Bolsonaro mostrou aos eleitores que Tarcísio será seu candidato em 2026

Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro em manifestação na Paulista //

Tarcísio pode contar com apoio de Bolsonaro contra Lula

Thomas Traumann
Veja

Um dia depois do ato que reuniu uma multidão em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, a manifestação e seus desdobramentos continuam tendo repercussão. O Domingão do Jair, a manifestação que levou milhares de pessoas a enfrentar o calor de 35 graus no domingo na Avenida Paulista para se solidarizar com o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi uma demonstração de força do antipetismo. O vencedor da marcha, no entanto, não foi Bolsonaro, mas o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Bolsonaro saiu da Paulista como entrou. Acossado por uma investigação da Polícia Federal recheada de evidências de que o Palácio do Planalto preparava um golpe para impedir a posse de Lula da Silva.

No discurso na Paulista, o ex-presidente agravou a sua situação ao sugerir ter conhecimento da minuta do decreto de Estado de Defesa encontrada com seus assessores e que, na investigação da PF, é prova material da evolução da ruptura institucional.

Na sua fala improvisada, Bolsonaro chamou os vândalos do 8 de Janeiro de “aliados” e pediu ao Congresso que aprove uma anistia para “passar uma borracha no passado”. Parecia falar não dos vândalos, mas de si mesmo.

Inelegível até 2030, Bolsonaro sabe que o seu poder será imediatamente transferido assim que escolher um sucessor. Esse é o seu último trunfo. No domingo, ele mostrou uma preferência.

PREFERÊNCIA – Dos três possíveis herdeiros do bolsonarismo, dois foram ignorados pelo ex-presidente. Líder do agro desde os anos 1980, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, sequer foi mencionado no discurso. Líder empresarial, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, foi citado lateralmente quando se falou do seu Estado. Tarcísio, por sua vez, foi elogiado e o único a discursar.

“Você (Bolsonaro) não é um CPF, você representa um movimento de todos os que descobriram que vale a pena brigar pela família, pela pátria, pela liberdade”, disse o governador.

Tarcísio foi ovacionado quando disse que todos ali estavam “com saudades de Bolsonaro”, a quem chamou de “amigo”. A preços de hoje, o governador de São Paulo não vira o candidato da oposição em 2026 só se brigar feio com o ex-presidente.

Diplomacia equivocada do governo Lula prejudica também sua política interna

Ilustração: Maurenilson Freire (Correio Braziliense)Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

Uma política antiamericana no Brasil não tem a menor chance de dar certo, o que não significa apoio incondicional nem alinhamento automático aos EUA

Toda política externa bem-sucedida precisa de sustentação interna, ou seja, da construção de um amplo consenso nacional, para que seja realmente uma política de Estado e não meramente de governo, suas nuances não podem ser a essência da diplomacia.

O que faz do Itamaraty uma das mais prestigiadas e reconhecidas chancelarias do mundo é sua capacidade de sustentar nossa política externa independente e pragmática desde a década de 1970, ou seja, em plena ditadura militar, adaptando-se às circunstâncias políticas sem perder seus objetivos estratégicos. Os presidentes passam, o Itamaraty fica. Em torno disso, construiu-se um consenso nacional.

DESVIO DE CONDUTA – O que aconteceu no governo Bolsonaro, com o chanceler Ernesto Araújo, foi um desvio de conduta na política externa que levou o Brasil a ser tratado como pária internacional. A simples eleição do presidente Lula, pela mudança de rumo político, fez com que essa situação se revertesse rapidamente, o que possibilitou uma intensa agenda internacional e restabeleceu o nosso lugar no mundo.

Entretanto, diante de fatos novos na conjuntura mundial, com a guerra da Ucrânia e a guerra de Gaza, está cada mais vez claro que há uma dualidade que pode se tornar desastrosa: existe uma diplomacia de Estado, cuja execução está a cargo do nosso corpo diplomático, que o chanceler Mauro Vieira lidera; e uma diplomacia de governo, idiossincrática, na qual o ex-chanceler e assessor especial da Presidência Celso Amorim pontifica como seu ideólogo.

Os grandes artífices da atual política externa foram San Tiago Dantas, Azeredo da Silveira e Saraiva Guerreiro, em circunstâncias completamente diferentes, mas que resultaram numa cultura diplomática consolidada no Itamaraty e admirada internacionalmente. Nunca tiraram os pés do Ocidente.

POLÍTICA INDEPENDENTE – San Tiago Dantas foi nomeado embaixador do Brasil na ONU em 22 de agosto de 1961, mas não assumiu o cargo porque o presidente Jânio Quadros renunciou.

Com João Goulart na Presidência, durante o regime parlamentarista, foi o grande artífice da nossa política externa independente: liderou os países contrários à suspensão de Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA), defendida pelos Estados Unidos; restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética, rompidas em 1947 pelo governo Dutra; e chefiou a delegação brasileira enviada a Genebra para participar da Conferência de Desarmamento, onde o Brasil se definiu como “potência não-alinhada”.

Azeredo foi chanceler do governo Geisel, quando se iniciou o tortuoso processo de abertura política do regime militar. Sua política externa foi o “pragmatismo responsável e ecumênico”.

Como isso se traduziu na prática? Pela autonomia e universalismo, que levou o Brasil a restabelecer as relações com a China comunista e se aproximar do mundo árabe, em meio a contradições políticas, como o acirramento do conflito com a Argentina, por causa de Itaipu, e com os Estados Unidos, em decorrência da questão dos direitos humanos e do acordo nuclear com a Alemanha. Na sua gestão, o Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer a independência de Angola.

CRÍTICA A ISRAEL – Ramiro Saraiva Guerreiro foi ministro das Relações Exteriores do governo do general João Figueiredo, entre 1979 e 1985.

Negociou a construção da hidrelétrica de Itaipu com o Paraguai, que enfrentava a oposição argentina. Enfrentou críticas em relação ao posicionamento do Itamaraty na África e no Oriente Médio, sem falar quanto ao reconhecimento da OLP como “único e legítimo representante do povo palestino” na sessão da Assembleia Geral da ONU, na qual o chanceler brasileiro criticou a postura de Israel nas negociações de paz com os países árabes.

A chave da política externa brasileira é o não alinhamento automático, a identificação e a defesa dos interesses concretos do Brasil. Mesmo no contexto da guerra fria e dos alinhamentos automáticos, que subordinavam as relações Norte/Sul ao conflito Leste/Oeste.

TRADIÇÃO DIPLOMÁTICA – Desde então, é uma tradição diplomática reconhecida internacionalmente e respeitada.

Uma política antiamericana no Brasil não tem a menor chance de dar certo, o que não significa apoio incondicional nem alinhamento automático à política externa dos EUA.

Nosso campo é o das democracias do Ocidente, e não o das autocracias do Oriente. Lula ainda é um líder do Ocidente em desenvolvimento, mas pode pôr tudo a perder se aderir ao velho terceiro-mundismo, inclusive perder internamente.

Para ministros do STF, defesa de Bolsonaro é “absurda” e ele está temendo ser preso

Como Bolsonaro tentou se defender na avenida Paulista - Nexo Jornal

Bolsonaro já delineia sua principall esstratégia de defesa

Andréia Sadi
GloboNews

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo blog classificaram o ato do ex-presidente Jair Bolsonaro que aconteceu neste domingo (25) na Avenida Paulista, em São Paulo, como um “grito de desespero” diante do avanço das investigações do roteiro do golpe e do temor do ex-presidente da prisão.

