Difícil saber quem é pior para os EUA e a humanidade: Biden ou Trump?

Donald Trump e Joe Biden

Trump e Biden são dois políticos absolutamente péssimos

Janio de Freitas
Poder360

Ao tomar posse do mundo, como é sua visão do poder reconquistado e ampliado, Trump dedicou um discurso aos apoiadores, no qual incluiu esta frase: “As guerras começam e terminam no Salão Oval”, o gabinete dos presidentes norte-americanos. Às vezes termina em fuga vergonhosa, vista no Vietnã e no Afeganistão, por exemplo.

Ainda assim, compreendido o excesso retórico, a frase faz sentido, em especial para o pós-2ª Guerra Mundial, mas não só. Esse sentido dá à saída de Joe Biden o mérito de criar certo alívio para as atuais tensões internacionais.

NOVA GUERRA FRIA – Biden fez bem ao Brasil e mal ao mundo. Sua ameaça de sanções econômicas em represália a um golpe, reiterada por canais diplomáticos e militares, foi decisiva. Atemorizou os generais do golpismo e o próprio Bolsonaro. Com a China, por exemplo, Biden levou as relações a riscos de perda iminente de controle.

Na Questão Taiwan e nas provocações com manobras militares diante da China, um engano subalterno bastaria para trazer o apocalipse. Também com provocativas restrições a produtos chineses e à importação de componentes tecnológicos pela China, Biden recriou a Guerra Fria bem ao gosto de sua mentalidade de anos 1950/1960.

Se percebeu a diferença entre a brutalidade stalinoide e a sutileza chinesa, faltou inteligência à sua estratégia para o jogo refinado. A guerra na Ucrânia mudou o presente e as perspectivas mundiais. Biden empurrou a Ucrânia para entrar na Otan, a aliança militar EUA-Europa, e avançar o cerco à Rússia.

PUTIN QUERIA NEGOCIAR – Forçou grande parte da Europa a participar da guerra como fornecedora de material bélico. Exigiu políticas que trouxeram de volta à Europa o armamentismo deletério. E municiou a Ucrânia com armas e dólares, mesmo em sua última semana na Casa Branca. A suposição de que Biden quis a guerra é temerária, mas não absurda.

Os russos levaram semanas para um percurso de dois ou três dias, em direção à Ucrânia. E ainda estiveram inativos por dias diante da fronteira. Na linguagem das hostilidades, Putin mostrava esperar uma iniciativa de negociações. Não queria a Otan ao sul, queria um pedaço russófilo do ex-satélite soviético, mas a guerra não parecia lhe convir.

Biden se omitiu e negou apoio a quem quis agir. Duas frases suas, da época: – “Os Estados Unidos não permitirão que a Ucrânia perca essa guerra” – “Vamos ajudar a Ucrânia até que a Rússia não possa mais fazer uma guerra”.

GAZA ARRASADA – Ambas foram repetidas várias vezes no Brasil pelo secretário da Defesa de Biden, general Loyd Austin, inclusive em fala aos colegas secretários reunidos no Rio.

Resumo quantitativo da ONU para a hipotética trégua na outra guerra de Biden: “92% das construções de moradia em Gaza, totalizando 436 mil, estão destruídas, sendo 160 mil completamente e 276 mil parcialmente; 1,8 milhão de pessoas sem teto e sem os itens domésticos; 110,7 mil feridos, amputados, tetraplégicos; 47 mil mortos”.

Esses números foram produzidos por bombas e projéteis fornecidos por decisão de Biden ao Exército de Israel, com a finalidade que os totais da ONU refletem. Biden não é pior que Trump assim como Trump não é pior que Biden. Para a humanidade e a civilização, a diferença entre eles está na maneira de ser pior.

Servidores do Judiciário querem entrar na farra dos penduricalhos

Novo 'penduricalho' no MP é 'incentivo à incompetência', diz especialista em gestão pública | ASMETRO-SI

Charge reproduzida do Arquivo Google

Deu no Painel
Folha

Trabalhadores do Poder Judiciário divulgaram uma carta ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), com queixas sobre o tratamento desigual recebido em demandas salariais, enquanto magistrados têm vantagens crescentes com os penduricalhos.

A entidade diz que tem buscado o diálogo sobre suas demandas, mas reclama que “a falta de respostas efetivas às principais reivindicações da categoria tem causado enorme insatisfação”.

COMPARAÇÃO – “Enquanto observamos a magistratura acumulando benefícios e verbas vultosas em sessões administrativas, os (as) servidores (as), que são o alicerce do Judiciário, enfrentam desafios crescentes, como sobrecarga de trabalho e a defasagem de direitos e benefícios essenciais”, diz a carta, assinada pela Federação Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe).

O protesto dos servidores lista entre os pontos mais urgentes melhoria nas remunerações e redução das desigualdades salariais internas, pagamento do auxílio-saúde nos mesmos moldes do recebido pelos magistrados e indenização de transporte para analistas, entre outros.

Os servidores dizem ainda que, “diante da ausência de avanços significativos”, anunciam a organização de um calendário de atividades reivindicatórias a partir de 7 de fevereiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os serventuários (como são chamados os servidores da Justiça) são organizadíssimos e muito unidos. Têm obtido importantes conquistas sociais, como auxílio-educação, auxilio-bebê etc. É claro que não podem ficar calados ao ver os juízes se enchendo de penduricalhos e deixando os trabalhadores fora da farra do boi. Parece que os magistrados querem levar esse país à ruína, porque tudo o que eles recebem, as outras classes trabalhadoras também têm direito, hipoteticamente. (C.N.)

O revolucionário samba “Opinião”, de Zé Kéti, virou protesto contra ditadura

Opinião » revista USINA

Zé Kéti e Nara Leão no show Opinião

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Zé Kéti, nome artístico de José Flores de Jesus (1921-1999), compôs o samba “Opinião”, cuja letra possui um impacto forte, criado pelo relato  do dia-a-dia na favela.

Alguns historiadores afirmam que a data desta composição é anterior a 1964, porque fora composta em protesto ao governador Carlos Lacerda, do antigo Estado da Guanabara, o qual decidira acabar com as favelas, removendo os seus habitantes para a bairros afastados do centro e da Zona Sul.

Em 1964, Nara Leão e João do Vale participaram do Show Opinião, um dos primeiros gritos artísticos de protesto contra o regime militar. O samba “Opinião” inspirou os nomes de um jornal, de um teatro, do grupo que encenou a peça e do segundo LP de cantora, intitulado Opinião de Nara,lançado no final de 1964, pela Philips.

OPINIÃO
Zé Kéti

Podem me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não

Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso
E ponho na sopa
E deixa andar

Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu

Se Trump expulsar todos os imigrantes, os EUA podem param de funcionar

Caravana de migrantes avança para os Estados Unidos | Agência Brasil

Os imigrantes são uma importante forca de trabalho

Leonardo Sakamoto
do UOL

Os Estados Unidos, apesar de adotarem políticas para barrar a imigração não-autorizada e deportar migrantes, sabem que dependem dela para ajudar a regular seu custo da mão de obra. Até porque é cômodo deixar uma massa de pessoas ao largo dos direitos, mas com muitos deveres. Mais cômodo ainda é perseguir essa massa, tornando possível pagar ainda menos a ela.

A perseguição contra os migrantes cria um inimigo externo, fonte de todo o medo, que é útil para a estratégia de Donald Trump. Até porque ele não consegue resolver os problemas de saúde, habitação e inflação no curto prazo. Com isso, vai empoderando fascistas e neonazistas que se sentirão livres para caçar pessoas pelas ruas. Afinal, elas são consideradas “ilegais”.

