A simplicidade e genialidade da canção “Volta”, de Lupicínio Rodrigues

Morto há 50 anos, Lupicínio Rodrigues vive na música do Brasil pela  maestria ao versar sobre a inevitável sofrência | Blog do Mauro Ferreira |  G1

Lupe, grande nome da música brasileira

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974), Lupe, como era chamado desde pequeno, sempre foi um mestre no emprego do lugar-comum, tal qual ele capta nos versos de “Volta” o imenso vazio das noites que a saudade as torna insones.  A música foi gravada por muitos intérpretes, inclusive Gal Costa, no LP Índia, em 1973, pela Phonogram.

VOLTA
Lupicínio Rodrigues

Quantas noites não durmo
A rolar-me na cama,
A sentir tantas coisas
Que a gente não pode explicar
Quando ama.

O calor das cobertas
Não me aquece direito…
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.

Volta!
Vem viver outra vez ao meu lado!
Não consigo dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado…

Seminários aumentam promiscuidade entre políticos, empresários e lobistas

Não existe tensão entre os poderes, apenas divergências', declara Luís  Roberto Barroso | Jovem Pan

Barroso e outros ministros participam da promiscuidade

Julia Chaib e Raphael Di Cunto
Folha

Empresários, lobistas, autoridades do governo, de tribunais e de agências reguladoras, governadores, deputados e senadores esvaziaram Brasília na última semana para uma série de eventos públicos, jantares e reuniões privadas em Nova York, em roteiro que ficou conhecido como “Brazil Week”.

A proposta era vender o Brasil para investidores, autoridades e empresários estrangeiros, embora a maioria dos eventos tenha reunido, majoritariamente, apenas brasileiros. Empresas como JBS, Banco Safra, BTG Pactual, XP Investimentos e Itaú organizaram encontros entre empresários e políticos.

OPORTUNIDADES – Esses encontros, de acordo com relatos, foram a oportunidade de empresários com interesses em medidas legislativas e regulatórias se aproximarem de políticos com poder decisório e levarem suas demandas. Também foi a chance de investidores terem contato com autoridades e discutirem temas como o patamar da taxa de juros e o que pensam os parlamentares sobre os projetos de cada setor.

A Gerdau, por exemplo, aproveitou um seminário que a tinha como patrocinadora para reclamar do que vê como lentidão do governo brasileiro para lidar com as tarifas impostas pelos Estados Unidos e ainda cobrar medidas contra a “competição desleal” de produtos chineses.

Uma das estrelas da Brazil Week foi o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que cancelou a agenda no Legislativo para participar dos seminários nos Estados Unidos. Ele, no entanto, só divulgou os compromissos em 1 dos 4 dias da viagem.

BARROSO E MOTTA – O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, também participou. Em uma dessas confraternizações, Motta antecipou a Barroso pessoalmente que entraria com recurso no STF contra a decisão da Primeira Turma da Corte de rejeitar a votação da Câmara para suspender a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Dois deputados contam que Motta recebeu o apoio de empresários no embate com o STF. Ouviram que o Congresso não pode se apequenar e que deve reafirmar suas prerrogativas.

Na segunda-feira (12), jantar promovido pelo grupo Esfera Brasil reuniu boa parte das autoridades que foram a Nova York. Num coquetel, encontraram-se parlamentares, empresários, governadores e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

PROMISCUIDADE – A reunião colocou no mesmo espaço figuras diretamente envolvidas na polêmica compra do Banco Master: os empresários Joesley e Wesley Batista (da JBS, PicPay e Banco Original), André Esteves, do BTG, e Paulo Henrique Costa, presidente do BRB. O presidente do Master, Daniel Vorcaro, foi aconselhado por empresários a não comparecer.

O ex-presidente Michel Temer (MDB), que foi convidado para eventos na cidade, não participou dos encontros em que estavam os Batistas.

Estavam lá também uma comitiva de deputados que acompanhou Motta, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Vital do Rêgo, o ministro Renan Filho (Transportes) e Dario Durigan (secretário-executivo do Ministério da Fazenda).

MAIS PRESENÇAS – Governadores também marcaram presença nos eventos, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Renato Casagrande (PSB-ES), Eduardo Leite (PSD-RS), Raquel Lyra (PSD-PE) e Cláudio Castro (PL-RJ).

Todos, à exceção de Tarcísio, estiveram no fórum organizado pelo Lide no dia seguinte. O Governo do Rio de Janeiro foi um dos patrocinadores do evento. Na ocasião, Caiado e Leite se colocaram como pré-candidatos à Presidência.

Tarcísio de Freitas , um dos protagonistas da semana pela expectativa de que seja candidato a presidente, não foi a dois eventos para os quais seu nome estava anunciado: além do promovido pelo Lide, do ex-governador de São Paulo João Doria, não esteve no da revista Veja, que também ocorreu na terça (13).

MÁ COMPANHIA… – Aliados disseram que ele decidiu faltar ao evento da Veja por causa de um dos patrocinadores, a Refit, Refinaria de Petróleo de Manguinhos, controlada pelo empresário Ricardo Magro.

A refinaria foi a patrocinadora master da conferência, que também contou com dinheiro do Governo do Rio de Janeiro. O Fisco estadual cobra R$ 8,9 bilhões da refinaria, como mostrou o UOL. O Governo de São Paulo cobra R$ 9,5 bilhões. Procurada pela Folha, a empresa não se manifestou. Outros apoiadores do evento foram a JBS e a Cedae, companhia de saneamento do Rio de Janeiro.

No mesmo dia, a JBS promoveu um almoço no restaurante Fasano, que reuniu cerca de 200 pessoas. À noite, as autoridades se dividiram entre jantares do site Congresso em Foco, XP e Banco Safra.

ORGANIZAÇÃO GLOBO  – Na quarta (16), as mesmas autoridades se reuniram em evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, que, desta vez, teve a presença de Tarcísio.

Motta e Barroso também estiveram no evento. Depois das palestras, o deputado conversou com representantes da SpaceX, empresa de Elon Musk. O presidente da Câmara afirmou que os empresários americanos querem ampliar os investimentos no país.

Com Brasília esvaziada diante do cancelamento das sessões da Câmara e uma pauta fraca no Senado, outros grupos de parlamentares viajaram aos Estados Unidos.

OUTROS ENCONTROS – A bancada ruralista participou da Sugar Week, que reúne grandes empresas do setor sucroalcooleiro, e congressistas de direita conversaram com autoridades e instituições americanas, além de encontrarem o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se licenciou do mandato para morar nos EUA alegando perseguição do STF.

Questionados sobre a razão de ir até Nova York para participar de eventos majoritariamente com a presença de brasileiros, Caiado, Castro e Leite disseram que é a oportunidade para vender seus estados e se apresentar a investidores estrangeiros.

A governadora Raquel Lyra disse, em nota, que cumpriu missão internacional, com agendas como participação em seminários e a assinatura de um contrato para ampliar a capacidade de armazenamento de gás natural liquefeito no Complexo de Suape.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para que servem esses encontros no exterior? Bem, a única e exclusiva motivação é reforçar a promiscuidade entre políticos, empresários e governos, numa boca livre gigante, armada por lobistas. Apenas isso. O pais ganha o quê com isso? Nada, rigorosamente nada. (C.N.)

INSS, fraudes e a responsabilidade política que ninguém quer assumir

Até senadores do PT já estão apoiando a CPMI do escândalo que atinge INSS

Fabiano Contarato | Partido dos Trabalhadores

Contarato é um dos petistas que apoiam a Comissão

Caio Junqueira
da CNN

Uma ala do Partido dos Trabalhadores (PT) está contrariando o governo ao apoiar a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi o primeiro representante do partido a assinar o requerimento para a instauração da comissão.

A decisão de Contarato reflete uma divisão interna no PT e no governo em relação à abertura da CPMI. Enquanto alguns membros do partido defendem a investigação como forma de minimizar danos à imagem do governo e demonstrar comprometimento com a apuração dos fatos, outros se opõem à medida.

CARVALHO, TAMBÉM – O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho, também se posicionou favoravelmente à CPMI. No entanto, na Câmara dos Deputados, o líder Lindbergh Farias se opõe à iniciativa, alinhando-se à posição da ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, que é contrária à comissão.

