Mariana Haubert e Patrícia Nadir
Poder360
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 5ª feira (15.fev.2024) que Israel descumpre decisões tomadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) e por outros órgãos multilaterais sobre a reação bélica ao grupo extremista Hamas na Faixa de Gaza. O petista disse que as Nações Unidas “não têm forças suficientes” atualmente para evitar guerras e defendeu, mais uma vez, a reforma dos órgãos multilaterais internacionais.
“A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas”, disse Lula.
NO EGITO – O presidente deu a declaração a jornalistas ao lado do presidente egípcio Abdul Fatah Khalil al-Sisi, durante a sua visita ao Egito. Lula chegou ao país na quarta-feira (14.fev), no momento em que as tensões entre Egito e Israel aumentaram por causa da ameaça de ações militares israelenses no sul da Faixa de Gaza.
Embora a viagem marque os 100 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Egito, o conflito dominou as conversas do chefe do Executivo brasileiro. A região sul de Gaza abriga atualmente mais de 1 milhão de palestinos que se deslocaram de outras cidades destruídas pela guerra. É praticamente o último refúgio na região.
Lula voltou a dizer que considera o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 como um ato terrorista, mas disse que a reação israelense “não tem explicação” porque está matando mulheres e crianças em Gaza.
DISSE LULA – “O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas e nós condenamos e chamamos o ato de terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento”, disse.
O presidente brasileiro defendeu um cessar-fogo definitivo na região conflagrada que permita a “prestação de ajuda humanitária sustentável, desimpedida e imediata”, e a “incondicional” libertação de reféns.
“O Brasil é terminantemente contrário à tentativa de deslocamento forçado do povo palestino. Por esse motivo, entre outros, o Brasil se manifestou em apoio ao processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África do Sul. Não haverá paz sem um Estado Palestino convivendo lado a lado com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”, disse.
GENOCÍDIO – Em 26 de janeiro, a Corte, que fica em Haia, na Holanda, decidiu que Israel deve tomar uma série de medidas para evitar práticas de “genocídio” na Faixa de Gaza. A decisão, porém, não ordenou um cessar-fogo no conflito, o que foi criticado por alguns países.
O Brasil apoiou o processo movido pela África do Sul depois de Lula ter conversado com o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, em 10 de janeiro. Na sexta-feira (dia 9), em jantar na Embaixada da Palestina em Brasília, Lula defendeu que Israel acate a decisão da Corte Internacional.
Na declaração a jornalistas, al-Sisi disse que o Egito também concorda com a necessidade de um cessar-fogo imediato na região para que os moradores de Gaza possam receber ajuda humanitária. Defendeu também a criação de um Estado palestino cuja capital seja Jerusalém. A cidade, considerada sagrada por judeus, cristãos e muçulmanos, é hoje a capital de Israel. “Agradeço o reconhecimento do presidente brasileiro pelo Estado palestino”, disse.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula se reunirá nos próximos dias com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Adis Abeba, na Etiópia, à margem da cúpula da União Africana, da qual o presidente brasileiro participará como convidado de honra. Lula, realmente, é um grande nome mundial. E deve-se louvar sua dedicação à atual esposa. Embora a reportagem não mencione, Lula fez essa paradinha rápida no Egito exclusivamente para que dona Janja tivesse a chance de conhecer a Esfinge e as pirâmides. O amor, realmente, é lindo. (C.N.)