Pedro do Coutto
Na luta pelo comando da Câmara federal, destaca-se o nome de Hugo Motta, um deputado jovem que tem o apoio do Palácio do Planalto e também de setores do Centrão e até do PL, partido de Bolsonaro.
E, com a decisão do presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira, de desistir da disputa para a presidência da Câmara para apoiar o correligionário Motta, aumenta a pressão sobre o presidente da Casa, Arthur Lira. O motivo é que o nome preferido de Lira, Elmar Nascimento, sai do episódio ainda mais fragilizado.
INCÓGNITA – Elmar perdeu força entre os deputados, tornando sua chance de vitória uma incógnita. A fragilização do deputado do União Brasil fez o presidente da Câmara adiar o anúncio do seu candidato, prometido para até o final de agosto. Ao desistir de concorrer, Pereira comunicou pessoalmente a Lira e ao presidente Lula da Silva a sua decisão, argumentando que Motta pode ser um candidato de consenso e agregar mais apoio dentro da Câmara.
Lira é amigo pessoal de Elmar, mas já repetiu a interlocutores que quer ter certeza sobre a competitividade do seu candidato e que ele tenha chances reais de ganhar. O seu maior medo é não manter a influência depois de deixar o comando da Casa. Os últimos antecessores de Lira não conseguiram manter-se em evidência depois que deixaram a função.
Lula, pelo noticiário de ontem, está preferindo realmente Hugo Motta na escolha final. O Planalto, assim, aceitando Mota, se desvencilha dos demais candidatos e também se livra das pressões que sofreu por parte de Lira que presidiu a Câmara com preocupação voltada sempre para os interesses de sua corrente.
ALÍVIO – Livrando-se desse obstáculo, o governo sente-se mais à vontade, aceitando Hugo Mota como nome de consenso entre as facções existentes na Câmara dos Deputados. É possivel que a candidatura não emplaque, mas é mais difícil Lira ter êxito no lançamento de um nome para a sua sucessão.
Era preciso, segundo a visão do governo, enfraquecer a força de Lira, fazendo com que as cobranças sobre o Executivo a partir de 2025 tornem-se muito menores do que as que foram praticadas. Arthur Lira perde o comando e isso faz o governo respirar com alívio.