Racha familiar entre Ciro e Cid causa debandada no PDT, que teve 12 baixas

Cid rompeu com Ciro e vai sair do PDT com seu grupo

Cid rompeu com Ciro e vai sair do PDT com seu grupo

Luísa Marzullo
O Globo

A guerra interna entre o ex-ministro Ciro Gomes e seu irmão, o senador Cid Gomes, gerou uma debandada no PDT no Ceará. Desde que as alas comandadas pela família Ferreira Gomes travaram uma disputa nas eleições do ano passado, 12 políticos já deixaram a sigla.A tensão entre os irmãos cresceu desde a última sexta-feira, quando eles protagonizaram uma discussão acalorada durante evento da sigla, com gritos e dedos em riste.

Com o agravamento da crise, o senador não nega uma eventual desfiliação, assim como seu outro irmão, Ivo Gomes, prefeito de Sobral (CE).

CONVITE DO PSB – Até o momento, o PSB fez um convite para receber Cid e seu grupo, mas nada foi formalizado. O senador já marcou uma reunião do diretório estadual para o dia 9, na qual irá discutir “coletivamente a situação do partido”.

Atualmente, a ala de Cid conta com ao menos dez deputados estaduais, cinco federais e mais de 25 prefeitos. Em um ano de disputas entre Ciro e Cid, dez prefeitos deixaram o PDT para se aliar ao PT. A maioria, cinco, segue sem partido, mas três migraram para o PT, um para o PSB e um para o Podemos. Ao total, somam-se mais duas desfiliações.

Sob o risco de nova debandada, logo após a reunião no Rio, a direção nacional, comandada pelos aliados de Ciro, expediu uma resolução em que dificulta a concessão de anuências, ou seja, a saída do partido.

JANELA PARTIDÁRIA – As mudanças da resolução miram nos parlamentares eleitos no ano passado. A próxima janela partidária ocorrerá em 2026 e, por isso, dependem das permissões para não perderem seus mandatos.

“O filiado eleito pela legenda do PDT reconhece, como pressuposto, que ao partido pertencerá o mandato, devendo ao partido lealdade, fidelidade e disciplina”, diz trecho da resolução que também destaca que a função de liberar as desfiliações cabe apenas ao diretório nacional e determina nulidade nas que descumprirem esses termos.

A medida também é uma reação do grupo de Cid que, no mês passado, liberou o presidente da Assembleia Legislativa cearense, Evandro Leitão, para se desfiliar do PDT.

DISPUTA JUDICIAL – O episódio gerou uma disputa judicial entre os grupos e, na última segunda-feira, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) decidiu, por unanimidade, pela autorização da saída. A ala de Ciro recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Leitão deseja sair do PDT para concorrer à prefeitura de Fortaleza. Dentro da legenda, aliados de Ciro formaram um consenso pela reeleição do atual prefeito, José Sarto, desafeto de Cid.

A desfiliação do deputado Evandro Leitão, próximo ao senador Cid Gomes, pode permitir que ele concorra contra o seu atual correligionário, já que o político recebeu convites de PT e PSB.

CONFUSÃO TOTAL – Alguns filiados, no entanto, alegam que a resolução não vai frear apenas os aliados de Cid, já que o grupo de Ciro também estaria saturado com as crises. O conflito entre os irmãos começou quando seus grupos discordaram sobre quem seria o candidato a governador.

Na ala de Cid, estava a ex-governadora Izolda Cela, a primeira a deixar o PDT quando os aliados de Ciro optaram pelo ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que terminou em terceiro lugar na disputa.

O movimento não agradou a ala do senador Cid Gomes que então se aproximou do atual governador Elmano de Freitas (PT) com dez prefeitos.

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NOTA DA REDAÇÃO
Muita gente reconhece a capacidade de Ciro Gomes, mas não vota nele devido a seu temperamento irascível. Ele envelhece, mas não muda, decepcionando seus supostos eleitores. Desse jeito, não tem o menor futuro na política. (C.N.)

Quem acha que a opinião de Haddad tem importância, quando Lula diz o contrário?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Não existe entrosamento entre Lula e o ministro Hddad

Merval Pereira
O Globo

A tentativa de aparentar entrosamento entre o que disse o presidente Lula sobre a desnecessidade de zerar o déficit fiscal e a meta que persegue o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, só piorou a situação, com consequências óbvias no mercado financeiro. Muita ingenuidade do ministro ao tentar desviar do assunto na apresentação de novos diretores do Banco Central. Era evidente que o interesse geral seria saber como andava a relação dele com o presidente.

O máximo que Haddad conseguiu dizer é que sua meta estava mantida: déficit zero. Mas, se Lula acha desnecessário, quem acredita que a opinião de Haddad tem importância?

QUESTÃO DE IGNORÂNCIA – Lula diz que é a “ganância do mercado” que fixa a necessidade de zerar o déficit, mas demonstra ignorância ao dizer isso. O mercado financeiro é essencialmente, acreditam os economistas liberais, um instrumento democrático como transmissor das expectativas da opinião pública.

Nem mesmo o capitalismo de Estado da China, que não se pode classificar de país democrático como entendemos aqui no Ocidente, prescinde do mercado financeiro. Por pragmatismo.

Lula começou seu governo disposto a restaurar a imagem do Brasil no exterior e a recriar programas sociais de antigos governos petistas. Obteve sucesso na empreitada, embora a maioria dos brasileiros, segundo pesquisas de opinião, considere que ele dá demasiada importância ao resto do mundo e deveria se dedicar mais ao país que preside.

INSERIR-SE NO MUNDO – Concordo com as críticas apenas em parte, porque considero que o Brasil precisava voltar ao convívio global civilizado e mostrar-se um país relevante no cenário internacional. Mesmo que essa relevância seja relativa, e não absoluta, como quer Lula.

Para que o Brasil seja relevante internacionalmente, não basta apenas a presença de Lula, que já foi considerado “o cara” por Obama, mas isso quando a imagem do operário que virou presidente da República ainda deslumbrava o mundo.

É preciso que o Brasil demonstre responsabilidade fiscal, que tenha um governo que combata a corrupção, que tenha uma visão holística do desenvolvimento social, que englobe também economia e meio ambiente. Se abrir mão do equilíbrio para tentar acelerar o desenvolvimento, acabará produzindo inflação, não bem-estar.

ANIMAL POLÍTICO – Vinte anos depois, Lula já não é o mesmo, nem sua imagem a mesma. Continua um animal político nato, mas já sem a agilidade na fala e nos gestos. No currículo leva controvérsias e pendências que somente os fanáticos não querem ver.