Não todos os migrantes, claro. Loiros de olhos azuis podem até ser pegos, mas não serão o alvo prioritário.

OS MAIS POBRES – Trump vai dificultar – e muito – a vida da parte mais pobre dos migrantes justamente em um país que se tornou o que é por conta dessas pessoas. Mas, em algum momento, declarará “vitória” sem ter atingido o seu objetivo. Porque toda essa mão de obra é fundamental para garantir o American Way of Life.

Vamos por partes. Não existe “imigrante ilegal”. Pois não existem seres humanos ilegais. O que temos, por força das fronteiras, são pessoas que não possuem os documentos de entrada ou de trabalho exigidos por um país ou um bloco de países.

Ou que estão em situação de migratória considerada irregular. Essa distinção parece uma “fresta” conceitual, uma “frescura do politicamente correto”. Contudo, esconde um abismo.

A FORÇA DAS PALAVRAS – Às vezes, esquecemos que a escolha das palavras que usamos, consciente ou inconscientemente, não é aleatória. Diz muito sobre a forma como vemos o mundo e nos relacionamos com ele. Ou como fomos ensinados, formados ou doutrinados a legitimar situações como se fossem algo normal. Afinal, se o diabo está nos detalhes, o inferno são as entrelinhas da nossa fala.

Por exemplo, o que é “migrante” ou o “refugiado”? O forasteiro que vem de fora roubar nossos empregos e destruir nossa cultura? Ou aquele que deixa sua casa tentando uma vida melhor ou mesmo sobreviver por desalento ou esperança?

Na maior parte dos países, eles encorpam as favelas e bolsões de miséria das grandes cidades ou vivem em acampamentos rurais e alojamentos nas grandes cidades, cumprindo o papel da necessária mão de obra barata e informal que ajuda a manter o preço em baixa e os lucros em alta.

PILHANDO E POLUINDO – Corporações de países ricos ou em desenvolvimento superexploram territórios na periferia do mundo, pilhando e poluindo, ou seus governos promovem conflitos armados em nome de recursos naturais ou interesses geopolíticos.

Comunidades inteiras sofrem com isso e são obrigadas a deixar suas casas. Daí, vão bater às portas de países ricos ou em desenvolvimento, que não os recebem de braços abertos, apesar de serem cúmplices do sistema que os expulsou.

Quantos casos vocês não viram na imprensa de multinacionais que expulsaram comunidades na África, Ásia e América do Sul, com a ajuda do governo local, para a utilização do território, levando a um êxodo que foi bater às portas do próprio país de origem da empresa? Ou seja, levam chumbo em sua terra natal e na fronteira do país de destino.

NÃO HÁ CULPA – Em todo o mundo, culpamos os migrantes por roubar empregos, trazer violência, sobrecarregar os serviços públicos porque é mais fácil jogar a responsabilidade em quem não tem voz (apesar de darem braços para gerarem riqueza e pagarem impostos para o lugar em que vivem) do que criar mecanismos para trazê-los para o lado de dentro do muro que os separa da dignidade.

A mobilidade não deveria ser criminalizada. Afinal, se o capital não vê fronteiras, os trabalhadores também não deveriam morrer afogados ou à bala enquanto tentam ultrapassá-las.

Qualquer pessoa que estuda migração sabe que o fluxo de gente pobre e indocumentada tem sido fundamental para a economia do centro rico do mundo.

TAMBÉM NO BRASIL – No Brasil, não são muitos os que defendem o fechamento total de nossas fronteiras para refugiados e a expulsão sumária de migrantes sem documentos de permanência por aqui. Por outro lado, é crescente a quantidade daqueles que acreditam que eles roubam empregos e pioram a crise. Ou que caem no conto da notícia falsa que diz que o Brasil vai gastar bilhões com Bolsa Família para refugiados, tirando da boca dos nativos.

Pouco antes da sanção da nossa Lei de Migração, grupos de extrema direita realizaram microprotestos em cidades como São Paulo, usando os mesmos argumentos que reduzem migrantes pobres a ladrões e traficantes.

Diziam que o país se transformaria no caos com a mudança da lei, seguindo o que há de pior na narrativa nacionalista ultraconservadora, que tenta fazer com que a Europa e os Estados Unidos se tornem uma sucursal do inferno.

Copom mantém série de altas e sobe taxa de juros e governo cai em contradição

Charge do J.Bosco (O Liberal)

Pedro do Coutto

O Banco Central elevou nesta quarta-feira em um ponto percentual a taxa básica de juros da economia, aumentando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão foi unânime, ou seja, os nove diretores votaram nesse sentido. Com a decisão, se mantém a série de altas da taxa de juros na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) chefiada pelo novo presidente do BC, Gabriel Galípolo – que foi indicado por Lula para a função.

A elevação da Selic para 13,25% ao ano já era esperada por grande parte do mercado financeiro, depois de uma indicação do próprio Banco Central — feita em dezembro do ano passado. Como a inflação está crescendo no país, o Copom prevê na próxima reunião uma nova alta na Selic.

AJUSTE – “Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, escreveu o Copom. O processo de alta deve continuar nos próximos meses, ainda a depender do comportamento da inflação.

“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, completou o Copom no comunicado da reunião.

A reunião desta quarta do Copom também foi a primeira em que os diretores indicados pelo presidente Lula foram maioria no colegiado, ou seja, eles foram responsáveis diretamente pela decisão tomada.

CONTRADIÇÃO – Com a decisão do Banco Central em elevar os juros da dívida em um ponto percentual, o governo Lula caiu numa contradição aparente que foi elevar a taxa num valor em que condenava Roberto Campos Neto como um adversário do Planalto. O governo, além de elevar a taxa em 1%, admite haver novo aumento, o que surpreende os analistas.

Campos Neto e a diretoria anterior do BC, indicada por Bolsonaro, foram alvo de ataque constante não somente do presidente Lula, mas também da presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, por subir a taxa básica de juros em um patamar considerado excessivo. A crítica era de que isso frearia demais a economia, com impacto nos empregos e na renda.

No fim do ano passado, Lula baixou o tom. Ele publicou um vídeo, ao lado de ministros e de Galípolo defendendo a estabilidade econômica no país e o combate à inflação. E também fez acenos ao mercado e prometeu que “jamais haverá interferência” na gestão do futuro chefe da autoridade monetária.

TOM CRÍTICO – Mas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, manteve o tom crítico. Após a última decisão do Copom, em dezembro, que elevou os juros para 12,25% ao ano, ela classificou a decisão como “irresponsável, insana e desastrosa”. Segundo informou em dezembro o ex-presidente do BC, Campos Neto, a opinião dos diretores mais recentes da instituição – incluindo seu sucessor, Gabriel Galípolo, teve “peso cada vez maior” nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), incluindo a de dezembro.

A dívida do país está entre R$ 600 a R$ 700 bilhões. Logo, 1% representa um acréscimo de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões. O governo injetou mais papéis no mercado, pois não teve como pagar os juros do montante relativo aos juros do déficit. Tal ação aumenta o endividamento, mas rola os juros por mais 30 dias. A contradição do governo está no fato dele produzir uma situação igual ou até um pouco maior do que aquela existente no período de Roberto Campos Neto. Mais um fator a ser enfrentado pelo Planalto.

Globo festeja 60 anos da usurpação da TV Paulista por Roberto Marinho

Roberto Marinho comprou a TV Globo de São Paulo por 35 dólares. Com  documentação falsa. E o STJ confirmou a transação

Marinho teria “comprado” a TV Paulista por 35 dólares.

