Reflexões sobre Cristo como  profeta e como um ser divino

PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: OUVIR JESUS

A existência de Jesus Cristo é mais do que comprovada

Reinaldo José de Almeida
Folha

Existem algumas ideias fixas que às vezes eu chamo carinhosamente de “criacionismo de ateu”: crenças sem base factual que acabam soando muito sedutoras para pessoas supostamente sem dogmas. Uma delas, que já abordei anos atrás nesta coluna, é a de que não existiria natureza humana e tudo seria “construção social”.

E há outra que sempre volta para me perseguir quando escrevo sobre história das religiões. Trata-se da tese de que Jesus de Nazaré nunca teria existido. Éuma crença quase tão pseudocientífica quanto afirmar que as pirâmides foram feitas por ETs.

PRESSUPOSTOS – Primeiro, a comparação com ideias do tipo “alienígenas do passado” se explica pelo fato de que é praticamente impossível encontrar historiadores e arqueólogos sérios que defendam a tese do “Cristo mítico”.

O mesmo vale para publicações em periódicos acadêmicos com revisão por pares –o processo no qual a comunidade acadêmica avalia um novo estudo antes de ele ser divulgado.

O que é curioso nesse caso é o proverbial uso de dois pesos e duas medidas. Algumas das pessoas que não dão crédito ao negacionismo da crise climática –porque, afinal, sabem que as raras pessoas com credenciais científicas que negam o problema em geral não são climatologistas, nunca publicaram em nenhum periódico sério sobre o tema

DINHEIRO NA MÃO – Essas pessoas têm motivações ideológico-financeiras para o negacionismo ou tudo isso junto, e acabam dando crédito aos “miticistas”, que seguem o mesmo figurino.

Os consensos científicos modernos existem por um bom motivo. E eles quase sempre mudam quando há boas evidências em favor de alterá-los, o que não está sendo o caso aqui.

E não há nenhuma explicação convincente para a suposta invenção de um Messias judeu se a ideia era converter justamente os não judeus para uma nova religião.

ABISMO ÓBVIO – Há ainda outro problema de base nessa história. Trata-se da mania demasiado humana de se aferrar a qualquer argumento que seja útil para o seu lado, por mais frágil que seja.

A questão, porém, é que falta enxergar o abismo óbvio que existe entre aceitar a existência da figura histórica de Jesus de Nazaré – um profeta da Galileia crucificado pelos romanos lá pelo ano 30 d.C.– e acreditar no Senhor divino anunciado por uma das muitas denominações cristãs por aí.

É claro que o consenso histórico sobre Jesus se refere à primeira figura, do profeta da Galiléia, e não à segunda.

SEM PROVAS – Os debates entre historiadores sobre os detalhes mais ou menos prováveis da vida da primeira figura são ferozes e ainda indecisos (assim como os debates sobre Alexandre, ou Nero, ou qualquer outra figura da Antiguidade).

Mas nenhum desses debates jamais será suficiente para “provar” que o Nazareno operava milagres ou ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, como diz o Credo, simplesmente porque eventos desse tipo não são verificáveis por meio do método científico e só podem ser aceitos por meio da fé.

Fica aqui a dica, portanto, aos amigos ateus e agnósticos: os argumentos em favor da descrença já são bastante fortes. Não é preciso fazer birra contra o consenso histórico só por causa do que foi feito do legado de um pobre galileu. Feliz Natal a todos!

One thought on “Reflexões sobre Cristo como  profeta e como um ser divino

  1. Com a palavra Adolpho Bloch, um judeu e sionista:

    “Não façam economia. Por falta de relações públicas, os judeus perderam Jesus Cristo. E um homem desses não se perde.”

    Adolpho Bloch, empresário e fundador da extinta Rede Manchete, fez um comentário conhecido sobre a importância da comunicação e a figura de Jesus, a partir de uma perspectiva judaica e jornalística.

    Ele disse:

    “Não façam economia. Por falta de relações públicas, os judeus perderam Jesus Cristo. E um homem desses não se perde.”

    Essa frase, que entrou para o folclore jornalístico brasileiro, foi uma de suas tiradas características e expressa, com humor e ironia, a ideia de que, se houvesse uma comunicação mais eficaz na época, a história poderia ter sido diferente.

    Bloch, que era judeu e sionista, via Jesus como uma figura histórica e um “homem desses” que não deveria ter sido “perdido” por seu povo, lamentando a falta de “relações públicas” em um sentido figurado.

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