Bolsonaro quer lançar Michelle para seguir no jogo político rumo a 2026

Bolsonaro decide boicotar qualquer candidato de direita

Marcela Mattos e José Benedito da Silva
Veja 

Bolsonaro aposta em Michelle para continuar no jogo político rumo a 2026 Bolsonaro aposta em Michelle para continuar no jogo político rumo a 2026 Bolsonaro aposta em Michelle para continuar no jogo político rumo a 2026

Durante quase todo o mandato do marido, Michelle Bolsonaro fez questão de se manter uma primeira-dama discreta. Avessa à imprensa e aos holofotes, não dava entrevistas, não participava de reuniões ministeriais, não tinha ingerência sobre o governo e não fazia uma superexposição da rotina familiar nas redes sociais.

Com um gabinete no Palácio do Planalto, ela tinha atuação restrita à condução de programas destinados à população vulnerável e à inclusão de pessoas com deficiência, temas centrais de seus raros pronunciamentos.

TUDO MUDOU – Em meados de 2022, a postura mudou radicalmente. A campanha de Jair Bolsonaro detectou que a resistência das mulheres, uma massa de 53% do eleitorado nacional, era um dos fatores que colocavam em risco a reeleição do então presidente, acusado frequentemente de misoginia.

Era necessário um choque de imagem para reverter a situação. Foi aí que Michelle saiu das sombras e emergiu como um trunfo eleitoral pela primeira vez. Na época, ela foi a estrela da convenção que sacramentou a candidatura de Bolsonaro para mais um mandato.

O desfecho da campanha é conhecido. Bolsonaro não se reelegeu, recolheu-se em profunda tristeza no Alvorada e, ao invés de passar a faixa para Lula, embarcou para uma temporada nos Estados Unidos.

RUMOS DIFERENTES – Desde então, as carreiras dos dois tomaram rumos diferentes. Ele ficou inelegível, tornou-se réu por tentativa de golpe e corre o risco de ser condenado à prisão. Ela está em franca ascensão, consolidou-se como um ativo eleitoral e aparece com bom desempenho nas pesquisas, inclusive em cenários em que duela com Lula.

Ciente de suas dificuldades pessoais e do potencial da esposa, Bolsonaro resolveu lançar mão de Michelle mais uma vez como trunfo eleitoral. Por enquanto, apenas como uma forma de ele mesmo continuar com as rédeas do jogo.

Pressionado por aliados a escolher logo um substituto na corrida à Presidência e incomodado com as movimentações de líderes do centro e da direita para colocar uma candidatura alternativa na rua, o ex-presidente e alguns de seus principais aliados estão disseminando a versão de que Bolsonaro pode lançar Michelle ao Planalto.

EFEITO TEMER – Essa possibilidade ganhou força nos últimos dias, depois de o ex-presidente Michel Temer revelar que negocia com cinco governadores de oposição a Lula a formação de uma chapa única na corrida presidencial de 2026, que não teria como candidato, obviamente, o inelegível Bolsonaro. Na lista estão Tarcísio Gomes de Freitas (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr. (Paraná). Bolsonaro viu na articulação uma tentativa de tirá-lo do jogo desde já, não gostou e reagiu, incensando o nome da própria mulher.

Seu ex-ministro, advogado e eterno porta-voz Fabio Wajngarten foi o primeiro a externar o incômodo do chefe com as conversas em andamento. Ele chamou de “palhaçada” o projeto “Direita sem Bolsonaro” e ameaçou trabalhar por uma chapa em 2026 composta apenas por quadros do PL. “Eleição é voto e o bolsonarismo é a usina geradora deles”, escreveu Wajngarten em uma rede social.

MALAFAIA APOIA – Na sequência, o pastor Silas Malafaia publicou que o nome de Michelle aparece como o mais bem avaliado depois do ex-presidente. “O Bolsonaro vai dar um xeque-mate de mestre: ‘Vocês não me querem? Então engulam a minha mulher’. Aí eu quero ver quem vai se candidatar pela direita”, disse Malafaia a Veja.

“A Michelle está disposta a ir para o sacrifício. Eu digo e repito: ela tem a força das mulheres, a força dos evangélicos, a força dos bolsonaristas e de gente da direita. Ela é uma potência”, acrescentou.

Como o ex-presidente é considerado o maior cabo eleitoral no campo da direita, políticos envolvidos em conversas sobre candidaturas alternativas à do ex-presidente correram para contemporizar. Ninguém quer ser visto como um traidor do capitão nem arcar com as consequências de suas temidas desforras.