Na avaliação de um integrante da corte, Bolsonaro antecipou sua estratégia de defesa — que chamam de “absurdo jurídico”— para tentar criar um ambiente junto a seus apoiadores de que não havia nada de errado em discutir uma minuta de golpe de Estado.

SUBMETER AO CONGRESSO? – Na admissão da existência da minuta do golpe por parte de Bolsonaro, durante seu discurso, um ministro do STF anotou: “mas como ele diz que ia submeter [a minuta] ao Congresso se, com golpe de Estado, quem garante que ia ter Congresso? Tinha uma versão [da minuta] até para prender o Pacheco [presidente do Senado]”.

Para a Polícia Federal, Bolsonaro admitiu que está liderando o golpe. E, ao pedir anistia, reconhece também crimes investigados.

Magistrados avaliam que está cada vez mais clara a mudança no entendimento de Bolsonaro e de seus aliados de que o cerco está se fechando, pois, antes, falava-se no ex-presidente como autor intelectual, como se propostas de golpe fossem apresentados a ele.

ERA PRÓ-ATIVO – No entanto, com o avanço da PF, evidencia-se que Bolsonaro estava “materializando” a proposta —nas palavras de um ministro da Corte. “Não só era ativo, como era pró-ativo”.

Apesar de Bolsonaro ter evitado ataques ao STF, ministros viram uma terceirização de ataques, numa ação coordenada, a Silas Malafaia —chamado por integrantes da Corte, nos bastidores, de ‘ventríloquo”.

Investigadores avaliam que há limites até mesmo para um líder religioso como Malafaia e que se houver uso da igreja para ataques à democracia, ele não será poupado.

LÍDER DA DIREITA – Politicamente, Bolsonaro mostrou mais uma vez que é o líder da direita. Ele usou o ato como uma espécie de ordem para que não o abandonem, pois isso pode ter efeitos negativos para eventuais sucessores e aliados, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito paulistano, Ricardo Nunes —às vésperas da eleição municipal.

Nem mesmo os aliados de Bolsonaro, porém, acreditam que o ex-presidente sobreviverá ao fim das investigações sem uma condenação.

No STF e na PF, a avaliação é de que se houver prisão, ela ocorrerá apenas após transitado em julgado — quando não há mais possibilidade de recurso.

Ucrânia pede que Brasil ajude a convencer a Rússia a cessar a guerra

Ex-embaixador da Ucrânia no Brasil estará no UOL Entrevista desta quinta -  23/03/2022 - UOL Economia

Embaixador pede que o Brasl “saia de cima do muro”

Paulo Silva Pinto
Poder360

O embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk, 44 anos, pediu ao governo brasileiro que faça a intermediação de conversas com a China para ajudar a acabar com a guerra no país. A invasão da Rússia na região leste da Ucrânia completa 2 anos neste sábado (24.fev.2024). A Rússia controla atualmente 20% do território do país.

“Penso que a China poderia desempenhar um papel crucial para persuadir ou, diria mesmo, para forçar, os russos a parar esta guerra”, disse Melnyk em entrevista gravada na quinta-feira (22.fev).

SINALIZAÇÃO – O embaixador, que está em Brasília desde setembro de 2023, afirmou que apresentou a demanda ao governo brasileiro e que houve sinalização de que isso poderia ser discutido com os chineses diretamente ou em reuniões com outros países. Melnyk disse também esperar que os brasileiros mandem ajuda à Ucrânia na forma de armamentos ou outros itens.

“Os ucranianos estão me perguntando por que os brasileiros não estão nos ajudando, porque é uma causa comum pelo bem da humanidade”, declarou.

Outra expectativa de Melnyk é que o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, seja convidado para ir a Brasília. O pedido já foi feito ao governo brasileiro, mas não houve resposta. O embaixador espera recuperar a relação próxima entre Brasil e Ucrânia que havia no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que visitou Kiev em 2009.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A Ucrânia está exaurida e depende de uma ajuda extra de US$ 60 bilhões por parte dos Estados Unidos, que o Congresso norte-americano resiste em aprovar. Sem isso, os ucranianos conseguirão resistir? É difícil responder, mas eles precisam de um cessar-fogo urgente. Para a Ucrânia, a guerra em Gaza é um complicador a mais, porque divide os recursos que o Ocidente pode oferecer para manter a resistência contra os russos. (C.N.)

Joaquim Ferreira dos Santos, o fim das rádios AM e a memória do leitor

O jornalista Joaquim Ferreira dos Santos

Joaquim Ferreira dos Santos, grande mestre da crônica

Washington Olivetto
O Globo

Sou leitor e fã de carteirinha do Joaquim Ferreira dos Santos. Gosto da sua intimidade com a cultura popular e da naturalidade com que ele vai da Vila da Penha, onde nasceu Romário, à Round Table do hotel Algonquin, em Nova York, onde reinava Dorothy Parker. Adoro seu senso de humor. Joaquim escreve para o leitor sorrir; não para o leitor gargalhar.

Todas as segundas-feiras, suas crônicas são minha primeira leitura, e elas normalmente só me dão alegrias. Mas outro dia uma delas me provocou nostalgia. Foi aquela em que Joaquim comentava o fim das rádios AM. Devo a maior parte da minha formação às rádios populares. Foi por meio delas que aprendi muito, do pouco que sei.

EU SOU AM – No dia 2 de fevereiro de 2002, quando — depois de 53 dias trancado dentro de um minúsculo cativeiro — terminou o sequestro que sofri no dia 11 de dezembro de 2001, para não virar eterna pauta da imprensa quando surgisse esse tema, resolvi fazer uma entrevista coletiva, encerrando o assunto.

Nessa coletiva, um jornalista me perguntou se eu imaginava que um dia poderia ser sequestrado, e eu respondi que não. Ele insistiu perguntando por quê, e eu respondi: — Porque eu sou AM.

A verdade é que, apesar de sócio de uma bem-sucedida agência de publicidade, eu sempre me senti alguém mais ligado ao povão que ao mundo empresarial.

NA ERA DO RÁDIO – Fui formado pelas rádios desde menino, decorando as canções das paradas de sucesso do Enzo de Almeida Passos, ouvindo os programas esportivos comandados pelo Braga Jr., acompanhando o enredo das radionovelas da Ivani Ribeiro, aprendendo sobre horóscopos com o Omar Cardoso e seguindo o Correspondente Musical, do Hélio Ribeiro.

Líder de audiência, Hélio traduzia para o português as canções que tocava em inglês, francês, espanhol e italiano e, de vez em quando, com seu vozeirão grave, dava lições de moral nos ouvintes. Fez sucesso durante anos, a ponto de inspirar o personagem Roberval Taylor, criado e interpretado pelo Chico Anysio.

Quando entrei na adolescência, por causa da minha paixão pelo rádio, ganhei do meu pai um Transglobe da Philco, famoso por sua potência, que pegava o mundo inteiro em ondas curtas. Foi quando eu, um garoto tipicamente paulistano, comecei a ouvir as rádios do Rio de Janeiro e a me enturmar com a cultura carioca. Ouvia principalmente os programas de samba do Adelzon Alves na Rádio Globo e os rock and roll do Big Boy na Mundial. Hello, crazy people!!!

PROXIMIDADE – Dessa época em diante, com o passar do tempo e devido à minha profissão, acabei ficando amigo de várias grandes figuras do rádio, como o próprio Hélio Ribeiro, que falava de mim em seu programa diariamente e me visitava com frequência na agência. O Osmar Santos me levava para assistir e comentar os jogos do Corinthians narrados por ele nas suas cabines do Pacaembu e do Morumbi.

