Demétrio Magnoli
Folha
Zuckerberg decidiu imitar o X e, como Musk, eliminou as ferramentas de checagem factual externa do Facebook e do Instagram, plataformas da Meta. Antes do anúncio oficial, ajoelhou-se diante do rei, oferecendo a informação a Trump.
Fora dos círculos extremistas, a notícia provocou algum escândalo, pelas razões menores. A novidade relevante quase passou desapercebida: os dois veículos de mídia global baseados nos EUA pretendem ser agências semi-oficiais.
CAPITALISMO DE ESTADO – Ideologia dissolve-se no ar. A conexão de Musk com Trump é sólida como aço: os negócios multibilionários da SpaceX com a Nasa e a proteção estatal da Tesla diante da concorrência chinesa.
A elevação do magnata a assessor do presidente eleito e a chefe de um poderoso departamento governamental desenha os contornos de um capitalismo de Estado pós-moderno.
A Meta leu as palavras no muro. Junto com a extinção da checagem, adicionou a seu conselho a figura de Dana White, CEO do UFC, amigo e estrategista de Trump. Os gestos paralelos, uma peregrinação a Canossa de Zuckerberg, destinam-se a cancelar uma trajetória de atritos na qual o líder do Maga (Make America Great Again) chegou a prometer que faria o dono da Meta “passar o resto de sua vida na prisão”.
ERROS E CENSURA – Foram “muitos erros” e “censura em demasia”, justificou Zuckerberg. Não faltam clamores pela censura nas redes. Há, particularmente na militância identitária, os que querem atribuir às plataformas o dever de vetar discursos que contestam sua cartilha ideológica.
No Brasil, Alexandre de Moraes pratica censura prévia por meio de ordens judiciais envoltas no manto do segredo – e ganha aplausos daqueles que condenariam indignados o juiz bolsonarista engajado na remoção de suas próprias postagens. Mas, ao invocar a liberdade de expressão, o X e a Meta torcem o conceito até esvaziá-lo de significado.
Liberdade de expressão é, sempre, exclusivamente, o direito de quem diverge do governo – e isso pela simples e óbvia razão de que o livre discurso dos detentores do poder estatal jamais corre perigo.
O QUE BUSCAM? – A derrubada da checagem não tem o intuito de preservar esse direito. De fato, o que buscam os dois magnatas é a hegemonia da Casa Branca na arena do debate público. Liberdade, para eles, é a liberdade absoluta dos algoritmos para selecionar, customizar e impulsionar postagens.
“Nossos algoritmos do Meta exploram a atração do cérebro humano pela divisão”, segundo um slide utilizado numa apresentação estratégica interna da empresa. O negócio das redes é o extremismo, nos seus discursos legais ou criminosos.
As postagens que ganham ampla circulação originam-se de uma diminuta minoria de usuários, mas têm a preferência dos algoritmos. A aliança das plataformas com Trump tende a refinar ideologicamente ainda mais a seleção de conteúdos. É por isso que a checagem precisa ser abolida.
DOIS PRAVDAS – Checagem factual, uma prática cotidiana dos veículos da imprensa profissional, não se confunde com censura. Na regulação democrática de redes adotada pela União Europeia, a checagem obrigatória não derruba discursos errôneos legais, mas alerta para a verdade factual.
Pravda, “verdade”, em russo: eis o nome do principal jornal oficial nos tempos soviéticos. Na URSS, dizia-se que o jornal nunca tinha publicado uma única verdade. Trump ganha, antes ainda da posse, dois Pravdas.
É união contra censura ou apenas união pelo poder?
Ou pelas centenas de bilhões de dólares.?
Ou pelas centenas de bilhões de dólares.?
BINGAÇO AÇO AÇO!
Amigão, acertou no olho da mosca!
Que mira!!!
👏👏👏👏👏👏
Um fraterno abraço,
José Luis
Gosta?
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https://youtu.be/3woPVQExDsQ?si=rqitkmG6iqLRQKbE
Como estamos na Velha República Tardia, cuja oligarquia patrimonialista tem a cabeça em meados do século passado, se muito, e mostra-se neoludista, contrapondo-se a qualquer avanço tecnológico que supere a Era da Máquina de Escrever em que se situa. Os países do Quinto Mundo, comandado por pseudo-progressistas, serão eternamente bananeiros enquanto estes seres jurássicos estiverem nos governos. O vitimismo agora tem o Trump como causa externa. Até parece que ele tomou de assalto o governo. Quem não tem responsabilidade e competência sempre passará suas limitações para causas externas, para assim continuarem como são. Este é um ponto.
Outro ponto é que a Meta não está tirando todo o controle de suas redes sociais, mas levando esta tarefa para um âmbito bem mais amplo, seus bilhões de usuários, através do seu feedback e denúncias. Não tenho dúvida que este método é mais democrático que as instituições reguladoras. Que se tornam algo muito preocupante quando se trata de países sem compromissos sólidos com a Democracia. Uma coisa é regulamentar e regular outra é censurar.
O articulista não deixa de relatar como a coisa tem sido conduzido por cá.
Esta demonização da direita não me parece algo razoável, notadamente numa democracia que pressupõe a alternância de poder entre as várias posições políticas, ainda que repudiemos ideologicamente esta ou aquela. O pensamento único é coisa de ditaduras explícitas e disfarçadas, assim como de governos atrasados e incapazes de apresentarem projetos de superação das limitações estruturais de seus respectivos países.
Ademais, exigir uma postura de oposição dogmática de quem produz riqueza, capital que se posicione contra os governos de seus páises de origem é uma doideira. Sem contar que o Trump, de “extrema direita” está propondo a plena satisfação da Primeira Emenda da sua constituição. A censura tem sido mais abraçada pelos “progressistas”. Trata-se da censura do bem. Há uma inversão inacreditável de valores..
Hoje a democracia virou uma prostituta de quem se diz democrata e apoia ditaduras medievais fundamentalistas.
Deveríamos estar mais preocupados com nosso ultrajante atraso tecnológico do que ficar tentando barrar quem já está há séculos de distância.
O tempo não para.
Tem gente acreditando que uma estatal será a solução pro nosso absurdo atraso tecnológico.
Olhando a realidade, com certeza, será mais uma fonte de déficit, com resultados muito pífios, a menos que esta tendência estatística seja revertida.
Desenvolver tecnologia no âmbito da burocracia estatal não me parece algo factível.
Pra não ser extemamente pessimista, pelo menos colocam um dedo fora da intenção neoludista de “segurarem” as big techs. Um fiozinho microfísico de luz.