur Lira (PP-AL), que, não se duvidava, faria o sucessor. O PT, a despeito de ocupar o posto máximo da República, estava fora do jogo.

SEM CACIFE – Minoritário na correlação de forças internas —e externas, se considerarmos o resultado do primeiro turno das eleições municipais—, o PT em tese não teria cacife para influir na disputa, muito menos para impor um nome como ocorreu no primeiro governo de Luiz Inácio da Silva.

Neste terceiro mandato estava Lula aparentemente conformado à espera da composição das peças no tabuleiro desse xadrez (outra vez o clichê), quando as coisas mudaram e o partido dele passou a ser cortejado, visto como crucial para a decisão final.

Funciona mais ou menos como o centro democrático nas eleições: não concorre, mas faz a diferença no resultado.

GANHOU PESO – Embora não tenha força para competir, o PT tem a Presidência da República e pouco mais de 100 deputados sob sua área de influência.

Num cenário em que o centrão concorre dividido entre três candidatos — Hugo Motta (Republicanos-PB), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antônio Brito (PSD-BA) —, o PT ganhou peso para atuar como fator determinante na escolha de quem comandará o espetáculo congressual.

Lira enfrenta a discordância de Brito e Elmar, que neste segundo turno trabalham ostensivamente por candidaturas do PT na tentativa de atrair o apoio do Planalto, com empenho firme de Gilberto Kassab (PSD).

MAIS AMIGÁVEIS – A promessa é a de que seriam mais amigáveis que Motta, cuja proximidade com Ciro Nogueira (PP), tenaz adversário do governo, tem sido explorada.

O compromisso de alívio na relação, no entanto, é difícil de ser cumprido porque no frigir das composições internas prevalece o interesse coletivo de manter o poder hipertrofiado num Congresso comandado pelo centrão.

Com Mal de Alzheimer, Antonio Cicero se submete à morte assistida na Suíça

O escritor e poeta Antonio Cicero no programa 'Conversa com Bial' — Foto: Reprodução/ TV Globo

Antonio Cicero queria morrer mantendo a dignidade

Roberta Pennafort
TV Globo

O escritor e compositor Antonio Cicero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), morreu, na manhã desta quarta-feira (23), na Suíça. Ele sofria de Alzheimer e se submeteu a um procedimento de morte assistida.

O crítico literário e filósofo deixou uma carta explicando a decisão. “Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”, afirma Antonio Cicero em um trecho.

NA ACADEMIA – Ele era carioca e tinha 79 anos. A informação da morte foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras, onde o autor ocupava a cadeira 27 desde agosto de 2017.

Na semana passada, Cicero foi para Paris com o companheiro, Marcelo Pies, e de lá para Zurique.

Marcelo revelou a amigos que Cicero vinha planejando há algum tempo a ida à Suíça, mandando documentos e informações à clínica – e não queria que ninguém soubesse.

DESPEDIR – “Passamos alguns dias em Paris para ele se despedir da cidade que tanto admirava”, disse Marcelo, que mandou aos amigos a carta de despedida.

O artista era irmão da cantora e compositora Marina Lima. Na voz dela, poemas seus ficaram famosos em todo o país. Entre as canções de sua autoria estão “Fullgás”, “Para Começar” e “À Francesa”.

Antonio Cicero também é coautor de “O Último Romântico”, célebre na voz de Lulu Santos. Ele também teve parcerias com Waly Salomão, João Bosco, Orlando Morais e Adriana Calcanhotto.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGPor que sofrer tanto e fazer sofrer a família e amigos? A morte assistida, com os exemplos do cineasta Jean-Luc Godard, do ator Alain Delon e agora do poeta Antonio Cícero, é uma maneira civilizada de partir. Aliás, todos os seres humanos deveriam ter direito de fazer essa opção, quando viver se torna uma fardo pesado demais para alguns de nós. (C.N.)

Economia alemã está de mal a pior e tão cedo não consegue se recuperar

Grüne Jugend zerlegt eigenen Minister Habeck - "Baut die Scheiße" -  DerWesten.de

Habeck, ministro da Economia, anuncia que haverá recessão

The Economist
(Estadão)

Muitos problemas da Alemanha são de origem interna, mas a mudança de padrões na demanda global também atinge as empresas locais Foi com um eufemismo teutônico que Robert Habeck observou que as condições econômicas “não eram satisfatórias”.

O ministro da economia da Alemanha estava falando em 9 de outubro, logo após as previsões oficiais para o ano terem sido revisadas de um crescimento de 0,3% para uma contração de 0,2%.

É RECESSÃO! – Isso se seguiria a um declínio de 0,3% na produção do ano passado, o que significa que a Alemanha enfrenta sua primeira recessão de dois anos em mais de duas décadas.

A maior economia da Europa quase não avançou desde o início da pandemia de covid-19, ficando atrás do resto do mundo rico. Isabel Schnabel, do Banco Central Europeu, observou que o crescimento da zona do euro, excluindo a Alemanha, tem sido “notavelmente resiliente” desde 2021 e mais rápido do que o de muitas outras grandes economias.

