Julgamento do falso golpe é o ponto mais baixo que o Judiciário já chegou

Tribuna da Internet | Plano do novo golpe deve ter sido escrito pelo  roteirista dos Trapalhões

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

J.R. Guzzo
Estadão

Foi ao ar, diante de um mundo político e uma elite cultural moralmente castrados, mais um capítulo do maior embuste jamais montado pelo Supremo Tribunal Federal na história deste país. O que estão fazendo ali, sem o menor vestígio de vergonha na cara, é um processo em que as sentenças já foram dadas e os réus já estão condenados antes de se iniciar o julgamento.

É o processo do “golpe armado” que não teve nenhuma arma, não podia derrubar o governo de país algum do planeta e do qual, até agora, os acusadores não conseguiram apresentar o mais miserável fragmento de prova que possa ser levada a sério por alguém.

EM FATOS CONCRETOS – Observações estritamente factuais como essas (ou “fáticas”, no patuá falado pelo STF), são automaticamente classificadas como “bolsonaristas”, “golpistas” ou de “extrema direita” – ou sabe lá Deus de qual outra vilania se possa imaginar.

Tudo bem, mas quem acredita que isso aí é mesmo um julgamento, tal como a ciência do Direito entende o significado da palavra “julgamento”, precisaria responder a pelo menos uma pergunta: você acredita, honestamente, que Alexandre de Moraes e os demais ministros vão absolver algum dos acusados, um pelo menos que seja?

É claro que nem o militante mais fanático do STF acredita, realmente, numa miragem como essa. As razões que invocam são conhecidas. Os réus têm mesmo de já estar condenados, dizem, porque são culpados; na verdade, nem seria preciso fazer julgamento algum, de tão culpados eles são.

CADÊ AS PROVAS? – O golpe só não foi dado porque os golpistas não conseguiram o que queriam – ou seja, iam para Marte, mas não foram porque não deu para ir. Há provas “robustas” – mas na hora de citar alguma delas, pelo menos uma, tudo o que conseguem é repetir coisas que a polícia diz.

Que raio de prova é isso aí? Se as acusações da Polícia Federal e da Procuradoria foram elevadas à condição de verdade, para que servem juízes, julgamentos e os onze ministros do STF? Foi o que se viu, objetivamente, na decisão da câmara de Moraes de aceitar – é claro que aceitou – as denúncias contra seis dos acusados.

Nada ali, mas nada mesmo, pode ser provado. É falso, já de cara, que os réus, formavam o “Núcleo 2″ do “golpe”, como diz a acusação. Nunca existiu “Núcleo 2″ nenhum, ou 1 ou 3, ou qualquer número – isso é criação exclusiva das 900 páginas do relatório da polícia. Daí para frente, só piora.

A MINUTA SUMIU – O ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, é acusado de ter escrito a célebre “minuta do golpe”. Mas até agora a “minuta” não apareceu; a defesa, pelo menos, nunca teve acesso a ela.

Como estão dizendo que Martins participou de um golpe se não há prova nenhuma de que ele, que sequer é advogado, escreveu a tal minuta?

Pelo que diz a PF, trata-se de um pedaço papel sem assinatura de ninguém, no qual não se fala de golpe, e sim de um possível pedido para o Congresso Nacional autorizar a decretação de estado de sítio, ou de emergência.

IMPEDIDOS DE VOTAR? – O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, por sua vez, é acusado de impedir a movimentação de eleitores de Lula no dia da eleição de 2022. Não se apresentou até agora, mais de dois anos depois, um único eleitor realmente lulista que tenha sido realmente impedido de votar naquele dia.

Não se explicou, também, como o réu poderia saber quem ia votar em Lula – teria de saber, se a acusação diz que ele bloqueou a passagem dos eleitores lulistas pela estrada. Há denúncias de troca de mensagens sobre a votação de Lula no primeiro turno – mas isso era de conhecimento público.

Não se julgou necessário, também, apresentar nenhuma prova material contra o general Mario Fernandes, acusado do pior crime que o “golpe” queria cometer, segundo a PGR e a PF – o assassinato de Moraes, de Lula e até do vice Geraldo Alckmin pela “Operação Punhal Verde-Amarelo”.

MORTES ANUNCIADAS – Onde está demonstrado que ele iria mesmo matar os três, ou pelo menos um? Não está – o que existe na denúncia é um “tudo indica” que ele poderia ter planejado as execuções.

