Putin se oferece para negociar paz, mas desta vez quem atrapalha é Trump

Presidentes dos EUA, Donald Trump (D), e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discutem antes de renião na Casa Branca — Foto: SAUL LOEB / AFP

Biden apoiou a guerra, mas Trump enfraqueceu Kelensky

Deu em O Globo

Após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarar na sexta-feira que está pronto para manter negociações de paz com a Ucrânia “sem quaisquer condições”, propondo cessar-fogo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou seu colega pelos ataques a áreas civis no país vizinho nos últimos dias, dizendo que o russo “talvez não queira acabar com a guerra”.

Em uma publicação no Truth Social após seu encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em Roma, à margem do funeral do Papa Francisco neste sábado, Trump também comentou que Putin “talvez precise ser tratado de forma diferente”. E acrescentou: “Muitas pessoas estão morrendo!”.

DISSE PUTIN – Neste sábado, Moscou informou que Putin disse ao enviado de Trump, Steve Witkoff, durante a reunião na sexta-feira, que estava disposto a negociar uma solução para o conflito na Ucrânia “sem pré-condições”.

— Durante as conversas de sexta-feira com o enviado de Trump, Witkoff, Vladimir Putin reiterou que a Rússia está pronta para retomar as negociações com a Ucrânia sem quaisquer pré-condições — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acrescentando que Putin já repetiu isso diversas vezes no passado.

Mais cedo, o encontro entre Trump e Zelensky — o primeiro presencial entre os dois desde que, com o vice-presidente JD Vance, protagonizaram uma acalorada discussão no Salão Oval, no final de fevereiro — foi descrito como positivo por ambos os lados. Porém, não aconteceu uma segunda reunião, inicialmente prevista pela Presidência ucraniana, devido às agendas de ambos.

DISSE ZELENSKY – “Foi uma boa reunião. Conversamos bastante pessoalmente. Espero que consigamos resultados em todos os pontos discutidos”, escreveu Zelensky nas redes sociais após o encontro, acrescentando que ambos falaram sobre uma trégua “total e incondicional”.

Ele também descreveu a reunião como “muito simbólica”, destacando que ela “poderá se tornar histórica se alcançarmos resultados conjuntos”.

Por sua vez, o diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung, afirmou que os líderes “se encontraram em caráter privado e tiveram uma discussão muito produtiva”, acrescentando que mais detalhes seriam divulgados posteriormente.

ATAQUES RUSSOS – A viagem de Zelensky ao Vaticano ocorreu após uma grande ofensiva russa às cidades ucranianas de Kiev, a capital, e Kharkiv, o que o levou a encurtar a visita que fazia à África do Sul nesta semana.

Na sexta-feira, a Ucrânia também negou que a Rússia tenha recuperado o controle de Kursk, a região de fronteira onde os ucranianos haviam lançado uma ofensiva surpresa no ano passado. Mais cedo, Putin disse que já controlava Kursk. Mas o Exército ucraniano afirmou que suas tropas ainda estão combatendo na área.

Pouco depois de chegar a Roma na sexta-feira, Trump defendeu que Ucrânia e Rússia realizem “negociações de altíssimo nível” para pôr fim à guerra de três anos, iniciada com a invasão russa. A declaração ocorreu após Witkoff se encontrar com Putin no mesmo dia, e Trump afirmou que ambos os lados estavam “muito próximos de um acordo”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Como está em moda hoje na política e na diplomacia, as diversas partes envolvidas constroem narrativas próprias, bem diferentes umas das outras. Nesta guerra, nenhum dos três envolvidos tem razão, cada um age à sua maneira. Mas é preciso entender que a Ucrânia provocou a guerra lá atrás, ao hostilizar a população russa da Criméia.

Depois, a Ucrânia resolveu aderir à OTAN e a guerra recrudesceu, com entusiasmado apoio europeu e americano. Agora Trump fechou a torneira dos dólares e dos armamentos, os europeus também se retraíram e a Ucrânia está cada vez mais fragilizada diante da Rússia e endividada junto aos EUA e à Europa.

Com isso, a Rússia vai negociar a paz em condição de superioridade. Detalhe importante: o Ocidente julgou que a guerra levaria o governo Putin à falência, mas isso não aconteceu, embora as bilionárias reservas financeiras russas estejam bloqueadas no Ocidente.

Estamos chegando aos últimos capítulos. Mesmo assim, comprem pipocas. (C.N.)

8 thoughts on “Putin se oferece para negociar paz, mas desta vez quem atrapalha é Trump

  1. Não podemos esquecer da sugestão do molusco para acabar com a guerra. Um bar e uma mesa com PTiscos, cervejas e caipirinhas e com a turma da Rouanet cantando uns sons, essa guerra acaba na hora

  2. GRANDEZA, PODER E FORÇA DA IGREJA NUM DETALHE

    Trump e Zelensky se encontraram na Basílica de S. Pedro, no velório do Papa, e buscavam um lugar para conversar, sobre o conflito Rússia-Ucrânia certamente. Esperando, talvez, que lhes fosse disponibilizado um gabinete.