Livrou-se das acusações de corrupção por manobras jurídicas, não por provas, e mesmo os desvios de conduta apontados contra seus acusadores de Curitiba não apagam as denúncias e as confissões obtidas pela Operação Lava-Jato. Nem os bilhões devolvidos deixam dúvidas sobre o que aconteceu.

Sua relação com o Congresso, que anteriormente manobrava apenas com o verbo e a verba, hoje lhe custa mais caro, porque os parlamentares ganharam poderes nos últimos anos, e o relacionamento entre Executivo e Legislativo mudou de patamar. Da mesma maneira que mudaram as relações de poder entre Supremo e Congresso.

NOVA REALIDADE – A democracia brasileira hoje é outra, também o Supremo subiu de patamar, enquanto o Executivo vai tendo de se adaptar a um jogo mais equilibrado.

O Brasil já foi um hiperpresidencialismo, hoje é um simulacro de parlamentarismo, e essas distorções dificultam a governabilidade. Lula já não tem os instrumentos necessários para enfrentar um presidente da Câmara como Arthur Lira, que não tem limites nem pudores exagerados, não teme enfrentar os demais Poderes para colocar o Congresso como peça fundamental no jogo de disputa de espaço no tabuleiro político. “Verba é poder” parece ser seu lema.

Como todos os Poderes da nossa combalida República têm interesses próprios, que se colocam, não raramente, acima do interesse coletivo, fica impossível saber o rumo que o país tomará.

Desautorizado por Lula, agora Haddad acha que o país está virado pelo avesso

Questionado, Haddad não responde sobre se Lula pediu alteração da meta fiscal | Brasil | Valor Econômico

Fernando Haddad está um pote até aqui de mágoas…

José Casado
Veja

O ministro Fernando Haddad está incomodado. Não deixa claro se a amolação é com Lula, um presidente preocupado em reafirmar seu poder a cada dia e que, aparentemente, se diverte tanto com as reações às suas impropriedades retóricas quanto com as crises estimuladas no Palácio do Planalto.

Lula fulminou a ideia de “déficit zero” com cinco palavras: “A gente não precisa disso”. Foi na sexta-feira (27/ 10), quando completou 78 anos (dezenas de convidados da presidência foram ao Palácio da Alvorada para saudá-lo em torno de uma longa mesa com vários bolos; ele passou de carro, acenou pela janela e seguiu. A festa acabou, sob vento e chuva.)

CONTRADITÓRIO – Pode-se achar que foi realista sobre o “déficit zero”, mas, na essência, foi contraditório. Lula apresentou-se na campanha do ano passado como fiador de um governo supostamente empenhado na busca do equilíbrio fiscal perdido há décadas, até para “pôr os pobres no orçamento”. Por enquanto, a maioria pobre continua onde sempre esteve — à distância da lista de prioridades nos gastos públicos.

Se não gosta ou não quer meta de “déficit zero”, poderia ter poupado o ministro da Fazenda liquidando o plano no início do governo, mas deixou fluir negociações com o Congresso sobre o equilíbrio fiscal e o orçamento durante dez meses.

Nesse período, o mundo ganhou uma nova guerra, no Oriente Médio, e o principal mercado do Brasil na América do Sul, a Argentina, entrou em colapso.

CRISE INÚTIL – Lula atropelou Haddad numa crise inútil, porque desnecessária. Diante das reações, apelou à sua porta-voz informal para circunstâncias inconvenientes, a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Ao repórter Guilherme Pimenta, ela deu uma interpretação curiosa ao contrapor a sensatez de Lula à do ministro da Economia: “[Lula] chamou para si a responsabilidade, inclusive para manter a responsabilidade do governo.”

O efeito prático foi a semeadura de desconfiança sobre a consistência do projeto econômico do próprio governo. E isso, por óbvio, tem custo político e econômico.

Haddad não costuma vazar insatisfação. Nesta segunda-feira, porém, mostrou-se exasperado com jornalistas que lhe perguntaram sobre o assunto.

PAÍS PELO AVESSO – Habituado à ambiguidade, Haddad também não indicou se a gênese da amolação está na atitude de parte da cúpula do Partido dos Trabalhadores que decidiu atrelar sua expectativa de poder à desidratação do ministro da Fazenda na condução da política econômica.

O clima ficou tenso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), julgou necessário recomendar ao governo “seguir a orientação e as diretrizes do ministro da Fazenda”. Acrescentou: “Ir na contramão disso colocaria o país em rota perigosa.”

À noite, em Brasília, Haddd foi comer um sanduíche com assessores e Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central. “Este país está pelo avesso”, disse ao passar por uma mesa no jardim do restaurante. Mencionou uma época em que “éramos felizes e não sabíamos”. Pela ambiguidade, a referência abrange os últimos 34 anos de regime democrático — em 44% dessa linha do tempo o PT governa o país.

Refinaria privatizada de Manaus vende gás 72% mais caro do que a Petrobras

Privatização da refinaria foi um crime contra o consumidor

Guilherme Seto
Folha

Privatizada em dezembro de 2022, a Refinaria da Amazônia (Ream), em Manaus (AM), hoje pratica o preço mais alto do país na venda do botijão de gás de 13 kg, a R$ 54, enquanto nas unidades da Petrobras o vasilhame sai por R$ 31. A diferença atual, medida pelo Observatório Social do Petróleo, é a maior desde que a refinaria foi desestatizada.

Segundo levantamento do OSP, entre 1º de julho e 18 de outubro o preço do botijão da Ream ultrapassava em 44% o da Petrobras e já registrava diferença recorde.

MAIS AUMENTO – No dia 19 de outubro, a refinaria amazonense aumentou em 19% o preço do gás de cozinha, ampliando ainda mais essa margem. Os dados mostram ainda que Ream foi responsável por 24% da oferta de GLP no Norte do país em 2023 e a Petrobras por 75,8%.

No comparativo com as refinarias privadas, o botijão da Ream custa, em média, R$ 13,34 (32,5%) mais caro.

A Refinaria de Mataripe, na Bahia, vende o vasilhame de GLP a R$ 39,14, e a Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), no Rio Grande do Norte, a R$ 43, ou seja, R$ 15,27 (28,1%) e R$ 11,41 (21%) a menos, respectivamente, do que o cobrado pela Refinaria da Amazônia.

TRAGÉDIA ANUNCIADA – Para o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), entre todas as refinarias da Petrobras que foram privatizadas, a venda da Reman, atual Ream, foi certamente a mais trágica para a população local.