No caso de Lula, pelo que deu para entender, a morte seria por envenenamento, quando ele fosse para “o hospital” – não tendo se explicado o que os golpistas fariam se o presidente não ficasse doente antes do “golpe”.

A coisa vai por aí afora, e daí para baixo, em todas as acusações que o STF aceitou levar a julgamento – uma maçaroca de declarações que seria posta para fora de qualquer tribunal de país civilizado.

QUALIDADE ZERO – O resto do pacote é do mesmo nível de qualidade. Moraes se recusou a intimar testemunhas de defesa. Insistiu que tem o direito de julgar crimes dos quais ele próprio é vítima, alegando que a vítima, no fundo, é o “Estado de direito” – e chamando os que discordam dele, mesmo juristas comprovadamente sérios, de “milícias digitais”. Proibiu os advogados (e todo mundo) de levarem celulares à sessão de julgamento. Debochou dos acusados fazendo uma piadinha sobre a morte do Papa.

É esta a justiça imparcial que os réus vão receber dos seus julgadores quando as sentenças finais forem assinadas. É a descida do judiciário brasileiro ao ponto mais baixo a que já chegou até hoje – uma conduta de republiqueta totalitária que desonra o STF e todos os que decidiram fechar os olhos para a desordem jurídica que os ministros impuseram ao país.

5 thoughts on “Julgamento do falso golpe é o ponto mais baixo que o Judiciário já chegou

  1. Quando encontrares uma víbora em teu caminho, mata-a imediatamente ! Se apenas cogitares, pagarás mais tarde pela hesitação ou por não ter tentado (e ainda criarão uma narrativa para te acusarem de ter tentado).
    Wildson Villar

  2. Encontrei a arma que ia dar o golpe, todo mundo tinha e tem essa arma, é a de dar tiro de feijão.
    Ou proíbe-se o plantio de feijão como munição ou a próxima tentativa vai feder em Brasília.
    O fracasso do dia oito se deveu ao fato que os amotinados enfrente ao quartel estavam numa churrascada de picanha e cerveja. Esqueceram-se da munição.
    Feijão.
    Sem feijão, não tem revolução.

    • Correção.
      Em frente.
      Sem feijão, não tem golpe e nem revolução.
      Para uma Revolução dos Cravos, temos uma Revolução do Feijão.
      De Lombroso a Dorian Gray, se comer muito feijão ou feijoada já é o estereotipo de um golpista, mas se ainda possuir um batom, já é um terrorista nato, pior que um homem bomba do Talibã.
      Em tempo, para uma Revolucion de Paredon temos a Revolucion de Feijon.
      Redução de danos.
      Ainda bem que nossa terrorista do batom não foi pega pelo Mossad ou CIA, estaria desgraçada pelo resto da vida, com a nossa inteligência pegou só uns míseros 14 anos de cadeia.

  3. Agora é um tributo a Capistrano de Abreu.
    Todo brasileiro tem que ter vergonha na cara e revoga-se as disposições em contrário.
    Os sem vergonha na cara, o PT.

    Claudio Humberto
    Para o PT, polícia em hospital era ‘desumano’

    Agora os petistas fazem silêncio sobre a intimação Jair Bolsonaro na UTI de um hospital a mando do STF, mas quando a Policia Federal localizou o ex-ministro Guido Mantega acompanhando a mulher no Hospital Albert Einstein, cumpriu mandado de sua prisão, na 34ª fase da Lava Jato, em 2016, os petistas reagiram “indignados”: o partido chamou a prisão de “arbitrária, desumana e desnecessária” e Gleisi Hoffmann de “espetáculo de humilhação”. Após depor, Mantega foi solto pelo juiz Sergio Moro.

    Assim é ‘covardia’

    Ex-ministro do Lula 3, Paulo Pimenta disse à época que “prender alguém no hospital é covardia. Não oferece risco, não tinha necessidade”.

    Coisa de ditaduras

    Então senador, Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou a prisão de Mantega no hospital como “ação muito comum em ditaduras”.

    Estado perseguidor

    Maria do Rosário (PT-RS) chamou a prisão de Mantega de “espetáculo deplorável”, uma “arbitrariedade” que “revelava perseguições”.

  4. Na falta dos tanques, canhões e fuzis dos terroristas, o porco da PF (Pocilga Federal) relacionou nos autos um bodoque e meia dúzia de bolinhas de gude, como prova material do golpe armado. Caroços de mamona e palitos de algodão doce apreendidos não foram relacionados.

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