Mas falar sobre a economia da zona do euro sem a Alemanha é como falar sobre a economia americana sem a Califórnia e o Texas. O país, que já foi um motor do crescimento europeu, tornou-se um estorvo.

VÁRIOS FATORES – É difícil imaginar uma confluência de circunstâncias pior para a economia alemã, que é dependente de exportações e tem um alto índice de manufatura, do que as que ela vem enfrentando desde 2021.

O aumento dos preços da energia ocorreu após a invasão da Ucrânia pela Rússia; agora, o excesso de capacidade industrial da China está causando estragos no exterior. Por mais reconfortante que possa ser culpar fatores externos pela fraqueza econômica, no entanto, os problemas da Alemanha são mais profundos, muitos deles de origem interna. Além disso, uma coalizão tripartite e frágil está dificultando a resposta política.

O PIB alemão no final de 2021 era apenas 1% maior do que o nível de quatro anos antes, em comparação com o crescimento de 5% no restante da zona do euro e mais de 10% nos Estados Unidos

SETORES EM CRISE – A produção industrial tem enfrentado dificuldades nos últimos anos. Os setores com uso intensivo de energia, como o químico, metalúrgico e de fabricação de papel, foram atingidos de forma particularmente dura.

Esses setores respondem por apenas 16% da produção industrial alemã, mas consomem quase 80% da energia industrial. Muitas empresas reagiram ao aumento dos custos de energia interrompendo a produção.

A mudança de padrões na demanda global é um problema maior para a maioria das empresas. Como observou a Pictet Wealth Management, a relação econômica da Alemanha com a China mudou.

ALEMANHA E CHINA – Na década de 2010, o crescimento dos dois países era complementar: a Alemanha vendia carros, produtos químicos e máquinas para a China, que, por sua vez, comprava bens de consumo e insumos intermediários, como baterias e componentes eletrônicos.

Agora, a China é capaz de produzir por si mesma grande parte do que antes era importado e, em alguns casos, tornou-se um sério rival para os mercados de exportação, principalmente no antigo produto básico alemão, os carros.

As empresas de manufatura, em muitos casos, conseguiram mudar para a produção de itens de maior valor, mesmo quando perderam participação no mercado. E, no ano passado, com a contração da economia em geral, o comércio continuou a contribuir para o crescimento, algo que parece que se repetirá este ano.

EUA rejeitam extradição de Allan dos Santos por considerá-lo perseguido político

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos teve sua prisão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A ordem foi expedida pela ação do aliado do presidente Jair Bolsonaro na articulação, pelas redes sociais, de ataques às instituições democráticas. Apesar disso, ele ainda não foi preso porque está nos Estados Unidos, mas sua extradição já foi determinada.

Moraes insiste, mas os EUA não extraditam o blogueiro

Sarah Teófilo
O Globo

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos teve sua prisão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A ordem foi expedida pela ação do aliado do presidente Jair Bolsonaro na articulação, pelas redes sociais, de ataques às instituições democráticas. Apesar disso, ele ainda não foi preso porque está nos Estados Unidos, que não aceitou o pedido de extradição.

O pedido de extradição do blogueiro segue com o governo americano sem uma definição. A última atualização do processo foi um pedido de informações adicionais por parte da Justiça dos Estados Unidos, que analisa os possíveis crimes apontados pela Justiça brasileira.

EMBASAMENTO – Esta análise busca embasamento na legislação americana ao que a Justiça brasileira diz que foram os crimes cometidos por Allan dos Santos. O pedido em relação ao blogueiro chegou ao governo americano em novembro de 2021, ainda sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que era amigo do blogueiro.

Na época, servidores do Ministério da Justiça, onde fica o departamento responsável por pedidos de extradição, afirmaram em depoimento à Polícia Federal que sofreram pressões durante o inquérito.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão e extradição de Allan dos Santos em outubro de 2021, após pedido da PF, por suspeitas de atuação em organização criminosa, crimes contra honra e incitação a crimes, além de lavagem de dinheiro.

CRIMES DE ALLAN – Na ocasião, o ministro pontuou que Allan dos Santos divulgava conteúdo nas redes sociais com o intuito de atacar integrantes de instituições públicas, como os ministros do Supremo, colocar dúvida sobre o processo eleitoral brasileiro e gerar animosidade dentro da sociedade, “promovendo o descrédito dos Poderes da República, além de outros crimes, e com a finalidade principal de arrecadar valores”.

Segundo o ministro, a representação da PF apontava que o blogueiro era integrante de uma organização criminosa que obtinha vantagem econômica por meio da monetização de vídeos e de doações.

No entanto, em março deste ano, a Folha de S. Paulo divulgou que o governo dos EUA informou que não poderia extraditar o brasileiro por ações que, para eles, tratam de opiniões amparadas pelo direito à liberdade de expressão. Assim, o Judiciário americano só poderia analisar o caso em relação a outros crimes, como lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como se vê, o ministro Alexandre de Moraes, aplaudido como maior responsável pela “salvação da democracia” brasileira, não consegue entender que os Estados Unidos respeitam a liberdade de expressão e, por isso, consideram que Allan dos Santos é perseguido político pelo governo brasileiro. Para a Justiça americana, quem está cometendo crime é a Justiça brasileira (leia-se: o Supremo). E como diria o Délcio Lima, até agora o único robô que deixou saudades, essa bagaça não vai dar certo… (C.N.)