A falta de uma posição oficial do governo Lula sobre o assunto tem gerado incertezas e tensões entre os parlamentares petistas. Alguns membros do partido argumentam que uma investigação que abranja um período mais amplo, incluindo governos anteriores, poderia diluir as responsabilidades e contextualizar as fraudes identificadas.

A possível instalação da CPMI representa um desafio para o governo, que teme perder o controle sobre a narrativa e a condução das investigações. A composição da comissão e a definição de sua relatoria são pontos cruciais que podem influenciar o rumo e o impacto político das apurações.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os parlamentares do PT têm a ilusão de que conseguirão convencer o eleitor de que os descontos são culpa do governo Bolsonaro, embora tenham sido autorizados em 2003, no primeiro governo Lula, quando foram criados os empréstimos consignados para aposentados. Até então, o desconto em folha era proibido, lembram? (C.N.)

Igualdade perante a lei e liberdade de expressão serão derrotadas pelo Supremo

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Demétrio Magnoli
Folha

A igualdade perante a lei e a liberdade de expressão enfrentam julgamento no STF. Há fortes sinais de que os dois princípios constitucionais serão derrotados. O caso específico é a arguição de descumprimento de preceito fundamental para derrubar o artigo 141, inciso II, do Código Penal, que determina aumento de pena para culpados de crime contra a honra de servidor público.

Na sessão inicial, o relator Luís Roberto Barroso votou pela derrubada parcial, mas foi seguido apenas por André Mendonça. Flávio Dino abriu divergência, sendo acompanhado por Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

CASO DE SERVIDOR – Segundo Barroso, “funcionários públicos devem tolerar um maior nível de exposição, escrutínio social e críticas, ainda que injustas”. Só excetuou a calúnia, tipo penal que, por admitir a exceção da verdade, protege a crítica legítima da criminalização. Seu argumento, razoável, é que a calúnia pode ameaçar a atuação institucional do agente público.

“Chamar um servidor de louco ou incompetente pode ser injusto, mas não justifica uma pena maior só por ele ser servidor”, adicionou Mendonça, enfatizando o óbvio. Não convenceu seus pares, pois a casta exige o privilégio de casta.

Dino e Zanin saíram em defesa da lógica da casta: a desigualdade perante a lei. O bem protegido pelo aumento de pena, disseram, não é o servidor, mas a “dignidade da função pública”.

MUITOS REIZINHOS – No fundo, afirmaram que o servidor personifica o próprio Estado, o que sugere uma pretensão de substituir a República por uma monarquia coletiva, na qual cada agente estatal seria um reizinho.

Na monarquia o trono é sagrado, pois representa o Estado. O monarca, que não é eleito e reina pela vida inteira, teria dois corpos: o físico (“natural”) e o político (“espiritual”). O segundo corpo é o trono vivo, o que justifica sua elevação ao plano dos objetos intocáveis.

Os ministros do STF que operam como sentinelas do artigo 141, inciso II, invocam a teologia política medieval para preservar privilégios da casta de políticos, desembargadores e burocratas brasileiros.

DISSE XANDÃO – Alexandre de Moraes, o juiz que arrogou-se às atribuições da extinta Divisão de Censura de Diversões Públicas da ditadura, apontou uma “leniência” na punição como causa das ofensas sofridas por funcionários públicos nas redes sociais.

Flávio Dino, juiz nos dias pares e político nos ímpares, esclareceu tratar-se de uma questão tanto corporativa quanto pessoal:

“Eu não admito que ninguém me chame de ladrão. Porque esta tese da moral flexível que inventaram é a tese que desmoraliza o Estado”. Cortem a cabeça dos bolsonaristas que pregam em Lula a alcunha de ladrão –e dos petistas que qualificam Bolsonaro como genocida.

CHAMAR DE LADRÃO – Um pinga-fogo entre Mendonça e Dino iluminou a divergência. “Chamar de ladrão é uma opinião, não um fato específico”, esclareceu o primeiro. “E ministro do Supremo, pode?”, indagou o segundo, ouvindo a resposta democrática do mais conservador entre os magistrados: “Eu não sou distinto dos demais”.

Dino replicou, imaginando desferir a estocada definitiva: “Se um advogado subir nesta tribuna e disser que Vossa Excelência é ladrão eu ficarei curioso para ver a reação”. A tréplica: “Irá responder por desacato ou crime na mesma pena que qualquer cidadão”.

Qualquer cidadão? A casta não reconhece tal figura jurídica.

Ao invés de avançar, Lula faz o Brasil recuar em termos de política externa

A imagem mostra dois homens se cumprimentando com um aperto de mão. À esquerda, um homem de cabelo curto e claro, vestindo um terno escuro. À direita, um homem com cabelo grisalho e barba, também vestindo um terno escuro com uma gravata colorida. Ao fundo, há outras pessoas e bandeiras visíveis, sugerindo um ambiente formal, possivelmente uma reunião ou cúpula internacional.

Lula precisa aprender o que é neutralidade na diplomacia

Maria Hermínia Tavares
Folha

Imagine se, em 2022, o presidente chileno Gabriel Boric tivesse vindo ao Brasil para participar dos festejos do 7 de Setembro, organizados por Jair Bolsonaro com o propósito de mobilizar seus apoiadores contra a democracia e as instituições que a garantem. O visitante poderia argumentar que sua presença se justificaria pelos valiosos acordos de cooperação entre os dois países, a serem firmados na visita.

Ocorre que, eleito por uma coalizão da esquerda democrática, lhe seria para lá de difícil explicar o que fazia no meio da extrema direita disposta a degradar as costumeiras comemorações da data nacional brasileira em um pré-carnaval golpista.

ENCENAÇÃO – O presidente Boric não veio ao Brasil naquele 7 de Setembro, mas o presidente Lula foi a Moscou prestigiar a encenação de que o autocrata Vladimir Putin se serviu para perverter a comemoração da histórica derrota da Alemanha nazista pelos aliados, em 1945 —para a qual a União Soviética contribuiu com 27 milhões de mortos, entre civis e militares—, em exibição de seu vasto poder e legitimação de suas pretensões expansionistas sobre a Ucrânia.

A diplomacia presidencial, quando bem-feita, fortalece a ação externa de um país, agregando-lhe o peso da autoridade e o prestígio que a figura do primeiro mandatário suscita.

Funciona como lente de aumento da atuação, por definição, mais discreta e continuada dos diplomatas profissionais, tão mais eficaz quanto mais capaz de demonstrar coerência de objetivos e escolha adequada dos meios para alcançá-los.

EM BUSCA DA PAZ – Por uma combinação de escolha e necessidade, a política externa brasileira tradicionalmente apostou em soluções pacíficas para conflitos internacionais e na ação concertada em organizações e arranjos multilaterais.

À opção pelo multilateralismo somou-se uma orientação universalista na busca de parceiros para o comércio e para outras formas de cooperação. O país sempre esteve disposto a transacionar com todo o mundo e a se relacionar com todas as nações, fossem quais fossem seus regimes.

Com a Constituição de 1988, a defesa da democracia e o respeito aos direitos humanos vieram lustrar os princípios norteadores da atuação externa do país. Não por acaso, menos ainda por capricho, mas pela presumível convicção de que o regime de liberdades estaria mais bem garantido dentro de nossas fronteiras se também predominasse além delas.

DEMOCRACIA, SEMPRE – De toda forma, ao longo destas quase quatro décadas, o exercício da política externa brasileira ancorada no universalismo e no respeito à soberania alheia nem sempre esteve sintonizada com o compromisso democrático. Talvez sirva de consolo o fato de que essa tensão real marca não apenas a ação exterior brasileira, mas a de outras nações ocidentais.

As relações com regimes ditatoriais —como os da Rússia, Venezuela e China, entre tantos outros menos relevantes para nós—, assim como com países que perigam enveredar pelo mesmo caminho, como os EUA de Trump, colocam íngremes desafios para o país.

Requerem pragmatismo, sutileza e muita nitidez quanto ao que se quer alcançar. Dispensam uma diplomacia presidencial desorientada e constrangedoramente submissa aos autocratas de todos os idiomas.