Afanasio Jazadji

A Rede Globo de Televisão, uma das maiores do planeta, está em festas, para comemorar 60 anos de existência e de inegável sucesso. Já o jornal “O Globo”, criado em 1925 por Irineu Marinho, pai de Roberto Marinho, e hoje administrado pelos três netos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, está completando 100 anos.

Seu maior concorrente, no Rio de Janeiro, o conceituado “Jornal do Brasil”, não resistiu às crises econômico-financeiras e fechou suas portas há alguns anos.

ANTES DA GLOBO – O que o público não sabe é que a TV Globo do Rio, concessão obtida por Roberto Marinho, em 1957, na administração do então presidente Juscelino Kubitschek, iniciou suas atividades em abril de 1965, dois meses depois de o jornalista e empresário Roberto Marinho, com apoio da ditadura militar (1964-1985), ter se apossado do controle e da outorga da concessão da Rádio Televisão Paulista S/A.

Esse negócio nebuloso efetivou-se em decorrência da instalação de uma inexplicável Assembleia Geral Extraordinária, em 10 de fevereiro de 1965, presidida pelo empresário Victor Costa Júnior, que nem era acionista da empresa, e com a presença de apenas um acionista, seu empregado e titular de apenas duas ações de um total de de 30 mil, chamado Armando Piovesan.

ROBERTO MARINHO – Além deles dois, estava presente apenas Roberto Marinho, supostamente interessado em comprar a TV Paulista, mas que já tinha adquirido a emissora dois meses antes, por meio de um estranho contrato de gaveta, por valor equivalente a reles 35 dólares.

Para instalar o ato assemblear, ignorado pela maioria absoluta dos acionistas, a reunião teria ocorrido num prédio velho e sujo da Rua das Palmeiras, em São Paulo, e que em 1969 foi destruído por um incêndio, com autoria desconhecida e que rendeu a Roberto Marinho uma bela soma a título de lucros cessantes.

Em ata registrada na Junta Comercial de São Paulo, três anos depois, consta que teriam sido representados na AGE os acionistas controladores de 52% do capital social inicial, Hernani Junqueira Ortiz Monteiro, Manoel Vicente, Manoel Bento da Costa e Oswaldo Junqueira, por meio de procurações nunca exibidas, mesmo porque os dois primeiros já tinham falecido, quando houve a assembleia. E foi assim que Roberto Marinho tornou-se “dono” da TV Paulista.

Ameaça de Trump sobre os Brics atinge diretamente Lula e o Brasil

Trump diz que países do BRICS não vão ficar felizes, se prejudicarem os EUA  | CNN PRIME TIMECarlos Newton

O imponderável presidente americano Donald Trum considera o grupo dos Brics um grave problema a ser resolvido pelo seu governo. Logo após assumir, no último dia 20, ele afirmou que os países membros do Brics estavam tentando “dar uma volta” nos Estados Unidos e que, se isso ocorrer, “não vão ficar felizes”.

O novo governante americano se referia aos planos já divulgados pelos países-membros sobre crescimento do bloco, como possibilidade de negociações comerciais lastreadas em suas próprias moedas ou em nova moeda a ser criada, para se livrar da submissão ao dólar.

“BONS ACORDOS” – “Eu acho que [os países do Brics] estão procurando prejudicar os Estados Unidos, e se fizerem isso, não ficarão felizes com o que vai acontecer”, disse Trump, que considera que os EUA não possuem bons acordos comerciais com os países-membros do bloco.

O novo dono do mundo, digamos assim, disse que “nós não fizemos nenhum bom acordo (com nenhum dos Brics). Temos déficit com quase todos eles”.

Em relação especificamente à China, que é o maior líder do bloco, Trump lembrou que em seu primeiro mandato impôs “grandes tarifas” aos produtos chineses, especialmente ao aço, o que ajudou a manter empresas de siderurgia funcionando nos EUA.

SEM DETALHES – Trump não deu mais detalhes sobre futuras tarifas contra o país asiático, mas pontuou que tem reuniões e telefonemas agendados com o presidente Xi Jinping para tratar do assunto. Trump acrescentou que, por ora, os EUA ainda “não estão prontos” para implementar novas tarifas universais.

Depois dessa declaração, realmente Trump já teve uma demorada reunião por videoconferência com o presidente chinês XI Jinping, mas não houve vazamento sobre o que foi conversado.

Para o governo Lula, que defende publicamente uma nova moeda, a situação é delicada, porque desde 1º de janeiro o Brasil assumiu a presidência do Brics, integrado por Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros membros recém-admitidos – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, e outras nações consideradas parceiras.

SUL GLOBAL – Brics é o bloco que sustenta a articulação diplomática dos países do Sul Global, com foco na cooperação em diversas áreas. E o Brasil se comprometeu a operar sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.

É claro que Trump não vai aceitar placidamente o crescimento do Brics. No final do ano passado, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Nigéria foram anunciados como “países parceiros”. 

Diante dessa delicada situação, convém que Lula se coloque em seu devido lugar, saia o máximo de cena e deixe o Itamaraty gerir a presidência do Brics, sem se meter em nada.

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P.S. –
No momento, o Brasil não tem retaguarda econômica para suportar retaliações de Trump. O ideal seria um bom relacionamento com os Estados Unidos e com os Brics, simultaneamente, meta que o Itamaraty tem condições de atingir, se Lula não atrapalhar. (C.N.)

Lula acerta em dar entrevista coletiva, mas não tinha o que mostrar

Lula durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto

Lula obedece ao marqueteiro e dá entrevista coletiva

Vera Magalhães
O Globo

Um Lula bem disposto, com fala escorreita, propositalmente simpático com os jornalistas e aparentando ter consciência de que precisa dar uma volta por cima em seu governo concedeu uma rara entrevista nesta quinta-feira. Prometeu que esses eventos serão mais frequentes, mas falta a ele ter o que mostrar em termos de realizações e a nós, da imprensa, fazer o dever de casa para aproveitar a oportunidade de estar diante do presidente da República para um questionamento mais incisivo, que reflita a complexidade do momento político, econômico e internacional.

A coletiva foi boa para Lula. Ponto para Sidônio Palmeira, que conseguiu, em duas semanas, convencer o petista a falar com a imprensa.

LEVE DEMAIS – Espertamente, demonstrando que ainda mantém um tanto da boa forma de uma raposa política que é, o presidente começou se desdobrando em gracinhas para os jornalistas e fazendo menção à sua recente cirurgia, e terminou agradecendo as perguntas e dizendo que os editores ficariam bravos. Foi, portanto, mais leve do que ele esperava –e do que o momento pedia.

Lula, foi, sim, questionado sobre os principais assuntos. Mas o modelo que não permite réplicas quando o presidente circula a pergunta impediu que ele fosse mais “apertado”.

Ainda assim, é positivo que a mudança na Secom traga logo nas primeiras semanas uma abertura maior para a exposição de Lula diante da imprensa. O modelo pode ser aperfeiçoado a cada oportunidade, inclusive com maior preparação prévia por parte de nós, da imprensa.

SEM ARGUMENTOS – O maior problema para o presidente é que o que ele tem para mostrar de positivo do terceiro mandato se restringe a 2023: do combate ao golpismo à baixa do preço da picanha, que ele mesmo reconheceu que subiu um ano depois, todas as vitórias, inclusive no Congresso, foram na largada do governo.