REPERCUSSÃO – De Nova York, Tarcísio de Freitas declarou que não existe direita sem Bolsonaro. Já Temer afirmou que sua articulação pode envolver também o ex-presidente, apesar de ele achar que no momento deve ser discutido um projeto, e não o nome que vai representá-lo nas urnas.

Comandando ofensivas em várias frentes para não ser preso e poder disputar a eleição em 2026, o que ele mesmo diz depender de um milagre, Bolsonaro não aceita ser considerado carta fora do baralho. Por ora, o plano Michelle é um tiro de alerta do capitão. Mas o que parece hoje improvável pode ganhar tração caso ele não sinta confiança na lealdade de políticos que lhe fazem a corte.

Um episódio ilustra bem o papel da ex-primeira-dama como trunfo eleitoral. Horas antes da manifestação pró-anistia realizada em Brasília no último dia 7, o pastor Silas Malafaia foi à residência do casal Bolsonaro e fez um diagnóstico sobre a situação de cada presidenciável. Após citar problemas de cada um deles, deu um veredicto aos dois: “Sobrou você, Michelle”.

ORANDO JUNTOS – Sem saber como reagir diante da constatação, ela o convidou a fazerem uma oração juntos. Quando questionada sobre seu futuro político, a ex-primeira-dama costuma dizer que entrega sua vida para o controle divino. Até recentemente, ela admitia uma candidatura pelo Distrito Federal ao Senado, Casa que o bolsonarismo quer dominar a partir de 2027, para tentar aprovar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Até pouco tempo atrás, o próprio ex-presidente sinalizava que o caminho de Michelle seria o do Legislativo. Nas últimas semanas, no entanto, quem esteve com ele garante que o capitão pode mesmo escalar a mulher para um projeto político mais ambicioso.

É uma mudança e tanto, impulsionada pelas circunstâncias atuais.

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NOTA DE REDAÇÃO DO BLOG
Não faltam exemplos. Depois de Isabelita Peron, inventaram Cristina Kirchner na Argentina, com resultados catastróficos. Agora, aqui no Brasil, só falta lançarem Janja contra Michelle, para transformar o Brasil numa gigantesca Argentina, como era antes de Itamar Franco, aquele presidente que não tolerava corrupção. A gente era feliz e não sabia. (C.N.)

3 thoughts on “Bolsonaro quer lançar Michelle para seguir no jogo político rumo a 2026

  1. Por favor, seu editor, sei que não foi se intento, mas evite o horror de mesmo de longe insinuar que essas duas inexpressivas senhoras possam se tornar responsáveis pela “orora” do nosso sofrido país.
    Por essas e outras é que muitos brasileiros se envergonham da pátria em que nasceram.

  2. CANJA X MICHEQUE.

    É o que fatalmente vai acontecer, Sr. Carlos Newton.

    Já cantei essa pedra aqui na TI.

    Será uma disputa do susto versus o espanto.

    Se formos realistas, essas duas arrivistas, não diferem e nada dos homens que poderiam fazer frente a essas duas “forças”, que parecem antagónicas, mas, são o mesmo lado de uma moeda.

    Não há uma única pessoa nesse cardápio presidencial, que inspire confiança, no sentido de tomar o país pelas rédeas e realizar uma total transformação neste país de loucos .
    Reparem que nenhum político pensa na população, ninguém debate educação, saúde e segurança.
    Todos tem apenas desejos próprios, de ganância e poder, sem medir escrúpulos.

    A falta de vergonha na cara não existe mais!

    Todos são ladrões conhecidos, filmados, fotografados, com roubos mais do que comprovados por investigações da POLÍCIA FEDERAL, e mesmo assim, desfilam em Brasília e por todo o Brasil, com a cabeça em pé, se dizendo que tudo não passa de intrigas dos oposicionistas.
    Seguem firmes, com um orgulho maior que o meu, que nunca roubei nada.

    Vemos crescer patrimônios e fazerem fortunas à luz do dia. Nenhum salário por melhor que seja, consegue deixar alguém milionário quase que da noite pro dia.

    Todos são oportunistas, com raríssimas exceções, mas essa meia dúzia de gatos pingados, não fazem frente a essas quadrilhas instaladas no poder.

    Eu já desisti, então que venha o debate dessas duas desclassificadas e vamos ver no que vai dar…

    Não torço evidentemente por nenhuma das duas, mas acho que a canja engole a maçaneta tranquilamente.

    É uma utopia isso acontecer, mas que seria divertido, seria.

    Seguirei o costumeiro conselho do Sr. Carlos Newton e vou comprar muita pipoca.

    Temos o pior congresso do mundo e assim, marca uma época de depredação do Estado, jamais vista.

    A sorte delas está lançada e a nossa desgraça também.

    José Luis

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