“Todos os produtos hoje vendidos por ela são mais caros do que os da concorrência e até do Preço de Paridade de Importação, o PPI. Isso contrasta com o período anterior à privatização, quando os preços dessa refinaria eram inferiores aos das outras unidades da Petrobras. Atualmente, vemos uma diferença exagerada no preço do GLP. Como o botijão pode ser 72% mais caro? É difícil encontrar uma justificativa”, afirma Dantas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É inacreditável que ainda exista quem defenda a privativação da Petrobras, alegando que o consumidor será beneficiado. (C.N.)

Estados Unidos propõe controle internacional do território de Gaza

Um amor mágico, intenso e perfeito, nas asas da poesia de Thais Beija-Flor

Casal de namorados opta por não fazer sexo antes do casamento e fica 2 anos sem se beijar

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta paulista Thais Silva Francisco, pseudônimo Thais Beija-flor, no poema “A Sinfonia das Horas”, procura e encontra o tempo certo para o amor.

A SINFONIA DAS HORAS
Thais Beija-Flor

Na sinfonia das horas
Nosso Amor encontra o tempo certo.
Brincamos com os ponteiros
Acertamos nossos minutos
Nos amamos sem pensar nas horas.

As horas são nossas amigas.
Vez ou outra dão uma paradinha,
ou, se deixam somar ao nosso fuso horário
para que nosso tempo ganhe
um pouco mais de tempo,
pois as horas entendem que é Mágico
este momento de Amor!

É Mágico e Abençoado este Amor
que vive intensamente a pulsar
dentro do nosso peito
seja noite ou seja dia…aqui ou aí.

Nada importa se há distância
a separar nossos corpos,
pois nossas almas se encontram
em fração de segundos
se entrelaçam e nos fazem sentir este amor
sublimemente vivido!

Que horas são?
Não importa, meu amor querido,
Os ponteiros do nosso relógio se aquietaram
e ficarão assim pelo tempo necessário,
até que me ajudes a voltar a respirar
pois este amor paixão tirou-me o fôlego
e do teu ar estarei a precisar…

Ah!… Sinfonia das horas.
Cante ao Universo
esta nossa melodia de Amor!

No governo, Lula parece um urso que come os donos e depois segue sozinho

Charge do Fred Ozanan (Paraíba Online)

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Lula diz que é uma metamorfose ambulante e é mais que isso. É também, desde sempre, um urso que come seus donos. Na galeria desse urso há várias cabeças, e as de Antonio Palocci, seu ministro da Fazenda, e José Dirceu, o “capitão” de seu time, são as mais conhecidas. Em algum momento, por boas razões, eles acreditaram na imagem que projetavam. Palocci expeliu-se e Dirceu sofreu em silêncio.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não cabe nesses dois figurinos, mas só o tempo dirá o que Lula pretendeu ao se afastar da meta do déficit zero para 2024. Ela estava bichada desde o primeiro momento, desde a hora em que Haddad prometeu um crescimento inviável da arrecadação. Deu-se um caso de perigosa manipulação de expectativas. Lula, Haddad, o mercado e a torcida do Flamengo sabiam que a meta estava bichada, mas confiavam numa expectativa.

“É RUDIMENTAR” – O risco embutido no episódio do café da manhã com os jornalistas é a possibilidade de repetição da joelhada que o ministro Antonio Palocci levou da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em 2005. Na ocasião, o Ministério do Planejamento anunciou um plano de ajuste fiscal de longo prazo, e Dilma fulminou-o com duas palavras: “É rudimentar.”

Haddad prometia um déficit zero graças ao aumento da arrecadação. Era sonho, mas como a arrecadação patinou, o controle do déficit deveria vir pelo controle de gastos. Qualquer semelhança com o dilema de 2005 não é coincidência. A joelhada de Dilma marcou o início do ocaso de Palocci. Ela falava por Lula.

Quando Lula se dissociou da quimera, nada disse de novo. A questão está em se saber quanto ele quer de déficit. A defesa dos gastos de Dilma/Lula daria no que se viu, uma amarga recessão.

HADDAD SEM APOIO – O Lula de 2023 tem um Congresso mais voraz e uma oposição mais intransigente. Quando Haddad diz que precisa de apoio político, a vaca olha para o brejo. Se ele não tem apoio em casa, do outro lado da rua é que ele não virá.

Se Lula e Haddad pensam que podem administrar a economia com os truques que aplicam à questão da segurança pública, vem coisa ruim por aí. Na segurança, o governo anuncia reuniões e mudanças burocráticas inócuas. Isso não funciona para a economia.

Falar em “ralos tributários” equivale a incensar operações policiais espetaculares contra bandidos. Aliviam a pressão e satisfazem os ministros, mas têm pouca serventia.

CORTAR DESPESAS – Qualquer família sabe como lidar com déficit: se a arrecadação é insuficiente, deve-se cortar despesas. Lula e o comissariado petista não gostam dessa ideia.

A sensibilidade que acompanha o debate econômico é compreensível, mas está exacerbada pela falta de ideias e iniciativas do governo. O Lula 1 teve o Prouni, o Luz para Todos e a defesa das cotas em universidades públicas. Isso para não falar nos programas tucanos reciclados com criatividade no Bolsa Família. A Reforma Tributária tem muitas virtudes e tantas exceções que ainda é prematuro avaliá-la.

Não faz sentido que em quase um ano de governo o Planalto reine num deserto de ideias novas. Governo sem ideias novas vê-se obrigado a discutir as ideias dos outros.

Um dia para lembrar os mortos e atender também a quem precisa do nosso apoio

Dor não tem nada a ver com amargura.... Adélia Prado - Pensador

Frase de Adélia Prado (reproduzida do Pensador)

Vicente Limongi Netto

Amo meus mortos. Trago no coração a dor da perda infinita. Meus mortos são inesquecíveis e sublimes. Amor inquebrantável que retempera o ânimo de viver. Tem momentos que não acreditamos que perdemos um ser amado. A insistência pela vida permanece. Prantos e preces confortam o coração e a alma.

A dor insiste. Não aceita tornar-se invisível. Almas e corações andam juntos. Nossa afeição é eterna. Nossos mortos são bálsamos de ternura e sabedoria. Semearam emoções e encantamento. Do céu, mandam pétalas de esperanças. Abrandando nossas saudades no Dia de Finados.

Mas é importante lembrar também os que ainda estão vivos e precisam de nosso amor, apoio, carinho e compreensão. Como diz a Bíblia, “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros” (João 13:34).