Mais: para além da disposição de Lula de dizer que vai dialogar e voltar a percorrer o país, nada sobressaiu como plano de voo para os dois últimos anos, que ele mesmo classificou como os mais importantes.

Só a defesa da democracia e uma espécie de uma ameaça velada de que, sem ele, o Brasil estará entregue à direira autoritária, mas isso não enche barriga nem garante popularidade a quem precisa dela e já fez bem mais nas ocasiões anteriores em que ocupou o Planalto.

FALTA DINHEIRO – A volta de Donald Trump ao poder, depois do Capitólio e com tudo que explicitou ao longo da campanha que pretendia fazer caso eleito, é um alerta para o quanto o eleitor pode relativizar a defesa da democracia quando sente — corretamente ou não — que algo lhe falta no bolso ou, de forma mais difusa, no ambiente social e cultural em que está inserido.

O ponto mais complicado da entrevista foi justamente no começo, quando Lula foi questionado sobre a decisão do Banco Central, na primeira reunião sob o comando de Gabriel Galípolo, ter aumentado a taxa básica de juros em 1 ponto percentual e, ainda assim, isso não ter ensejado críticas de sua parte como as feitas nos tempos de Roberto Campos Neto.

JUROS ALTOS – Lula poderia ter aproveitado para exercitar o que ele mesmo disse na entrevista que pretende fazer: reconhecer quando erra.

Neste caso, para dizer que demorou, mas compreendeu que a autoridade monetária é autônoma e que seu principal mandato é levar a inflação para a meta. Mas não: ele preferiu adotar uma postura paternalista e condescendente em relação a Galípolo, desnecessariamente dizer que “fala” coisas para seu indicado ao BC e que tem confiança de que no futuro a instituição vai baixar os juros.

Não ajuda a construir a credibilidade que, também de forma correta, reconheceu na coletiva de que precisa aumentar.

Trump cortou mais de US$ 1 milhão de organizações sociais no Brasil

Prefeituras: pagamentos de mensalidades para ong de prefeitos é questionada  | Vigilantes da Gestão

Charge do Adorno (Adorno@vetorial.net)

Jamil Chade
do UOL

O governo de Donald Trump cancelou mais de US$ 1 milhão em repasses para entidades da sociedade civil brasileira, impactando dezenas de programas no setor de equidade racial. Algumas organizações avaliam a necessidade de demissões.

Além disso, organizações que repassam fundos para ONGs no Brasil, como a USAID, vão parar de ceder fundos, abrindo a possibilidade de que entidades de direitos humanos no país sejam fechadas.

REAVALIAÇÃO – As decisões estão tendo como base a Ordem Executiva do governo Trump que, em seu primeiro dia de governo, anunciou a suspensão de repasses de ajuda internacional durante 90 dias. Nesse período, os programas seriam reavaliados.

As entidades que estão sofrendo cortes optaram por não divulgar os programas específicos que estão sendo afetados e nem seus nomes, temendo uma retaliação ainda mais drástica com a divulgação dos cortes.

O UOL apurou, porém, que muitas estão relacionadas com temas indígenas na região amazônica e Norte do país.

ÍNDIOS E QUILOMBOLAS – Uma das preocupações se refere ao corte de recursos a projetos que envolvem bolsistas indígenas e quilombolas jovens. Eles recebem esse dinheiro mensalmente e investem em suas comunidades.

A avaliação é de que os cortes podem afetar a preservação de saberes tradicionais, o empoderamento econômico destas comunidades e, assim, abrir espaço para o avanço do agronegócio.

No combate ao racismo, também foram afetados programas reiniciados com o Brasil no governo de Joe Biden em temas de educação, acesso à justiça, cultura e memória e saúde. O corte também afeta quilombolas na região Norte e Nordeste do país.

COP 30 – Segundo as entidades brasileiras, os repasses para a agenda climática estão sendo cancelados, impactando na participação da sociedade civil na COP 30, em Belém no final do ano.

Projetos ainda de defesa das mulheres, pessoas negras, juventude e população LGBTI+ foram alertados já de suspensão de pagamentos.

Projetos de fortalecimento das organizações da sociedade civil estão sendo cortados, impactando no fortalecimento da democracia. Projetos de liberdade e associação religiosa tampouco serão renovados pelo governo Trump.

SEM REPASSE – De acordo com as entidades, a ordem executiva impede que qualquer organização que recebia financiamento do Departamento de Estado norte-americano possa utilizar os recursos recebidos a partir do dia 24 de janeiro e, mais especificamente, que venha a receber qualquer dinheiro.

No caso brasileiro, grande parte do financiamento dessas organizações vem do exterior, e a participação da sociedade civil no fortalecimento da democracia tem previsão constitucional.

As entidades querem, agora, chamar a atenção para que o governo brasileiro se prepare para as consequências do enfraquecimento da participação da sociedade civil na construção da democracia. Para eles, esse corte ameaça os avanços promovidos por esses atores na pauta de direitos humanos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Todos sabem que o Brasil, especialmente a Amazônia, é o paraíso das ONGs e OSs fajutas, criadas para faturar recursos públicos e privados, nacionais e estrangeiros. Esse US$ 1 milhão não significa quase nada. Trump diz que será feita uma avaliação, que considero necessária e oportuna. Aliás, quem deveria fazer essa avaliação é o governo brasileiro, mas quem se interessa? (C.N.)

Lula deixou de ser o presidente para se tornar mais um meme na internet

O presidente Lula afirmou que há várias razões para o preço do alimento ter disparado, entre elas é a de que o povo está podendo comprar mais e os supermercados estão aumentando

Lula gravou mensagem na horta do Torto

J.R. Guzzo
Estadão

Lula, pela impressão que dá em quase tudo aquilo que faz hoje em dia, deixou de ser o presidente da República e passou a ser um meme. Essa parece ser a sua principal ocupação, após dois anos de governo: fornecer material para piadinhas e ditos espirituosos na internet. Não dá para ser diferente, vendo o jeito como ele se comporta em público.

Em sua última revelação, achou uma boa ideia (ou acharam por ele) aparecer num vídeo fantasiado de “campesino” para tentar convencer as pessoas de que é um governante que tem “o pé na roça” e, como tal, conhece melhor que ninguém o caminho para acabar com a alta nos preços dos alimentos.

PAPEL RIDÍCULO – Acabou, como sempre, fazendo apenas o papel de um homem ridículo. Nessa operação do seu novo serviço de propaganda, filmada no que descrevem como “a horta do Palácio”, com camisa, chapéu e óculos de urbanoide que acaba de sair do shopping, Lula disse basicamente o seguinte: vai fazer “reuniões” com “atacadistas” e resolver o problema.

E o que ele vai dizer nessas reuniões – uma coisa só que seja? Que propostas vai fazer? E, mais que tudo, porque não fez o raio das “reuniões” antes? É puro Lula, o “negociador”. Só faltou a abóbora.

É evidente que esse tipo de coisa só pode mesmo acabar em piada nas redes sociais. Não adianta, aí, a Advocacia-Geral da União, a PGR e o serviço de publicidade do governo no noticiário mandarem a Polícia Federal atrás de quem fez os memes que “atacam medidas públicas”.

MENOS LARANJA – O que se vai fazer com um governo em que o ministro da Casa Civil, depois de anunciar e logo “desanunciar” um “tabelamento” de preços da comida, diz que a população deve comprar menos laranja, que anda muito cara, para vencer a inflação?

O que o ministro sugere que o povo chupe no lugar da laranja? Ele poderia indicar alguma fruta mais barata? E se o governo fornecesse brioches para substituir as laranjas – será que não poderia ser uma solução, como as “reuniões” que Lula quer fazer?

O fato é que nem Lula e nem ninguém em todo o seu governo tem a mais remota ideia do que fazer a respeito da alta dos alimentos. Não sabem absolutamente nada, também, a respeito de como lidar com a inflação em geral, ou com o aumento no preço dos combustíveis, ou qualquer coisa.

SEM PROJETO – Lula, na verdade, nunca teve um plano para a economia brasileira. Só consegue tratar disso, ou de qualquer outro assunto, por uma ótica: “Eu vou ser mais esperto do que eles – e inventar uma pirueta aí para enganar de novo todos esses bocós de mola”.

Em fidelidade a essa estratégia, não anunciou quem seria o ministro da Economia até o dia da sua posse – assim ficava todo mundo pendurado nele. Passou dois anoS jogando a culpa de tudo em cima do presidente do Banco Central. Colocou na chefia do IBGE um fabricante de estatísticas que se tornou uma bomba à espera da explosão. “Política econômica”, para Lula, é isso.

O presidente nunca teve, sequer, a preocupação de formar um governo – só pensou, com a sua “equipe de transição” de 900 “especialistas”, em nomear gente para encher as vagas de marajá que criou no governo.

FÁBRICA DE MINISTROS – Inventou ministérios como nenhum outro chefe de governo da História do Brasil – ministério do índio, da mulher, dos negros, da criatividade, da reforma agrária e por aí vai. Somando todos os nomeados, mais os seus aspones, não se junta competência para cuidar de um único dogão.

O governo Lula não consegue aprender nada. Continua falando em “abrasileirar” o preço da gasolina; o consumidor logo vai ver, na bomba, se há bala para sustentar essa miragem.

Continua achando que quem causou a calamidade das mudanças do pix foram as “fake news”, não a medida estúpida que eles próprios tomaram. Continua com a ideia fixa de que a prioridade absoluta do Brasil é brigar com os Estados Unidos – e ganhar a briga com a ajuda da China, que vai largar tudo para ficar com Lula. É por aí.

Nova posse de Alcolumbre devia ser feita na Papuda ou na Usina de Lixo

Alcolumbre sonha (?) em continuar presidente do Senado, alterando a  Constituição - Flávio Chaves

Charge do Genildo (extrapauta.com.br)

Vicente Limongi Netto 

Festa pela eleição do roliço Davi Alcolumbre, como novo presidente do Senado Federal. A chamada Câmara Alta nunca esteve tão bem representada. O eclético e limpo Alcolumbre tem orgulho de servir a dois patrões, Lula e Bolsonaro. Tudo pelo diálogo democrático.

Resta saber onde será a cerimônia de posse de Alcolumbre – se na aprazível Papuda ou na Usina de Lixo de Brasília.

SUGESTÕES – O próprio Alcolumbre gostou muito das sugestões que recebeu do alto escalão do presidente que deixa o cargo, o macabro Rodrigo Pacheco. A dúvida é comovente.

Como Alcolumbre é bem recebido por onde anda, os moradores da Papuda podem sugerir que o falante senador desfrute de boa temporada por lá. Com toda mordomia. Até direito a pijama listrado. Sem faltar diversos celulares, para poder conversar com Lula e Bolsonaro sobre as escolhas dos novos membros da Mesa Diretora e futuros presidentes das comissões técnicas.

Auxiliares mais pragmáticos do senador pelo Amapá preferem que a memorável posse seja na Usina de Lixo. Ambiente igualmente aromático e modernoso, com bons fluidos, igual à confortável Papuda. Alcolumbre se sentiria em casa. 

Novos pedidos de impeachment são contra Moraes (seis) e Toffoli (um)

PGR recorre de decisão de Toffoli que coloca Moraes como assistente de  acusação

Moraes e Toffoli, os preferidos na lista de impeachment

Gustavo Zucchi
Metrópoles

Às vésperas de trocar seu presidente, o Senado registrou, em janeiro, sete novos pedidos de impeachment contra dois ministros do STF: Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Os pedidos, protocolados ao longo de 2024, só agora foram inseridos no sistema da Casa Legislativa. Ao todo, são seis pedidos de impeachment contra Moraes e um contra Toffoli.

Um dos pedidos foi protocolado em agosto de 2024 pelo deputado Bibo Nunes (PL-RS). Na peça, o parlamentar argumenta que Moraes agiu de forma irregular no caso em que alegou ter sido agredido em aeroporto de Roma.

POR CIDADÃOS – Os outros pedidos foram todos protocolados por cidadãos sem mandato. Os referentes a Moraes se concentram em polêmicas envolvendo o ministro, como a multa imposta ao PL por questionar as eleições de 2022.

Já o pedido contra Toffoli foi apresentado em novembro, protocolado por uma diretora comercial. A mulher alega que o ministro obstruiu de forma irregular, no STF, a votação de um agravo sobre intimação de cidadãos.

O pedido de Fiorelo Ruviaro contra Alexandre de Moraes alega que o ministro, então presidente do TSE, deu posse ao presidente Lula após as eleições de 2022 enquanto grande parte da população questionava o resultado eleitoral.

OUTRAS PETIÇÕES – Outro pedido, de Elena Yatiyo Tanaka, questiona a legalidade da multa aplicada por Moraes ao PL, após o partido colocar em dúvida o resultado das urnas.

As petições de Aurino Barbosa da Silva e Jovi Vieira Barboza também questionam a multa aplicada ao PL de R$ 22 milhões.

Resumo: Texto igual às petições 2 e 3/2025, questionando a multa aplicada ao PL por colocar em dúvida o resultado eleitoral em 2022.

TOFFOLI, TAMBÉM – Já o pedido de Sérgio Augusto Pereira de Borja elenca uma série de pedidos de impeachment já protocolados contra o ministro e alega crimes contra a liberdade de expressão apontados por relatório de comissão do Congresso dos EUA.

Por fim, Andréa Silva Santana Rocha aponta que o ministro Dias Toffoli estaria, como relator, obstruindo a votação em plenário de Agravo Interno em Mandado de Injunção sobre a criação de norma a ser utilizada no âmbito das autarquias federais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa norma constitucional sobre pedidos de impeachment de ministros do Supremo é do tipo vacina que não pegou. Os magistrados estão acima do bem e do mal, são considerados reis da cocada preta, digo, da toga preta. (C.N.)

Principal obra de Lula é a autodemolição de sua credibilidade

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Não vai ser fácil para Lula recuperar sua credibilidade

30Dora Kramer
Folha

Pesquisas de opinião habitualmente trazem notícias boas e ruins quando se trata da avaliação de governos. A mais recente do instituto Quaest, no entanto, só carrega dissabores para a administração e para a pessoa de Luiz Inácio da Silva (PT).

A tendência de queda na visão positiva e o aumento da negativa vinha se desenhando há algum tempo com certo equilíbrio entre as duas correntes. Agora o levantamento mostra a ultrapassagem dos que desaprovam em relação aos que aprovam tanto as ações governamentais quanto as atitudes de Lula.

ERRO DO PIX – Uma curva perigosa, para lá de preocupante se aliada a outros recortes da pesquisa. Houve queda de apoio no grupo de eleitores mais fiéis —nordestinos, mulheres e os mais pobres—, a constatação majoritária de que o governo errou no episódio do Pix, percepção clara dos efeitos da inflação e a violência posta no topo das preocupações do público.

