PIB será bom no primeiro trimestre, com risco de apagão no final do ano

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Charge do Miguel Paiva (Brasil 247)

 

Vinicius Torres Freire
Folha

A economia deve ter crescido pelo menos 1,5% no primeiro trimestre de 2025, em relação ao trimestre anterior, o final de 2024, dizem estimativas melhores do PIB (Produto Interno Bruto). Recorde-se que o crescimento do primeiro trimestre de 2023, forte, foi de 1,4%. Desde fins de março, as estimativas vêm sendo revisadas levemente para cima.

Sim, o resultado deve ser engordado por um bom desempenho da agropecuária. Ainda assim. No crescimento anual (primeiro trimestre de 2025 ante início de 2024), o agro contribuiria com um quinto do total do avanço. Serviços e indústria ainda teriam resultados positivos.

ENCOLHIMENTO – Sim, há expectativa de que o segundo semestre seja de encolhimento do PIB. O Índice de Confiança Empresarial do Ibre da FGV desceu a níveis de 2023, influenciado por expectativas. A avaliação da situação atual continua razoável, pois a economia se reanimou depois de uma virada de ano mais fraca.

No fim das contas, o ano de 2025 terminaria com crescimento em torno de 2%. Seria bem pior do que os 3,4% de 2024. Mas o Brasil cresceu em média 1,4% ao ano de 2017 a 2019, depois da Grande Recessão, antes da epidemia.

O resultado do primeiro trimestre ainda seria bom inclusive para o investimento (em novas instalações produtivas, máquinas, equipamentos, softwares etc.). O crescimento seria próximo de 4%. Pelo indicador do Ipea, a alta no trimestre encerrado em fevereiro foi de 4,4%.

SALÁRIO MÉDIO – O bom crescimento do crédito e do emprego ajudaram. Até março, o salário médio continuava a crescer 4% ao ano acima da inflação; a soma de todos os rendimentos do trabalho (“massa salarial”) crescia a 6,6% ao ano.

Mas, apesar do melhor desempenho em mais de década, o ambiente parece de mau humor difuso, que transparece na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e nas expectativas, “de mercado” ou da população.

Um motivo, vez e outra lembrado nestas colunas, é o fato de que o salário não aumentou muito nos últimos cinco anos, apesar da forte melhora recente: do momento anterior ao início da epidemia até agora, 6,5%. Não é lá grande coisa.

COVID E INFLAÇÃO – O desastre econômico da Covid e a inflação subsequente ainda pesam no bem-estar material, aqui e alhures (o que foi piorado pelo repique da carestia desde meados de 2024).

A gente se ocupa daquele meio ponto percentual da Selic e esquece do médio e do longo prazo, se esquece desses freios do ânimo, por exemplo um motivo importante da volta de Donald Trump, que vira o mundo do avesso.

Juros nos EUA, o valor do dólar, preços de commodities continuam a ter peso grande nas idas e vindas do crescimento do país. No curto prazo, um gasto maior do governo coloca mais lenha na fogueira, por vezes de modo excessivo, como desde 2023.

PERDER DE VISTA – Não importa muito o que o Banco Central faça: enquanto não se der jeito “no fiscal”, os juros de mercado continuarão altos a perder de vista, encarecendo o investimento, prejudicando a concorrência (criação de novos negócios) e atrasando o país.

Sim, há os problemas de funcionamento da economia. Apesar de reformas importantes (tributação, crédito etc.), ainda há muito a fazer e o efeito dessas mudanças leva tempo, como o investimento em pesquisa (falta), planos de inovação (faltam), escola.

Afora isso, temos de cozinhar um bom arroz com feijão macroeconômico, tecnicamente o mais simples, politicamente muito difícil. E assim continuaremos a discutir uns poucos décimos de porcentagem nos juros, no PIB etc.

3 thoughts on “PIB será bom no primeiro trimestre, com risco de apagão no final do ano

  1. O BRASIL TEM COMO ACABAR COM A FARRA DOS SINDICATOS EM NÍVEL NACIONAL, E SÓ COLOCAR A QUANTIDADE DE SALÁRIOS MÍNIMOS EM CADA PROFISSÃO .( 2 / SALÁRIOS MÍNIMOS, ATENDENTE DE LOJA , LIMPADOR , SERVENTE DE OBRA , VIGIA, ETC… ) , ( 3 / SALÁRIOS MÍNIMOS, COZINHEIRA, PADEIRO, ELETRICISTA, MOTORISTA, MOTOCICLISTA, VIGILANTES, PEDEIRO, CARPINTEIRO, CARTEIRO, ETC… 4 / SALÁRIOS MINÍMOS,TODOS DA SAÚDE SEM EXCESSÃO, ETC…

  2. Moody’s rebaixa nota dos Estados Unidos, que deixa de ser AAA pela primeira vez desde 1917

    Agência de classificação de risco Moody’s cita elevado endividamento do país, e rebaixa nota de crédito soberano dos EUA de Trump, de “AAA” para “Aa1”.

    O Globo, economia, com agências internacionais — Washington, 16/05/2025 18h21

  3. A economia do Brasil vai muito bem poderia ter dito o Professor Pagloss. Já no Estados Unidos vai muito mal.
    Urubulinos e Panglossianos escolhem quem fica bonito na fita.
    E o Papa hein?
    Não demora o Leão XIV sai das orações da esquerda e entra nos despachos.
    Se serelepes e buliçosos qual gato de moça velha os escribas farisaicos babavam de prazer ao afirmar que o novo Papa ia seguir o rastro do Francisco. Não seguiu.
    Ele definiu: Família é a união estável entre o homem e a mulher.
    E vem mais por aí, ele não é de festejar ditadores comunistas.

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