Desanimado, deputado petista diz que “a direita entrou na mente das pessoas”

MP denuncia deputado mineiro por suposto esquema de corrupção em prefeitura

Deputado Luizinho lamenta as contradições de seu partido

Fabiano Lana
Estadão

A primeira frase do título deste artigo, na verdade, um lamento, é de um deputado do PT de Minas Gerais, Luiz Antonio da Silva, o Luizinho. Literalmente, disse o seguinte, , em encontro da bancada: “Nosso partido precisa voltar a disputar o pensamento das pessoas. Foi o que a direita fez. Entrou na mente das pessoas. Nós não, Estado, mais obra, mais obra, mais obra. Isso esgotou também”, segundo uma reportagem da rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.

O deputado ainda cometeu uma heresia. Admitiu que está cansado de elogiar o PT e o presidente Lula, o que é uma determinação dogmática de seu partido. “Me cansa, às vezes, falar bem do Lula, falar bem da gente, falar bem do nosso partido, como se nós fôssemos donos da verdade”, admitiu Luizinho.

SEM DISCURSO – O deputado tocou na ferida. Neste Brasil de 2025, com o avanço de valores conservadores (e também reacionários), valorização de práticas empreendedoras, individualismo, repúdio à impunidade de criminosos sejam ricos ou pobres, crescimento da população evangélica, teologia da prosperidade, economia uberizada e “streaminzada”, ameaças da inflação, qual o discurso do PT para a população brasileira?

Não parece haver, neste momento, clareza de qual rumo a seguir neste campo político. A questão da ascensão social por meio de benesses do Estado parece ter chegado a certo esgotamento.

As bolsas assistenciais consolidaram um eleitorado fiel, mas há dificuldades de se chegar às mentes e corações de quem está acima das fronteiras da pobreza.

BARREIRA DE REJEIÇAO – Lula, é preciso recordar, só venceu Bolsonaro nas faixas de 1 a 2 salários mínimos da população brasileira na eleição de 2022. A partir da classe C encontra uma barreira de rejeição sempre crescente por faixas de renda.

O drama do PT é um problema mundial. Com o fim de grandes narrativas totalizantes, como o socialismo, a esquerda abraçou com força o chamado identitarismo – no sentido de focar na cor da pele e no gênero das pessoas. Sem julgar o mérito, não funcionou politicamente.

E deu mote para contra-ataques políticos a partir do uso de discursos como o de proteger a família, e até mesmo reacendeu um nacionalismo adormecido, por parte da direita e por aí vai – o deputado Nikolas Ferreira que o diga.

E TUDO MUDOU… – Por falar em Nikolas, vale citar as redes sociais. Elas acabaram revelando que a dimensão atual de antigos totens da esquerda brasileira, principalmente da classe artística, é imensamente menor do que uma gama de influenciadores, subcelebridades, artistas do sertanejo, que hoje apontam a seta para a direita.

Vídeos com cantores da antiga e da neo-MPB a favor de uma posição política qualquer nos dias de hoje não têm grandes relevâncias eleitorais.

Por outro lado, os vídeos do parlamentar mineiro parecem fazer o Planalto tremer – imaginem que distopia estão vivendo. Com medo de um rapaz com menos de 30 anos ligar um celular e soltar os cachorros no governo federal.

SEM SEGURANÇA – Falar de segurança pública é outra dificuldade da esquerda. A ideia de o infrator como vítima de uma sociedade injusta parece estar entranhada nos corações, no mínimo desde os livros como o “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”, de Jean-Jacques Rousseau, do século 18.

Enquanto isso, a direita não tem pudores em falar em redução da maioridade penal, liberação de armas, pena de morte, o que for.

Corrupção é outro tema tabu. Não só pela questão do INSS, na qual tomam uma surra nas redes na guerra de versões sobre quem é responsável pelo escândalo.

PARCERIA ESPÚRIA – Mas, novamente sem entrar no mérito, o desmantelamento da Lava Jato tem como consequência política a impressão – bastante comum no cidadão médio – de que há uma parceria da elite do Judiciário com o Partido dos Trabalhadores para poupar os figurões da legenda, antes em apuros.

Sobre questões como aborto e drogas, no Brasil, ao contrário de outras democracias liberais do mundo, os postulantes a cargos majoritários de esquerda costumam dar declarações envergonhadas favoráveis à proibição.

Restaria falar de democracia. Afinal, há indícios bastante veementes de que o maior líder da direita brasileira em todos os tempos, Jair Bolsonaro, tentou dar um golpe de Estado e seguirá para a cadeia.

LULA DESPERDIÇA – Mas o que faz o presidente Lula com essa janela de oportunidade? Sucumbe ao vício de adular ditadores e vai se encontrar (e afagar) o russo Vladimir Putin em Moscou, numa espécie de conferência dos autoritários do mundo.

Deixou empatar um jogo em que poderia vencer de goleada. É desses deslizes da esquerda que a direita se aproveita.

Tanto Supremo quanto Congresso estão com suas credibilidades em queda livre 

iMaranhense | A charge desta quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025 é de Paulo Sergio. * As charges não representam necessariamente a posição do... | Instagram

Charge do Paulo Sergio (iMaranhense)

Merval Pereira
O Globo

Como diz um velho ditado, até um relógio parado está certo duas vezes ao dia. Assim também, até um Congresso esclerosado pelo fisiologismo ou patrimonialismo pode estar certo em algum momento. É o caso da proposta negociada pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, para equilibrar as penas dos indiciados na tentativa de golpe de 2023, reduzindo as dos “bagrinhos” e, quem sabe, aumentando as dos líderes.

Não é razoável que a imensa maioria de meros “inocentes úteis” recebam as mesmas penas e sejam acusados dos mesmos crimes que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus asseclas, militares ou civis.

Mesmo que se entenda que ali não havia inocentes, não eram os financiadores e estrategistas que comandaram a depredação dos prédios públicos, mas uma “massa de manobra” incentivada a tal vandalismo pelos verdadeiros “estrategistas”, muitos deles infiltrados na multidão para facilitar a invasão.

TÁTICAS DE GUERRILHA – Quem teve a ideia de usar as grades como escadas para entrar no prédio do Congresso? Várias táticas de guerrilha foram empregadas, naturalmente instruídas por profissionais misturados à multidão.

O problema com esse Congresso é que, ao mesmo tempo que promove uma mudança de bom senso, também aprova uma alteração na legislação protegendo a imunidade parlamentar para tentar salvar Bolsonaro e demais envolvidos das punições que merecem.

Mesmo sem ser parlamentares, esses militares e o próprio ex-presidente tentam pegar carona na alteração para se livrar do julgamento. Mais ainda, nem mesmo acredito que a lei proposta tenha sido feita para proteger o deputado federal Alexandre Ramagem, na época do golpe chefe da Abin.

SALVAR BOLSONARO – A intenção sempre foi salvar Bolsonaro, como se com isso conseguissem que ele pudesse se candidatar à eleição presidencial do próximo ano.

Além de ser uma interpretação “teratológica”, como nossos jurisconsultos supremos gostam de classificar as propostas absurdas que fogem à lógica jurídica, Bolsonaro está inelegível por outros crimes, que não os da tentativa de golpe.

O Tribunal Superior Eleitoral o tirou do páreo por abuso do poder político e econômico de seu cargo de presidente da República na campanha que promoveu contra as urnas eletrônicas, em particular a reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada meses antes do primeiro turno.

CRISE INSTITUCIONAL – Agindo dessa maneira, o Congresso cria uma crise institucional que não tem como ser resolvida sem que um dos lados ceda.

Ou o Supremo Tribunal Federal aceita acatar a interpretação do Congresso, abrindo mão de sua condição de ser a última palavra em constitucionalidade; ou o Congresso, diante da reafirmação já feita pelos cinco ministros da Primeira Turma de que a proteção legal só existe para os crimes cometidos depois que Ramagem foi eleito, acata a decisão do Supremo e esquece o assunto.

São percalços de uma democracia ainda em desenvolvimento, que só se consolidará quando os Três Poderes se convencerem de que é melhor para todos cada um cuidar de seu pedaço sem se intrometer no dos outros.