E o brilhante Ricardo Boechat, que conheci fazendo bom jornalismo impresso, mas que se consagrou mesmo fazendo rádio. O velho e bom rádio tradicional, que não desapareceu com o aparecimento da televisão, nem perdeu espaço com o surgimento da internet e continua mais atual do que nunca.

Em 2022, na Inglaterra, o rádio foi eleito pela revista Campaign o veículo de comunicação do ano. Por falar em veículo e em comunicação, devo ao rádio boa parte de meus aprendizados como criador de publicidade.

ANÚNCIO DE RÁDIO – Quando comecei a trabalhar, aos 18 anos, a primeira agência onde consegui emprego era pequena e não tinha clientes grandes, os que faziam comerciais de televisão. Nossos clientes faziam alguns folhetos, pequenos anúncios de jornal, algumas páginas de revista e, principalmente, spots e jingles de rádio.

Foi criando para rádio que aprendi que você conta com um patrimônio único, a imaginação do ouvinte. Você entra com o áudio, e o ouvinte com o visual. Como a imaginação de qualquer pessoa é mais rica que o mais espetacular cenário que um Steven Spielberg possa produzir, o trabalho criativo no rádio não tem limites.

Como não tem limites a capacidade do Joaquim Ferreira dos Santos de mexer com a memória de seus leitores.

Lula precisa entender que Bolsonaro move multidões e está dividindo o país

Bolsonaro: imagens aéreas mostram público em ato na avenida Paulista

Jair Bolsonaro deu uma tremenda demostranção de força

Eliane Cantanhêde
Estadão

O ato deste domingo na Avenida Paulista confirma o que todos sabiam: o ex-presidente Jair Bolsonaro tem base popular, move multidões e divide o País ao meio, como já mostraram os votos de 2022. Isso, porém, não muda a realidade e as investigações da Polícia Federal e da Justiça contra Bolsonaro, seus generais, minutas de intervenção no TSE, anúncio de Estado de Sítio e a longa preparação de um golpe, que, frustrado, virou a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

Compareceram ao ato de domingo os governadores da linha de frente do bolsonarismo, como Tarcísio de Freitas, anfitrião, Ronaldo Caiado, de Goiás, Jorginho Mello, de Santa Catarina, e Romeu Zema, de Minas Gerais. Ok. O passado diz bastante do que eles foram fazer lá e o futuro dirá se a presença valeu a pena. No final das contas, a história colocará tudo isso em contexto.

PAÍS DIVIDIDO – O Brasil estava e continua dividido, logo, nada muda com a nova demonstração de força popular de Bolsonaro, que repetiu as grandes aglomerações de carreatas, motociatas e passeatas na própria Paulista. Por maiores que tenham sido, não refletiam a maioria da população, tanto que ele perdeu em 2022 e se tornou o primeiro presidente derrotado na disputa pela reeleição.

De toda forma, a forte adesão é um recado para o governo Lula, o PT e os antibolsonaristas em geral, de esquerda, centro e direita. Bolsonaro pode ser o que é, pode ter feito tudo o que fez de mal, antes, durante e depois da pandemia, mas o bolsonarismo paira sobre o País, preparando-se para inverter o prato da balança e voltar ao poder.

Isso aumenta a responsabilidade de Lula, que precisa fortalecer suas ações e melhorar seus resultados em áreas em que Bolsonaro foi uma tragédia, como ambiente, defesa dos povos originários, saúde, educação, política externa.

É PRECISO MOSTRAR – Não basta ter ministros e gestores incomparavelmente melhores, Lula tem de mostrar os efeitos em fatos, números e declarações certas, na hora certa.

Bolsonaro chegou até onde chegou com palanques e grandes multidões País afora, mas também apoiado por uma máquina de discursos, realidades paralelas, desqualificação de adversários. Se Lula apresentar resultados expressivos, isso fica mais difícil. Com resultados que deixam a desejar, por exemplo, no desmatamento e nas terras Yanomami, Bolsonaro nada de costas.

O principal efeito do ato na Paulista – sem os cartazes e faixas golpistas – foi jogar luzes num fato real: apesar de tudo o que todos sabemos e com Bolsonaro candidato ou não, o Brasil continua dividido ao meio e o bolsonarismo está vivo. O centro? O gato comeu.

Piada do Ano! PF usa fala de Bolsonaro como “evidência da minuta do golpe”

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Bolsonaro confunde estado de defesa e estado de sítio

Malu Gaspar
O Globo

Quatro dias depois de ficar em silêncio diante dos delegados da Polícia Federal que investigam sua participação no planejamento de um golpe de Estado no Brasil, Jair Bolsonaro fez de cima do carro de som do ato deste domingo na avenida Paulista uma declaração que pode complicar sua situação no inquérito, por ter sido encarada pelos investigadores como uma confirmação de que ele tinha conhecimento da minuta de golpe.

O documento que ficou conhecido como “minuta do golpe” foi encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres em janeiro de 2023.

ESTADO DE DEFESA – Era o rascunho de um decreto instalando um “Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral”, com o objetivo de “garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022”.

Na prática, o texto previa uma intervenção no TSE para mudar o resultado das últimas eleições, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.

“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição”, disse o ex–presidente no único momento do discurso de mais de 20 minutos em que se propôs a explicar as acusações da PF contra ele.

DISSE BOLSONARO – “Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio.”

Para policiais federais envolvidos na apuração do caso– alguns dos quais inclusive acompanharam in loco a fala do ex-presidente –, embora tivesse a intenção de sustentar que não houve tentativa de golpe, ele admitiu que havia uma minuta. Esses investigadores anteciparam à equipe da coluna que a transcrição da fala será incluída no inquérito.

Ao longo dos últimos dias, Bolsonaro foi instruído pelos advogados a não fazer ataques ao STF ou a urnas eletrônicas, por exemplo, e muito menos ao ministro Alexandre de Moraes, que comanda as investigações sobre ele.

MEDIDAS CAUTELARES – O temor era de que ele se exaltasse e acabasse descumprindo alguma das medidas cautelares determinadas por Moraes ao autorizar a operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro.

Da última vez que comandou um ato público na avenida Paulista, Bolsonaro chamou Moraes de “canalha” e disse que não cumpriria as decisões do STF.

Agora na mira do Supremo pela investigação sobre os atos golpistas, Bolsonaro adotou uma linguagem bem mais cautelosa e não mencionou textualmente nem o tribunal e nem Alexandre de Moraes. Falou apenas genericamente que está sendo perseguido, disse que pretende “passar uma borracha no passado” e pediu anistia para as pessoas ainda presas pela invasão das sedes dos Três Poderes. Aparentemente, todo esse cuidado não foi suficiente para tirar Bolsonaro e seu discurso da mira da PF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Pode-se dizer, sem medo de errar, que Bolsonaro equivale a Lula em termos de ignorância. Um exemplo claro: depois de tudo que aconteceu, o ex-presidente continua confundindo estado de defesa com estado de sítio. É desanimador constatar a ignorância desses políticos que chegam à Presidência do Brasil. (C.N.)

Na hipótese de golpe, o novo presidente seria Braga Netto, ao invés de Bolsonaro

Quem é Braga Netto, general cotado para vice de Bolsonaro na chapa à  reeleição - BBC News Brasil

Braga Netto já estava pronto para trair o amigo Bolsonaro

Roberto Nascimento

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, em seu depoimento à Polícia Federal na quinta-feira, dia 22, foi emparedado por determinadas perguntas dos investigadores, que insistiram em indagar acerca das despesas realizadas pelo general Braga Neto com recursos do PL. Desde o início de 2023, o ex-ministro e braço-direito de Jair Bolsonaro é responsável pelas Relações Institucionais do PL e vinha autorizando despesas. Tem coisa aí.