    Mas passou no momento um colaborador da Basílica e vendo-os ali, pegou duas cadeiras de uma mesinha e as colocou uma de frente à outra num canto do salão, onde ambos tiveram que se sentar e conversar como duas pessoas comuns.

    E continuou, o colaborador e seus parceiros, fazendo seu trabalho, naturalmente, como se nada de mais tivesse ocorrendo no local.

  3. É, fica assim. A Ucrânia está sendo esfacelada, gente de todas as idades morrendo com os bobardeios russos, falta-lhes água, comida, energia, escolas, moradia, sossego. Apesar de tudo Putin, que invadiu a Ucrânia sem razão plausível, é considderado bom moço. Zelynsky, ao contrário, é criticado e ridicularizado.
    Acho que agora estou entendendo por que gente como Lula e Bolsonaro têm participantes em seus comicios.

    • Abrólhos!
      “Os chulos da guerra.”
      Chris Hedges.
      A mesma cabala de gurus belicistas, especialistas em política externa e funcionários do governo, ano após ano, desastre após desastre, presunçosamente esquivam-se da responsabilidade pelos fiascos militares que orquestram. Eles são multiformes, mudando habilmente conforme os ventos políticos, passando do Partido Republicano para o Partido Democrata e depois voltando, mudando de guerreiros frios para neoconservadores e para intervencionistas liberais. Pseudo intelectuais, exalam um snobismo enjoativo da Ivy League enquanto vendem medo perpétuo, guerra perpétua e uma visão de mundo racista, em que as raças inferiores só entendem a violência.

      Eles são os chulos (pimps) da guerra, fantoches do Pentágono, um Estado dentro de um Estado, e o complexo militar-industrial financia generosamente os seus think tanks – Project for the New American Century, American Enterprise Institute, Foreign Policy Initiative, Institute for the Study of War, Atlantic Council e Brookings Institute. Tal como algumas espécies mutantes de bactérias resistentes a antibióticos, eles não podem ser derrotados. Não importa quão errados estejam, quão absurdas sejam suas teorias, quantas vezes mintam ou denigram outras culturas e sociedades como incivilizadas ou quantas intervenções militares assassinas correm mal. Eles são inamovíveis, os mandarins parasitas do poder que são vomitados nos últimos dias de qualquer império, incluindo o dos EUA, saltando de uma catástrofe auto-destrutiva para outra.

      Passei 20 anos como correspondente estrangeiro relatando o sofrimento, a miséria e os ataques assassinos destes vigaristas das guerras projetadas e financiadas. Meu primeiro encontro com eles foi na América Central. Elliot Abrams – condenado por fornecer testemunho falso ao Congresso sobre o Caso Irão-Contras e posteriormente perdoado pelo presidente George H.W. Bush para que pudesse voltar ao governo e vender-nos a Guerra do Iraque – e Robert Kagan, diretor do gabinete de diplomacia pública do Departamento de Estado para a América Latina – eram propagandistas dos brutais regimes militares em El Salvador e Guatemala, bem como dos violadores e bandidos homicidas que compunham as forças sem princípios dos Contras que lutavam contra o governo sandinista na Nicarágua, financiadas ilegalmente. O trabalho deles era desacreditar aa nossas bactérias

      “Tal como algumas espécies mutantes de bactérias resistentes a antibióticos, eles não podem ser derrotados” —————————– Não sei se essas pessoas são estúpidas ou cínicas ou as duas coisas. Elas são generosamente financiados pela indústria de guerra. Eles nunca são retirados dos media pela sua repetida idiotice. Eles entram e saem do poder, estacionados em lugares como o Conselho de Relações Exteriores ou o Instituto Brookings, antes de serem chamados de volta ao governo. Eles são tão bem-vindos na Casa Branca de Obama ou Biden quanto na Casa Branca de Bush.

      A Guerra Fria, para eles, nunca acabou. O mundo permanece binário, nós e eles, o bem e o mal. Nunca são responsabilizados. Quando uma intervenção militar rebenta em chamas, eles estão prontos para promover a próxima. Estes Dr. Strangeloves, se não os impedirmos, vão acabar com a vida como a conhecemos no planeta.”
      11/Abril/2022
      (Inteiro teor, em Resistir.info )

    • Se lembra da crise de mísseis em outubro de 1962 ? EUA iriam invadir Cuba, se isso fosse a frente, seria uma guerra sem razão plausível? Geopolítica não é o bem contra o mal, são interesses entre nações que estão em jogo.

      Por outro lado, deveria levar em consideração Euromaidan, golpes de estado na Ucrania e a guerra por procuração que aconteceu usando a Ucrania como bucha de canhão para enfraquecer a Rússia.

      Todos estão errados, a mídia ocidental doutrina os ocidentais com uma lavagem cerebral dando sua versão dos fatos como verdade absoluta. Veja outros veículos como indianos, chineses, iranianos e etc e tire suas próprias conclusões. Essa guerra poderia ter sido evitada em 2022 se a Ucrania aceitasse o acordo que foi oferecido na Turquia junto com Rússia, Alemanha, Reino Unido e EUA.

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