CRITICA AO CENTRÃO – Honrado com palavras firmes e contundentes da leitora Lenira Maia, em O Globo do dia 30:

“Faço coro e concordo, como a maioria dos brasileiros, com o leitor Vicente Limongi Netto: O centrão é uma esmerada e azeitada milicia de engravatados. Unha encravada de Lula sem data para sarar!!! Uma vergonha para todos os brasileiros!”

Lenira Maia se referia a um trecho do meu artigo que eu tinha publicado antes na Tribuna da Internet.

Arquiteta que reformou casa de Dirceu é absolvida pelo novo juiz da Lava Jato

Arquiteta nada tinha a ver com as pilantragens de Dirceu

Deu no Correio Braziliense
Agência Estado

A arquiteta Daniela Leopoldo e Silva Facchini foi absolvida em ação penal da Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro. Ela reformou a casa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula I) em um condomínio de luxo em Vinhedo, no interior de São Paulo, e foi acusada de intermediar o pagamento de propinas.

Zé Dirceu foi alvo da Lava Jato em 2015.A reforma na chácara foi custeada pela Engevix Engenharia em troca de vantagens em contratos com a Petrobras, segundo a força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba, na época.

CITADA EM DELAÇÃO – A acusação sustentou que os operadores Milton Pascowitch e seu irmão, José Adolfo Pascowitch, usaram uma empresa deles, a Jamp Engenharia, para fazer os pagamentos à arquiteta, em 22 transferências bancárias. Ela foi arrastada na Lava Jato após ter sido citada na delação dos irmãos.

A defesa alegou que a denúncia foi baseada exclusivamente na colaboração premiada e que as acusações não foram comprovadas. Inicialmente, o então juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, hoje senador, rejeitou a denúncia do MPF contra Daniela Facchini. Mas o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região mandou abrir a ação penal.

Agora, o juiz Fábio Nunes de Martino, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, concluiu que não ficou provado que Daniela sabia a origem do dinheiro que lhe foi repassado. Ela recebeu R$ 1,8 milhão entre maio de 2012 e dezembro de 2014.

SEM VINCULAÇÃO – “O fato de que a reforma foi efetuada em benefício de José Dirceu é insuficiente para demonstrar que Daniela sabia da origem ilícita dos recursos – especialmente considerando que o pagamento foi feito por Milton, conhecido de Daniela – ou que havia a intenção de lavar os valores advindos dos crimes constatados”, escreveu o magistrado.

A sentença diz ainda que a defesa da arquiteta comprovou que o projeto foi entregue e que todas as notas fiscais foram emitidas regularmente.

“Em verdade, parece-me que Daniela, arquiteta de formação e atuante no mercado, foi simplesmente contratada por um conhecido para a realização de uma obra, cuja execução e pagamento se deram de acordo com o amplamente praticado, inclusive seguindo procedimentos já adotados anteriormente pela acusada”, diz outro trecho da decisão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
A decisão é um tapa na cara de quem acusa Moro de parcialidade e pede a cassação de seu mandato. A sentença mostra que o então juiz da Lava Jato não condenava réus por “presunção de culpa”, como o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo fizeram ao cassar o então deputado Deltan Dallagnol. Como diz a Bíblia, “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32). (C.N.)

Jinping se permite até sorrir, animado para reunião com Joe Biden nos EUA

Gavin Newsom e Xi Jinping

Governador Gavin Newsom foi recebido por Xi Jinping

Nelson de Sá
Folha

Na foto distribuída pela agência de notícias Xinhua, como poucas vezes se vê, Xi Jinping aparece sorrindo ao receber de “surpresa” o governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom, no Grande Salão do Povo, em Pequim.

Na sequência, Joe Biden recebeu o chanceler Wang Yi por uma hora na Casa Branca, em Washington. Depois Wang relatou que China e EUA “concordaram em trabalhar juntos para a realização da cúpula de San Francisco”, daqui a duas semanas, segundo o relato do ministério.

VISÃO RACIONAL – Mas “o caminho para San Francisco” não será tranquilo, acrescentou ele, na expressão que se tornaria título de editorial no Global Times, do PC Chinês. O tabloide pediu uma “visão racional da China” por parte dos EUA, dando o governador Newsom como modelo.

O jornal que importa de fato é o Renmin Ribao ou Diário do Povo, porta-voz do partido e ao qual o Global Times é vinculado. Em comentário destacado pela Bloomberg, ele publicou nesta terça (31), defendendo “coexistência pacífica”:

“Atualmente, a situação internacional é caótica, e as relações China-EUA também estão em uma encruzilhada crucial. As duas partes devem agir de forma responsável para com o mundo e a história.’

Também na terça, o general chinês He Lei afirmou, com destaque no South China Morning Post, que o general americano Lloyd Austin, secretário de Defesa, deveria ter ido ao fórum estratégico Xiangshan, em Pequim.

Frisou que foi uma “oportunidade perdida” —e que “provavelmente” ele seria recebido por Xi Jinping.

Citando autoridade americana, a Bloomberg confirma que os dois “concordaram em princípio com a cúpula” na reunião da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, a partir do dia 15, em San Francisco.

‘INVASÃO’ EM GAZA – Após resistir por três dias, o New York Times manchetou que a “invasão de Israel começou”, ainda que “sob o manto do segredo”.

Israel “tornou deliberadamente difícil contar o que está acontecendo”, justificou. Na segunda chamada, “a visão detalhada por satélite da invasão de Israel”.

Também em destaque, depois, o NYT destacou que é uma “tentativa de isolar a parte norte do território, dizem autoridades de Gaza”.

Copom reduz a Selic em 0,5%, mas o Brasil ainda lidera o ranking dos juros reais

Ainda mais difícil explicar nossas altíssimas taxas de juros – blog da kikacastro

Charge do Glauco (Arquivo Google)

Ana Paula Castro
g1 Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (01), reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano. Este foi o terceiro corte seguido na taxa básica de juros, que começou a recuar em agosto deste ano. A decisão foi unânime. Ou seja, todos os membros do Copom votaram pela redução de 0,5 ponto percentual.

No comunicado emitido após a reunião, o colegiado sinalizou que poderá cortar novamente a Selic neste mesmo patamar – 0,5 ponto percentual – no próximo encontro.

RITMO APROPRIADO – “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

A Selic chegou agora ao menor nível desde o início de maio de 2022 — quando estava em 11,75% ao ano.