Valdemar Costa Neto disse que não sabia de nada. Falou a verdade ou mentiu para os investigadores? Acredito que tenha falado a verdade, porque no dia seguinte cortou os salários de Braga Neto e do coronel Marcelo Câmara, um dos assessores de Bolsonaro que está preso preventivamente.

GRANDE MENTOR – Com certeza o presidente do PL vai enviar as informações financeiras à Polícia Federal para dar seguimento às investigações sobre Braga Netto, que desposta como grande mentor do planejamento do golpe, conforme ficou claro na reunião ministerial gravada pelo ajudante de ordens Mauro Cid.

Pelas apurações até agora, fica evidente que o próprio Jair Bolsonaro não confiava inteiramente no parceiro Braga Neto. A meu ver, tudo indica que esse general trabalhava para ser o comandante-em-chefe do novo governo golpista.

Na reta final, Bolsonaro deve ter percebido essa trama e por isso não assinou nenhuma medida emergencial, como o Estado de Defesa. Embora a Constituição exija que sejam consultados o Conselho de Defesa e o Conselho da República, quando o Alto Comando do Exército aceita o decreto e põe as tropas na rua, estamos conversados.

UNIVERSO ESTRELADO – Os chefes militaresgenerais, almirantes e brigadeiros – só batem continência para presidentes legalmente eleitos. Quando advém um golpe de estado, o presidente do governo provisório será, sempre, um general de quatro estrelas.

Na sucessão de Garrastazu Médici, em 1974, pela primeira vez houve “eleições” nos quartéis, e o vencedor, que teve mais votos no oficialato, foi o general Albuquerque Lima, que tinha apenas três estrelas.

Os generais de quatro estrelas não aceitaram o escrutínio. Entrou em ação o ministro do Exército, general Orlando Geisel, que articulou o nome do seu irmão, general Ernesto Geisel, que então se tornou o novo presidente, substituindo o general Médici. É claro que essa situação é do conhecimento de Jair Bolsonaro, e seria ingenuidade dele pensar que seria confirmado na Presidência, se houvesse um golpe de estado.

Crimes evidenciam ramificações e seus reflexos na esfera social

Fuga de Mossoró demonstra a expansão da criminalidade

Pedro do Coutto

O episódio da fuga de criminosos em Mossoró e os fatos dramáticos da violência em diversas áreas do país acentuam a complexidade do tema, uma vez que o crime revela as suas ramificações e, apesar dos esforços dos esquemas de segurança, continua se expandido, sobretudo nos centros urbanos. A insegurança está ocupando o espaço que deveria ser preenchido pela estabelidade e pelo controle, tendo consequências profundas na esfera social.

A falta de comprometimento de autoridades está se fazendo sentir, como inclusive focalizou Elio Gaspari em seu espaço de domingo no O Globo e na Folha de S. Paulo. As facções confundem-se e assinalam o enfraquecimento do poder público em combater o crime organizado que se disfarça em divisões que incluem  características diversas. Quando se pensa que o combate é entre o confronto de áreas diversas e definidas, eis que vem à tona uma realidade cada vez mais preocupante.

SITUAÇÕES POLÍTICAS – Em regiões de renda menor, o crime habita em pontos diferentes, envolvendo situações políticas não muito definidas aos olhares da lei. Mossoró é um exemplo de um tipo de conivência que engloba aspectos surpreendentes, refletindo o apoio que o crime revela no tecido social.

Uma campanha contra o crime e os criminosos deve ser articulada pelo governo em caráter permanente, sendo capaz de identificar o que de fato está acontecendo nos bastidores da política e da administração, com o objetivo de fornecer às populações direitos inegáveis. Existe uma mistura de interesses e vontades que estão mobilizando e dificultando extremamente o poder público.

EXPANSÃO – Os assassinatos e os roubos se repetem e expandem-se de forma impressionante. É preciso que seja realizado um movimento de divulgação que possa incluir no comportamento da sociedade uma resistência mais ampla ao que está se verificando. A fuga de Mossoró chama a atenção para as deficiências sociais no que se refere ao combate à criminalidade de forma efetiva.

Trata-se de um processo que será lento, mas indispensável para todas as pessoas que são ameaçadas de forma constante e cada vez mais perigosa. É urgente mudar o sistema que compromete toda a sociedade e todo o universo da segurança. A começar pela identificação das correntes que se disfarçam nos campos políticos e da administração pública que no fundo não apresentam um caminho concreto de atuação. A integração dos governos federal e estaduais são essenciais e precisam ser menos vulneráveis.

Um livro aberto você pode encontrar na cabeça de um poeta acordado

Ilka Bosse - Empresária Aposentada - Choupana I. C. Representação | LinkedIn

Ilka Bosse, poeta catarinense

Paulo Peres
Poemas & Canções

A pedagoga (formada em duas habilitações na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras), empresária aposentada, escritora, cronista e poeta catarinense Ilka Bosse, conhecida como Bailarina das Letras, tentou entender uma “Cabeça de Poeta”.

CABEÇA DE POETA
Ilka Bosse

Livro aberto tu encontras
na cabeça de um poeta acordado
Com a sabedoria tu te confrontas
entre estrofes ou poema inacabado.

É incógnita o que nesta cabeça contém
Pois vê o poeta tudo diferente, …do avesso
Querer entendê-lo? Acredito, já não convém
Pois o poeta que é poeta não tem endereço!

Ele vai folhando sua sabedoria nata
Deleita na natureza, beijando a verde mata
Sonha sua dor/desejo/alegria/emoção e paixão

À beira-mar, na areia, …onde edificou castelos
Em delírios volta à realidade, compõe versos belos
Morre o Poeta, mas fica, na biblioteca, seu coração.

Proibido de contato com Bolsonaro, Costa Neto subiu no trio e até discursou

Vocês transformaram o PL no maior partido do Brasil', diz Valdemar em  manifestação pró-democracia - Diário do Acre

Valdemar Costa Neto agradeceu o apoio ao partido, o PL

Deu em O Globo

Investigados pela Polícia Federal (PF) por supostas investidas golpistas, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Jair Bolsonaro estão proibidos de manter contato por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda assim, Valdemar esteve no ato convocado pelo ex-presidente na Avenida Paulista neste domingo. Não há, porém, registros de que os dois tenham se aproximado.

DIA MEMORÁVEL – Valdemar chegou ao local da manifestação ao lado do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que compartilhou o momento nas redes sociais. “Este é um dia memorável para o Brasil e é muito gratificante estar com o querido Valdemar Costa Neto nesse momento”, escreveu o parlamentar.

O presidente do partido de Bolsonaro chegou a subir no trio, de onde se pronunciou rapidamente. “Vocês transformaram o PL no maior partido do Brasil”, discursou cerca de duas horas antes do início oficial do evento. O próprio ex-presidente só apareceu no palco principal por volta das 15h.

Como mostrou a colunista do Globo Bela Megale, Valdemar Costa Neto decidiu comparecer ao ato neste domingo. A estratégia de falar aos apoiadores do ex-presidente mais cedo deu-se justamente por conta das restrições impostas pelo STF.

Gravidade das acusações faz Bolsonaro propor a concessão de uma ampla anistia

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vestiu um colete à prova de balas durante manifestação na Avenida Paulista, neste domingo, 25

Jair Bolsonaro e Michelle usaram coletes à prova de bala

Carlos Newton

Foi uma surpresa o ex-presidente Jair Bolsonaro, em seu discurso durante o ato público na Avenida Paulista, ter defendido a tese da anistia para todos os envolvidos no planejamento do golpe de estado.