Lira defende no Supremo a proposta que diminui o poder dos ministros

A verdadeira sorte de Lula é a biografia de Arthur Lira | Jornalistas Livres

Charge do Schrobbeler (Arquivo Google)

Cézar Feitoza
Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a Proposta de Emenda à Constituição que proíbe a derrubada de leis por decisão individual de ministros é um aprimoramento do Judiciário.

“[A proposta] alinha o funcionamento do Poder Judiciário às necessidades do Estado democrático de Direito, promovendo um equilíbrio salutar entre os Poderes, sem, contudo, prejudicar a função de controle de constitucionalidade do STF”, disse Lira.

NO SUPREMO – As afirmações foram feitas em um processo que tramita no Supremo. O tribunal analisa um mandado de segurança impetrado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) contra a votação da proposta.

A PEC 8/2021 faz parte de um pacote de propostas na Câmara que limita poderes de ministros do STF. As propostas saíram da gaveta na Casa após o ministro Flávio Dino suspender, em decisão individual, a execução das emendas parlamentares por falta de transparência.

A proposta foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara por 39 votos a 18. A PEC 8/2021 proíbe que ministros do Supremo derrubem por decisão monocrática (individual) leis aprovadas pelo Congresso.

SEM AFRONTA – Na manifestação ao STF, Lira refuta a tese de que a proposta seria uma afronta ao Judiciário. Ele diz que a aprovação do texto “em nada prejudicaria a jurisdição do Supremo Tribunal Federal”.

“Ao invés de tolher sua atuação, a proposta reforça o princípio da colegialidade, um dos pilares do sistema judiciário brasileiro, ao assegurar que decisões de grande impacto político ou social sejam apreciadas pelo plenário da Corte, garantindo um processo decisório mais robusto e democrático”, afirmou.

O presidente da Câmara ainda disse que a proposta garante “maior transparência” ao Supremo. A afirmação é feita em meio à insatisfação dos ministros da corte com a obscuridade do processo de distribuição de emendas parlamentares, usadas pelo Congresso como barganha política.

DISSE LIRA – “A proposta de emenda [constitucional] apenas propõe a introdução de mecanismos que visam a tornar a atuação do STF mais transparente e alinhada com os preceitos da colegialidade e da eficiência jurisdicional”, disse Lira.

O ministro Nunes Marques é o relator do mandado de segurança no Supremo. Ele espera a manifestação de todas as partes, como a AGU (Advocacia-Geral da União) e a PGR (Procuradoria-Geral da República), antes de tomar uma decisão.

Paulinho da Força apresentou outro mandado de segurança ao STF, para pedir que a corte trave o andamento da PEC 28/2024, que permite ao Congresso derrubar decisões da corte.

BARROSO É CONTRA – O presidente do tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, é um dos principais críticos ao pacote em análise na Câmara. O principal motivo de insatisfação é o conteúdo dessa segunda PEC.

“Me parece relativamente impensável um modelo democrático em que o Congresso possa suspender decisão do Supremo. O que o Congresso pode fazer legitimamente —e já fez— é, ao discordar de uma decisão do Supremo, aprovar uma emenda constitucional em sentido diverso. E, se essa emenda constitucional não violar cláusula pétrea [da Constituição], ela vale”, disse em entrevista à Folha.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A proposta do Congresso é superválida, porque limita as decisões monocráticas verdadeiramente vexaminosas. Mas quem se interessa? (C.N.)

Lula e Bolsonaro têm mais citações negativas do que positivas em São Paulo

Lula chega à eleição com vantagem em grupos majoritários, como mulheres,  pobres, pretos e católicos; Bolsonaro vai melhor entre mais ricos e  evangélicos

As imagens de Lula e Bolsonaro estão cada vez piores, diz Datafolha

Ana Luiza Albuquerque
Folha

O presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) despertam mais associações negativas do que positivas entre os eleitores da capital paulista, mostra nova pesquisa Datafolha. Quando perguntados qual a primeira coisa que vem à cabeça quando pensam no petista, 48% dos entrevistados fazem menções negativas e 39%, positivas.

No caso de Bolsonaro, o resultado é ainda pior: 58% o associam a referências negativas e 30%, a positivas.

SEM INDUÇÃO – A pesquisa foi espontânea, ou seja, o entrevistado citou sua primeira memória sem ter sido apresentado a uma lista de opções.

O Datafolha realizou 1.204 entrevistas na cidade de São Paulo, com pessoas de 16 anos ou mais, do dia 15 a 17 de outubro. A margem de erro máxima é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral com o número SP-05561/2024.

As associações negativas mais comuns para Lula foram: bandido ou ladrão (13%); corrupção ou fraude (3%); péssimo (2%); mentiroso ou que divulga fake news (2%).

MENÇÕES A FAVOR – Entre as citações positivas em relação a Lula, as principais foram: bom ou melhor presidente (5%); simpatiza ou gosta dele (2%); apoia a população mais pobre (2%); bom trabalho ou governo (2%); ajuda o povo ou o país (2%).