Neste ano, só haverá mais uma reunião do Copom, marcada para os dias 12 e 13 de dezembro. Ou seja, se a previsão de redução se concretizar, a Selic deve terminar 2023 no patamar de 11,75% ao ano.

COPOM E SELIC – O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por oito diretores da autarquia. Cabe ao comitê definir o patamar da Selic a cada 45 dias.

A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação. A taxa influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.

Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC faz projeções para o futuro. Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem, e também para o primeiro semestre de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As aparências enganam. Na matriz USA o Banco Central americano (Fed) mantém juros dos Estados Unidos na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. Aqui na filial Brazil, mesmo após este novo corte; voltamos a ter a maior taxa de juros reais do mundo. Segundo levantamento compilado pela consultoria financeira MoneYou, os juros reais do país ficaram agora em 6,90%, no topo do ranking. Em seguida veio o México, com taxa real de 6,89%. Nos juros somos imbatíveis. Enquanto isso, no futebol… (C.N.) 

Não deixe a Reforma Tributária te fazer de otário, é você quem vai pagar a conta

Charge do Fred Ozanan (@humorcomrumor)

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Eu era um membro conformado do grupo dos otários que pagam inteira no cinema. Sim, otário: graças ao desconto concedido a estudantes, idosos e outros, gente como eu pagava mais caro. Mas eis que, neste fim de semana, vim para o lado vantajoso da força: minha operadora de celular tem um convênio com uma rede de salas, o que me valeu o direito à meia. Muito em breve, absolutamente todo frequentador de cinema terá sua meia entrada.

O resultado disso, é claro, não será uma economia para todos, e sim uma entrada que simplesmente custará o dobro. Toda isenção ou desconto estendido a um grupo é pago por aqueles que ficaram de fora. Se ninguém ficar de fora, o benefício se extingue.

EM OUTRO GRUPO – Se já conquistei a meia entrada no cinema, ainda pertenço a outro grupo de otários: os que, sem lobby em Brasília, não terão alíquota especial na Reforma Tributária, e portanto pagarão um IVA mais alto para custear o desconto amigo dos demais.

Justificativas não faltam, a começar pela social: vamos desonerar, por exemplo, os itens da cesta básica. O primeiro sinal de que isso não era uma boa ideia foi a voracidade com que resolveram adicionar produtos à cesta básica, colocando até capacete e tijolo entre os itens necessários para alimentar uma família. A solução foi criar duas cestas, cada uma com sua alíquota especial. Definir qual produto entra em qual cesta promete muita judicialização futura.

A segunda distorção é que o benefício da isenção nunca vai inteiro para o público-alvo, o povo pobre que precisa comer. Uma parte fica com as próprias empresas, que não abatem a isenção completa do preço final do produto. Outra parte vai para a classe média e o rico, que também consomem arroz, feijão e farinha. Isso reduz a parte que sobra ao pobre.

SERIA MAIS JUSTO… – E quem paga a conta desse benefício mal focalizado? Todos os outros setores, que arcarão com um IVA mais alto, além, é claro, de seus consumidores. Seria socialmente mais eficaz arrecadar o imposto da cesta básica normalmente e daí transferir essa arrecadação aos consumidores pobres. Algo me diz, no entanto, que isso não interessaria tanto aos lobistas empresariais.

Até aqui estamos falando das isenções que ao menos têm um verniz social. Outras não têm nem mesmo isso — são a defesa aberta de privilégios corporativistas.

Médicos e advogados com faturamento milionário, o sofrido agro. Será uma boa ideia o Estado criar uma bolsa especial para eles? Depositar todo mês um extra na conta bancária dos médicos que já faturam acima do Simples? É o que vai ocorrer, embora com menos transparência para a opinião pública, posto que não haverá uma transferência do Tesouro para a conta deles.

REFORMA INÓCUA – É deprimente defender a Reforma Tributária nos termos de que “mesmo assim será melhor do que a situação atual”. Isso só indica que ainda há espaço para outros cavarem sua boquinha. Insatisfeitos com a isenção de 60%, representantes do agro já pleiteiam 80%. E se deixarmos, não vão parar até tornar a reforma inócua.

Não se engane: toda vez que o representante de um setor ou classe defende uma alíquota especial para si, o que ele está dizendo é que ele quer tirar seu dinheiro e te tratar como otário, ainda tornando toda a economia menos eficiente e a legislação tributária mais complexa, contrariando a razão de ser da reforma.

Reconhecer isso com clareza é, quem sabe, o primeiro passo para impedi-lo.

O mínimo que Lula faz é inviabilizar a candidatura de Haddad em 2026

Com amigos tipo Lula, Haddad nem precisa de inimigos…

Dora Kramer
Folha

Não se espantem, mas é provável que Luiz Inácio da Silva não busque a reeleição em 2026. Ele não pode acenar com essa hipótese agora, sob pena de entregar o governo antes do tempo. É o tal do lugar-comum da expectativa de poder que se retroalimenta e permite governar.

Havendo sentido na probabilidade de Lula não ir a um quarto mandato aos 81 anos de idade e tendo quase perdido o terceiro para uma figura de péssimas credenciais, o primeiro da fila para disputar seria Fernando Haddad.

HADDAD FRAGILIZADO – Digo que apenas seria (e até pode ser), porque o presidente não reforça, antes fragiliza seu ministro da Fazenda, quando se dá ao desfrute de pontificar a respeito do que não entende: os meandros, as causas e os efeitos do caminhar da economia. Elege o “mercado” como seu malvado predileto, mas nesse palanque só agrava os problemas.

Haddad vinha dando um duro danado na defesa do déficit zero. A impossibilidade da meta era voz corrente, uma realidade até, mas a insistência nela sinalizava compromisso, um desestímulo ao estouro das contas.

Menos de um ano e o governo já aderiu ao centrão —e não o contrário, como se especulava. Minoria no Parlamento, o PT tampouco faz valer sua maioria no Executivo para ajudar. Só não atrapalha mais com as posições vocalizadas pela presidente Gleisi Hoffmann porque ela não é interlocutora autorizada.

LEMBRANDO ITAMAR – Fernando Haddad é visto (ou era) como tal. Lula retira autoridade do ministro indo no sentido contrário ao adotado por Itamar Franco quando deu autonomia ao titular da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, inscrever-se como sujeito oculto e essencial do Plano Real e abriu caminho para eleger o sucessor.

Itamar conteve por um período o temperamento difícil e manteve a mira direcionada ao objetivo maior de médio prazo. Em sua insensata certeza de ser o guia genial de todos os povos, Lula faz o oposto e ainda contrata escândalos futuros. Nessa toada, contribui para tornar turvo o horizonte da reeleição.