Acreditava-se que essa proposta somente surgisse mais à frente e apresentada em projeto de lei por algum parlamentar independente. Mas o próprio Bolsonaro se apressou em fazê-lo.

ENTUBAR A TODOS – Segundo o ex-presidente, seria infundada a acusação da Polícia Federal de que houve uma tentativa de golpe de Estado por parte de seu grupo político, apesar das provas já obtidas.

“Agora querem entubar a todos nós que um golpe, usando dispositivo da Constituição, cuja palavra final quem dá é o parlamento brasileiro, estava em gestação. Creio que está explicada essa questão. Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas o que eu busco é a pacificação, passando uma borracha no passado,” disse o ex-presidente.

“Nós já anistiamos, no passado, quem fez barbaridade. Agora, nós pedimos a todos um projeto de anistia no nosso país. E quem depredou o patrimônio que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Pobres coitados que estavam no dia 8 de janeiro,” acrescentou.

HÁ CONTROVÉRSIAS – O presente caso é totalmente diverso das anistias anteriores, já concedidas no país. Pode-se até dizer que a anistia a crimes políticos seja uma espécie de tradição brasileira de olhar para frente e tentar sepultar o passado, embora isso signifique uma inequívoca utopia, pois atrocidades jamais podem ser esquecidas.

No caso atual, é preciso aprovar uma legislação como a Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, no governo João Figueiredo, que tinha o general Walter Pires como ministro do Exército e Petrônio Portella como ministro da Justiça, dois defensores da anistia ampla, geral e irrestrita.

Mesmo assim, o Congresso aprovou uma ressalva, no § 2º do artigo 1º – “Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal”.

DETALHE IMPORTANTE – Reparem que em 1979, nessa ressalva, não se falou em crimes de tortura e assassinato, portanto, excluindo de punição os responsáveis pelo trucidamento de civis como o deputado Rubens Paiva e o estudante Stuart Angel Jones.

Outro detalhe é que a anistia foi concedida sem que os envolvidos já tivessem sido condenados. Agora, é muito diferente, porque já existem mais de 1,5 mil réus, e têm sido condenados a penas elevadíssimas, como se fossem realmente terroristas, algo que “non ecziste”, diria Padre Quevedo, revoltado contra esse procedimento inquisitório, digamos assim.

É ultrajante condenar a 17 anos de prisão homens e mulheres do povo, a grande maioria presa sem flagrante, no dia seguinte ao vandalismo. E com o requinte surrealista de acrescentar mais 4 anos caso tenham feito selfies diante dos palácios invadidos.

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P.S.
1 – Comparados aos processos anteriores, relativos a graves golpes de estado, em que realmente houve mortos e feridos, as condenações propostas pelo Alexandre de Moraes e aceitas pelo Supremo são de uma perversidade jamais vista na Justiça do Brasil e de qualquer outro país minimamente civilizado.   

P.S. 2Em matéria de Justiça, o Brasil está regredindo de tal maneira que não causaria surpresa a apresentação de um projeto de anistia que beneficiasse, ao mesmo tempo, os réus e também os ministros que os condenam ilegalmente por terrorismo e que também merecem punição severa. Uma coisa é o juiz errar inadvertidamente. Outra coisa, muito mais grave, é o magistrado errar propositadamente, como é o caso, desculpem a franqueza. (C.N.)

Lula fala uma asneira atrás da outra e depois ainda chama os adversários de “imbecis”…

Nenhuma descrição de foto disponível.

Charge do Helder Luciano (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Não é a primeira vez que Lula fala asneiras no exterior. No Brasil, é costume antigo do ex-detento se esmerar em declarações estúpidas. Desta vez, na Etiópia, Lula comparou ações de Israel em Gaza com Hitler e o holocausto. Chefe da nação vergonhoso em todos os sentidos. Agride povos e nações e fica por isso mesmo.

As atitudes de Lula não têm grandeza. Insultam e humilham. Bobagens de Lula não param: chamou adversários de “imbecis”. Ele é o quê? Alguma flor que se cheire? Faltam mais espelhos no Planalto e no Alvorada.

DUPLA DINÂMICA – Reeleger figura tão patética e deprimente vai diminuir o Brasil e os brasileiros aos olhos do mundo civilizado. Quem tem o arrogante Celso Amorim como conselheiro, não precisa mais de inimigo.

E a vaidade abunda em Brasília. Flávio Dino e Alexandre de Moraes, adoradores de holofotes, implacáveis justiceiros e parceiros de ideais, juntos no Supremo Tribunal Federal (STF). Redes sociais elegerão o mais vaidoso e o mais eloquente. A nação escolherá quem receberá o troféu de notável top star do mundo jurídico.

A ENCICLOPÉDIA – Coitado do mestre dos mestres, Nilton Santos, a “enciclopédia do futebol” que virou nome de estádio. Com muros pichados por torcedores protestando com razão, porque o atual Botafogo realmente é ruim. Único time que teve a honra e glória de contar com Nilson Santos foi o Botafogo.

O alvinegro carioca que encantava os torcedores, com craques como Didi, Jairzinho, Gerson, Garrincha, Paulo Cesar Caju, Amarildo e Zagallo. Nos áureos tempos, o Botafogo era o time que tinha mais jogadores convocados para a seleção brasileira.

Amigo de fé, mais idoso do que eu, general Agenor Homem de Carvalho, lembra de Heleno de Freitas. Craque. Brilhou também no futebol de praia, pelo famoso “Lá vai bola”. Adorado pelas mulheres. Morreu trapo de gente. Demente e internado, com frequência, por alcoolismo, em sanatórios. Aposto que outro bom amigo, Nélio Jacob, concorda com o general Agenor.

HEXA NA AREIA – Com muita emoção, os jogadores da seleção brasileira de futebol de areia se apresentaram neste domingo, com transmissão ao vivo pela televisão.

É uma equipe maravilhosa, que impressiona pelo belo futebol,a simplicidade e patriotismo. Sem medo, dão exemplo aos famosos e milionários jogadores da seleção de futebol.

Abraçados e unidos, cantaram o Hino Nacional com prazer. Alto e forte, como todo atleta deve fazer. Depois, derrotaram a Itália por 6 a 4.

Em jantar, Dino e ministros alinharam resposta do Supremo ao ato na Paulista

Charge do Kleber Sales (Correio Braziliense)

Denise Rothenburg
Correio Braziliense

O jantar de despedida de Flávio Dino do Senado e de chegada ao Supremo Tribunal Federal reuniu todos os ministros da Suprema Corte e senadores de partidos aliados do governo. No encontro, aproveitaram para discutir, informalmente, o que vem por aí para o STF no pós-25 de fevereiro, data em que Jair Bolsonaro reunirá seus apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo.

Há praticamente um consenso sobre a necessidade de seguir o ritmo. Se o ex-presidente escalar a tensão, o STF não ficará parado. Assim, na verdade, soaram os primeiros acordes entre Dino e os demais ministros de Supremo, que o trataram como “colega de casa”.

ANISTIAEm tempo: os generais suspeitos de apoiar uma tentativa de golpe também foram assunto das rodas de conversa. Só as investigações dirão quais deles estão sob risco de prisão.

Agora, já existe uma nova realidade e os ministros têm de se posicionar sobre a proposta de anistia feita por Bolsonaro neste domingo;

EMENDAS – A reunião entre os integrantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e os ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi nada produtiva. Pelo menos, na avaliação de deputados que acompanharam o resultado do encontro. É que, ao marcar uma nova rodada de conversa para 7 de março, o Poder Executivo apenas ganhou mais tempo.