No caso de Bolsonaro, as referências negativas mais citadas foram: péssimo (5%); não gosta dele ou não deixou saudades (4%); não foi um bom presidente (3%); gestão ruim (3%); doido ou insano (3%); bandido ou corrupto (2%); não votaria nele (2%).

Já as principais associações positivas foram: bom ou melhor presidente (7%); votaria nele (2%); bom trabalho (2%).

EM SÃO PAULO – O mesmo levantamento foi realizado a respeito dos candidatos à Prefeitura de São Paulo —o prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro, e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), endossado por Lula.

A gestão é a principal referência mencionada em relação ao emedebista —seja por uma ótica positiva ou negativa. Já Boulos é mais associado a um desejo de mudança e a invasão de propriedades.

O congressista reúne mais menções negativas (43%) do que positivas (36%), enquanto o emedebista é mais lembrado positivamente (45%) do que negativamente (35%).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
A pesquisa espontânea é a mais confiável, porque os levantamentos com listas de opções podem induzir o entrevistado. Por exemplo, deve-se perguntar “em que você vai votar?”, ao invés de “entre esses candidatos, qual é o seu preferido?”. Essa pesquisa Datafolha é muito importante e merece ser analisada em profundidade. Depois voltaremos a ela. (C.N.)  

Corte de gastos reduz os direitos dos pobres e poupa supersalários das elites

Tribuna da Internet | Pagos para garantir a lei, juízes furam o teto para inflar seus próprios salários

Charge reproduzida do Arquivo Google

Elio Gaspari
O Globo/Folha

O escurinho de Brasília produz ideias malucas para arrecadar, condição necessária para gastar mais. Primeiro, soltaram a jogatina eletrônica, para que as empresas avaliassem o potencial do mercado. Esperavam arrecadar R$ 3,4 bilhões vendendo outorgas. Deu no que deu. Agora a novidade é um projeto de tunga no seguro-desemprego.

A ideia é ardilosa. Trata-se de pagar menos a pessoas que são demitidas sem justa causa e, por isso, recebem do empregador um adicional de 40% sobre o valor do fundo de garantia.

UM EXEMPLO – Em tese, pegaria só trabalhadores que ganhavam mais de quatro salários mínimos (R$ 5.648). Num exemplo hipotético, esse bilionário, demitido sem justa causa, receberia R$ 6.900 por conta da multa sobre seu FGTS e teria direito a cinco parcelas de R$ 2.300.

Com a mudança, ficaria só com duas parcelas do seguro-desemprego. Tomaria uma tunga equivalente à multa, que saiu do bolso do empregador. Com a mágica, o governo economizaria R$ 5,6 bilhões.

Avançar no dinheiro dos desempregados é uma covardia social. Misturar o FGTS e a multa, que são um pecúlio do trabalhador, com o seguro-desemprego, que é uma política social, beira a noção de confisco.

MOTIVO DE ORGULHO – Esse tipo de fúria fiscal levou a uma descoberta: o seguro-desemprego de quem ganha acima de R$ 2.824 custa R$ 15 bilhões. Isso deveria ser motivo de orgulho. É esse dinheiro que socorre o orçamento de milhões de pessoas quando perdem seus empregos. Nesse bloco de bilionários (para a ekipekonômica), estão 23% dos beneficiários do seguro-desemprego. Só 0,66% deles ganhavam acima de dez salários mínimos.

É um exagero supor que a classe média comece com rendimento acima dos R$ 2.824, mas vá lá. Arma-se uma tunga sobre os desempregados que ganhavam salários baixos e, em seguida, morde-se toda a classe média desocupada.

CONTEM OUTRA… – O governo quer equilibrar suas contas. Há duas maneiras: arrecadando mais ou gastando menos. Descobriram que gasta-se muito com os desempregados.

A gracinha foi posta em circulação, casada com a ideia de conter os supersalários de servidores públicos. Contem outra, doutores.

Uma boa ideia seria transformar em serviço gratuito a presença de hierarcas em conselhos de empresas estatais. Em março, 17 dos 38 ministros complementavam seus salários de R$ 41 mil caindo de paraquedas nesses conselhos, muitas vezes sem grande qualificação.

CEREJA DO BOLO – Quatro deles têm cadeiras na Companhia de Gás do Rio. A cereja desse bolo está na Itaipu Binacional. Lá, cinco ministros recebiam R$ 26 mil por mês por seis reuniões anuais. Em matéria de exemplo de austeridade, essa gambiarra é um primor.

A mágica da tunga em cima dos desempregados vem sendo cozinhada na periferia da ekipekonômica e depende da aprovação de Lula. É difícil que prospere, mas a seu favor sopra um vento de Brasília: toda vez que o governo pensa em morder o andar de cima, fracassa, mas quando pretende morder o andar de baixo, consegue.

No governo de Jair Bolsonaro, pensou-se em tungar os desempregados cobrando-lhes a contribuição previdenciária. Era tunga e, como a liberação de cassinos, não prosperou.