ERRAR POR ÚLTIMO – A prevalência do STF sobre os demais Poderes, pois é aquele que dá a última palavra ou, como definiu Rui Barbosa, aquele que tem o direito de “errar por último”, é fundamental para que nossa democracia se consolide. A frase de Rui Barbosa é irônica, mas fundamental para o entendimento dos freios e contrapesos democráticos.

É preciso, porém, que mesmo os derrotados por uma decisão do Supremo estejam convencidos de que o eventual erro não foi cometido por má-fé, ou por questões políticas, para beneficiar um dos lados.

Essa tarefa cabe ao STF, evitando que palavras fora dos autos, ações dúbias ou privilégios de seus ministros criem dúvidas nos cidadãos sobre sua credibilidade.

Oportunista, o Congresso age como sócio majoritário da ineficiência institucional

Como funciona a Câmara Federal? – Brasil de Fato

Os interesses do país ficam para segundo plano na Câmara

Janio de Freitas
Poder360

Os fatores permanentes contrários à democracia são tantos, e tão integrados na vida brasileira, que sequer são vistos pelo que de fato fazem. A prevista piora, nas últimas eleições, da composição de Senado e Câmara parece não se confirmar, mas o ranço antidemocrático deixado pelo Congresso bolsonarista está ativo, sob formas ilusórias.

O principal objetivo atual dos deputados bolsonaristas, explícitos ou disfarçados, é livrar de punições judiciais os seus correligionários envolvidos no golpismo.

Daí, a aprovação da medida para impor ao Supremo Tribunal Federal a exclusão de Alexandre Ramagem dos inquéritos do golpe: ele já estava eleito deputado no 8 de Janeiro golpista e, portanto, com imunidade.

O STF acatou a exclusão. Para os fatos posteriores à diplomação de Ramagem. Só. Este processado é ninguém menos do que o criador da Abin falsa, importante na conspiração golpista e nos planos da violência homicida pós-golpe.

Apesar disso, o recém-presidente da Câmara, Hugo Motta, assumiu, ele mesmo, a reação ao STF, acusado de ignorar a independência do Congresso. São aí duas mesmices.

Uma, o Congresso levado a mais um choque com o Supremo para servir a Bolsonaro e outros golpistas, também possíveis beneficiados pela medida dos deputados. Outra mesmice, a de um líder político nascente, com larga oferta de futuro político significativo, e já optando pelo corporativismo fuleiro para um carreirismo de ganhos pessoais.

Formado em medicina, Hugo Motta é o mais moço presidente da Câmara. Arrisca-se a ser o mais jovem exemplo da quase impossibilidade de renovação política.

A tentativa a pretexto de Ramagem foi precedida do confronto das emendas, ainda inconcluso. A destinação de dezenas de bilhões com sigilo de todos os dados, do proponente até o uso da verba – as tais emendas secretas – é talvez a mais audaciosa das imoralidades congressistas em tempos não ditatoriais.

A reação de deputados e senadores ao STF e em especial ao ministro Flávio Dino, pela sustação do assalto ao Tesouro Nacional, acompanha a imoralidade da prática vetada.

Com sucessivos artifícios para burlar o retorno à transparência legal, mais as ameaças até de impeachment no STF, o confronto dos dois Poderes chegou à iminência de crise institucional muito maior do que transpareceu.

E este é um problema em aberto, porque os interesses nas emendas, os escusos e os legais, continuam violentando o Orçamento. A voracidade congressista sobre essas verbas é demonstrável: de R$ 11,7 bilhões em 2018, último ano pré-Bolsonaro, o montante com destino indicado por congressistas saltou em 2022, último ano de Bolsonaro, para R$ 35,6 bilhões.

Com alterações do Congresso no Orçamento proposto pelo governo, as verbas destinadas por congressistas devem ir a R$ 50,4 bilhões.  É dinheiro gasto sem conexão com projeto ou programa algum do governo. Cada dotação tanto pode ir para uma obra municipal, como para um destinatário não oficial.

Tanto pode ter aplicação correta, como ser desviada em parte ou no todo. Entende-se que investigações policiais estejam detalhando até a venda de emendas. As benesses e concessões aos congressistas, às quais veio a juntar-se a “presença à distância”, já seriam bastantes para impedir a eficiência da Câmara e do Senado.

O jogo de interesses partidários e pessoais sujeita as pautas a uma ordem de trabalhos sem relação com a importância e o grau de premência das decisões. A realidade é clara: a Câmara e o Senado são ineficientes, são responsáveis por parte da ineficiência dos governos, e o são pelas carências que se mantêm no país como absurdos.

Uma realidade que se contrapõe, mesmo não sendo seu propósito, aos empenhos pela democracia. E a Câmara quer ser ainda maior: aprovou o aumento do total de deputados de 513 para 531. O Senado decidirá. Ou o corporativismo.

Com Bíblia, boi e bola, Eduardo Cunha tenta se eleger por Uberaba, em Minas

Cunha (de blazer) ao lado do presidente do Uberaba Sport Club, Rodrigo Alcino: patrocínio no futebol vem através de rádio gospel

Cunha (de blazer) ao lado do presidente do Uberaba

Bernardo Mello
O Globo

Após quatro décadas fazendo política no Rio, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha abriu uma série de frentes de atuação em Minas Gerais, estado em que avalia se candidatar a deputado federal em 2026. Cunha se tornou patrocinador de um clube de futebol em Uberaba, município do Triângulo Mineiro, onde também passou a marcar presença em leilões de gado e em cultos evangélicos neste ano.

O ex-deputado ainda vem abrindo estações de rádio no interior de Minas, estratégia que tem semelhança com a origem de sua carreira parlamentar no Rio, quando ganhou notoriedade com participações diárias em uma rádio gospel.

CINCO RÁDIOS – Levantamento do Globo identificou a abertura de cinco rádios ligadas a Cunha em Minas desde o ano passado. Em Uberaba, o ex-presidente da Câmara adquiriu a estação Agora FM, que pertencia ao empresário local Hermany Andrade Junior, e a rebatizou em fevereiro como Rádio Maravilha — é o mesmo nome de uma estação, também ligada a Cunha, que foi aberta em 2024 no Rio, voltada à programação gospel.

Quando a aquisição da rádio mineira foi sacramentada, Cunha já havia sido anunciado, em dezembro, como patrocinador do Uberaba Sport Club, time de futebol que disputa a segunda divisão do Campeonato Mineiro.

Há um mês, o ex-presidente da Câmara gravou um vídeo para as redes sociais do clube desejando “todo o sucesso na luta pra chegar à primeira divisão”. A Rádio Maravilha transmitirá os jogos do Uberaba.

FEIRA DE GADO – O atual presidente do clube, Rodrigo Alcino, tornou-se um dos principais aliados de Cunha na cidade e ciceroneou uma visita do ex-deputado às instalações do Uberaba no fim de abril.

No mesmo dia, Cunha visitou a abertura da Expozebu, feira de gado que também recebeu o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), e outro ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Além da rádio em Uberaba, Cunha assumiu as estações Juventude FM, em Além Paraíba; Rádio Carangola, na cidade homônima; Rede Gerais AM 1460, em Raul Soares; e Rádio Maravilha, em Guarani. Todos os municípios ficam na Zona da Mata, região próxima à divisa de Minas com o Rio — estado em que Cunha hoje tem participação em outras três rádios, nos municípios de Casimiro de Abreu, Rio Bonito e São Fidélis.

DANI CUNHA – Em Minas, as estações a cargo de Cunha estão em nome de Daniel Cardoso Sá, genro do ex-deputado e casado com a deputada federal Dani Cunha (União-RJ).

A interlocutores, o ex-presidente da Câmara afirma que não disputará eleição no Rio para não concorrer contra a filha, mas que ainda não bateu o martelo se lançará candidatura por Minas ou por São Paulo — estado no qual já se candidatou em 2022, mas não foi eleito.

O genro de Cunha também atuou na Sudeste Rádio Atividades de Comunicação, empresa instalada em janeiro deste ano na Savassi, bairro de Belo Horizonte. O objetivo é estruturar uma rádio na capital mineira.

FÉ EM VALDOMIRO – Na peregrinação para criar raízes fora do Rio, Cunha vem se escorando no apóstolo Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus.