O cenário adverso não é surpresa para os ocupantes do Palácio do Planalto e cercanias da Esplanada. Os dados explicam o afã de Lula em promover uma virada de chave, um recomeço. O chamado segundo tempo do mandato, contudo, começou mal, com claras demonstrações de atordoamento. Nada melhor ocorre ao presidente que convocar “quantas reuniões forem necessárias” para baixar os preços dos alimentos.

MAIS ERROS – Um ministro (Rui Costa) comete o ato falho de falar em “intervenções”, outro (Fernando Haddad) apela à impropriedade de atribuir o exercício crítico da oposição a ataques ao Estado democrático. Enquanto isso, circulam versões afobadas sobre soluções adjetivas para problemas substantivos.

Ao suspender a venda da ilusão de que o país vai de bem a melhor e passar a apregoar mudanças, o governo reconhece a situação hostil. Acerta na problemática, mas erra na solucionática quando aposta todas as fichas na forma de se comunicar em detrimento do conteúdo a ser comunicado.

Alguma maquiagem pode até melhorar a popularidade de Lula, mas não há cosmético que dê jeito na difícil recuperação da credibilidade perdida numa obra de autodemolição.

O vento que lava tudo, até o vento, na poesia criativa de Carlos Nejar

Livro Crônicas de um Imortal ou Invento para não Chorar Carlos Nejar -  Livros de Ciências Humanas e Sociais - Magazine Luiza

Carlos Nejar, grande poeta gaúcho

Paulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário, tradutor, ficcionista e poeta gaúcho Luís Carlos Verzoni Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras, viu o vento lavar as pedras, as noites e as águas no poema “Pedra-Vento’, inclusive, o vento lavou até o vento, mas ficaram as palavras.

PEDRA-VENTO
Carlos Nejar

O vento lavou as pedras,
mas ficaram as palavras.

O vento lavou as pedras
com sabor de madrugada.

O vento lavou as noites,
mas ficaram as estrelas.

O vento lavou a noite
com água límpida e mansa.
Mas não lavou a salsugem.

O vento lavou as águas,
mas não lavou a inocência
que amadurece nas águas.

O vento lavou o vento.

Quem ouve Trump pode até pensar que os Estados Unidos estão decadentes

Operação Brother Sam: o papel dos Estados Unidos no golpe de 64 - Issuu

Charge reproduzida do Arquivo Google

Mario Sabino
Metrópoles

Quem ouve Donald Trump dizer que, com ele, terá início uma nova Idade de Ouro dos Estados Unidos, é levado a pensar que o país experimenta a decadência. Que os Estados Unidos perderam a posição de maior potência mundial, sufocado por inimigos e aliados traiçoeiros que só exploram as divisões da sociedade americana.

Falso. A superioridade dos Estados Unidos é acachapante em todos os domínios, a Idade de Ouro prometida por Donald Trump começou faz tempo.

FATO OBJETIVOS – Michael Beckley, professor da Tuft University, compilou os dados na revista Foreign Affairs para escrever um artigo interessantíssimo sobre como as divisões no país explicam a sua grandeza. Tentarei voltar a ele nos próximos dias. Por ora, fiquemos nos fatos objetivos.

Os Estados Unidos são responsáveis, hoje, por 26% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Recuperaram a mesma porcentagem do início dos anos 1990, quando a União Soviética chegou ao fim, a China estava longe de ser uma super potência econômica e os americanos reinavam sem nenhuma sombra adversária.

á 15 anos, a economia dos Estados Unidos equivalia à economia da União Europeia. Hoje, tem o dobro do tamanho. Se você toma o Sul Global como referência, excluindo a China, ela é 30% maior do que a de todos os países emergentes da Ásia, América do Sul e África juntos.

ALTA IMIGRAÇÃO – Os dados sobre renda mostram por que os Estados Unidos atraem tantos imigrantes. Nos últimos 30 anos, os americanos mais pobres tiveram um aumento de renda de 74%, bem acima da média nacional de 55%.

De 2019 para cá, os salários dos operários do país aumentaram 10 vezes mais do que os das categorias mais bem pagas.

A dívida total dos Estados Unidos é um problema, não resta dúvida. A soma da dívida pública com a privada atinge 255% do PIB. Mas, na China, ela é de 300%, e os chineses não têm o dólar para financiá-la.

DÓLAR HEGEMÔMICO – O dólar, que representa 60% das reservas monetárias de todos os países do mundo, como era há 30 anos, realiza 90% das transações comerciais e 70% das operações financeiras.

Há quase 50 anos, os Estados Unidos eram os maiores importadores de energia do planeta. Hoje, são autossuficientes. Produzem mais petróleo e gás do que a Arábia Saudita e a Rússia.

Na tecnologia, a capacidade americana não tem paralelo. Metade do lucro mundial do setor é gerada por empresas tecnológicas dos Estados Unidos. As chinesas respondem por 6%.

Uma notícia boa! Arrecadação federal chega a R$ 2,65 trilhões em 2024

A alta representa 9,62% em relação ao mesmo período em 2023

Pedro do Coutto

O governo tem motivos para se alegrar com o resultado da arrecadação no exercício de 2024 que fechou o ano em R$ 2,709 trilhões, conforme informou nesta semana a Receita Federal. É o maior valor registrado na série histórica, iniciada em 1995. Descontada a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o arrecadado ficou em R$ 2,653 trilhões, o que representa um crescimento real de 9,6% em 2024, na comparação com o ano anterior.

Segundo a Receita, o aumento decorreu principalmente da expansão da atividade econômica que afetou positivamente a arrecadação e da melhora no recolhimento do PIS/Cofins em razão do retorno da tributação incidente sobre os combustíveis, entre outros fatores. Em entrevista coletiva para apresentar os dados, o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, destacou o aumento na atividade econômica entre os fatores para o resultado.

RESULTADOS IMPORTANTES – “Os grandes números refletem os resultados importantes da política econômica nos últimos anos, da reativação da economia que vimos no ano passado e que resulta nesse resultado espetacular. Tivemos a reativação de setores inteiros da economia que, com esse aquecimento, voltaram a recolher valores relevantes de tributos. A mínima histórica do desemprego no Brasil, o grande aumento da massa salarial, que têm papel importantíssimo na arrecadação de 2024”, disse o secretário.

Também contribuíram para a arrecadação recorde o crescimento da arrecadação do Imposto de Renda sobre a tributação de fundos e o desempenho do Imposto de Importação e do IPI vinculado à importação, em razão do aumento das alíquotas médias desses tributos. No ano passado, os principais indicadores apontaram para um bom desempenho macroeconômico do setor produtivo. A produção industrial cresceu 3,22%; a venda de bens, 3,97%; e a venda de serviços, 2,9%. O valor em dólar das importações teve resultado positivo de 8,65% e o crescimento da massa salarial ficou em 11,78%.

PREOCUPAÇÃO – Por outro lado, o governo agora está preocupado com o pedido de Márcio Pochmann para deixar a Presidência do IBGE. Atrás da saída de Pochmann há um rastro de problema em torno da inflação. Existe a impressão de que a questão se reveste de algum problema relacionado à verdade sobre. Não se acha outro fator além deste para que repentinamente um técnico que preside o Instituto deixe o seu posto em um momento em que o superávit das contas públicas se afirma. Portanto, deve ser um motivo de insatisfação para o governo, não tendo cabimento a saída.

Mas a política é cheia de imprevistos e de arestas que surgem em todos os momentos. A saída de Pochmann foi anunciada pelo jornalista Elio Gaspari em seu artigo de ontem publicado no O Globo e na Folha de S. Paulo. Além disso, é um sinal de alarme no convés do governo que terá que resolver o problema de forma concreta e sem tentar fugir da realidade e iludir a opinião pública.