Alckmin elogia Tabata Amaral e depois faz aceno ao seu “companheiro” Boulos

Eleição 2024: A saudação de Alckmin ao 'companheiro Boulos' dias após  elogios a Tabata – CartaExpressa – CartaCapital

Alckmin tenta se equilibrar nessa corda bamba eleitoral

Deu em O Globo

Três dias depois de defender a candidatura de Tabata Amaral (PSB-SP) para a prefeitura de São Paulo, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, fez um afago ao pré-candidato do PSOL à capital paulista, Guilherme Boulos.

Durante encontro com lideranças na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, Alckmin cumprimentou os parlamentares presentes por meio da deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e de Boulos, a quem chamou de “companheiro”. O gesto ocorre três dias depois de ele dizer que Tabata representa “a verdadeira mudança” para a gestão da cidade.

ALCKMIN EMPOLGADO — “Ela é a novidade. Ela é a mudança. Ela é a verdadeira mudança. Mudar com a participação, a sensibilidade e a garra das mulheres. Mudar com honestidade. Eu não tenho dúvida de que nós, do PSB, vamos representar a mudança” — disse o vice-presidente em evento promovido pelo seu partido na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), no último sábado.

O entorno de Tabata espera ter o vice-presidente participando da campanha do ano que vem, assim como o ministro Márcio França, também ex-governador de São Paulo. No entanto, pessoas próximas a Boulos não esperam de Alckmin ataques ao candidato do PSOL. Um integrante da campanha disse que espera de Tabata uma relação parecida com a de Simone Tebet e Lula na campanha.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para a candidata Tabata Amaral, o apoio do atual vice-presidente é muito importante. Alckmin não é petista, não é socialista. Apenas viu o bonde passar e subiu para ver aonde ia.  É claro que Alckmin vai apoiar Tabata, sem criticar Boulos, seguindo de carona no bonde do PSB, que não passa na estação da Opus Dei, onde Alckmin costumava desembarcar, quando era tucano e se acostumou a pousar em cima do muro. (C.N.)

Pela primeira vez, Conselho de Justiça perdoa “condutas impróprias” de juiz

CNJ mantém juiz Eduardo Appio afastado da Lava Jato e aponta "conduta  gravíssima"

Juiz confessou condutas impróprias e se declarou petista

Deltan Dallagnol
Gazeta do Povo

Na última semana, ocorreu o desfecho de um dos momentos mais lamentáveis da história da operação Lava Jato: a gestão do juiz federal Eduardo Appio, também identificado como “LUL22” – login que usava no sistema da Justiça, visível aos servidores, numa alusão à campanha de Lula nas eleições de 2022.

Num acordo estranho e inédito com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o juiz Appio renunciou à 13ª Vara Federal de Curitiba e aceitou ser removido para uma outra área da Justiça Federal. Mais ainda: admitiu ter cometido condutas impróprias na condução dos processos da Lava Jato.

LEI DA MAGISTRATURA – Com o login de dar orgulho à companheirada petista, Appio violou em tese a Lei Orgânica da Magistratura, que impede juízes de exercerem atividade político-partidária e promoverem propaganda política, já que servidores da Vara liam a mensagem eleitoral implícita toda vez que batiam os olhos no seu login, que aparecia ao lado de “eventos” (fases ou documentos) que ele assinava nos processos eletrônicos.

Appio desconversou no início, só para depois desmentir a si mesmo e confessar em uma entrevista que usou mesmo “LUL22” como login.

Descobriu-se, ainda, que o juiz havia doado para a própria campanha de Lula, segundo registros do próprio TSE, e para outra candidata do PT ao cargo de deputada estadual pelo Paraná. Ele negou as doações e, como deputado, pedi a instauração de investigação da Polícia Federal para apurar o fato.

CODINOME ABELHA – Na sequência, surgiram novas descobertas muito preocupantes no histórico do juiz LUL22. Entre as descobertas: soube-se que seu pai, político, constava nas planilhas da Odebrecht, sob o codinome “Abelha”. Será que alguém que teve o pai implicado nas investigações teria imparcialidade para julgar o caso?

Além disso, identificou-se algo pior: o próprio juiz vendeu um apartamento a um condenado da Lava Jato, o político petista André Vargas, em uma operação de lavagem de dinheiro que foi objeto de denúncia do Ministério Público. O próprio juiz “LUL22” teria sofrido punições disciplinares pela declaração da venda do apartamento por valor diferente do valor real.

Na Câmara dos Deputados, eu e dezenas de outros deputados da oposição apresentamos reclamação disciplinar contra o juiz “LUL22”. Outros políticos fizeram a mesma coisa e o Ministério Público Federal em Curitiba entrou com mais de 30 pedidos de suspeição contra Appio.

SEMPRE IMPUNE – Durante algum tempo, Appio conseguiu dar sequência à sua atuação contra a Lava Jato, fazendo críticas públicas. Mais ainda: emitiu uma série de decisões muito questionáveis que foram revertidas pelo Tribunal. Tudo ajudava o governo Lula a reescrever a história e executar sua vingança contra os juízes e procuradores da operação.

Mas então veio a bomba: o juiz foi acusado de alegadamente fazer uma ligação ameaçadora ao filho do desembargador Marcelo Malucelli, responsável por revisar as decisões do próprio juiz “LUL22” no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). A ligação foi gravada pela vítima.

Diante das evidências fortíssimas de irregularidades, inclusive da gravação em vídeo em cujo exame a Polícia Federal atestou a alta probabilidade de a voz ameaçadora ser de fato a de Appio, o juiz acabou afastado de suas funções e teve sua suspeição declarada pelo TRF4.

TOFFOLI SOCORRE – Depois disso, Toffoli surpreendentemente – ou talvez não tanto, dado o histórico de sua ligação com o petismo e de decisões contra a Lava Jato – anulou a suspeição de Appio, mas manteve seu afastamento.

Agora, soubemos que o juiz “LUL22” fez um “acordo” com o CNJ para encerrar o processo disciplinar contra ele, em que admitiu condutas impróprias, mas sem especificar quais condutas. Tanto o “acordo” quanto a “confissão” meia-boca do juiz são bastante estranhas e sem precedentes no âmbito do Direito Administrativo Sancionador.

No processo disciplinar, não há partes e nem interesses divergentes a serem conciliados para que sejam propostos “acordos”: existe apenas a investigação de condutas ilícitas e a punição, de caráter repressor e disciplinar, a quem cometeu a irregularidade. É a primeira vez que ouço falar de acordo disciplinar.