O ex-presidente da Câmara participou no início de abril de um culto evangélico conduzido por Valdemiro em Araxá (MG), município do Triângulo Mineiro a cerca de 100 quilômetros de Uberaba. No palco, Valdemiro sentou-se ao lado de Cunha e fez alusões a seu período à frente da Câmara, quando conduziu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

— O deputado Eduardo Cunha, para mim, é eterno deputado, é um dos melhores que já vi até hoje. As decisões que ele tomou no passado, sabendo o que ia sofrer, foram muito importantes, foi pela nação — disse Valdemiro.

COM TARCÍSIO – No último fim de semana, Cunha voltou a ser recebido em um culto de Valdemiro, desta vez no Brás, bairro popular de São Paulo. O ex-presidente da Câmara dividiu o altar com o governador Tarcísio de Freitas, seu correligionário no Republicanos, partido que segue sob a alçada de Cunha no Rio — embora o grupo do ex-deputado esteja sob risco de ser desalojado da sigla, devido à pressão da Igreja Universal para retomar o comando partidário.

No início da trajetória, Cunha se tornou conhecido no meio evangélico através da Rádio Melodia, do ex-deputado Francisco Silva. Na rádio, Cunha fazia comentários sobre questões políticas e religiosas, e criou o bordão “o povo merece respeito”, que depois levou para campanhas eleitorais.

Um possível correligionário de Cunha, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), que é pré-candidato ao governo de Minas, afirmou recentemente que irá “rodar o estado inteiro fazendo campanha contra” o ex-presidente da Câmara caso ele se candidate.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Cunha ficou rico na política desde o governo Collor, quando assumiu a estatal Telerj no Rio. Tornou-se evangélico e conseguiu se eleger sucessivamente. Na Lava Jato, foi preso e cumpriu pena por corrupção. Ficou fora na política, mas o dinheiro continuou rendendo e ele voltou à vida de antes. No Brasil, a Justiça às vezes prende o corrupto, mas sempre esquece de retomar os bens. (C.N.)

Para esculhambar de vez, a única coisa que o Brasil precisava era uma dona Janja…

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Charge do Jindelt (Arquivo X)

J.R. Guzzo
Gazeta do Povo

Já passou pela sua cabeça, ou pela cabeça de alguém que você conhece, ir a uma reunião de trabalho da empresa e levar a sua mulher junto? E, caso você mesma seja mulher, dá para levar o maridão? Pior ainda, nessa reunião a sua mulher toma a palavra, que ninguém ofereceu, e dispara a falar direto com o presidente da empresa, querendo que ele tome providências sobre coisas que estão acontecendo na sua própria casa. Parece uma dessas piadas de “marido banana”. Mas é exatamente assim que anda o Brasil de Lula e Janja.

É uma humilhação, para o Brasil e para os brasileiros, que a mulher do presidente da República se meta como penetra numa reunião oficial. Fica mais constrangedor ainda quando o presidente concorda, em público, com o que a mulher fez – ou é obrigado a dizer que concorda.

CRETINICE DE JANJA – Mas foi isso o que aconteceu nessa última viagem de Lula à China, já a quinta que faz ali como presidente. Janja se intrometeu numa reunião com o presidente chinês e disse uma cretinice de “400 talheres” – mais uma do seu vasto repertório.

Janja, desta vez, pediu que o presidente Xi Jinping, um dos seres humanos mais ocupados deste mundo, fizesse “alguma coisa” para resolver uma situação que a incomoda – não na China, mas no Brasil.

Anda irritada pessoalmente com o Tik Tok, que o seu marido não consegue censurar, e achou uma grande ideia pedir que Xi Jinping faça a censura em seu lugar, já que a plataforma é de origem chinesa. O Tik Tok, segundo ela é “de direita”. Não pode, portanto, existir.

FEZ TUDO ISSO – Janja não podia ir à reunião com o marido-presidente. Tendo se metido ali, deveria ficar de boca fechada. Tendo aberto a boca, não podia dizer uma coisa tão burra.

Como ela vai pedir a intervenção de uma potência estrangeira em assuntos do Brasil? Como pode pedir censura, que é vetada pela Constituição do seu próprio país? Como pode achar que “a direita” é ilegal, e tem de ser reprimida como se fosse um crime – e pelo presidente da China? Pois então: ela conseguiu fazer isso tudo.

Janja, naturalmente, recebeu a resposta adequada: Xi Jinping lhe disse que se a plataforma estava fazendo algo de errado, cabe apenas ao governo do Brasil, e obviamente não ao governo da China, tomar as providências que julgar cabíveis. Lula e os ministros presentes não abriram o bico.

VADIAGEM MENTAL – O analfabetismo maciço de Lula, como o Brasil tem sentido nos quase vinte anos de seus governos, tem sido uma desgraça para este país. De um lado da mesa, havia 5.000 anos de cultura. Do outro havia Janja. Só podia mesmo dar nisso.

A última coisa que a população precisava, a essa altura, era uma Janja – que leva a ignorância de Lula a extremos nunca atingidos antes, com a interação intensa entre a sua vadiagem mental e a do marido. Já não bastava Lula? Pois agora, com Janja, temos Lula ao quadrado. Aí fica difícil.

O resto é o mesmo enredo de filme catástrofe. Janja, mecanicamente, se declarou vítima de “machismo”: todas as críticas, disse ela, foram feitas porque ela é “uma mulher” – e não porque cometeu uma estupidez em estado bruto.

MARIDO VELHO – Lula, numa tentativa fútil de fugir à imagem de marido velho que vive fazendo o papel de palhaço por causa da mulher mais nova, veio com a fábula que foi “ele” quem pôs o Tik Tok no meio – e ficou resmungando contra os seus ministros, por terem vazado a história.

Para rematar a performance, anunciou na frente de todo o mundo que pediu a Xi Jinping uma pessoa de “sua confiança” para vir ao Brasil e resolver o problema do Tik Tok – isso mesmo, o presidente brasileiro pediu a um governo estrangeiro que mande um dos seus funcionários para solucionar um problema do Brasil.

Tudo isso aí fica terrivelmente mais ridículo quando Lula ainda finge uma intimidade que não tem com o presidente da China. Chama o homem de “companheiro Xi Jinping” – uma coisa feia, quando está na cara de todo mundo que Xi Jinping não é “companheiro” dele coisa nenhuma, e nunca vai ser.

PROJETOS À CHINESA – Só faltava, a essa altura, anunciar como uma grande vitória da sua viagem que o governo brasileiro vai mandar antecipadamente para a China os seus “projetos de infraestrutura” do PAC, caso os chineses queiram “investir” aqui. E ele fez exatamente isso, acredite!

Que PAC? Que projetos? Que obras? Mais ainda: imaginem a China enviando com antecipação ao Brasil os seus planos de infraestrutura, para as empresas brasileiras irem investir na China.

Pode um negócio desses? É tudo uma comédia gigante, que as elites nacionais fingem levar a sério – e que os brasileiros têm de pagar.

A viola enluarada dos irmãos Valle jamais poderá ser esquecida

Tribuna da Internet | A viola enluarada dos irmãos Valle jamais será  esquecidaPaulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, instrumentista, arranjador e compositor carioca Marcos Kostenbader Valle e seu irmão Paulo Sérgio retratam na letra de “Viola Enluarada” um protesto contra a ditadura militar, então, vigente no Brasil desde 1964. A música foi gravada por Marcos Valle no Lp “Viola Enluarada”, em 1967, pela Odeon.

VIOLA ENLUARADA
Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle

A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra,
Mata o mundo, fere a terra.
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino,
Louva à morte.

Viola em noite enluarada
No sertão é como espada,
Esperança de vingança.
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta,
Capoeira.

Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira,
Prá defendê-la se levanta
E grita: Eu vou!
Mão, violão, canção e espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade,
Porta bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade.
Liberdade, liberdade, liberdade…

Bolsonaro quer lançar Michelle para seguir no jogo político rumo a 2026

Bolsonaro decide boicotar qualquer candidato de direita

Marcela Mattos e José Benedito da Silva
Veja 

Bolsonaro aposta em Michelle para continuar no jogo político rumo a 2026 Bolsonaro aposta em Michelle para continuar no jogo político rumo a 2026 Bolsonaro aposta em Michelle para continuar no jogo político rumo a 2026

Durante quase todo o mandato do marido, Michelle Bolsonaro fez questão de se manter uma primeira-dama discreta. Avessa à imprensa e aos holofotes, não dava entrevistas, não participava de reuniões ministeriais, não tinha ingerência sobre o governo e não fazia uma superexposição da rotina familiar nas redes sociais.