A reunião deixou muita gente desconfiada de que o governo arraste, ainda mais, a liberação das emendas de 2024, de modo que fique impossível liberar tudo antes das eleições. Detalhar cronograma, conforme avisou o governo, é prerrogativa do Poder Executivo. Logo, a briga não terminará tão cedo. A ideia do Poder Executivo é liberar o que há na área de saúde e de assistência social. O restante deve esperar o pós-eleição.

Campanha pela anistia de Bolsonaro começou no comício de amigos do golpe

Leia a íntegra do discurso de Bolsonaro na avenida Paulista

Bolsonaro usou o ato para defender a anistia aos golpistas

Vinicius Torres Freire
Folha

O comício de Jair Bolsonaro foi uma tentativa atabalhoada e desesperada de demonstrar força política, um ensaio do poder do capitão das trevas de levar multidões tumultuárias às ruas. É parte da campanha de evitar a condenação de Bolsonaro, claro, através da anistia que ele mesmo se encarregou de propor, em seu discurso.

O medo de prisão por colaboracionismo ou outras bolsonarices é compartilhado pelo PL; um quarto da Câmara é solidária no medo. Muitos mais têm medo da polícia em geral.

BUSCA DA ANISTIA – Mais do que isso, a presença de governadores e prefeitos no palanque dos simpatizantes do golpe também foi parte desse movimento incipiente pela anistia de Bolsonaro. Anistia: qualquer arranjo que evite a prisão.

É o que dizem lideranças políticas relevantes, ora aliadas de Bolsonaro ou de bolsonaristas como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Um acordão parece agora implausível, por motivos vários. Evidências e indícios de crimes de Bolsonaro e turma se amontoam; há o risco de que mais provas apareçam. Além do mais, a maré de rejeição ao capitão no sistema de poder ainda está em alta; o governo Lula pode ser um sucesso de público.

E VEM A ELEIÇÃO – A avaliação da utilidade política de Bolsonaro, em 2026 ou na disputa pelo comando do Congresso em 2025, ainda depende de resultado da eleição municipal.

Até mesmo a campanha da maioria do Congresso contra o Supremo, na qual o capitão quer pegar carona, pode se concentrar na facilitação da impunidade dos parlamentares e largar Bolsonaro. Campanha haverá,  com necessidade de permissões especiais do Congresso para investigação e processo de parlamentares, redução de prerrogativas do Supremo etc.

Portanto, ora é difícil de acreditar em movimento mais ou menos ruidoso pela anistia. Mas a hipótese não é do jornalista, é de lideranças que sobrevivem no poder desde Lula 2, passando por Dilma Rousseff, Michel Temer e Bolsonaro.

OUTROS FATORES – Convém prestar atenção na hipótese também porque acordão e medo da cadeia têm sido fatores centrais da política desde 2014. A tentativa frustrada de acerto, então inviável, foi um motivo da deposição de Dilma. Parte dos líderes do impeachment queria apoio para fugir da Lava Jato, como é óbvio.

Levou tempo, mas sobreveio um acordão para acabar com o lava-jatismo, o que continua, com os processos contra os líderes dessa onda demagógica e com o cancelamento de penas e multas contra empresas da bandalha.

Houve baixas pesadas, mas o acordão venceu, no meio e no fim das contas: os partidos do mensalão, do petrolão e de tantas corrupções estiveram no centro do poder de 2016 a 2022, de Temer a Bolsonaro.

CONTRA LULA – A Lava Jato teve apoio do sistema de poder porque havia um acordão tácito também para acabar com Lula e o PT; para fazer com que a direita ou “liberais” chegassem ao governo federal. Por meio de eleição, não estava dando.

Ao perceber que esse arranjo saíra do controle, pois resultou nas trevas do capitão, com risco de desastre ainda maior, parte do sistema de poder acertou-se para libertar Lula. São arranjos tácitos, misturas de ativismos com aceitação quieta das mudanças e até adesões explícitas, como a do centro que se juntou a Lula 3 em 2022.

Temer ficou no poder por cumplicidade da Justiça e por liderar o semipresidencialismo de ocasião. Bolsonaro ficou no poder por popularidade bastante e por ter entregue o governo ao centrão.

À BASE DE ACORDÃO – Depois disso, a Justiça superior passou a pesar a mão do lado antibolsonaro da balança. As instituições funcionam à matroca, à base de acordão.

Resta saber se a direita de sempre vai considerar que a prisão de Bolsonaro e turma pode ser um ponto para a esquerda. Ou se o baixo clero, o Congresso quase inteiro, vai empatizar com seu representante maior.

Ou se parte da elite ainda vê utilidade no capitão das trevas, por falta de alternativa.

Estados Unidos são cínicos ao atacar a Rússia por violar direitos humanos

AI image of an 'unwell' Julian Assange sparks calls for his release -  OECD.AI

Julian Assange, o jornalista mais perseguido do mundo

Glenn Greenwald
Folha

Os seres humanos são tribais. O tribalismo moldou nossa evolução e, por isso, poucas coisas nos trazem mais prazer do que nos unirmos em torno de traços comuns — a nação, os partidos, a ideologia. Um de nossos prazeres é apontar os erros de tribos inimigas.

Esse tribalismo ficou em evidência nos Estados Unidos na última sexta-feira (16). A morte do opositor russo Alexei Navalni em uma prisão na Sibéria foi condenada por líderes norte-americanos de ambos os partidos: dos liberais Joe Biden, Hillary Clinton e Bernie Sanders à presidenciável republicana Nikki Haley e muitos senadores de direita.

ILUSÃO SEDUTORA – A mensagem era clara: os EUA podem não ser perfeitos, mas pelo menos não perseguem e matam seus dissidentes como faz a Rússia. Essa é uma ilusão sedutora, que permite aos EUA se sentirem superiores.

A reação não foi de todo despropositada. Quando uma pessoa saudável é presa, fica doente na prisão e morre, é razoável imputar a culpa ao governo responsável pela prisão. Faria bem, aliás, que as autoridades brasileiras adotassem essa régua.

É, porém, difícil crer que as elites norte-americanas creiam nesses princípios elevados. Os EUA não só têm aprovado o assassinato de seus cidadãos por seus aliados estrangeiros como vêm fazendo de tudo para calar seus críticos mais ferozes.

NA UCRÂNIA – Em maio de 2023, Gonzalo Lira, um cidadão chileno-americano, foi preso pela segunda vez por autoridades ucranianas. Lira morava na Ucrânia desde 2016, tendo-se casado com uma mulher ucraniana. O crime de Lira? Suas críticas ao presidente ucraniano Volodimir Zelenski e sua insistência em dizer que a Ucrânia e seu maior apoiador, os EUA, mentem sobre a guerra.

Ele foi preso acusado do crime de “disseminar desinformação pró-Rússia”. Semanas antes de sua prisão, Lira publicou um vídeo implorando pela ajuda de seu governo, alertando que seria mandado para a prisão e que poderia ser morto pelos ucranianos.

No início do mês passado, o consulado dos EUA em Kiev informou que Lira, até então saudável, havia morrido em 11 de janeiro, de pneumonia, na prisão.

FOI ABANDONADO –  O pai de Lira, um economista chileno, me disse em entrevista na semana passada que os funcionários consulares se recusaram a ajudar seu filho e a dar qualquer informação sobre sua morte, tendo tampouco cobrado o estado ucraniano pela liberdade e vida de seu filho.

As semelhanças entre os casos de Navalni e Lira são gritantes. Ambos eram críticos dos governos que os prenderam e os deixaram morrer na prisão. No entanto, nenhum dos políticos americanos que agora condenam ruidosamente a Rússia mencionaram a morte de seu concidadão por seu aliado Zelenski.