CONDUTAS IMPRÓPRIAS – Nunca se ouviu falar, ainda, de alguém que confessasse condutas impróprias sem dizer, de maneira específica, quais condutas seriam essas – pressuposto lógico até para se verificar se a conduta foi de fato imprópria ou não e o grau da impropriedade. Mais ainda, a sociedade tem o direito de saber quando um juiz federal admite condutas impróprias e quais condutas seriam essas, por três razões

Primeiro, por uma questão de transparência, que foi alegada pelo ministro Salomão, que preside o CNJ, ao divulgar relatório preliminar de inspeção sobre a Lava Jato, em que aventava “possíveis irregularidades”, algo igualmente inédito. Inédito porque a sindicância é sigilosa e porque não havia prova de nada, meras suspeitas infundadas.

Coincidentemente, a inédita divulgação do relatório parcial aconteceu logo antes de Lula, que declarou querer se vingar da Lava Jato, estar apto a escolher o novo ministro do STF, cargo para o qual Salomão é um dos principais candidatos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviado por Mário Assis Causanilhas, o artigo mostra a que ponto caiu a Justiça brasileira. É constrangedor. (C.N.)

Toffoli conseguiu inocentar Ciro Nogueira em processo com um “oceano de provas”

Ciro Nogueira

Ciro Nogueira inocentado, apesar da abundância de provas

Daniel Gullino
O Globo

A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta terça-feira a rejeição de uma denúncia apresentada pelo próprio órgão contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI). A mudança na posição foi justificada por mudanças na legislação e no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), como a decisão do ministro Dias Toffoli de anular as provas do acordo de leniência da Odebrecht.

Em setembro, Toffoli determinou a anulação de todas as provas obtidas no acordo de leniência. O ministro considerou que os elementos obtidos a partir dos sistemas dos registros de propina da Odebrecht não podem ser utilizados.

CASO ODEBRECHT – Em 2020, Ciro Nogueira foi denunciado pela PGR, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sob a acusação de que teria recebido R$ 7,3 milhões em propina para beneficiar a Odebrecht. O inquérito foi aberto em 2017, a partir da delação de executivos da empresa e da leniência.

Além da decisão de Toffoli, a PGR também cita como base para sua nova posição uma alteração promovida pela lei do chamado pacote anticrime, que estabeleceu que não é possível receber uma denúncia com “fundamento apenas nas declarações do colaborador”.

Diante disso, na manifestação desta terça-feira, a vice-procuradora-geral da República, Ana Borges Coêlho dos Santos afirma que “não há justa causa para o prosseguimento” da denúncia porque os “demais elementos de prova”, além dos sistemas de propina, “não são suficientes a corroborar os relatos dos colaboradores”.

OCEANO DE PROVAS – Em 2020, no entanto, ao apresentar a denúncia, a PGR havia argumentado que “o acervo probatório, para muito além da mera versão dos colaboradores, constitui um oceano de provas”. Na época, a denúncia foi assinada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo.

As entregas de dinheiro teriam sido comprovadas, segundo a PGR, por e-mails e conversas no Skype, além de depoimentos e documentos apresentados por outros delatores.

Como o GLOBO mostrou, inquéritos contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), também correm risco de serem arquivados após a decisão de Toffoli, porque foram aberto a partir da delação da Odebrecht.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os envolvidos no caso Odebrecht deveriam mandar fazer estátuas homenageando Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, os dois ministros do Supremo que apagaram as digitais dos corruptos. Poderiam ser até imponentes estátuas equestres, como sugeria Helio Fernandes, com uma metade cavalo e a outra, também. Sem a menor dúvida, Lewandowski e Toffoli fizeram e fazem muito mal ao país. Toffoly nem poderia atuar em processos da Lava Jato, por estar citado no recebimento de propinas como “Amigo do Amigo”. Mas quem se interessa?
(C.N.)

Atuação do Brasil na ONU em favor da humanidade foi clara e firme

País comandou principal órgão das Nações Unidas 

Pedro do Coutto

A atuação do Brasil na ONU foi clara e firme em favor dos princípios humanísticos que regem a posição do país e, sem dúvida, destacam a diplomacia brasileira. O chanceler Mauro Vieira teve um desempenho eficiente na defesa dos valores defendidos pelo Brasil, uma tradição do Itamaraty.

No momento em que escrevo esse artigo, ainda não havia sido iniciada a reunião do Conselho de Segurança, a última convocada pelo nosso país, cujo mandato na Presidência terminou ontem, dia 31 de outubro. Seja qual for a decisão final, antes de a China assumir o cargo dentro do critério de rodízio, a posição brasileira ficou marcada no calendário dos conflitos, nos quais morrem mais vítimas inocentes, incluindo crianças, do que os participantes das correntes em choque deflagrado pelo Hamas no dia 7 de outubro.

CONFRONTO – Os tanques de Israel estão avançando no território de Gaza, uma área de no máximo quinhentos quilômetros quadrados, em que vivem 2,3 milhões de pessoas, que em sua maioria abominam o Hamas, mas têm que suportar agora os efeitos dos bombardeiros e das rajadas que são as peças do confronto para o qual não se vislumbra nenhuma saída.

É possível que o Conselho De Segurança da ONU aprove uma medida humanitária, incluindo o cessar-fogo. Mas o ministro Netanyahu já adiantou que o país não aceita o cessar-fogo, da mesma forma que já citou como exemplo os americanos que não aceitaram (no caso nem poderiam aceitar) o cessar fogo depois do bombardeio de Pearl Harbour.

A comparação não se articula, pois com o ataque de Pearl Harbour, o Japão iniciava uma guerra que durou até 1945. Mas a disposição israelense ficou assinalada, o que pode significar que Tel Aviv não aceitará a decisão projetada. As mortes atingem mais de mil pessoas diariamente. Um desastre para a humanidade.

META –  Álvaro Gribel e Renan Monteiro, reportagem na edição de O Globo desta terça-feira, focalizaram o empenho do ministro Fernando Haddad para manter seu projeto de déficit fiscal zero em 2024, procurando consertar as declarações do presidente Lula no último fim de semana de que seria difícil atingir plenamente esse objetivo.

Haddad busca apoio do Congresso e tentará antecipar medidas previstas para 2024 ainda este ano, objetivando assegurar um período maior de seus reflexos na economia. Um dos objetivos principais é o de deter a queda na arrecadação que vem atingindo percentuais baixos, mas decisivo no equilíbrio visado. O déficit zero é importante para que se verifique uma nova queda de juros da Selic.