Claro que com a inflação uns perdem e outros ganham. Agora, por exemplo, o dólar baixou. Mas, não é garantia de que ele não suba novamente. Afinal de contas, se todos perdessem com as oscilações do câmbio, essas alterações já teriam acabado. Como não, é porque interessa a alguns setores da economia.

Governo tem mais poder que a oposição, mas não sabe o que fazer… 

Sidônio vai se virar para reverter queda de popularidade

Dora Kramer
Folha

Posse de chefe da comunicação oficial com a presença do presidente da República e o ministério em peso não é algo habitual, muito menos trivial. Muitos ministros não tiveram a mesma deferência ao assumir seus cargos.

Claríssimo o recado de Lula na sinalização de que Sidônio Palmeira está autorizado a dar as cartas à equipe toda. Foi só um detalhe, mas não fugiu às imagens da cerimônia o semblante sisudo da normalmente sorridente Janja da Silva.

EFEITO PIX – O tamanho da importância foi logo abalroado pela enormidade da derrota do governo na área, logo na largada com a trapalhada do Pix.

O cancelamento da normativa da Receita Federal sobre o monitoramento da ferramenta nas transações acima de R$ 5.000 piorou a coisa do ponto de vista político, mas não havia outro jeito a não ser estancar a sangria da qual o governo viu-se vítima de si próprio. Reconheceu a incapacidade de reagir.

No discurso de posse, Sidônio Palmeira apontou como o principal entrave à falta do devido reconhecimento das boas ações do governo por parte da população: as mentiras difundidas pela “extrema direita” nas redes sociais.

CORTINA DE FUMAÇA – Segundo ele, esse pessoal manipula os fatos, cria uma “cortina de fumaça” que impede a correta e real percepção das eficientes ações governamentais.

Sidônio Palmeira se propõe a dissipar essa névoa e alerta que a tarefa deve ser compartilhada por toda a Esplanada no entendimento das novas demandas da sociedade.

Espera aí, mas a culpa não era dos radicais, não está tudo bem, bastando que se combata a desinformação para ficar melhor? Não parece que seja bem assim.

HÁ ALGO MAIS – Nas entrelinhas, nas quais citou de raspão a necessidade de se aliar política e gestão eficientes, o novo ministro passou a mensagem de que há algo mais a ser vencido além da batalha da comunicação.

É verdade, como ele disse para exemplificar, que os pais “precisam saber que há vacina no posto para seus filhos”. Ocorre, porém, que ficam sabendo também do aumento de 400% nos casos de dengue e da confusa atuação da Saúde na epidemia.

Pais e filhos tampouco percebem, porque não há uma disposição de enfrentar o tema da segurança pública à altura da ameaça do crime organizado à soberania nacional. Não foge, no entanto, à percepção das famílias a alta da inflação dos alimentos.

CRISE DE CONFIANÇA – O governo dá pouca atenção a isso ao não reconhecer sua participação na crise de confiança no equilíbrio das contas e põe peso maior em secas e enchentes. Maquiagem da verdade é grave na oposição, mas não rende grandes danos.

Quando parte de governos o bem solapado é a credibilidade que bate direto na popularidade. É este o fator que desconcerta o Palácio do Planalto e o faz despertar com atraso de dois anos para o fato de estar perdendo no debate público. As pesquisas de opinião dizem isso.

Levantamentos de sete institutos —Datafolha, Poder Data, Ipec, Quaest, CNT/MDA, Paraná e Atlas/Intel— mostram contínua perda de aprovação e constante aumento de desaprovação do governo e do desempenho do presidente Lula, das primeiras às mais recentes consultas.

REVERTER ISSO – Da inversão dessa curva depende o sucesso do PT em 2026. E não se trata só da disputa pela Presidência, com reeleição ou não. Há as eleições de governadores, senadores e deputados. Tarefa difícil à luz do desempenho da esquerda em 2024.

Já que atribui o panorama adverso às invencionices de internet, Lula poderia ter-se dado conta antes, pois não são exatamente uma novidade.

Além disso, o governo detém maior poder e mais instrumentos e visibilidade frente à oposição para emplacar a chamada narrativa que por ora não tem soado convincente.

Sinto vergonha alheia ao ouvir que Donald Trump seria o demônio

A charge faz referência à posse do presidente nos Estados Unidos

Charge de Peter Brookes (Arquivo Google)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Assistir à reação infantil de grande parte da inteligência pública à vitória e posse de Donald Trump é uma humilhação. Sinto vergonha alheia. Trump é o grande demônio. Trump é a reencarnação de Darth Vader. Elon Musk é neonazista. Vivemos o apocalipse. Oh, céus, oh, azar! Parecem personagens de antigos desenhos animados que amaldiçoavam o mundo por terem perdido uma corrida para um coelho com pernas longas.

O que teria acontecido para essa classe intelectual ter virado café com leite? Professores ruins e gurus? Má alimentação na primeira infância? Apanhou muito dos pais? Ou foi mimada demais em casa e na escola? Depois de virar adulta, continuou a acreditar em bicho papão?

SENSO COMUM – Não ocorreu a nenhum desses intelectuais se perguntar, por exemplo, o que Trump quis dizer no seu discurso, cheio de hipérboles e blábláblá como todo discurso de político, com “revolução do senso comum”?

Não ocorreu a nenhum desses gênios do bem se perguntar, afinal de contas, qual a razão de a maioria dos americanos ter dado a vitória a ele e ao seu partido? Um conjunto de razões, sem dúvida, entre elas, os costumes, estúpido! Ou seriam todos membros do lado sombrio da força?

Estariam de saco cheio do Partido Democrata que se transformou numa agremiação de riquinhos das elites letradas americanas e, por isso mesmo, alienado da realidade do senso comum para quem só existe homem e mulher no mundo e bandido bom é bandido na cadeia?

ESTRAGO CULTURAL – Para a maioria, o mundo sempre foi um palco em que a contingência assola todos a cada dia e não tem tempo para os delírios que, infelizmente, destruíram a inteligência acadêmica americana que vive no seu chiqueirinho?

Como disse um comediante americano recentemente, o Partido Republicano, depois do estrago cultural causado pela agremiação citada aqui, acabaria por ter de decidir que nos Estados Unidos um mais um são dois, e não 2,5 ou 1,5, na dependência da raça ou gênero de quem fizesse a conta.

Nem mesmo a matemática está a salvo depois da devastação que essa cultura da esquerda Nutella tem causado no mundo das ciências humanas.

IDEIAS ABSURDAS – Na teologia, uma hora dessas dirão que Cristo era gênero fluído e Madalena uma mulher trans. Como você pensa que o senso comum cristão reagiria a uma “teologia progressista” como essa? Você não precisa ser supremacista, fascista, nazista ou comedor de criancinhas —no sentido antigo da expressão— para achar uma ideia dessa um abuso.

Para quem quer entender o que se passa no mundo hoje, em vez de ficar nesse “mimimi” de fascismo, neonazismo, Darth Vader, o retorno, como crianças mimadas que não ganharam do Papai Noel o “presidente do mundo” que queriam, o primeiro passo é prestar atenção nessa aparente revolta do senso comum. Isso pode ser um caminho.

Se aqui no Brasil a esquerda abusar demais dessas bobagens que transformaram as ciências humanas num lixo, uma revolta como essa poderá ocorrer.

CULTURA HERDADA – O que a esquerda americana quer fazer é criar um “novo” senso comum. O problema é que o senso comum não é algo que a engenharia social, paradigma da esquerda, consegue fazer acontecer. Valeria a pena estudar mais, talvez.