Supremo vai “legislar” sozinho para estabelecer censura às redes sociais

dedemontalvao: Supremo Tribunal Federal, da crítica à autocrítica feita pelo ministro Barroso

Charge do Nani (nanihumor.com)

André Marsiglia
Poder 360

Em 27 de novembro, o STF vai julgar ações que, na prática, legislarão sobre as redes sociais. Antecipo ao leitor o que acontecerá: o PL 2.630 de 2020, de Orlando Silva, chamado PL das fake news ou da censura, embora rejeitado pelo Congresso, foi adotado pelo TSE nas últimas eleições municipais, sob o nome de “Resolução 23.732 de 2024”.

Como TSE e STF são um casal moderno que se frequenta, embora more em casas separadas, é mais que óbvio que o PL das fake news adotado pela Corte eleitoral será o guia da regulação promovida pelo STF. 

PODER DE POLÍCIA – Se é isso que vai acontecer, pergunta o leitor, qual o risco? É total. No PL das fake news, por exemplo, o que era chamado “dever de cuidado”, passou a ser chamado na resolução de “poder de polícia”.

Ou seja, o recorta e cola da Corte é mais agressivo e, portanto, mais censório que o PL capitaneado por Orlando Silva.

Um dos artigos mais nocivos do PL 2.630 de 2020, replicado no artigo 9-E da resolução, obriga as plataformas a retirar sem ordem judicial conteúdos desinformativos.

E O MARCO? – O artigo simplesmente ignora o Marco Civil da Internet, que determina a exclusão de conteúdos só com ordem judicial.  Vale dizer que foram justamente pedidos de exclusão sem ordem formal que azedaram a relação de Musk com Moraes, resultando na suspensão do X, conforme noticiado nas reportagens da Folha de S.Paulo sobre mensagens vazadas do gabinete do ministro.  

Como se não bastasse, o conceito de desinformação não está legislado. Portanto, a plataforma obrigada a excluir desinformação, receando ser multada, preferirá excluir qualquer conteúdo: voilà, censura à vista!

Na verdade, será a terceirização da censura para plataformas amedrontadas por multas e suspensões. 

CASO DO X – Não deixa de ser curioso que o X foi suspenso sob o argumento de preservarmos nossa soberania, mas as Cortes entregarão a essas mesmas plataformas estrangeiras a função de fazer o trabalho de legislador e juiz a respeito da desinformação.   

Mas nada disso importa. O STF é um trator afobado que só enxerga inteligência na cabeça de seus próprios ministros. A regulação censória está feita.

Restará torcer para que ocorra sem pedidos de vista ou votos arrastados.  Assim, os legisladores poderão, em seguida, começar a trabalhar a sério em uma regulação que conserte erros, abusos e censuras, que certamente serão a tônica do julgamento de um Supremo que já demonstrou diversas vezes odiar a liberdade de expressão nas redes sociais. 

Brasil evita que Venezuela e Nicarágua se tornem países parceiros dos Brics

Em imagem de arquivo, Nicolás Maduro e Vladimir Putin se reúnem em Moscou, na Rússia, em 25 de setembro de 2019.  — Foto: Sputnik/Alexei Druzhinin/Kremlin/Reuters

Fora do Brics, Maduro consegue manter sua parceira com a Rússia

Deu no g1

A Venezuela e a Nicarágua ficaram de fora da lista de possíveis países parceiros do Brics. A decisão coincide com o desejo do Brasil, que não queria os dois países no bloco

Segundo apurou a TV Globo, o governo brasileiro fez pressão política para que os dois países não entrassem na lista. Não houve veto formal, mas segundo fontes ouvidas, “os russos sabem da irritação de Lula com o Maduro [presidente da Venezuela, reeleito em eleição contestada]”.

TIJOLOS – Os Brics são um grupo de países de economias emergentes originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China. A África do Sul entrou em seguida (as iniciais em inglês dão nome ao grupo, que significa tijolos, também em inglês, numa concepção surgida no meio acadêmico no início do século de que esses países construiriam o futuro do mundo).

No início do ano, outros países aderiram aos Brics: Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita também integra a lista, mas não concluiu os trâmites para uma adesão formal. Uma reunião de cúpula está sendo realizada em Kazan, na Rússia, nesta semana.

Os membros que compõem o Brics fecharam nesta terça-feira (22), durante reunião, a relação de países que podem aderir ao grupo de parceiros do bloco.

MAIS 13 PAÍSES – Estão na lista Argélia, Belarus, Bolívia, Cuba, Indonésia, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã. Os líderes dos países-membros do Brics, que estão na Rússia, discutirão em jantar a adesão de cada um dos listados.

Ainda não está definido se todos eles passarão, de fato, a fazer parte do grupo de parceiros do Brics.

Segundo o blog da Daniela Lima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou ao seu time de articulação internacional que o Brasil deveria se posicionar contra o ingresso da Venezuela no Brics. O mesmo recado foi dado pelo assessor especial da Presidência da República e ex-chanceler, Celso Amorim, que disse ser contra a adesão.

PROBLEMAS – Em agosto, as relações entre o Brasil e a Nicarágua foram afetadas, após o governo nicaraguense decidir expulsar o embaixador brasileiro, Breno Souza da Costa.

