
Bolsonaro cismou que sua tornozeleira tinha uma escura
Carlos Newton
Recebi uma mensagem de Luiz Trigueiro, um grande amigo de Helio Fernandes, que acompanha e colabora conosco desde a antiga Tribuna da Imprensa, e resolvi transcrever, em função de sua oportunidade:
“Ótimas matérias, como sempre. Quanto ao Bolsonaro e família, nenhuma surpresa. Eles não precisam de inimigos. Eles se autodestroem. Não é o caso de prisão, mas de tratamento psiquiátrico”.
TRISTE FAMÍLIA – Concordo plenamente. Nem o mais psicodélico dos roteiristas seria capaz de criar uma família como essa e entregar a ela o controle de uma nação como o Brasil, que está entre as dez mais importantes neste início de século.
Quem chegou mais perto foi o escritor polonês Jerzy Kosinski, radicado nos Estados Unidos, ao escrever “Being There” (O Videota), sobre a história de um jardineiro analfabeto que se torna conselheiro de políticos.
O livro foi transformado em filme (“Muito Além do Jardim”), dirigido por Hal Ashy, fez um sucesso extraordinário e deu a Peter Sellers o Globo de Ouro de melhor ator.
GRAVES SEQUELAS – Aqui no Brasil o fenômeno Bolsonaro foi incentivado em 2018 pelo então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e o atentado de Adélio Bispo levou o candidato à vitória, mas custou-lhe a saúde, que sofreu graves sequelas.
Na eleição de 2018, contei aqui na Tribuna um encontro que tive com Bolsonaro em 2007, em seu gabinete na Câmara, quando fui pedir-lhe apoio contra a independência das nações indígenas, que seria obtida através de um Tratado da ONU que Lula e o chanceler Celso Amorim mandaram a delegação brasileira assinar na ONU.
Expliquei a situação ao então deputado duas vezes e percebi que ele não estava entendendo direito o que eu tentava expor nem como ele deveria proceder. A partir dessa experiência pessoal, passei a considerá-lo um completo idiota, conforme já escrevi diversas vezes aqui na Tribuna.
COMPROVAÇÃO – Depois do episódio da oposição às vacinas e de tantas situações grotescas em que Bolsonaro se meteu, minha opinião continua a mesma.
Vejam agora o caso da tornozeleira eletrônica, com o ex-presidente achando que o equipamento estava sendo usado para grampear suas conversas. Assim, na certeza de que isso estava acontecendo, Bolsonaro usou um instrumento de solda para tentar abrir a tornozeleira e conferir se havia microfone.
Não conseguiu, fez um papel ridículo e perdeu a prisão domiciliar.
FALTA DE PREPARO – O mais chocante no episódio é o despreparo demonstrado por Bolsonaro e seus filhos Flávio e Eduardo, ambos formados em Direito.
Eles mostraram que não conseguem entender também o que significam os embargos infringentes, que ainda serão julgados pela Segunda Turma do Supremo, onde Bolsonaro tem o apoio majoritário de Luiz Fux, Nunes Marques e André Mendonça.
É incrível que Bolsonaro e os filhos tenham tão pouca capacidade de entendimento de assuntos jurídicos. Afinal, Fux teve tanto trabalho para redigir aquele voto de 429 páginas para defender a absolvição do ex-presidente, que agora fica parecendo inútil, porque Bolsonaro não tem a menor condição para voltar a ser presidente.
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P.S. – Da mesma forma, Lula da Silva também demonstra não ter validade nem capacidade para governar o país. Portanto, em 2026 merecemos a chance de escolher alguma pessoa mais qualificada e decente para fazê-lo. (C.N.)