Há também os inúmeros casos de cidadãos dos EUA mortos por Israel: um país financiado e armado por Washington, mas raramente criticado, pelos EUA.

JORNALISTA ASSASSINADA – Em maio de 2022, o Exército israelense matou a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, enquanto ela cobria uma operação militar no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia. As Forças de Defesa de Israel negaram qualquer relação com a morte, até que uma investigação atestou sua culpa.

No mês passado, o Exército israelense matou um adolescente americano na Cisjordânia, Tawfic Abdel Jabbar. Nenhum representante americano condenou Israel pela morte de seus compatriotas.

Não se pode esquecer dos ataques dos EUA contra seus próprios Navalnis. Julian Assange está há quase quatro anos apodrecendo numa prisão inglesa, batalhando pela vida porque o governo dos EUA —primeiro sob Trump, e agora Biden— insiste na sua extradição e prisão pelo “crime” de expor crimes de guerra cometidos por Washington.

CASO DE SNOWDEN – E, é claro, Edward Snowden, que continua sem poder sair da Rússia, procurado pelo crime de expor espionagem ilegal e inconstitucional por parte do governo do EUA.

Ainda que os norte-americanos prefiram continuar cegos, o resto do mundo pode ver que o governo dos EUA não segue os princípios que impõe ao resto do mundo.

Sempre que algum líder mundial é cobrado por jornalistas dos EUA ou do Reino Unido por ataques à liberdade de imprensa que teriam cometido, a réplica sempre lembra dos casos de Assange e Snowden para dizer que os EUA não têm credibilidade para criticar os outros países.

CORTINA DE FUMAÇA – No Ocidente, a propaganda nos ensina que é uma cortina de fumaça quando os líderes estrangeiros apontam as hipocrisias dos EUA a respeito de direitos humanos.

Argumentam que os EUA devem sim cobrar os outros países, mesmo que internamente pratiquem os mesmos abusos e violações de direitos.

No entanto, o que se convencionou chamar de cortina de fumaça é o verdadeiro teste. É sempre fácil criticar um governo estrangeiro do outro lado do mundo. Difícil é criticar o seu próprio lado.

Jair Bolsonaro propõe que todos sejam anistiados, inclusive os vândalos do 8 de Janeiro

Bolsonaro reúne milhares na Paulista e em discurso fala em abuso de alguns  no país - 25/02/2024 - Poder - Folha

Jair Bolsonaro criticou o rigor nas penas dos condenados

Deu no R7 e no UOL

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou durante o ato na avenida Paulista convocado em sua defesa neste domingo (25). Segundo ele, a suspeita da Polícia Federal de que houve uma tentativa de golpe de Estado por parte de seu grupo político é infundada.

“Agora querem entubar a todos nós que um golpe, usando dispositivo da Constituição, cuja palavra final quem dá é o parlamento brasileiro, estava em gestação. Creio que está explicada essa questão. Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas o que eu busco é a pacificação, passando uma borracha no passado,” disse o ex-presidente.

“Nós já anistiamos, no passado, quem fez barbaridade. Agora, nós pedimos a todos um projeto de anistia no nosso país. E quem depredou o patrimônio que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Pobres coitados que estavam no dia 8 de janeiro,” acrescentou.

ENERGIA E GARRA – O ex-presidente também comentou a adesão de manifestantes no ato: “Vocês nos trazem esperança, energia, garra, certeza que temos como vencer. Nós não queremos um socialismo para o Brasil e não podemos admitir um comunismo em nosso meio. Não queremos ideologia de gênero e queremos respeito à propriedade privada. Queremos direito à defesa da própria vida, respeito à vida desde a concepção, não queremos a liberação das drogas,” disse.

De acordo com os organizadores, cerca de 700 mil pessoas compareceram à manifestação. Aliados do ex-presidente também estavam presentes. Além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), compareceram o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) e a vice-govenadora do Distrito Federal, Celina Leão (Progressistas).

A ocupação principal de manifestantes se concentrou no Museu de Arte de São Paulo (Masp), mas se estendeu pela avenida Paulista.

MALAFAIA SE IRRITOU – Antes dos discursos, Silas Malafaia se irritou com pessoas não autorizadas que tentavam subir no trio. “Ô minha gente, que tá aqui embaixo fazendo confusão, só sobe quem tem pulseira verde. Por favor! Não vai subir, não adianta. Para que essa briga aí meu filho?”, disparou.

O Youtuber português Sérgio Tavares, detido mais cedo ao desembarcar no Brasil falou, no evento. “Eu vou garantir que a Europa e o mundo vão saber a verdade sobre o Brasil. O mundo vai saber que vocês precisam de liberdade, que vocês não podem ter censura. Não podem obrigar bebês a serem vacinados. Eu prometo essa mensagem vai correr a Europa e o mundo todo. Liberdade!”, disse.

Outros políticos foram anunciados após a chegada de Bolsonaro. Entre eles, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina e Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais.

ORAÇÃO DE MICHELLE – A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro falou na abertura do ato, às 15h em trio na altura do Masp (Museu de Arte de São Paulo).

Emocionada, a ex-primeira-dama e chamou o evento de “ato pacífico de civilidade”. Ela também agradeceu a presença de Tarcísio de Freitas: “Abriu as portas da casa dele para nós”, afirmou. Depois, fez uma oração.

Após Michelle, discursaram os deputados federais Gustavo Gayer (PL) e Nikolas Ferreira (PL).  Enquanto estavam no trio, os dois parlamentares observaram que havia pessoas passando mal no público por causa do calor. Na sequência, o senador Magno Malta (PL) tomou a palavra.

O pastor Silas Malafaia fez crítica a Lula. Organizador do evento, CRÍTICAS A LULA – Malafaia sugeriu que o Lula sabia das invasões no 8 de janeiro e, ao citar Moraes, disse que não tem “medo de ser preso”. Ele também afirmou que “Lula fez o Brasil ser vergonha para o mundo inteiro. A fala de Lula não representa o povo brasileiro”.

A declaração faz referência ao discurso do presidente no último dia 18, na Etiópia, quando Lula comparou os ataques à Faixa Gaza ao Holocausto, o que gerou críticas do governo israelense.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) em discurso, destacou o “legado de Bolsonaro”. Em sua fala, o governador de São Paulo afirmou que o ex-presidente “nunca pegou nada para si” e sempre deu o crédito para quem realizava ações durante sua gestão. “Presidente que sempre respeitou Israel”, acrescentou.

Bolsonaro tentou lembrar a aliados que brasa longe do fogo vira carvão

Em ato na Paulista, Bolsonaro sobe em trio com bandeira de Israel | O TEMPO

Boldonaro subiu no trio elétrico com a bandeira de Israel

Carlos Pereira
Estadão

Muitos dos aliados de Bolsonaro vivem um dilema difícil. Abandonar o ex-presidente para evitar desgastes políticos extras diante da exposição cada vez mais frequente de evidências robustas do seu envolvimento direto nas tentativas iliberais de fragilização frustrada da democracia brasileira? Ou assumir os custos políticos de manter a fidelização à Bolsonaro na expectativa de auferir retornos eleitorais por ser solidário ao ex-presidente subindo em seu palanque em momento de vulnerabilidade?

Quando se está vulnerável, especialmente diante de desvios que possam vir a acarretar punições judiciais, procura-se arregimentar suporte público não apenas para diminuir a fragilidade pessoal junto ao sistema de justiça, mas também para romper o isolamento e reaquecer o apoio político perdido.

ESTRATÉGIA CLARA – O ato público convocado por Bolsonaro neste domingo na avenida Paulista foi uma estratégia clara do ex-presidente de sinalizar para seus aliados que talvez ainda não tenha chegado a hora de abandoná-lo. E que, apesar de tudo, ainda valeria a pena arcar com os custos da proximidade com o ex-presidente, especialmente em ano eleitoral em que muitos deles são candidatos à prefeito cujo desempenho possa impactar nas suas ambições eleitorais futuras.

Bolsonaro aposta na expectativa de que aliados, especialmente aqueles que foram eleitos como consequência direta da influência de sua cauda longa (caottail effect), tanto para o Legislativo como para postos no Executivo subnacional, agora retribuam “pagando a conta” em um momento de grande dificuldade do ex-presidente.

Essa é o cálculo que que está sendo feito pelos aliados de Bolsonaro.

POSSÍVEIS CÚMPLICES – Por um lado, quanto mais próximo estiverem de Bolsonaro, mais susceptível que sejam observados de perto pela Polícia Federal e pela Justiça como cúmplices em um suposto projeto golpista do ex-presidente, o que poderá trazer consequências negativas não apenas eleitorais, mas especialmente junto à Justiça.

Por outro lado, se o aliado não mostrar solidariedade explícita ao ex-presidente em um contexto tão delicado, poderá ser percebido, especialmente pelos eleitores que nutrem uma conexão identitária com Bolsonaro, como traidor e sofrer sequelas devastadoras para a sua carreira política junto a esse eleitorado.

Neste domingo, Bolsonaro reaqueceu sua influência política e mostrou que as labaredas de sua fogueira ainda produzem brasas fumegantes e que aqueles que o abandonarem correm risco de virar carvão. Mas se não continuar sendo correspondido nessa estratégia, o próprio Bolsonaro é que corre riscos de ser percebido como fumaça.

Palavra de ordem no governo Lula é ignorar ato pró-Bolsonaro na Paulista

A CHARGE DE DOZE POR CENTO REJEITANDO O PT – Blog do Robson Pires

Charge do Nani (nanihumor.com_

Bela Megale
O Globo

Ministros garantiram à coluna que o ato público convocado por Jair Bolsonaro, em São Paulo, não será alvo de qualquer manifestação nas redes sociais, nem mesmo com teor irônico. A ordem no Palácio do Planalto é ignorar completamente o evento organizado pelos bolsonaristas.

No mês passado, a Secretaria de Comunicação da Presidência usou canais oficiais do governo para ironizar a operação da Polícia Federal que mirou o vereador Carlos Bolsonaro. A iniciativa foi criticada por investigadores, além de integrantes do próprio governo, por politizar a ação policial. Por isso, o Planalto não quer comentários,

PT PROTESTA – O PT, no entanto, tem reagido à manifestação. O diretório estadual do partido de São Paulo chegou a fazer uma representação no Ministério Público Eleitoral contra o ato, sob o argumento de que o protesto pode se converter num novo 8 de janeiro.

PT, PSB, PDT e Rede também lançaram, na quinta-feira, um manifesto contra o ato e em defesa da democracia.

‘Não vamos julgar a Lava-Jato’, afirma presidente do TRE que pode cassar Moro

Desembargador Sigurd Roberto Bengtsson toma posse como presidente do TRE-PR  para o biênio 2024-2025 — Tribunal Regional Eleitoral do Paraná

Sigurd Roberto Bengtsson garante independência do TRE

Rafael Moraes Moura
O Globo

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Sigurd Roberto Bengtsson, marcou para 1º de abril o início do julgamento das ações que podem levar à cassação do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), depois de semanas de suspense e disputas internas sobre a data, a forma e até a nomeação do juiz que completaria o quórum para possibilitar o início do processo.

Em conversa com a equipe da coluna, o magistrado nega sofrer pressão em torno do julgamento, diz que o tribunal não está sob a zona de influência de Moro e afirma que a Lava-Jato não tem nada a ver com o que vai ser enfrentado pelo plenário do TRE.

DUAS DECISÕES – Conforme antecipou o blog, os juízes tomaram duas decisões em uma reunião reservada antes do carnaval: ninguém terá acesso prévio ao voto do relator, Luciano Carrasco Falavinha; e cada um dos sete integrantes do TRE vai destrinchar o voto como forma de prestação de contas à sociedade.

Serão analisadas em abril duas ações — movidas pelo PT de Lula e pelo PL de Jair Bolsonaro — que apuram se Moro cometeu abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2022.

Tanto adversários quanto aliados de Moro avaliam que o senador tem mais chances de ser cassado no TSE do que no TRE do Paraná, que seria uma zona de influência do ex-juiz federal da Lava-Jato. Como o senhor vê isso?
É má-fé dizer isso, até porque revela um desconhecimento da composição do tribunal. Qual a composição do TRE? Temos dois juízes estaduais, que não atuaram em processos relacionados ao Moro (de Lava-Jato), dois desembargadores estaduais, que nunca atuaram em processo de Lava-Jato, dois juristas oriundos da classe dos advogados, e por fim temos uma cadeira da Justiça Federal, em que algum membro eventualmente pode ter participado de algum julgamento (de Lava-Jato), mas não desqualifica o juiz ter atuado em algum processo de operação.

A Lava-Jato não impacta o julgamento do ex-juiz, que foi eleito tendo como plataforma política justamente o combate à corrupção?
Estamos julgando abuso de poder econômico de um candidato. A questão é político-eleitoral, não tem nada a ver com a atuação de Moro na Lava-Jato, estamos fazendo julgamento com a prova dos autos. Não estou julgando a Lava-Jato. A Lava-Jato não tem nada a ver com o julgamento, a acusação é abuso de poder econômico (nas eleições de 2022).

Antes mesmo do julgamento, veio à tona uma foto da desembargadora Cláudia Cristofani, do TRE-PR, ao lado de Moro, nos anos 1990. Isso pode comprometer a isenção dela como julgadora?
Eu não vejo nenhum descrédito. Quando tomei posse no dia 1º, eu disse publicamente que tenho confiança na desembargadora. Não tem como imaginar um descrédito só de um juiz aparecer ao lado de outro juiz.

Existe risco de o julgamento ser travado por um pedido de vista?
Um pedido de vista não causa atraso, porque se tiver pedido de vista prossegue na outra semana, é um prazo pequeno, ninguém vai pedir vista e ficar com o processo por um mês. Vai ficar por uma semana, 10 dias no máximo (tempo previsto no regimento interno do tribunal).

O julgamento lançou os holofotes sobre o TRE e cada um dos seus membros. Esse tipo de exposição pública incomoda o senhor?
Não. O juiz não pode ser incomodado com pressão ou com o que os outros vão pensar. É parte da minha vida. Não vejo neste momento pressão nenhuma. Não fui pressionado, nenhum membro da corte foi e nem será.

É o julgamento mais importante da história do tribunal?
É o que tem mais, digamos assim, movimentado a imprensa, a sociedade, nessa parte de repercussão nos últimos anos. Isso sim. Não vou dizer o mais importante, todo processo é importante, da pessoa mais humilde ao vereador, deputado, senador.

O canal do tribunal no YouTube foi alvo de uma tentativa de ataque hacker. O fato de ter ocorrido em meio à expectativa com o julgamento é mera coincidência?
Foi um ataque hacker que aconteceu em vários lugares, foi a nível mundial, pelo que me foi dito pelo setor de informática. Aconteceu em vários países, não foi um fato isolado. Não teve nenhum dado do tribunal que foi hackeado. Foi só no canal do YouTube. Isso não compromete a segurança, não tem nada que possa ter alguma relação com o julgamento. Estamos tomando precauções para que não se repita.