Aplicando o princípio da reciprocidade na diplomacia, o governo brasileiro mandou embora a embaixadora da Nicarágua em Brasília, Fulvia Matu. Já a Venezuela enfrenta forte repressão do ditador Nicolás Maduro e cenário ruidoso com o governo brasileiro e diversos outros atores globais.

O chanceler Mauro Vieira, que chefia a delegação do Brasil em Kazan, deve conversar com o presidente Lula logo mais, para tratar da lista final de países.

CONSELHO DA ONU – Também foi incluída nas negociações um reforço sobre a necessidade de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, pleito da diplomacia brasileira que vem sendo defendido pelo presidente Lula.

 Lula era esperado na cúpula dos Brics, mas não viajou por recomendação médica, após cair no banheiro de casa e bater a cabeça. Apesar do incidente, o presidente passa bem de saúde.

O chanceler Mauro Vieira, que chefia a delegação do Brasil em Kazan, deve conversar com o presidente Lula logo mais, para tratar da lista final de países. Também foi incluída nas negociações um reforço sobre a necessidade de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, pleito da diplomacia brasileira que vem sendo defendido pelo presidente Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Foi uma vitória diplomática de Lula e do Brasil. Segundo o g1, nem a Rússia, de Vladmir Putin, maior entusiasta do ingresso da Venezuela no grupo de países parceiros, se levantou para defender o pleito de Nicolás Maduro diante das restrições apresentadas pelo Brasil nas reuniões que antecederam a divulgação da lista de nações que devem passar a apoiar o bloco. A tendência é de rompimento de relações com Maduro e Ortega. (C.N.)

Sorteio de cheques por Musk levanta debate sobre possível compra de votos nos EUA

A doação incentiva potenciais eleitores a se envolverem na campanha

Pedro do Coutto

O bilionário americano Elon Musk anunciou que sorteará US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões) por dia de dinheiro seu para eleitores registrados no Estado da Pensilvânia até a eleição presidencial dos EUA em novembro, trazendo à tona a discussão sobre uma possível tentativa de compra de votos. Da mesma forma que ocorre na maior parte das democracias liberais, nos Estados Unidos é proibido oferecer qualquer incentivo financeiro para que alguém vá votar, seja para qual candidato for.

A Pensilvânia é um dos Estados que deverá decidir a eleição presidencial americana, já que Kamala Harris e Donald Trump  estão muito próximos um do outro nas pesquisas. O vencedor do sorteio de Musk será escolhido aleatoriamente entre aqueles que assinarem abaixo-assinado de um PAC criado por Musk, o AmericaPAC. Os PACs são comitês de ação política — entidades legais previstas na legislação americana que servem para indivíduos doarem dinheiro ou apoiarem seus candidatos. Musk criou o AmericaPAC para apoiar a candidatura de Donald Trump.

BRECHAS – Na avaliação de especialistas em direito eleitoral norte-americano, a iniciativa explora brechas na legislação para evitar o enquadramento como “compra de votos”. Tanto quem paga quanto quem recebe fica sujeito às penas previstas em lei. No caso norte-americano, incide em uma multa de até US$ 10 mil e prisão por até cinco anos. A multa, a prisão ou ambas dependem da extensão da compra de votos.

O primeiro cheque do sorteio foi dado a um participante surpreso em um evento municipal na noite de sábado. A doação incentiva potenciais eleitores de Trump a se envolverem na campanha durante as tensas semanas finais da corrida presidencial antes da votação em 5 de novembro. O abaixo-assinado defende a liberdade de expressão e os direitos às armas. Quem assina o documento precisa fornecer seus detalhes de contato, potencialmente permitindo que o AmericaPAC os contate sobre seu voto.

O cheque de US$ 1 milhão não é o único incentivo oferecido pelo comitê financiado por Elon Musk. Na Pensilvânia, cada eleitor registrado recebe US$ 100 no momento do cadastro. Além disso, eles ganham mais US$ 100 pela indicação de eleitores que aceitarem se cadastrar. Nos demais Estados-pêndulo, a recompensa é de US$ 47 por indicação bem-sucedida.

APOIO –Musk, que surgiu como um importante apoiador de Trump nos últimos anos, lançou o AmericaPAC em julho com o objetivo de apoiar a campanha do ex-presidente. Até agora, ele doou US$ 75 milhões (R$ 420 milhões) ao grupo, que rapidamente se tornou um agente importante na campanha eleitoral de Trump. O bilionário disse que quer que “mais de um milhão, talvez dois milhões, de eleitores nos Estados-chave assinem a petição em apoio à Primeira e Segunda Emenda”.

O efeito de ações desse tipo é duvidoso, pois se de um lado pode motivar eleitores a escolherem o candidato que está embutido na ação, também pode gerar o efeito contrário na medida em que pode ser rejeitada por uma parcela do eleitorado que reage negativamente ao efeito da influência da possível oferta de dinheiro nas eleições. Um fator conduz a um caminho e outro é marcado pela oposição de doações disfarçadas de ofertas de valores. É muito difícil em política haver uma iniciativa que possa causar apenas um efeito. Não é assim. Musk está provocando com a sua iniciativa de sortear dinheiro, coisa que jamais se viu em qualquer campanha eleitoral no mundo.