Com um gabinete no Palácio do Planalto, ela tinha atuação restrita à condução de programas destinados à população vulnerável e à inclusão de pessoas com deficiência, temas centrais de seus raros pronunciamentos.

TUDO MUDOU – Em meados de 2022, a postura mudou radicalmente. A campanha de Jair Bolsonaro detectou que a resistência das mulheres, uma massa de 53% do eleitorado nacional, era um dos fatores que colocavam em risco a reeleição do então presidente, acusado frequentemente de misoginia.

Era necessário um choque de imagem para reverter a situação. Foi aí que Michelle saiu das sombras e emergiu como um trunfo eleitoral pela primeira vez. Na época, ela foi a estrela da convenção que sacramentou a candidatura de Bolsonaro para mais um mandato.

O desfecho da campanha é conhecido. Bolsonaro não se reelegeu, recolheu-se em profunda tristeza no Alvorada e, ao invés de passar a faixa para Lula, embarcou para uma temporada nos Estados Unidos.

RUMOS DIFERENTES – Desde então, as carreiras dos dois tomaram rumos diferentes. Ele ficou inelegível, tornou-se réu por tentativa de golpe e corre o risco de ser condenado à prisão. Ela está em franca ascensão, consolidou-se como um ativo eleitoral e aparece com bom desempenho nas pesquisas, inclusive em cenários em que duela com Lula.

Ciente de suas dificuldades pessoais e do potencial da esposa, Bolsonaro resolveu lançar mão de Michelle mais uma vez como trunfo eleitoral. Por enquanto, apenas como uma forma de ele mesmo continuar com as rédeas do jogo.

Pressionado por aliados a escolher logo um substituto na corrida à Presidência e incomodado com as movimentações de líderes do centro e da direita para colocar uma candidatura alternativa na rua, o ex-presidente e alguns de seus principais aliados estão disseminando a versão de que Bolsonaro pode lançar Michelle ao Planalto.

EFEITO TEMER – Essa possibilidade ganhou força nos últimos dias, depois de o ex-presidente Michel Temer revelar que negocia com cinco governadores de oposição a Lula a formação de uma chapa única na corrida presidencial de 2026, que não teria como candidato, obviamente, o inelegível Bolsonaro. Na lista estão Tarcísio Gomes de Freitas (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr. (Paraná). Bolsonaro viu na articulação uma tentativa de tirá-lo do jogo desde já, não gostou e reagiu, incensando o nome da própria mulher.

Seu ex-ministro, advogado e eterno porta-voz Fabio Wajngarten foi o primeiro a externar o incômodo do chefe com as conversas em andamento. Ele chamou de “palhaçada” o projeto “Direita sem Bolsonaro” e ameaçou trabalhar por uma chapa em 2026 composta apenas por quadros do PL. “Eleição é voto e o bolsonarismo é a usina geradora deles”, escreveu Wajngarten em uma rede social.

MALAFAIA APOIA – Na sequência, o pastor Silas Malafaia publicou que o nome de Michelle aparece como o mais bem avaliado depois do ex-presidente. “O Bolsonaro vai dar um xeque-mate de mestre: ‘Vocês não me querem? Então engulam a minha mulher’. Aí eu quero ver quem vai se candidatar pela direita”, disse Malafaia a Veja.

“A Michelle está disposta a ir para o sacrifício. Eu digo e repito: ela tem a força das mulheres, a força dos evangélicos, a força dos bolsonaristas e de gente da direita. Ela é uma potência”, acrescentou.

Como o ex-presidente é considerado o maior cabo eleitoral no campo da direita, políticos envolvidos em conversas sobre candidaturas alternativas à do ex-presidente correram para contemporizar. Ninguém quer ser visto como um traidor do capitão nem arcar com as consequências de suas temidas desforras.

REPERCUSSÃO – De Nova York, Tarcísio de Freitas declarou que não existe direita sem Bolsonaro. Já Temer afirmou que sua articulação pode envolver também o ex-presidente, apesar de ele achar que no momento deve ser discutido um projeto, e não o nome que vai representá-lo nas urnas.

Comandando ofensivas em várias frentes para não ser preso e poder disputar a eleição em 2026, o que ele mesmo diz depender de um milagre, Bolsonaro não aceita ser considerado carta fora do baralho. Por ora, o plano Michelle é um tiro de alerta do capitão. Mas o que parece hoje improvável pode ganhar tração caso ele não sinta confiança na lealdade de políticos que lhe fazem a corte.

Um episódio ilustra bem o papel da ex-primeira-dama como trunfo eleitoral. Horas antes da manifestação pró-anistia realizada em Brasília no último dia 7, o pastor Silas Malafaia foi à residência do casal Bolsonaro e fez um diagnóstico sobre a situação de cada presidenciável. Após citar problemas de cada um deles, deu um veredicto aos dois: “Sobrou você, Michelle”.

ORANDO JUNTOS – Sem saber como reagir diante da constatação, ela o convidou a fazerem uma oração juntos. Quando questionada sobre seu futuro político, a ex-primeira-dama costuma dizer que entrega sua vida para o controle divino. Até recentemente, ela admitia uma candidatura pelo Distrito Federal ao Senado, Casa que o bolsonarismo quer dominar a partir de 2027, para tentar aprovar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Até pouco tempo atrás, o próprio ex-presidente sinalizava que o caminho de Michelle seria o do Legislativo. Nas últimas semanas, no entanto, quem esteve com ele garante que o capitão pode mesmo escalar a mulher para um projeto político mais ambicioso.

É uma mudança e tanto, impulsionada pelas circunstâncias atuais.

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NOTA DE REDAÇÃO DO BLOG
Não faltam exemplos. Depois de Isabelita Peron, inventaram Cristina Kirchner na Argentina, com resultados catastróficos. Agora, aqui no Brasil, só falta lançarem Janja contra Michelle, para transformar o Brasil numa gigantesca Argentina, como era antes de Itamar Franco, aquele presidente que não tolerava corrupção. A gente era feliz e não sabia. (C.N.)

A CPI do INSS e a tentativa do governo Lula de controlar os danos

Charge do Cláudio de Oliveira (folha.uol.com.br)

Pedro do Coutto

A instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a corrupção no INSS não é apenas um reflexo da indignação pública, mas uma imposição dos fatos. O escândalo envolvendo fraudes em descontos consignados de aposentados e pensionistas ultrapassou qualquer limite de tolerância — não apenas pela cifra astronômica (fala-se em 9 milhões de autorizações falsas), mas pela sensação de abandono institucional diante de um crime que se desenrolava à luz do dia.

Diante desse cenário, o governo Lula recuou de sua postura inicial de contenção e decidiu apoiar a CPI. Foi uma adesão forçada, mais por sobrevivência política do que por genuíno compromisso com a transparência. Afinal, seria politicamente insustentável se opor a uma investigação que já conta com farta documentação, denúncias confirmadas e cobertura extensa da imprensa.

ESCÂNDALO – A linha oficial do Planalto tenta empurrar a gênese da corrupção para o governo anterior, de Jair Bolsonaro. Ainda que as raízes do esquema possam, de fato, estar lá, é impossível ignorar que o escândalo atingiu proporções industriais justamente em 2024 — já sob a responsabilidade plena do atual governo. A alegação de “herança maldita” pode funcionar como argumento político, mas não resiste à análise administrativa: se o problema cresceu, foi porque não houve ação eficaz para detê-lo.

Mais grave ainda é a tentativa do governo de ocupar simultaneamente a presidência e a relatoria da CPI. Ao buscar o controle da comissão, o Planalto sinaliza que seu apoio à investigação é, na melhor das hipóteses, condicional. Trata-se de uma estratégia de contenção de danos, não de responsabilização. A relatoria, posição estratégica da CPI, terá a caneta que poderá dar nome aos bois — ou livrá-los discretamente. Por isso, a disputa por esse posto é um termômetro claro do quanto está em jogo.