O filólogo irlandês E. R. Dodds (1893-1979), especialista na religião grega antiga, fazia uso de um conceito que fora cunhado por seu professor Gilbert Murray (1866-1957), também especialista em língua e história da religião grega antiga, que se chama “conglomerado cultural herdado”.

O senso comum é parte desse conglomerado herdado. O processo de constituição de um fenômeno histórico dessa monta se dá ao longo de muito tempo. Nada linear, planejado, ou racional, um conglomerado herdado se constitui a partir de fontes e experiências psicológicas, sociais, políticas, econômicas ou religiosas acumuladas, que comportam, inclusive, componentes no seu corpus que entram em frontal contradição uns com os outros.

NÃO EXISTE MODELO – Isso significa que não há “modelo” de engenharia social que “compreenda” a totalidade interna ao conglomerado. Formam-se camadas que se superpõem ao longo dos séculos, desenhando um relevo que não responde a projeto específico nenhum.

A aposta da esquerda tem sido usar os meios de comunicação e a educação para destruir esse senso comum e criar o seu que todos, “democraticamente”, deverão aplaudir. A modernidade é uma “tentativa” de ruptura radical, que, aliás, não vai nada bem como projeto iluminista —eurocêntrico?— diante de um tempo geológico que lhe escapa.

Não há critério objetivo de bem e mal num conglomerado herdado —nem no senso comum, parte do conglomerado. Aliás, é ele quem cria a sensação ilusória de que exista uma moral no mundo.

Confiança e legitimidade são as verdadeiras crises do governo Lula

Janja reclama que está incomodada, mas quando Lula vai ouvi-la? | Blogs |  CNN Brasil

Janja explica a Lula que assim não dá mais para levar

Carlos Andreazza
Estadão

O governo Lula recuou – decisão nada técnica – porque sem meios de lidar com uma crise que, para muito além dos problemas de comunicação, tem fundamento na desconfiança. Porção gigantesca da sociedade não acredita no governo, sobretudo quando a matéria sugere-projeta o tema impostos. É uma crise de confiança.

Isso tem origem – carregando a memória popular – no episódio “taxa das blusinhas”. Mudou-se a tributação para importações miúdas. Em vez de se explicar as razões tributárias da mudança e justificar suas implicações no bolso das gentes, botou-se o bloco oficial na rua para defender que o consumidor não pagaria mais pelos produtos. O consumidor passou a pagar mais pelos produtos.

TOMAR DINHEIRO – Crise também de identidade. Lula não conhece mais as pessoas; não lhes consegue tomar o pulso. E as pessoas, cujos interesses o presidente desconhece, estão convictas de que o governo se move para lhes tomar o dinheiro.

As pessoas não estão erradas. Sabem que o Pix não será taxado. (Ainda.) Sabem que a CPMF (ainda) não voltou. Não estão sendo enganadas pela exploração política – legítima – do caso pela oposição. (Ainda não é crime.)

Entenderam que se trataria de acirramento de controle sobre suas movimentações financeiras e – subsidiadas pela história – estão convencidas de que esse monitoramento resultaria na imposição de imposto de renda sobre a economia informal.

É A INTENÇÃO – As pessoas estão certas. Essa é a intenção, que o governo sonega. O governo não derrubou a instrução normativa da Receita Federal porque distorcida-minada pela indústria fascista das fake news.

Derrubou a norma porque sentiu o peso da impopularidade encarnada na certeza popular de que o cerco expandido do Fisco – que parece ter metas – jogaria imposto no lombo do trabalhador que vende almoço para poder jantar, esse sonegador.

A certeza popular está certa. O governo que reage acusando mentiras recuou porque é ele – o governo – o entendido como enganador.

SEM LEGITIMIDADE – É uma crise de legitimidade. Rejeita-se a natureza do governo Lula. Questão estrutural. Rejeita-se o esquema materializado no arcabouço (natimorto) fiscal.

O governo – que se jacta de sucessivos recordes de arrecadação – é percebido como catador voraz de moedas, raspador de qualquer resto de dinheiro esquecido. Gasta muito e mal. Endivida-se. Não consegue equilibrar as contas. Donde se lança com tudo para cavar receitas. Também – e especialmente – sobre os mais pobres. Governo injusto.

A sociedade despreza essa estratégia covarde. A do governo que, incapaz de se articular e fazer carga para cortar a farra de benefícios fiscais aos ricaços, aponta o seu apetite sobre o ganho curto do ferrado.

BC de Galípolo esquece Lula e eleva os juros a 13,25% ao ano

Juros

Charge do J.Bosco (O Liberal)

Nathalia Garcia
Folha

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central cumpriu o plano traçado em dezembro e elevou nesta quarta-feira (29) a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano. Essa foi a primeira reunião sob o comando de Gabriel Galípolo – nome de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão foi unânime entre todos os membros do colegiado.

No comunicado, o comitê reafirmou a sinalização de que pretende fazer mais uma alta da mesma intensidade na próxima reunião, em março, citando a “continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação”. No entanto, evitou se comprometer com qualquer ritmo de ajuste em maio.

POLÍTICA DE CONTRAÇÃO

O Copom também voltou a defender a necessidade de uma política de juros mais contracionista, ou seja, uma atuação que ajude a frear a força da atividade econômica de forma a controlar o avanço da inflação.

Entre os fatores, citou a piora adicional das expectativas de inflação, a elevação de suas próprias projeções, a força da atividade econômica e as pressões inflacionárias vindas do mercado de trabalho.

A decisão veio em linha com a expectativa consensual do mercado financeiro. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a elevação da Selic em um ponto percentual era a projeção unânime entre 33 economistas consultados.

ALTAS SEGUIDAS – A Selic está agora no mesmo patamar observado entre agosto e setembro de 2023. Mas, na época, a taxa básica seguia em trajetória de queda. Após quatro altas consecutivas, os juros já acumulam elevação de 2,75 pontos percentuais.

O atual ciclo de alta de juros teve início em setembro do ano passado, na reta final da gestão de Roberto Campos Neto no BC. No ponto de partida, a taxa básica estava em 10,5% ao ano. A primeira elevação foi gradual, de 0,25 ponto percentual. No encontro de novembro, o comitê acelerou o passo pela primeira vez, com um aumento de 0,5 ponto.

O Copom, então, optou por um movimento mais agressivo em dezembro e deu um choque de juros. Além de subir a Selic em um ponto percentual, prometeu mais duas altas da mesma intensidade nas reuniões seguintes, em janeiro e março. Agora, concretizou a primeira parte da estratégia.

PIORA ADICIONAL – O choque de juros reflete um cenário de piora adicional das expectativas de inflação. O risco fiscal seguiu no radar dos economistas e a incerteza no cenário externo, com a volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, deixou o câmbio volátil.

Sobre a questão fiscal, o colegiado do BC foi um pouco mais breve do que no comunicado da reunião anterior. Dessa vez, repetiu que segue acompanhando “com atenção” os impactos sobre a política monetária e os ativos financeiros.

“A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, disse.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vivemos em clima de irresponsabilidade total. O presidente não se incomoda com o fato de o Brasil ser o país que mais paga dívida pública. É também o que cobra os mais elevados juros nos cartões de crédito e que paga os mais altos juros reais, descontada a inflação. Tem alguma coisa estranha nisso. Ah, Carlos Lessa, que falta você nos faz… E ninguém comenta esse desvio na conduta da economia. É como se não existissem economistas no país. (C.N.)