Crise do IOF abala relacionamento entre o ministro Haddad e Galípolo 

Galípolo não foi consultado pela Fazenda sobre aumento do IOF - Estadão

Galípolo não foi consultado , protestou e Haddad mudou

Josias de Souza
do UOL

Nos bastidores do governo, a crise produzida pelo vaivém na elevação das alíquotas do Imposto Sobre Operações Financeiras, o IOF, é tratada como uma “barbeiragem” de Fernando Haddad e sua equipe.

No Planalto, o recuo que evitou que a fumaça emanada do mercado evoluísse para um incêndio é parcialmente atribuído a um alerta transmitido a Lula pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

RELACIONAMENTO – A crise produziu uma trinca no relacionamento entre Haddad e Galípolo, que foi seu braço direito na pasta da Fazenda antes de ser transferido por Lula para o BC. O estranhamento entre os dois acentuou-se na noite de quinta-feira.

Galípolo irritou-se porque o secretário-executivo de Haddad, Dario Durigan, disse aos repórteres que ele havia sido consultado sobre as medidas. Ficou subentendido que o presidente do BC avalizara a derrapagem.

Haddad viu-se compelido a desmentir Durigam. Numa postagem feita na rede X às 20h20m de quinta-feira, o ministro anotou que “nenhuma” das providências foi “negociada com o BC.”

ANTIPATIA – Nesta sexta-feira, Galípolo cuidou de tornar pública sua “antipatia” e “resistência” à utilização do IOF como ferramenta para atingir as metas fiscais que a equipe econômica se antoimpôs.

O chefe do BC participou por videoconferência de seminário promovido pela FGV, no Rio de Janeiro. A alturas tantas, foi instado a comentar o receio dos operadores do mercado de que a elevação do IOF sobre fundos de investimento no exterior seria um prenúncio de controle cambial.

O temor do mercado não fazia nexo, pois o Brasil registra um fluxo positivo de entrada de capitais. De resto, possui um nível confortável de reservas em dólar. Mas o receio levou ao recuo do governo.

MAIS RECEITA – Em sua resposta, Galípolo soou como se compreendesse que o objetivo do Ministério da Fazenda da era o aumento da arrecadação, não o controle do câmbio:

“Não está dentro do meu mandato a questão da alíquota do IOF, mas sempre foi minha posição quando disse que não gosto da proposta. Ficou bastante evidente que o objetivo [da proposta] era o objetivo fiscal, da meta de superávit”, afirmou.

Mas Galípolo não deixou dúvidas quanto à sua avaliação de que o objetivo não justificava o risco: “Minha antipatia, resistência, de não gostar da ideia de você utilizar a alíquota de IOF como expediente para você tentar perseguir a meta fiscal, decorre justamente desse receio [do mercado].”

GESTÃO FISCAL – Sob refletores, Galípolo soou compreensivo ao falar sobre a complexidade da gestão fiscal: “Tenho visto meus amigos Simone Tebet e Fernando muito engajados em tentar produzir esse debate”.

Longe dos holofotes, o ex-número 2 de Haddad empenhou-se em tomar distância da “barbeiragem” da Fazenda nas conversas que manteve com seus contatos no mercado financeiro.

Fazenda e BC vivem uma fase glacial. A quebra do gelo exigirá muita conversa.

4 thoughts on “Crise do IOF abala relacionamento entre o ministro Haddad e Galípolo 

  1. Como não tenho grana,o IOF não fede nem cheira.
    Quem estáreclamandona mídiae o CEo de lá, é o porta voz de lá.
    Quanto ao Haddad, convenhamos, comporta-se muito bem,demonstra conhecimento do que fala, está com números na sua área muito bons( fácil achar fontes para fundamentar a afirmação).
    Foi prefeito de SP e não tem nenhuma acusação de roubo e nem corrupção.

  2. Para Haddad, ser ministro é um ‘fardo’, uma ‘tortura’

    Lula empregou o advogado Fernando Haddad como ministro da Fazenda, por ele ter ficado desempregado após perder as eleições para presidente, em 2018, e para governador de SP, em 2022.

    Haddad assumiu o cargo de titular do ministério sem a menor vontade de exercer a função, que o aborrece e entedia. (O objetivo dele era ser presidente, governador. Queria, enfim, assumir um posto de comando – para mandar! -, e não um cargo para ser ‘pau mandado’ de Lula.)

    Haddad não tinha e não tem nenhum projeto ou convicção como ministro da economia. Não é o que ele queria, como se viu. Apoiou-se no início em Gabriel Galípolo e, agora, apoia-se em Dario Durigan, que deverá sucedê-lo a partir de sua desincompatibilização (para ser novamente candidato a alguma coisa) no ano que vem.

    Está ‘contando as horas’ para cair fora do ministério. Acrescente-se ainda que Haddad também nunca foi lá muito afeito ao trabalho.

    O fato de ‘trabalhar pouco’ marcou sua gestão na prefeitura de São Paulo, de 2013 a 2017. Tem até registros do historiador Marco Antonio Villa nesse sentido.

    Apreciava ficar sem fazer nada. Não tanto quanto o ex-mito, recordista na modalidade, evidentemente.

    O Brasil vive uma enganação. Acorda, Brasil!

  3. Vivemos uma narrativa.
    Sêneca achava que os deuses se divertiam com nossas misérias.
    Dom Curro, o grande ladrão, domina a teoria das cordas, vivemos numa dimensão planejada por ele.

Deixe um comentário para James Pimenta Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *