Se não ajustar as contas, Lula vai deixar uma herança maldita para os petistas

Salário mínimo: veja as fórmulas de reajuste que estão sobre a mesa de Lula

Lula não vê saída e fica deprimido com o déficit em alta

Merval Pereira
O Globo

A disputa interna no governo sobre cortes para equilibrar as contas públicas envolve questões semânticas, como contrapor gastos a investimentos, mas principalmente divergências de visão de mundo, fazendo com que a renovação partidária necessária se veja constrangida por pensamentos anacrônicos que podem levar o PT, a médio e longo prazos, a um fim semelhante ao do PSDB, que vem encolhendo a cada eleição, como já aconteceu a PDT ou PTB e a outros ainda menos votados.

A boa vontade da agência de rating Moody’s, que recentemente melhorou a nota do Brasil, tem mais a ver com a perspectiva de sucesso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que com os números atuais — eles são bons, mas não estáveis a médio prazo.

ARCABOUÇO – O próprio presidente Lula fez lobby ativo, indo pessoalmente conversar com os técnicos da agência em Nova York, convencendo-os de que existe a “possibilidade” de cumprimento do arcabouço fiscal.

Pois agora chegou o momento certo para, com medidas concretas, confirmar essa possibilidade, a que parte do PT e o próprio Lula se contrapõem.

Há muitos anos o presidente tem a louvável fixação de que gastos em saúde e educação são investimentos. Claro que sim, e o ministro da Fazenda não é louco de achar o contrário, mas é preciso calibrar esses investimentos, balancear a distribuição de verbas e ter controle das necessidades. O gasto obrigatório, constitucional, tem de mudar, não pode ser automático.

A simples discussão dessa possibilidade coloca em alerta a parte petista que a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, representa: — Isso é um perigo — disse ela.

EXEMPLO DA DILMA – Mesmo que seu mandato na presidência esteja no fim, Gleisi espelha um grupo que não se convenceu de que é preciso cortar gastos para ter perspectiva de crescimento a longo prazo. Não se lembram do que aconteceu à ex-presidente Dilma, eleita devido ao crescimento artificial da economia no ano eleitoral. Depois ela não conseguiu mais controlar a situação.

Os ministros Haddad e Simone Tebet, do Planejamento, têm batido nessa tecla nos últimos dias, muito mais para conter esse grupo muito atuante do PT, que combina em bom tamanho com Lula e diz que não se pode cortar investimento social. Não é disso que se trata, e ninguém deveria querer cortar tais gastos, mas podemos e devemos fazer algo mais racional. Ninguém quer manter equilíbrio fiscal à custa dos pobres, mas existe uma margem de manobra que precisa ser aumentada para que a gestão funcione.

O presidente pode estar certo na semântica, mas nas contas o dinheiro é igual: sai do Tesouro, da arrecadação de impostos. Veremos se Haddad consegue alguma manobra que ajude o Brasil, para justificar e melhorar ainda mais a nota de crédito e o país ganhar o grau de investimento.

SENSIBILIDADE– O presidente, no entanto, parece ter mais sensibilidade política que seus comandados e luta consigo mesmo para fazer convergir seu lado social com as necessidades econômicas de longo prazo.

No primeiro mandato, Lula conseguiu essa proeza, quando parecia até mais difícil. Fez um governo equilibrado economicamente e teve sucesso, mas tinha o apoio do então ministro da Fazenda Antonio Palocci. Este, além da confiança de Lula, que Haddad também tem, tinha um poder de decisão dentro da estrutura partidária que Haddad ainda não tem. Nesse embate está a disputa pelo futuro do partido pós-Lula, no aggiornamento do PT.

A possibilidade de Lula não disputar a reeleição, por não poder ou não querer, não entra na suposição da máquina partidária, que conta com um novo mandato. Não entendem que, se não for feito algo imediatamente, enquanto a economia está em bom momento, a hipótese de reeleição de Lula enfraquece. Ou então virá como herança maldita deixada para si próprio, para seu partido. E para o país.

Eleição para prefeito segue critério comunitário, com polarização menos influente

Charge do Cazo (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

As eleições municipais não são marcadas, embora isso aconteça em casos isolados, por critérios ideológicos. Não se pode, portanto, dizer que o PL , o PT ou o PSD, por exemplo, levaram a melhor nas disputas recentes em virtude do caráter partidário presente nos pleitos. A eleição para prefeito segue sempre um critério comunitário.

Superada a primeira fase das eleições municipais, verificou-se uma preponderância  do embate sobre as questões municipais, deixando para o segundo plano os reflexos sejam eles estaduais ou federais. Na maioria dos municípios assinala-se que não estava em jogo o poder federal representado pelo presidente Lula da Silva ou pelo bolsonarismo tendo como representante o ex-presidente Bolsonaro, ficando acentuado o caráter doméstico da eleição.

BEM ESTAR – Conforme já dito em artigos anteriores, na política ninguém mora no estado ou na União Federal, mas sim no município. Assim, a preocupação com o bem estar nas cidades prevalece na consciência do eleitor. Não quer dizer que não tenha havido um duelo empolgante em São Paulo, entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, com Pablo Marçal perdendo fôlego na chegada em virtude, provavelmente, do atestado falso contra Boulos.

Em São Paulo, o presidente Lula participou de uma carreata para pedir apoio a Guilherme Boulos e até apontou Ricardo Nunes como responsável pelo apagão na cidade nos últimos dias. Nunes reagiu e realmente apontar o prefeito como culpado não é uma colocação correta que possa ser feita. A participação do prefeito na questão da energia é muito pequena para poder ser apresentado como culpado. Mas isso faz parte do jogo eleitoral. Ao que tudo indica, Nunes deverá conquistar a reeleição.

Fica um exemplo marcante de como se revestem as eleições municipais. Lula deveria ter apoiado Boulos de fato e participado de forma mais efetiva na campanha. Agora, parece que as ações são tardias, ainda que arrebate alguns votos. Dificilmente reverterá as perspectivas das pesquisas. Apesar de tudo, ninguém pode se considerar vitorioso antes do resultado final.

Após provocar pânico no mercado de bitcoin, Musk prevê “falência” dos EUA

Elon Musk prevê que inteligência artificial tornará todos os empregos  obsoletos | CNN Brasil

Musk diz que o governo dos EUA está se endividando demais

Fabio Lucas Carvalho

Site CPG

Nas últimas semanas, o bilionário e CEO da Tesla, Elon Musk, voltou aos holofotes não apenas por suas polêmicas, mas por gerar um alerta sobre a economia dos Estados Unidos. Em meio a uma série de acontecimentos recentes envolvendo o mercado de bitcoin, Elon Musk lançou uma advertência direta: o EUA estaria caminhando para a falência devido a gastos excessivos do governo.

Mas por que essas declarações de Musk chamaram tanto a atenção? E qual a conexão entre isso e a recente movimentação do bitcoin pela Tesla? Vamos explorar os detalhes dessa situação e explicar de forma clara e objetiva o impacto dessas questões.

OUTROS ATIVOS – A Tesla, que em 2021 comprou uma grande quantidade de bitcoin, voltou a agitar o mercado ao mover 750 milhões de dólares em criptomoedas para novos endereços, gerando especulações sobre uma possível venda dos ativos.

Essa movimentação causou pânico entre os investidores e contribuiu para a recente queda no preço do bitcoin, que anteriormente estava próximo de seus picos históricos, na casa dos 70 mil dólares.

Além disso, Elon Musk usou sua rede social X (antigo Twitter) para reiterar seus alertas sobre a economia americana.

FORA DE CONTROLE – Ele destacou que os gastos desenfreados do governo podem levar o país à falência. Musk enfatizou que 500 bilhões foram adicionados à dívida nacional apenas nas últimas três semanas, criticando o que ele chama de “gastos governamentais fora de controle”.

O impacto dessas declarações vai além das fronteiras das redes sociais. Stanley Druckenmiller, um renomado investidor bilionário, também emitiu um aviso sobre as consequências das políticas monetárias do Federal Reserve.

Com os Estados Unidos enfrentando uma inflação crescente e uma dívida nacional que ultrapassa os 34 trilhões, a economia do país encontra-se em uma posição delicada. E segundo Elon Musk, a falência governamental pode ser uma realidade se nada for feito.

RITMO ALARMANTE – Analistas do Bank of America alertaram que a dívida dos Estados Unidos (quantia de dinheiro que o governo federal toma emprestado para cobrir despesas operacionais) está crescendo a um ritmo alarmante, com projeções de aumento de US$ 1 trilhão a cada 100 dias.

Segundo Michael Hartnett, estrategista-chefe da instituição, essa escalada pode elevar a dívida nacional para US$ 36 trilhões até o final de 2024.

Em nota aos clientes, Hartnett destacou que esse cenário tem impulsionado o debate sobre “desvalorização da dívida“, refletido em máximas históricas nos preços do ouro e do bitcoin, que podem alcançar US$ 2.077 por onça e US$ 67.734, respectivamente.

SINAL DE ALERTA – O crescente endividamento dos EUA acende um alerta para os mercados financeiros, com investidores buscando ativos considerados seguros, como o ouro.

A crise também afeta diretamente o mercado de criptomoedas. O bitcoin, que há alguns meses parecia prestes a atingir novos patamares devido ao apoio de gigantes como BlackRock e o interesse crescente da China, perdeu fôlego.

Essa volatilidade, no entanto, pode ser vista como uma oportunidade para alguns investidores, especialmente aqueles que acreditam que o bitcoin pode se beneficiar da desvalorização do dólar e dos temores sobre a economia tradicional.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Musk tem razão. A situação é verdadeiramente preocupante, porque o dólar antes era  garantido em ouro, agora não tem mais garantia alguma, a não ser a conversa fiada de governantes irresponsáveis. O certo é que vivemos num mundo muito louco. (C.N.)

Lula ainda tem risco de sangramento intracraniano e deve repetir exames

Agendamentos – Dr. Luiz Severo

Neurocirurgião Luiz Severi explica a situação médica de Lula

Cláudia Collucci
Folha

O presidente Lula (PT) deverá repetir nas próximas 72 horas novos exames de neuroimagem para se certificar de que não há sangramento ou edema na região atrás do crânio (ociptal), lesionada após escorregar e cair no banheiro.

Segundo médicos ouvidos pela Folha, esse é o protocolo-padrão nesses casos. O boletim médico informou que Lula sofreu “ferimento corto-contuso em região ociptal”, responsável pela percepção visual, e levou pontos na região atrás da cabeça. Ele foi atendido no Hospital Sírio-Libanês de Brasília e segue sendo acompanhado em casa.

NO SÁBADO – O acidente ocorreu na noite de sábado (19), conforme antecipado pela coluna da Mônica Bergamo, da Folha, no momento em que Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, finalizavam os preparativos para a viagem à Rússia, onde ele participaria da reunião de cúpula do Brics. Por recomendação médica, a viagem foi cancelada.

O neurocirurgião Luiz Severo, especialista em dor, diz que, de acordo com informações disponíveis, o presidente teve um traumatismo cranioencefálico leve. “Ele não teve perda de consciência, não teve outros sinais de alarme, chegou ao hospital consciente e orientado.”

Segundo ele, o termo “ferimento corto-contuso”, indica também que, além do traumatismo, o presidente sofreu uma contusão cerebral, ou seja, lesão na superfície do encéfalo em que acontece pequenos sangramentos.

RISCO DE AUMENTAR – “São sangramentos benignos, mas, a partir do momento em que o paciente tem um traumatismo leve e um sangramento intracraniano pequeno, a gente tem que ficar atento para o risco de aumento desse sangramento.”

Severo explica que esse risco é maior em pacientes idosos pela própria fragilidade dos tecidos e dos vasos sanguíneos. Lula tem 78 anos. Pessoas que usam anticoagulantes, como o AAS, também podem ter risco de sangramento aumentado. Não há informação se o presidente faz uso desses medicamentos.

Para o neurologista, as primeiras 72 horas são as mais críticas para o risco de edema no cérebro. “A recomendação é repouso, hidratação e monitoramento.”

SEM VIAJAR – De acordo com o boletim médico, após avaliação da equipe médica, Lula foi orientado a evitar viagem aérea de longa distância, podendo exercer suas demais atividades.

Um voo do Brasil até a Rússia, onde será realizado o encontro, pode durar 17 horas.

Severo explica que a orientação de não viajar neste momento ocorre pelo risco de aumento de pressão no crânio e de sangramento, além da necessidade de monitorização clínica e radiológica pela equipe médica.

QUEDAS FREQUENTES – Segundo a geriatra e clínica-geral Maisa Kairalla, membro da Câmara Técnica de Geriatria do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), quedas como a que Lula sofreu no banheiro são muito frequentes entre idosos. Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia mostram que entre pessoas acima de 80 anos, 40% sofrem quedas todos os anos.

Ela explica que uma das piores consequências das quedas em que há traumatismo craniano é o risco de hematoma subdural, uma condição em que o sangue acumula na região entre o crânio e a superfície cerebral após a ruptura de um vaso sanguíneo.

“Às vezes você bate a cabeça, não sangra no dia, mas isso pode acontecer em até 30 dias, tempo que pode levar um hematoma subdural para se formar”, explica a médica.

SERVE DE ALERTA – Outro risco muito frequente é a fratura de quadril. “Se o presidente não tivesse operado [em razão de uma artrose no quadril] e colocado a prótese, o risco dessa queda poderia ter sido ainda maior porque a região fica muito instável, o que leva os idosos a caírem muito.”

Kairalla diz que a situação vivida pelo presidente serve de alerta para que os idosos façam adaptações em suas casas para prevenir eventuais quedas.

“O banheiro é um lugar muito propício para escorregar, fica molhado, cai pasta no chão.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula deveria se afastar para tratamento médico, porque tem de ficar muitos dias no estaleiro, porque pode ser operado para retirar o sangue, se o sangramento voltar. Seria uma cirurgia simples e rápida. Mas ele não fará isso, porque tenta mostrar que está “em forma”, por ordem do marqueteiro, visando o sonho da reeleição. (C.N.).

O mar retratado por Dorival Caymmi tinha muita beleza e realismo

Agenda cultural: Secult celebra o centenário de Dorival Caymmi | Portal do  Servidor Público da BahiaPaulo Peres
Poemas & Canções

O violonista, cantor, pintor e compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008) construiu sua obra inspirado pelos hábitos, costumes e tradições do povo baiano, tanto que desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos, sensualidade e riqueza melódica.

A letra de “O Mar” relata a tragédia de Pedro, símbolo do pescador que (quando sai, nunca sabe se volta) e de Rosinha, a mulher sofrida que (vive na beira da praia) e enlouquece ao constatar que Pedro não volta mais.

“A canção “O Mar” foi gravada por Dorival Caymmi no LP Caymmi e o Mar, em 1957, pela Odeon.

O MAR
Dorival Caymmi

O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito
O mar… pescador quando sai
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Nas ondas do mar
O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito

Pedro vivia da pesca
Saia no barco
Seis horas da tarde
Só vinha na hora do sol raiá
Todos gostavam de Pedro
E mais do que todas
Rosinha de Chica
A mais bonitinha
E mais bem feitinha
De todas as mocinha lá do arraiá

Pedro saiu no seu barco
Seis horas da tarde
Passou toda a noite
Não veio na hora do sol raiá
Deram com o corpo de Pedro
Jogado na praia
Roído de peixe
Sem barco sem nada
Num canto bem longe lá do arraiá

Pobre Rosinha de Chica
Que era bonita
Agora parece
Que endoideceu
Vive na beira da praia
Olhando pras ondas
Andando rondando
Dizendo baixinho
Morreu, morreu, morreu, oh…
O mar quando quebra na praia.

Haddad quer reduzir os supersalários, mas esqueceu de combinar com Lula

Fernando Haddad: o ministro de Lula que vai baixando a guarda do mercado

Haddad tem boa intenção, mas está no governo errado

Carlos Newton

Faz tempo que não se ouviam tantas gargalhadas na Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Foi na semana passada, quando a mídia e as redes sociais divulgaram a notícia de que o governo vai estabelecer limites aos supersalários no setor público, como uma das medidas em estudo no governo e que serão encaminhadas ao presidente Lula da Silva.

Não se trata de fake news, nada disso. A importante informação não pretende sabotar o governo nem destruir a democracia, o ministro Alexandre de Moraes pode até dormir tranquilo, se é que ele consegue. Trata-se de uma notícia oficial, divulgada pelo próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que até então não havia revelado seus dotes humorísticos.

ESTRANHEZA – Esse tipo de procedimento contra supersalários jamais constou em programa de partido político de porte nem em campanha de candidato com chance, por isso a notícia causou muita estranheza e descrédito.

Enquanto as elites do funcionalismo caíam na risada e espalhavam a Piada do Ano, tipo “sabem da última?”, os jornalistas ficaram atônitos e foram buscar confirmação. E conseguiram.

Um integrante da equipe econômica confirmou à Folha que a ideia é buscar um acordo no Congresso para aprovação do projeto de lei que regulamenta os supersalários e limita a poucas exceções o pagamento fora do teto remuneratório do funcionalismo, que tem como base o salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), atualmente em R$ 44 mil.

MEIA VERDADE – Era tudo verdade, o ministro Fernando Haddad não estava de brincadeira, e todos o brasileiros de boa vontade têm obrigação de apoiá-lo nessa guerra insana do rochedo contra o mar. Com essa disposição de enfrentar os mais poderosos inimigos do povo, o chefe da equipe econômica não percebe que está sozinho nessa briga.

Ninguém o ajudará nessa empreitada, especialmente Lula, que foi tirado da cadeia e ganhou uma ficha limpa justamente para servir a essa elite do funcionalismo civil e militar, que corre em dobradinha com as elites empresariais do poder econômico.

É lugar comum dizer que o Brasil é o país da corrupção e da impunidade, mas essas distorções só ocorrem quando as elites funcionais e empresariais entram em acordo, para se beneficiarem desviando recursos públicos.

SEM NEGÓCIO – Repetindo: a corrupção só acontece quando essas duas elites se entendem, digamos assim. Quando uma delas diz não, a negociata cai por terra. Assim, Haddad cometeu um ato falho, ao anunciar uma iniciativa do governo que não acontecerá.

Os supersalários são absolutamente inconstitucionais, a pretexto de constituírem “direito adquirido” ou outras embromações aparentemente judiciais.

A culpa é toda do Supremo, cujos ministros, envergonhados ao garantir la dolce vita dos operadores do direito, tiveram que estendê-la aos demais servidores civis e militares.

DEU ERRADO – Na Constituinte, houve um esforço enorme para reduzir os supersalários. Para garantir que isso de fato aconteceria, os parlamentares aprovaram as restrições em dois dispositivos diferentes. Um deles foi o art. 17 das Disposições Transitórias, que deveria ser lido em toda reunião ministerial.

Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.”

O texto e claríssimo e foi revisado por Celso Cunha, da Academia Brasileira de Letras, e dois lexicólogos contratados por Dr. Ulysses Guimarães.

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P.S.
E os penduricalhos? Como surgiram? Ora, foram sendo inventados pela elite dos servidores e depois legalizados pelo Supremo, que os reinterpretou com invulgar criatividade. Aliás, o Supremo brasileiro faz a merecer o Oscar de Efeitos Especiais justamente pela consagração desses penduricalhos, que seriam motivo de escárnio em qualquer país minimamente civilizado. (C.N.)

ONU esconde ‘Guerra e Paz’, de Portinari, e o filho planeja tour pelo mundo

Os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, voltarão ao Brasil -  Helvécio Carlos - Estado de Minas

Direção da ONU mudou a localização e ocultou a obra-prima de Portinari

 

Jamil Chade
do UOL

Entre as bandeiras do corredor da ONU, João Cândido Portinari cantarolava o que era o sentimento que tomava conta daquele homem com intensos olhos azuis: “prepare o seu coração”, numa referência à canção de Geraldo Vandré. Com 86 anos, o filho de um dos maiores artistas brasileiros parecia saber de cor o caminho que levava até as obras de seu pai, Cândido Portinari.

Num dos saguões da ONU, em Nova York, estão duas das principais obras do pintor — “Guerra e Paz”, telas doadas pelo Brasil para a instituição que representava o sonho de uma utopia. Os raios de sol que entravam pelas janelas naquele dia de visita tornavam o momento do reencontro entre João e as telas ainda mais mágico.

CORAÇÃO APERTADO – Questionado pelo UOL, que acompanhava a visita, sobre o que sentia quando via as obras, João não hesitou: “um coração apertado”.

O motivo de seu comentário é a decisão da ONU de impedir que as telas sejam visitadas nos tours organizados aos turistas de todo o mundo ao prédio.

Tampouco os jornalistas que cobrem diariamente as reuniões da ONU podem ter acesso. Os quadros ficam em uma área reservada, por onde apenas diplomatas passam.

SEM UNIDADE – E, mesmo assim, o espaço passou a ser local de exposições de outras iniciativas, rompendo a unidade entre as duas telas gigantes —”Guerra” e “Paz”— que se contrapõem. Enquanto o filho de Portinari examinava a obra do pai, negociadores e embaixadores percorriam o local, ignorando as telas ou já acostumados com elas.

João contou que essa não é a primeira vez que as telas desaparecem do público. No início da década de 50, o então secretário-geral da recém-criada ONU, Trygve Lie, pediu que governos de todo o mundo presenteassem a instituição com obras de arte que representassem as respectivas culturas.

O governo brasileiro encomendou a Portinari uma peça que tratasse de guerra e de paz.

NA ENTRADA – Os murais foram colocados na entrada na Assembleia Geral, numa disposição pela qual os negociadores encarariam a guerra, em sua entrada. E, ao sair, a paz. Uma espécie de visualização de seu trabalho de negociadores em um mundo sem conflitos armados.

Os painéis chegaram à ONU em 1956. Mas permaneceram durante um ano inteiro em caixotes. “Meu pai ficou preocupadíssimo [com a possibilidade de] que eles pudessem estragar”, contou o filho.

“Houve até um movimento de artistas e intelectuais que sugeriram que o Brasil pedisse as obras de volta”, disse.

OBRA DE PICASSO – Enquanto os painéis ficavam fechados, diplomatas discutiam se elas deveriam ser colocadas em outro local do prédio. “Havia um debate se aquele saguão deveria ser usado para uma obra de Pablo Picasso”, relatou João.

Mas, por uma operação exitosa do Itamaraty nos bastidores, Portinari manteve seu espaço e, finalmente, as obras foram instaladas em 1957.

Na inauguração, porém, quem desapareceu foi o próprio pintor. Ao solicitar o visto americano para viajar para Nova York, Portinari recebeu um alerta: teria de declarar que não era comunista. “Ele se recusou”, contou João.

VISTO NEGADO – O visto jamais lhe foi concedido. “Isso mostra o homem que ele era. Aquela era a maior oportunidade de passar uma mensagem de paz”, afirmou o filho, responsável por manter e democratizar o acervo do pai.

Não foi a única ocasião de um veto ao pintor. Em 1949, Portinari também foi impedido de viajar aos EUA para uma conferência mundial da paz.

Ainda assim, na inauguração dos painéis na ONU, em setembro de 1957, o prêmio Nobel Dag Hammarskjöld, então secretário-geral da entidade, declarou que aquelas eram as obras de arte mais importantes doadas às Nações Unidas.

SEM PORTINARI – O chefe da Missão do Brasil junto à ONU, embaixador Cyro de Freitas Valle, lamentou que Portinari não estivesse presente.

“Com pesar, não o vejo entre nós”, disse “Desejo salientar um ponto: o Brasil acredita estar oferecendo hoje à ONU o que tem de melhor para dar”, completou.

Foram necessários mais de 50 anos para que a ONU fizesse um reconhecimento público da dimensão da doação brasileira. Depois de as telas terem sido restauradas no Brasil e devolvidas para a ONU, o então secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, qualificou “Guerra e Paz” como “mais do que magníficas obras de arte”. “Elas são o chamado de Portinari para a ação. Graças a ele, todos os líderes que entram nas Nações Unidas veem o terrível preço da guerra e o sonho universal pela paz”, disse.

DEU A VIDA -Ban Ki-mooncontou como “o próprio Portinari foi advertido por seus médicos a parar de trabalhar nos murais porque estava ficando doente por causa da tinta de chumbo. Mas ele se recusou. Ele literalmente deu sua vida para terminar essas obras-primas. Ele nunca viveu para vê-las instaladas”, lamentou.

Mas nem sempre as telas foram marcadas por invisibilidade. Antes de deixar o Brasil, em 1956, as obras foram expostas no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. João, na época com 17 anos, se lembra de tudo. Inclusive do impacto de uma crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre o que havia visto.

“Se tais pinturas não se gravarem por toda a vida na tela interior, é que não mereceríamos tê-las visto. Usando a linguagem da obra de arte, que é uma alegria perfeita mesmo quando nos expõe o pranto e a solidão mortuária, Portinari nos diz : Olha, vê bem, penetra o fundo destas imagens, e escolhe”, escreveu.

VOLTA AO MUNDO – O pintor escolheu a paz e, agora, seu filho quer levar as telas para percorrer o mundo, com paradas na Itália e na COP30, em Belém, em 2025. O trecho final envolveria uma exposição no Museu Nacional de Pequim, em 2026. Mas nada está garantido ainda, diante dos elevados custos, exigência de um planejamento cuidadoso e do fato de envolver peças que foram doadas para a ONU.

Portinari, o filho, já demonstrou que não lhe falta planejamento nem experiência. Há dez anos, o Projeto Portinari obteve a guarda das telas por seis anos, o que permitiu que elas fossem restauradas e expostas no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Belo Horizonte e em Paris.

A esperança de João Cândido é que a obra-prima de seu pai possa, agora, dar a volta ao mundo numa missão de paz.

Ministros do Supremo já perderam a capacidade de fazer a coisa certa

Charge do Nani (nanihumor.com)

J.R. Guzzo
Estadão

O STF joga há mais de cinco anos uma partida que só tem piores momentos, mas ainda assim consegue jogar cada vez pior. É natural. Os ministros perderam a capacidade de fazer qualquer coisa certa, como o organismo vai perdendo a audição ou os glóbulos brancos – e no espaço aberto pela ausência das coisas certas só podem entrar as coisas erradas. Não é que os ministros pensem errado. O problema é que eles não sabem o que é pensar.

Num momento em que a integridade do STF está sendo cada vez mais contestada, e se multiplicam as evidências de que o Tribunal se tornou o maior inimigo da democracia no Brasil, o que fazem os ministros? Vão para um piquenique em Roma pago, entre outros, por empresários que confessaram crimes de corrupção ativa. Pior: devolveram dinheiro roubado, e agora o ministro Dias Toffoli lhes deu de volta os R$ 10 bilhões que tinham prometido pagar para sair da cadeia.

PROMISCUIDADE – É incesto explícito. As empresas que levam os ministros para passear nas capitais do mundo rico têm causas a serem julgadas no STF. A mulher de Dias Toffoli é advogada do escritório que representa a JBS – a que foi presenteada pelo marido com aqueles R$ 10 bi. As mulheres de Alexandre Moraes, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin também advogam no SFT. Só a sra. Moraes está em dezoito processos. O ministro Barroso acha tudo isso normal.

O presidente do tribunal, aliás, achou uma boa ideia defender a boca livre de Roma com o seguinte enunciado: registrar que empresários corruptos patrocinaram o “evento” é ter “preconceito contra a iniciativa privada”.

O que ele sugere, então? Que a presença de ladrões confessos deve ser mantida em sigilo, para não levantar dúvidas sobre a reputação da liberdade empresarial? Aí já é levar a jaca para o palco e enfiar o pé em cima.

PROTEÇÃO AO ROUBO – O STF está vendo, finalmente, a sua conduta entrar em julgamento – até pela imprensa internacional, essa que os ministros veneram com a mesma intensidade com que odeiam as redes sociais. Indaga-se, é claro, como um tribunal de justiça possa ter formado contra si um prontuário tão óbvio de proteção à roubalheira. Mas indaga-se, mais ainda, se o STF é hoje um defensor ou um agressor da democracia no Brasil.

O tribunal parece ter decidido acabar, de uma vez por todas, com qualquer dúvida que ainda possa haver a respeito. O ministro Flavio Dino decidiu intimar o deputado Marcel van Hattem, um dos líderes da oposição, a depor numa delegacia de polícia.

Ele sabe perfeitamente que o artigo 53 da Constituição proíbe isso: “quaisquer” opiniões, palavras e votos de membros do Congresso, está escrito ali, são “invioláveis”. Por que viola, então?

Governo de Lula falha grotescamente por ser capaz de enxergar só até 2026

Simone Tebet afirma que gastos sociais não são problema no orçamento |  Radioagência Nacional

Governo não aproveita os planos que Simone Tebet cria

Diogo Schelp
Folha

O governo federal inicia este semestre a elaboração de um plano para orientar as políticas públicas de longo prazo para o Brasil. Com o nome de Estratégia Brasil 2050, o documento receberá contribuições de todos os ministérios, do BNDES, de Estados e municípios e da sociedade civil, sob coordenação do Ministério do Planejamento, com foco em temas como clima, infraestrutura, macroeconomia e transição demográfica.

A intenção é ótima. Como bem disse a ministra Simone Tebet no mês passado, ao dar o pontapé na iniciativa em reunião com representantes das outras pastas, “o Brasil não tem tradição de planejar a longo prazo”.

ERRO HISTÓRICO – A incapacidade de planejar o futuro explica em parte o fato de o País ter tanto potencial desperdiçado. Perdemos a janela demográfica, fase propícia a um salto no crescimento econômico graças à existência de uma parcela da população economicamente ativa maior do que as de crianças e idosos; falhamos em construir uma educação básica de qualidade, apesar de recursos garantidos na área.

Além disso, seguimos permitindo a destruição dos nossos biomas, apesar de há anos vigorar o consenso de que sua exploração econômica imediata não paga pelos prejuízos futuros em termos de impacto no clima, na agricultura e nas populações.

E fracassamos também em aumentar de forma significativa o índice de produtividade do trabalho, ainda ocupando uma das piores colocações nesse quesito dentre os países com renda média; e, apesar de possuirmos todas as condições naturais para ser uma potência energética, temos uma das tarifas de eletricidade mais caras do mundo em proporção à renda da população.

NEM MÉDIO PRAZO… – Governos após governos provam-se incapazes até mesmo de se ater a projetos de médio prazo, como o Plano Plurianual, instrumento previsto na Constituição que define metas de quatro anos. Objetivos mais distantes caem no esquecimento com ainda mais facilidade.

Um exemplo disso é o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), criado em 2018 com o compromisso de reduzir pela metade os óbitos nas ruas e estradas do país até 2030. Muitas das premissas do Pnatrans encontraram resistência no governo de Jair Bolsonaro e foram abandonadas. Como resultado, o total de mortes no trânsito voltou a crescer depois de vários anos de quedas graduais.

O governo Lula não é muito diferente em sua dificuldade em enxergar para além da duração do próprio mandato – motivo suficiente para não ser muito otimista com o que será feito do plano que está sendo elaborado sob a batuta de Tebet com resultados a serem colhidos em 2050, quando Lula terá 105 anos. Basta ver alguns exemplos de sua gestão até aqui.

PARADOXO – O setor elétrico vive um paradoxo de ter abundância de geração, mas conviver com tarifas elevadas e riscos de apagão. Praticamente todas as empresas geradoras, transmissoras e distribuidores concordam que é necessário fazer com urgência uma reforma no setor, mirando em redução de tarifas, liberdade de consumo, segurança no sistema e transição energética para as próximas décadas.

Mas o governo só consegue agir quando é para aprovar medidas pontuais, com benefícios momentâneos nas contas de luz, trazendo ainda mais insegurança e jogando os custos para o futuro. Ou seja, quando mexe nas regras, aumenta o caos.

A regulação das apostas online segue a mesma lógica. Como mostrou o Estadão, a preocupação sempre esteve centrada na busca por uma nova forma de arrecadação, sem um estudo aprofundado de impacto na economia, no combate à lavagem de dinheiro, nas finanças familiares e na saúde pública. Resultado: em poucos meses os problemas já começaram a aparecer e o governo e o Congresso correm para remendá-los.

OS MESMOS ERROS – A miopia do governo aparece mesmo em áreas para as quais já existem metas ambiciosas, como as de redução de queimadas, ou em políticas que já deram errado no passado, como a ideia de abrir os cofres do Tesouro Nacional para turbinar a disponibilidade de crédito do BNDES para aquecer o PIB.

Nesses e em outros casos, Lula não enxerga além de 2026, quando se submeterá a uma eleição com caráter plebiscitário, ou seja, na qual os eleitores dirão se o presidente melhorou ou não sua vida nos quatro anos anteriores.

Planejar para 2050, como pretende a ministra Simone Tebet? Quem nos dera.

Nunes vira humorista e Boulos anuncia sua estreia como mágico nesta segunda

Boulos aposta em Lula, Marta e mobilização de vereadores para virar votos em SP | Partido dos Trabalhadores

Boulos anuncia uma grande surpresa nesta segunda-feira

Josias de Souza
do UOL

Para quem assiste a debates pelo espetáculo, seria um confronto primoroso. Teve jogo de empurra, caneladas e banho de lama. Era um prato sortido, porém requentado. A TV Record exibiu um grande replay, com Nunes e Boulos brandindo as acusações de sempre para provar que os dois são indignos da poltrona de prefeito de São Paulo.

Quem resistiu às duas horas de confronto presenciou dois instantes inusitados. Os candidatos, já meio fartos da própria mesmice, ensaiaram números para carreiras alternativas. Numa passagem, Nunes aventurou-se como comediante. Noutra, Boulos anunciou para segunda-feira sua estreia como mágico.

HUMORISMO – Um repórter perguntou se Nunes conseguiria andar pelo centro de São Paulo à noite sem ser tomado de assalto pelo medo. Foi nessa hora que o prefeito contou uma piada. Disse que esteve “outro dia” na Praça da Sé, “por volta das 22h.” Viu “crianças brincando”. Teve-se a impressão de que o mediador do debate reprimiu uma espécie de sorriso interior.

Boulos não tirou coelhos novos da cartola. Porém, na última frase das considerações finais, adiou o grand finale para esta segunda-feira:

“Às 10 horas da manhã, nós vamos fazer um pronunciamento que você nunca viu numa campanha eleitoral e que vai mudar a eleição”. Com 56% de rejeição no Datafolha, terá que tirar cartolas de dentro do coelho.

DOIS GAMBÁS – O risco que os candidatos correm quando se tratam como dois gambás é o eleitor concluir que, nesse tipo de debate, mesmo quem sai ganhando fica fedendo. Num instante em que 86% dos eleitores informam ao Datafolha que já estão decididos, é improvável o confronto da Record resulte em virada de votos. Tende a consolidar posições.

Nesse contexto, o debate foi menos ruim para Nunes, que aparece nas pesquisas muito à frente do rival.

A virada passa a depender agora da força do abracadabra prometido por Boulos para esta segunda-feira.

Lula cancela viagem após cair no banheiro e levar vários pontos na cabeça

Roberto Kalil admite ter tomado cloroquina em tratamento da Covid-19

Dr. Roberto Kalil foi a Brasília para verificar o ferimento de Lula

Deu na Folha

O presidente Lula não vai mais embarcar para a Rússia, onde participaria da reunião de cúpula dos Brics. Ele foi internado no hospital Sírio Libanês de Brasília após um acidente doméstico em que sofreu uma queda no banheiro e bateu a cabeça. De acordo com relatos, o petista estava sentado em um banco e escorregou.

O acidente ocorreu na noite de sábado (19), quando Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, finalizavam os preparativos para a viagem à cidade russa de Kazan, que abrigará o encontro.

EM OBSERVAÇÃO – Lula foi ao hospital, recebeu pontos na nuca, voltou para a residência oficial, no Palácio da Alvorada, e neste domingo (20) retornou à instituição médica para novos exames.

Ele agora está em casa, mas permanece em observação. Deve despachar normalmente na segunda (21). De acordo com relatos feitos à Folha, apesar do susto, não houve maiores problemas e em momento algum o presidente perdeu a consciência.

Lula vai participar da reunião do Brics por videoconferência. Ele está reunido neste domingo com o chanceler Mauro Vieira e outros ministros para discutir a operacionalização e os detalhes de suas intervenções.

DIZEM OS MÉDICOS – De acordo com boletim médico, ele sofreu “ferimento corto-contuso em região ociptal”, responsável pela percepção visual. O petista levou pontos na região atrás da cabeça.

“Após avaliação da equipe médica, [Lula] foi orientado a evitar viagem aérea de longa distância, podendo exercer suas demais atividades”, diz o boletim. Um voo do Brasil a Kazan, onde será realizado o encontro, pode durar 17 horas. Os médicos consideraram que o melhor para o presidente era ficar em Brasília.

A viagem estava prevista para ocorrer neste domingo (20), mas foi cancelada depois que o presidente fez exames que indicaram a necessidade de permanecer em Brasília.

ENCONTRO COM PUTIN – Ele foi atendido pelo cardiologista Roberto Kalil Filho, que viajou para a capital para atender o presidente.

A reunião dos Brics seria o primeiro encontro de Lula com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, depois do início de seu terceiro mandato. Em setembro, os dois conversaram por telefone e discutiram uma proposta para encerrar a Guerra da Ucrânia.

Segundo o Palácio do Planalto divulgou à época, eles abordaram o plano conjunto de Brasil e China para encerrar o conflito, que tem como um dos pontos principais a realização de uma conferência internacional com a participação de Moscou e Kiev, atuando de forma igualitária.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Infelizmente, a idade não perdoa. Por mais que Lula insista nessa aventura da reeleição aos 81 anos, fica claro que essa bagaça não vai dar certo. Aqui na Tribuna alguns comentaristas já chamam o presidente de “Biden Lula”, porque aos 81 anos o presidente americano não diz coisa com coisa e parece estar sempre sob efeito de medicamentos tarja preta. Lula também precisa de um chinelo e um pijama de flanela, mas a primeira-dama gosta de viajar… (C.N.)  