Em busca do amor, a gente briga e diz tanta coisa que não quer dizer…   

Dolores Duran - Coletânea

Dolores Duran, a rainha do samba-canção

Paulo Peres
Poemas & Canções

A cantora e compositora carioca Adiléa da Silva Rosa (1930-1959), conhecida como Dolores Duran, foi uma das maiores representantes do samba-canção, gênero musical onde prevaleciam a “fossa e a dor de cotovelo” nos anos 50, conforme a letra de “Castigo”, que expõe o arrependimento pela perda de um amor. O samba-canção “Castigo” foi gravado por Roberto Luna no LP “Luna Canta para Você”, lançado em 1958, pela RGE. Dolores morreu aos 29 anos e deixou uma obra vastíssima.

CASTIGO
Dolores Duran

A gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar

Um belo dia a gente entende que ficou sozinho
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar

Você se lembra, foi isso mesmo que se deu comigo
Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira pra me arrepender

Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esse ser que chora
Eu não teria perdido você

Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria essa mulher que chora
Eu não teria perdido você

Resultado final da eleição mostra que o eleitor não aguenta mais a Era do PT

Tribuna da Internet | Polarização, que é obra de lideranças, depende muito do futuro incerto de Bolsonaro

Charge do Nani (nanihumor.com)

Carlos Newton

Às vésperas do segundo turno, que vai se realizar dia 27, exatamente quando Lula da Silva completa 79 anos, os resultados previstos não podem ser considerados nenhum presente de aniversário, muito pelo contrário. As perspectivas são de que pode nem haver motivos para comemorar.

Das prefeituras das capitais ainda em disputa, o PT tem chances em Fortaleza, onde as cinco pesquisas indicam empate técnico, mas com pequena vantagem para André Fernandes (PL) sobre 45% Evandro Leitão (PT), dentro da margem de erro. Em Cuiabá, idêntica situação, com Abilio Brunini (PL) à frente de: Lúdio Cabral (PT), mas empatados na margem de erro.

MUITO POUCO – Quando um presidente da República  consegue fazer apenas dois prefeitos de capital, arriscando-se a não eleger nenhum deles, é sinal de que há alguma coisa muito errada no Palácio do Planalto, em sua conexão com o eleitoraso.

Esperava-se que prevalecesse a tal polarização entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro, mas não está ocorrendo exatamente isso. Pode-se argumentar que, como se trata de eleição municipal, a situação muda de figura.

É certo que isso aconteça, porém jamais atingindo o descolamento que está se verificando. Nas 27 grandes cidades que terão segundo turno, o PT não lidera em nenhuma delas…

É UM SINAL – Não há dúvida de que se trata de um sinal de que a polarização está perdendo influência. E o fato concreto é que está havendo uma migração da esquerda para o centro. Mas por que isso estaria acontecendo?

Uma das causas é que muitos eleitores não aceitam a esculhambação que caracteriza o funcionamento dos Três Poderes no Brasil, onde o Executivo governa mal, o Congresso legisla péssimo e o Supremo julga porcamente.

É certo também que a grande parte da classe média, que sempre contribuiu expressivamente para fortalecer a esquerda, está decepcionada com os resultados pífios dessa Era do PT.

ANTIPETISMO – O resultado dessa situação óbvia que se descortina perante os brasileiros é o progressivo fortalecimento de um sentimento antipetista. Isso não significa que esses eleitores estejam abandonando a esquerda, mas indica claramente que estão cansados da corrupção, das mordomias, dos penduricalhos e da perseguição à liberdade de expressão nas redes sociais, um desafio que atinge o mundo inteiro, sem que nenhum país até agora tenha conseguido solucionar a questão, salvo as ditaduras, que proíbem tudo, e estamos conversados.

É nesse clima que caminhamos para o segundo turno, com a polarização tão desgastada e desmoralizada quanto os dois líderes que se julgam (ou julgavam) senhores do nosso destino.

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P.S. –
Detalhe importante: a derrocada petista não demonstra que a maioria dos eleitores esteja disposta a trazer Bolsonaro de volta ao poder. Sinceramente, polarizar entre dois políticos desclassificados como Lula da Silva e Jair Bolsonaro significa tentar escolher o menos ruim, e isso não é saudável para nenhuma democracia. (C.N.)

Mesmo inelegível, Bolsonaro diz que será o candidato da direita em 2026

O governador Tarcísio de Freitas e o ex-presidente Jair Bolsonaro

Tarcísio finge se surpreender com esta afirmação de Bolsonaro

Victória Cócolo
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (22) que será o candidato da direita à Presidência da República, em 2026. A declaração foi feita em entrevista após almoço com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vem sendo apontado como presidenciável.

Ao responder sobre o pleito nacional de 2026, ele reforçou que vê sua inelegibilidade como perseguição. Questionado se quem disputaria seria ele ou Tarcísio, respondeu, em referência ao seu próprio nome do meio: “O nome é Messias”.

CERTO DA VITÓRIA – Bolsonaro afirmou ainda que, caso consiga reverter sua inelegibilidade, ganharia de Lula em 2026. “Eu tenho certeza de que eu ganho.”