TSE condena Bolsonaro por campanha no 7 de Setembro e Braga Netto fica inelegível

O presidente Jair Bolsonaro em ato político na Esplanada dos Ministérios

Uso eleitoral do Sete de Setembro foi uma burrice absoluta

Constança Rezende
Folha

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) condenou nesta terça-feira (31), por 5 votos a 2, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um novo processo — desta vez, devido ao uso eleitoral do 7 de Setembro de 2022.

Além de declarar pela segunda vez Bolsonaro inelegível por oito anos, a corte também decidiu pela inelegibilidade de Walter Braga Netto (PL), general da reserva e ex-ministro que foi candidato a vice na chapa derrotada do ex-presidente à reeleição e que era cotado para disputar as eleições para a Prefeitura do Rio em 2024.

PLACAR: 5 A 2 – Dos 7 ministros, 5 consideraram que Bolsonaro cometeu abuso de poder e promoveu campanha usando dinheiro público nas comemorações do Dia da Independência: Benedito Gonçalves, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes.

Também foram 5 votos contra Braga Netto —inicialmente, o relator Benedito Gonçalves havia sido a favor de livrar o então vice da inabilitação para disputar eleições, mas ele mudou seu voto no final da noite desta terça.

Já os ministros Kassio Nunes Marques e Raul Araújo votaram pela rejeição das ações tanto contra Bolsonaro como contra o então candidato a vice.

INELEGIBILIDADE – O ex-presidente já havia sido declarado inelegível por oito anos pelo TSE no final de junho, também por 5 votos a 2, no julgamento de uma ação que tratava de reunião com embaixadores na qual ele fez ataques e divulgou mentiras sobre o sistema eleitoral. Na ocasião, Braga Netto foi absolvido.

O novo processo não tem efeito prático em ampliar a duração da inelegibilidade de Bolsonaro, já que as penas não se somam em condenações eleitorais por campanhas do mesmo ano. No entanto, além de multa e do desgaste político, pode gerar elementos que engrossem outras ações contra ele.

A multa proposta pelo corregedor do TSE, Benedito Gonçalves, foi de R$ 425 mil a Bolsonaro e de mais R$ 212 mil a Braga Netto (PL). Os valores foram acatados pela maioria do tribunal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Ao contrário do julgamento condenação anterior, quando não havia motivos para condenação, pois Bolsonaro apenas “imitara” o então presidente do TSE, Edson Fachin, que havia recebido o corpo diplomático no tribunal, desta vez houve justificativa, O uso eleitoral do 7 de Setembro, com o empresário Luciano Hang de verde e amarelo no palanque, foi uma das maiores burrices de Bolsonaro & Cia. Totalmente absurda e desnecessária. (C.N.)

Interferência do STF na “regulamentação de leis” será sempre indevida e ineficiente

O ministro do STF Gilmar Mendes durante evento em Paris, França

Gilmar Mendes tenta justificar uma ação que é injustificável

Carlos Pereira
Estadão

Em conferência realizada em Paris, o ministro do STF Gilmar Mendes deixou clara a sua interpretação da relação entre a política e a justiça. Para ele “se a política voltou a ter autonomia, eu queria que fizessem justiça, foi graças ao STF (…) se a política deixou de ser judicializada e de ser crimininalizada, isso se deve ao STF”. Disse isso ao se referir ao freio colocado pela Suprema Corte sobre a Lava Jato.

É como se, para Gilmar, os atores políticos tivessem a capacidade de se autorregular sem a necessidade de interferências da justiça, mesmo diante de potenciais riscos de comportamentos desviantes e oportunistas por parte dos políticos, como apontados pelo último relatório da OCDE.

CRIMINALIZAÇÃO – A entrada da justiça regulando a política teria como efeito perverso a sua criminalização, o que seria mais custoso do que deixar que os políticos se auto equilibrassem.

No artigo “The Problem of Social Cost”, o economista Ronald Coase, laureado com o prêmio Nobel de economia em 1991, propõe de forma contra intuitiva o seguinte teorema para ressaltar a importância das instituições: se os direitos de propriedade sobre um determinado recurso disputado forem bem definidos e os custos de transação forem iguais a zero, a negociação entre os agentes privados tenderá a levar à alocação eficiente desse recurso.

Ou seja, não haveria a necessidade de intervenção da justiça para resolver externalidades negativas (corrupção) do mundo político, pois as negociações entre as partes já seriam economicamente e socialmente eficientes.

CONDIÇÕES IRREAIS – Entretanto, como lembra Coase, essas condições raramente são encontradas na realidade. Os custos de transação, especialmente no mundo político, não são baixos. Este é um ambiente de informação incompleta e assimétrica e, portanto, recheado de comportamentos oportunistas.

Além do mais, existe na política uma indefinição dos direitos de propriedade sobre o poder, o que gera incertezas e problemas de negociação não apenas no presente, mas também no futuro.

A “solução” de Coase, portanto, não é considerada viável nem por ele mesmo. Daí a sua genialidade.

REGULAR É PRECISO – Logo, ao contrário do que desejaria o ministro Gilmar, surge a necessidade da regulação. A sua ausência, como pretendia o governo Lula com o relaxamento da Lei das Estatais para Petrobras, também traria altos riscos de externalidades negativas socialmente e economicamente indesejáveis.

É importante destacar, entretanto, que, como em qualquer área, os resultados da regulação da justiça sobre a política raramente serão eficientes.

Não existe solução ótima para esse dilema inexorável.

A Terra e o Céu enfim em harmonia, na concepção criativa de Nando Cordel

Nando Cordel | Tudo Sobre | G1

Nando Cordel, grande compositor pernambucano

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, instrumentista e compositor pernambucano Fernando Manoel Correia, nome artístico Nando Cordel, na letra de “Terra e Céu”, ostenta um cotidiano diferente do que vivemos nas grandes cidades.

TERRA E CÉU
Nando Cordel

Se o o boi soubesse da força que tem
Não puxava carroça
E a abelha, da dor da picada
Não roubavam seu mel
E a terra era terra
E o céu era o céu

Como era bom
Se toda semente crescesse
E a razão
Pudesse sempre dominar
E essa paz
Fosse que nem uma criança
Andasse solta
Feito a noite de luar

Se na inveja
Colocasse um cabresto
Na ambição
Colocasse um cortador
Na violência
Uma espora amolada
Deixasse a rédea
Solta na mão do amor
Não puxava carroça
Nem roubavam seu mel
E a terra era terra
E o céu era o céu