Luiz Felipe Pondé
Folha
Tudo que o woke toca vira nada. A causa primeira desse fenômeno é que “wokismo” é uma forma de regressão cognitiva. Como fenômeno herdeiro das tradições fascista, soviética e maoísta, o woke é um autoritário. Uma das áreas mais atingidas por essa praga é a produção audiovisual e cultural em geral, porque quem trabalha nessa indústria, normalmente, tem a cabeça feita por professores sem repertório e que adoram modas ideológicas.
Como identificar que você está diante de uma produção audiovisual woke? Todas a mulheres são heroínas, inteligentes e os homens são fracos, idiotas ou maus. A série “O Problema dos Três Corpos” é um caso como esses. Meninas de 30 anos são gênias, enquanto os homens são inúteis.
CHEGA DE HOMENS! – Na série, até o homem negro — hétero cis, logo, não vale muita coisa na moeda woke — é um babaca, meninão, que leva lição de moral da gênia, ex-namorada dele que é, diga-se de passagem, uma pentelha azeda.
Outra indicação woke é você ter personagens negros que são russos ou da nobreza britânica do século 19. No caso da série “Um Cavalheiro em Moscou”, temos bolcheviques russos da gema que são negros. Mas a série é interessante apesar disso.
A série “Years and Years”, do começo da pandemia, é outro caso. O único personagem branco homem hétero cis da história é um canalha inútil que trai a perfeita esposa negra. Os heróis são gays ou lésbicas.
PAUTA POLÍTICA – Orientação sexual é só orientação sexual e gênero é só gênero, nada dizem acerca do caráter ou da inteligência de uma personagem ou uma pessoa. Aliás, como todo regime autoritário, o wokismo também submete a arte à pauta política, o que é indício claro de mau-caratismo.
Um exemplo recente, do final do ano passado, é o filme “A Última sessão de Freud”, com Anthony Hopkins no papel de Freud e Matthew Goode no papel do escritor britânico e apologeta cristão C.S Lewis. Tudo para dar certo, o filme é péssimo.
São tantos os pontos fracos que comecemos pela única coisa que fica de pé no filme: a crença de Freud de que os religiosos são de alguma forma infantis e de que somos todos uns desamparados, principalmente quando diante da morte, por isso, religiosos. Essa ideia é clara no seu texto “Futuro de uma Ilusão.”
BABOSEIRA WOKE – O resto do filme é pura baboseira, e, uma parte significativa dela, baboseira woke. A fé de C.S Lewis, reconhecidamente sofisticada, parece no filme ser fruto do culto à floresta com um cervo no centro. Freud, já idoso e com câncer na boca, parece um histérico babão humilhado. A conversa dos dois é picotada e quase sem sentido.
A heroína do filme é sua filha Anna. Sabidamente lésbica, viveu muitos anos com sua mulher Dorothy. Ambas psicanalistas, ainda que Anna hoje não seja considerada uma grande teórica da psicanálise, apesar de ter seu nome ligado ao nascimento da psicanálise infantil.
Anna passa um terço do filme correndo, em meio a chuva, atrás de morfina para o pai, numa Londres ameaçada por bombardeios alemães. Anna se dedicou ao pai nos seus últimos anos, embora, sua filha predileta fosse Sophie, vítima da gripe espanhola.
ATO DE DESAFIO – Após correr muito atrás da morfina e consegui-la, ao chegar, finalmente, em casa, acompanhada por Dorothy, o que faz a Anna diante do pai em agonia? Senta-se ao lado de sua namorada, e pega na sua mão, em claro ato de desafio ao pai. Pelo menos, se o roteiro fosse minimamente decente, ela teria dado a morfina ao pai e depois feito seu “statement” lésbico.
E mais, durante todo o filme, Anna é questionada pela namorada, que cospe na cara dela, seguindo a fala de outro colega, que a filha de Freud sofria de fixação no pai —caso típico de analise selvagem. Anna dispensa a namorada inúmeras vezes para ir em busca do remédio.
Ao final, de repente, ao chegar na porta de casa, Dorothy aparece e pergunta: “você tem certeza que quer fazer isso?”. Nada indicava na evolução da personagem Anna que ela fosse fazer o “statement woke” ao final, diante de um pai em agonia, apesar de que no início cobra do pai a aceitação que a namorada fosse morar com eles. A pauta woke é muito clara. E ela, como sempre, destrói tudo em que toca.