“Quem é o substituto de Lula na política? Não tem. De Bolsonaro? Tem um montão por aí. Eu colaborei a formar lideranças, estou muito feliz com isso”, disse o ex-presidente, ao lado do governador, que reforçou: “O candidato a presidente é Bolsonaro”.

O governador também foi questionado sobre em qual data iria sair do Republicanos para se filiar ao PL, mas apenas sorriu e disse que só responderia sobre a eleição de São Paulo.

CRÍTICAS A CAIADO – Ao falar da disputa em Goiânia, Bolsonaro criticou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), com quem trava uma batalha na cidade. Caiado, que é cotado como um presidenciável em 2026, apoia Sandro Mabel (União Brasil), enquanto Bolsonaro quer que Fred Rodrigues (PL) vença.

Bolsonaro disse que estará em Goiânia “no domingo, votando com o Fred”.

“O que nos surpreendeu agora, segundo eu vi na imprensa, o Caiado aceitou o apoio do PT pelo Sandro Mabel. Quem diria, o cara da UDR (União Democrática Ruralista), que fala grosso, gosta de ranger os dentes, e está aí, agora aceitou o apoio do PT. O PT não apoia de graça, não tem amor lá não. Alguma coisa foi acertada”, completou.

NOTA DEZ – Antes de deixar a churrascaria na qual ocorreu a conversa com a imprensa e o evento de campanha de Nunes, Bolsonaro foi perguntado sobre qual a sua avaliação do evento. O ex-presidente respondeu “nota 10” e disse que está confiante com a campanha de Nunes.

Tarcísio também avaliou como positiva a participação de Bolsonaro no almoço.

“A militância está muito animada, e eu estou sentindo isso na rua, eu acho que ajudou sim”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral no ano passado, Bolsonaro não pode votar nem ser votado pelo menos até 2030. Para ser candidato ele necessita de aprovação da Lei da Anistia com a inclusão de seu nome. Por enquanto, é apenas um sonho. E Tarcísio, com habilidade, se equilibra nessa corda bamba. (C.N.)

Descompasso de Lula e do PT prejudica a aprovação desse terceiro mandato

Gleisi Hoffmann critica Haddad por antecipar debate sobre eleições de 2026  | Jovem Pan

Haddad, Lula e o PT não conseguem falar a mesma língua

Eliane Cantanhêde
Estadão

Não foi à toa, convenhamos, que o presidente Lula decidiu antecipar a troca de comando do PT. Não faz sentido o partido do presidente da República, vira e mexe, bombardear o ministro da Fazenda e a política econômica, uma das raras áreas que vêm surpreendendo positivamente e dando boas notícias para, e sobre, o governo, apesar das dúvidas quanto à inflação e ao controle de gastos.

Faz menos sentido ainda que o PT classifique como “feito histórico” mais uma reeleição de Vladimir Putin, que invadiu a Ucrânia, envie sua presidente Gleisi Hoffmann e 30 petistas para badalar o regime chinês e trate a tragédia da Venezuela como normal, reconhecendo a vitória do ditador Nicolás Maduro no primeiro instante de uma eleição fraudada e depois ratificando o aval do Foro de São Paulo a essa “vitória”.

TUDO ERRADO – Se Lula estivesse abafando, o governo fosse excelente, o PT desse um banho nas eleições municipais e a direita terminasse como grande derrotada, vá lá, haveria um muxoxo daqui ou dali e pronto.

Mas, como não é isso que ocorre, os erros do PT pioram a percepção geral sobre o terceiro mandato e irritam setores do próprio partido.

Sem candidato no Rio e em São Paulo, comendo poeira em Belo Horizonte e baixando a guarda em quatro das nove capitais do Nordeste, o PT ficou em nono lugar no número de prefeituras no primeiro turno, atrás do PSB e até do moribundo PSDB. Pode estar no fim a velha arquitetura da esquerda, com o PT no eixo e seus aliados, seus satélites.

DECADÊNCIA – O PT paulista é comandado pelos irmãos Tatto, que não deram bola para Guilherme Boulos (PSOL), candidato de Lula, e o do Rio está nas mãos dos polêmicos André Siciliano, Renato Machado e Quaquá. Em BH, o problema é outro: inanição.

Enquanto isso, Pernambuco lidera a renovação na esquerda, com o prefeito de Recife, João Campos (PSB), e a governadora Raquel Lyra (ainda PSDB), na centro-esquerda. De quebra, Tabata Amaral (PSB-SP), namorada de João, é outra boa novidade nacional.

Afinal, o PT atrapalha o governo, ou o governo atrapalha o PT? Típico caso em que todo mundo briga e todos têm razão.

FORA DO PRUMO – Lula é maior do que o PT, dá todas as ordens e submete o partido à necessidade de apoio no Congresso, enquanto tropeça, ou some, em política externa, meio ambiente, educação, cultura…

Com a derrota petista em cidades paulistas importantes, Lula quer na presidência do PT o prefeito Edinho Silva, que não elegeu sua candidata em Araraquara, mas Gleisi investe no líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE).

Edinho Silva é mais forte, mas não há santo que faça milagre com governo e partido fora do prumo.