A tentativa de concentrar poder dentro da comissão levanta suspeitas legítimas sobre a real disposição do governo em permitir que a investigação vá até as últimas consequências. A sociedade exige respostas. E não há mais espaço para o discurso do “não sabíamos”. As denúncias estavam disponíveis, os alertas foram dados, e as consequências agora pesam não apenas sobre os que operaram o esquema, mas também sobre aqueles que fecharam os olhos.

INTERFERÊNCIA – Ao apoiar a CPI, Lula tenta se desvincular do escândalo. Mas, ao mesmo tempo, busca interferir diretamente em sua condução. Essa contradição revela um dilema típico de quem governa em tempos de crise: ser investigado ou controlar a investigação? A escolha do Planalto parece estar clara — resta saber se o Congresso e a opinião pública aceitarão esse roteiro.

O Brasil assistirá, mais uma vez, ao embate entre discurso e prática, entre a retórica da apuração e o jogo de bastidores. O que está em julgamento não é apenas um esquema de corrupção. É a capacidade do Estado de zelar por seus mais vulneráveis — e de impedir que a máquina pública seja sequestrada pela impunidade.

Mujica personalizava uma “esquerda” de ateus que seguem Cristo e Gandhi

Hugo Motta não se curva ao Supremo e pode pautar a votação da anistia

Hugo Motta discursa em evento Lide Brazil Investment Forum, em Nova York

Motta fez consulta jurídica antes de responder ao Supremo

Carlos Newton

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), está surpreendendo o governo Lula, que contava com seu apoio para impedir que seja aprovada a anistia aos manifestantes do 8 de Janeiro, numa manobra que encerraria também os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e o chamado Núcleo 1 do golpe de Estado.

Lula levou Motta em sua viagem ao Japão e conversou longamente com ele. Mas o presidente da Câmara escapou de banda. Durante sua participação no evento Lide Brazil Investment Forum, que aconteceu há alguns dias em Nova York, Motta afirmou que tem o papel de “blindar” a pauta da Câmara da polarização, mas cobrou “autocrítica dos Poderes” para harmonizar o país. 

NOVA DISPUTA – Na verdade, está aberta de uma nova frente de batalha entre Câmara o Supremo, porque Motta colocou a votação uma medida norma que autorizava a suspensão da ação judicial contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Com isso, também abria brecha para beneficiar outros réus, como o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Dois dias depois, a decisão foi derrubada pela Primeira Turma do STF, ao alegar que a suspensão ficaria restrita apenas a crimes cometidos após a diplomação do parlamentar, excluindo apenas o 8 de Janeiro

Cobrado pela oposição bolsonarista, Motta consultou a assessoria jurídica da Câmara para se posicionar sobre o caso. A resposta foi favorável e Motta determinou que se enviasse o recurso ao Supremo, para que o plenário total, com 11 ministros, examine a decisão da Primeira Turma.

RESPOSTA AO STF – A equipe jurídica que assessora Hugo Motta, afirma que a Câmara tem direito de sustar o processo contra Alexandre Ramagem.

A aliados, Motta destacou que a reação dos deputados à decisão foi muito negativa, pois os parlamentares consideraram a medida uma afronta ao Legislativo.

“Nós vamos trabalhar para blindar a nossa pauta da polarização. Tenho me esforçado bastante para que implementemos essa agenda. Essa pacificação passa pela harmonia entre os Poderes, mas cada Poder tem que fazer autocrítica para colaborar com essa harmonia” — salientou o presidente da Câmara.

MAIORIA ABSOLUTA Em tradução simultânea, a realidade é que Motta representa os outros 512 deputados. Se a ampla maioria deles (315) votou para sustar o julgamento de Alexandre Ramagem, na forma da lei, não cabe ao Supremo alegar o contrário, se não há provas de que Ramagem estava envolvido nos preparativos do golpe, pois desde março de 2022 já havia deixado o governo e estava morando no Rio, empenhado em sua campanha para deputado federal.

Com toda certeza, é uma maluquice acreditar ou supor que Ramagem, morando no Rio, era do núcleo principal do golpe, se ele nem estava mais onde o grupo se reunia, a centenas de milhas dali, como diria o genial Djavan.

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P.S. –
Não é aconselhável o Supremo tentar subjugar Motta.  A qualquer momento ele pode pautar a anistia e aprová-la com a maior facilidade, incluindo Bolsonaro, Braga Netto e outros envolvidos. Será uma novela interminável. Comprem pipocas.
(C.N.)
 

Fake news envolvendo Miriam Leitão mostra que a Polícia precisa agir

É #FAKE que a colunista Míriam Leitão tenha publicado artigo 'luz no fim do  túnel' sobre crise no INSS | Fato ou Fake | G1

Falsificação imita a coluna da jornalista em O Globo

José Carlos Werneck

O site g1 publicou a notícia de que “circula nas redes sociais o que seria o print de um texto publicado no jornal “O Globo” e escrito pela colunista Miriam Leitão, no qual ela afirmaria que “rombo no INSS é a luz no fim do túnel para a salvação da economia e controle da inflação”.]

O texto alega que “descontos nos benefícios deixam o aposentado com menos recursos, o que o faz gastar menos”, gerando um recuo da inflação”.]

APENAS FAKE NEWS – Esse texto, porém, nunca foi publicado pela colunista. Portanto, a informação é simplesmente fake news, diz a matéria publicada pelo g1, acrescentando que à seção especializada “Ao Fato ou Fake”, Miriam Leitão confirmou que não é de sua autoria o texto.

“Eu nunca escrevi isso, nem escreveria. Tenho defendido o oposto: que o governo precisa ser eficiente e rápido em devolver o dinheiro às pessoas lesadas por esse roubo. Esse raciocínio é tosco, e eu evidentemente jamais o formularia. Está claro que é falsificado por quem tenta tirar a credibilidade de quem está dizendo, como eu, que é preciso investigar tudo nesse roubo que começou no governo Bolsonaro”.

TUDO FALSO – O print que circula nas redes mostra uma suposta publicação feita nesta terça-feira (13) às 19h30, horário em que nenhum conteúdo da coluna foi postado. Além disso, as fontes de título e subtítulo exibidas na imagem são diferentes do padrão usado pelo jornal “O Globo”.

Nesta terça-feira, a coluna da jornalista Míriam Leitão fez sete publicações, apenas uma delas sobre o caso de fraude no órgão, com o título “INSS: Governo deve oferecer várias formas de comunicação às vítimas, inclusive a presencial, e se preparar para pôr dinheiro público no ressarcimento”.

Realmente estamos vivendo tempos muito difíceis. Até quando? A Polícia especializada em cibernética precisa agir, para identificar o autor e levá-lo à justiça, porque se trata de grave crime digital. 

PIB será bom no primeiro trimestre, com risco de apagão no final do ano

Mas… | Brasil 247

Charge do Miguel Paiva (Brasil 247)

 

Vinicius Torres Freire
Folha

A economia deve ter crescido pelo menos 1,5% no primeiro trimestre de 2025, em relação ao trimestre anterior, o final de 2024, dizem estimativas melhores do PIB (Produto Interno Bruto). Recorde-se que o crescimento do primeiro trimestre de 2023, forte, foi de 1,4%. Desde fins de março, as estimativas vêm sendo revisadas levemente para cima.

Sim, o resultado deve ser engordado por um bom desempenho da agropecuária. Ainda assim. No crescimento anual (primeiro trimestre de 2025 ante início de 2024), o agro contribuiria com um quinto do total do avanço. Serviços e indústria ainda teriam resultados positivos.

ENCOLHIMENTO – Sim, há expectativa de que o segundo semestre seja de encolhimento do PIB. O Índice de Confiança Empresarial do Ibre da FGV desceu a níveis de 2023, influenciado por expectativas. A avaliação da situação atual continua razoável, pois a economia se reanimou depois de uma virada de ano mais fraca.

No fim das contas, o ano de 2025 terminaria com crescimento em torno de 2%. Seria bem pior do que os 3,4% de 2024. Mas o Brasil cresceu em média 1,4% ao ano de 2017 a 2019, depois da Grande Recessão, antes da epidemia.

O resultado do primeiro trimestre ainda seria bom inclusive para o investimento (em novas instalações produtivas, máquinas, equipamentos, softwares etc.). O crescimento seria próximo de 4%. Pelo indicador do Ipea, a alta no trimestre encerrado em fevereiro foi de 4,4%.

SALÁRIO MÉDIO – O bom crescimento do crédito e do emprego ajudaram. Até março, o salário médio continuava a crescer 4% ao ano acima da inflação; a soma de todos os rendimentos do trabalho (“massa salarial”) crescia a 6,6% ao ano.

Mas, apesar do melhor desempenho em mais de década, o ambiente parece de mau humor difuso, que transparece na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e nas expectativas, “de mercado” ou da população.

Um motivo, vez e outra lembrado nestas colunas, é o fato de que o salário não aumentou muito nos últimos cinco anos, apesar da forte melhora recente: do momento anterior ao início da epidemia até agora, 6,5%. Não é lá grande coisa.

COVID E INFLAÇÃO – O desastre econômico da Covid e a inflação subsequente ainda pesam no bem-estar material, aqui e alhures (o que foi piorado pelo repique da carestia desde meados de 2024).

A gente se ocupa daquele meio ponto percentual da Selic e esquece do médio e do longo prazo, se esquece desses freios do ânimo, por exemplo um motivo importante da volta de Donald Trump, que vira o mundo do avesso.

Juros nos EUA, o valor do dólar, preços de commodities continuam a ter peso grande nas idas e vindas do crescimento do país. No curto prazo, um gasto maior do governo coloca mais lenha na fogueira, por vezes de modo excessivo, como desde 2023.

PERDER DE VISTA – Não importa muito o que o Banco Central faça: enquanto não se der jeito “no fiscal”, os juros de mercado continuarão altos a perder de vista, encarecendo o investimento, prejudicando a concorrência (criação de novos negócios) e atrasando o país.

Sim, há os problemas de funcionamento da economia. Apesar de reformas importantes (tributação, crédito etc.), ainda há muito a fazer e o efeito dessas mudanças leva tempo, como o investimento em pesquisa (falta), planos de inovação (faltam), escola.

Afora isso, temos de cozinhar um bom arroz com feijão macroeconômico, tecnicamente o mais simples, politicamente muito difícil. E assim continuaremos a discutir uns poucos décimos de porcentagem nos juros, no PIB etc.

Como diz Eros Grau, não existe Justiça aqui na Terra, mas somente no paraíso

O Judiciário virou parte do espetáculo", afirma Eros Grau

“Justiça virou parte do espetáculo”, lamenta Eros Grau 

Roberto Nascimento

Concordo com o grande jurista Jorge Béja no seu desânimo com a Justiça. Entretanto, devemos lembrar que o Judiciário reflete uma gigantesca crise da sociedade. De um tempos para cá, perdemos o freio, a ética, o caráter, e passamos perigosamente à política do vale tudo, sem exagero na avaliação.

Predomina a generalização da teoria de levar vantagem em todas as frentes, com um agravante: a violência entre as pessoas aumentou. Aquele antigo conceito de família, amizade, companheirismo, solidariedade, estima, está escorrendo pelos ralos do esgoto humano.

RETROCESSO GERAL – A decadência não é exclusividade do Judiciário, está nas ruas, nas altas rodas da sociedade, nos vários níveis de governo, nos sindicatos, nas torcidas dos clubes de futebol, nos condomínios, nas vilas e nas mansões.

Posso afirmar que, acompanhando a cena política desde a década de 80 e a caminho dos 80 anos, constato com profunda tristeza que o Legislativo é o mais trágico entre os Três Poderes.
O povo tem escolhido os piores representantes no Senado, na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores.

O cenário é dantesco ou até pior do que o relato da Divina Comédia de Dante Alighieri.

INTERESSE COLETIVO – Não vejo os parlamentares correrem para votar matérias que melhorem a vida do povo e atendam aos interesses nacionais. Pelo contrário, só votam Leis que os beneficiem diretamente ou que sejam de seu interesse na continuidade de seus mandatos.

Suas excelências, nesse diapasão suicida, tentam seguir alimentando o dragão golpista, que ainda está à espreita, buscando uma forma para retomar o Poder. Para quê? Para nada. Uma vez no poder, conseguem ser ainda piores do que o grupelho que aí está.

Citando o ministro aposentado do STF, Eros Grau: “Não existe Justiça na Terra, somente no Paraíso”; aqui na Terra, hoje o Judiciário faz parte do espetáculo”..

Supremo mantém sigilo total sobre uso de jatos da FAB pelos ministros

COLUNA ESPLANADA] Presidente do STF solicita jatinho da FAB para palestra na Argentina | NACIONAL | Mossoró Hoje - O portal de notícias de Mossoró

Charge reproduzida do Arquivo Google

Mateus Vargas e Géssica Brandino
Folha

O STF (Supremo Tribunal Federal) descumpriu prazos da LAI (Lei de Acesso à Informação) e omitiu dados sobre viagens de ministros em aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) após dois pedidos feitos pela Folha. O tribunal nem mesmo informou por quanto tempo deixará sob sigilo as listas de passageiros das viagens.

O Supremo respondeu aos recursos apresentados pela reportagem mais de um mês depois do prazo definido pela lei e não revelou quais ministros solicitaram os deslocamentos nos aviões oficiais. A resposta só foi dada após a assessoria de comunicação do tribunal ser questionada sobre o atraso.

CINCO ANOS OU… – O Ministério da Justiça, autor de solicitações de parte dos voos para uso dos ministros do STF, já informou que deixará essas informações sob sigilo por cinco anos. A pasta, no entanto, disse que a decisão não se aplica às viagens solicitadas pelo próprio tribunal. Cabe ao Supremo definir esse prazo para os voos que mobiliza.

O governo Lula (PT) passou a emprestar aeronaves não apenas ao presidente do Supremo, mas também aos demais ministros, o que era incomum antes de 2023. A justificativa é que os ataques de 8 de janeiro deixaram as autoridades sob maior risco.

A FAB identifica em seu site apenas as viagens do presidente do STF, cargo hoje ocupado pelo ministro Luís Roberto Barroso. Ainda assim, apresenta horários dos voos, locais de origem e destino e previsão de passageiros, mas não mostra a lista de quem acompanhou o chefe do tribunal. Essa relação é apresentada apenas para as viagens de ministros do governo federal, entre outras autoridades.

À DISPOSIÇÃO – Os voos dos demais magistrados são classificados como “à disposição do Ministério da Defesa” e autorizados com base na brecha de um decreto de 2020 que permite ao ministro da Defesa liberar “o transporte aéreo de outras autoridades, nacionais ou estrangeiras” por motivos de segurança.

Nesses casos listados como “à disposição”, porém, a FAB não especifica se o voo foi feito por uma autoridade do Supremo ou de outro órgão. Questionado por meio da Lei de Acesso à Informação, o STF não apontou quantas vezes os ministros usaram essa categoria de voo.

A informação foi confirmada pelo Ministério da Defesa por meio da Lei de Acesso. A pasta apontou que os ministros do STF usaram ao menos 154 voos da FAB de janeiro de 2023 a fevereiro de 2025, sendo que mais de 70% deles levaram apenas um magistrado. Os números referem-se apenas aos voos classificados como “à disposição” do Ministério da Defesa e não consideram as viagens do presidente da corte.

NÃO HÁ PADRÃO – O advogado Bruno Morassutti, da ONG Fiquem Sabendo, avalia que não há padrão no STF sobre a divulgação dos voos.

“Infelizmente, há entendimentos diferentes entre os ministros sobre a divulgação de viagens. O STF perde muito em não dar transparência adequada para essas informações. Prejudica a imagem da instituição desnecessariamente num momento politicamente sensível”, afirma.

Morassutti afirma que o Supremo é obrigado a seguir a Lei de Acesso, mas não o regulamento que se aplica aos órgãos do Executivo federal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
“É importante destacar que todas as requisições de uso de aviões da FAB para o Presidente do STF se fundamentam em razões de segurança institucional”, disse o Supremo nas respostas iniciais, para concorrer à Piada do Ano. O que há é que os ministros têm medo de viajar em aviões de carreira e serem xingados pelos passageiros, como já aconteceu várias vezes. (C.N.)