A alta rejeição de Guilherme Boulos prejudica sua arrancada na reta final

19.out.2024 - Apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) aguardavam por candidato e pelo presidente Lula (PT) na zona sul de São Paulo, mas ato foi cancelado

Neste sábado, Lula cancelou caminhada por causa da chuva

Roberto Nascimento

O eleitor de São Paulo foi massificado pela estratégia do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que associa o candidato do PSOL como radical de esquerda, isso assustou a classe média e até eleitores da periferia.
Nem mesmo a gestão incompetente de Nunes no Apagão Elétrico, ao não retirar em tempo hábil, as árvores caídas nas vias urbanas e culpando exclusivamente a ENEL, deu os resultados esperados por Boulos. Na última semana, o prefeito recuou apenas 4 %, nas pesquisas.

DESCOLADO – Nunes inteligentemente, dispensou o apoio de Bolsonaro, com alta rejeição na capital, o que poderia contaminar o prefeito como um negacionista, reacionário, golpista e anticiência, as marcas do ex-presidente. Nunes preferiu colar no governador privatista e atual queridinho dos poderosos empresários da Avenida Faria Lima.

Aliás, o sucesso nas pesquisas do candidato Nunes, tem sido colocado na conta de Tarcísio, o que tem tornado Jair Bolsonaro uma fera ferida, porque gregos e troianos do poder político e empresarial já “elegeram” o governador como futuro presidente.

Bastou Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, expressar o óbvio, dizendo que Tarcísio é o candidato da direita para 2026, dando como certa a inelegibilidade de Bolsonaro, para abrir um climão entre Bolsonaro e Valdemar.

PLANO B – O ex-presidente ameaçou abandonar o PL e criar um partido para chamar de seu. Costa Neto quase teve um infarto. Tentou botar panos quentes, incluindo o filho Eduardo Bolsonaro como um bom nome para presidente, mas Bolsonaro ficou ainda mais irritado, porque o número um da Direita é ele e o plano B sempre foi Flávio Bolsonaro, o senador.

No campo da esquerda, Boulos foi praticamente abandonado pelo PT e por Lula, que nunca acreditaram na viabilidade do candidato do PSOL. O PT está um pote até aqui de lágrimas com o eleitor paulista, que não crê como antes no sonho das propostas petistas, agora defasadas com os novos desafios de um tempo tecnológico, de IA e do empreendedorismo, tão bem percebido e explorado pel  /,o enganador e encantador de serpentes Pablo Marçal.

Neste sábado, Lula ia fazer uma caminhada com Boulos pela capital paulista, mas teve de ser cancelada, por causa da chuva. Seria muito pouco, para alavancar o candidato do PSOL. Lula não entendeu que a derrota de Boulos será também uma derrota dele e de toda a esquerda. É melhor perder, sabendo que tudo foi feito para ganhar, do que fingir que apoia, para não ficar atrelado a um perdedor.

COVARDEMENTE – Nesse ponto, Lula agiu covardemente com Boulos, como Bolsonaro fez com Nunes. Na campanha, Bolsonaro fincou um pé na canoa de Nunes e outro pé na canoa de Marçal, enquanto Lula tirava os dois pés da canoa de Boulos, e agora tenta desesperadamente ajudar na última semana antes do segundo turno, sabendo de antemão que não dá mais.

Em eleição, não se pode recuperar o tempo perdido, se errar a escolha, só é possível corrigir na próxima eleição, mesmo assim, se tiverem humildade para reconhecer os erros e mudar radicalmente de rumos, caso contrário, vão perder novamente e de maneira avassaladora.

Brasil é campeão do comprometimento de renda para pagar dívidas pessoais

Enquanto bancos têm lucros bilionários, 62% dos brasileiros estão endividados | Sindicato dos Bancários

Charge reproduzida do Google

José Roberto de Toledo
do UOL

O brasileiro sobe no mais alto lugar do pódio quando o assunto é comprometimento de renda para pagar dívidas, afirmou o professor Lauro Gonzales, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). O primeiro lugar se deve a uma inclusão financeira apoiada numa obtenção de crédito predatória. Segundo o especialista, enquanto o acesso e uso a serviços financeiros explodiram recentemente, a qualidade ainda deixa muito a desejar.

Acesso é, digamos, as pessoas terem possibilidade de acessar um serviço financeiro. Isso é diferente do uso, porque não é porque você tem acesso, que você vai usar. (…) Tem três grupos de fatores andando juntinhos. Um é o próprio Banco Central e uma série de mudanças regulatórias que aconteceram, eu diria que nos últimos vários anos, cujos efeitos se somaram, não é uma coisa só.

VEJAM O PIX – Para dar exemplos concretos, o Pix. O Pix é uma mudança recente, final de 2020 (…). A existência das fintechs, dessas instituições de pagamento, onde a gente vai, a gente vê aquelas maquininhas hoje (…). A explosão disso tem a ver com mudanças regulatórias que aconteceram também nesse período todo.

O segundo grupo de fatores são as novas tecnologias e novos atores que, hoje, oferecem serviços que só bancos ofereciam. O terceiro é o grande aumento no volume de transferência de recursos, caso do Bolsa Família recentemente.

O Brasil ficou muito tempo numa espécie de ‘série B’ de contas correntes, por exemplo, ou de contas em instituições formais. Acho que esse é um bom exemplo. Por quê? Porque essas contas são a porta de entrada para vários outros serviços. O Brasil estava lá naquela faixa, mais ou menos assim, cerca de 60% dos adultos com conta corrente.

VIROU FRANÇA – Então, o Brasil estava numa posição intermediária. O Brasil não estava lá embaixo na ‘série C’, mas não estava como os países desenvolvidos. Nos últimos anos, deu um salto. O Brasil, em poucos meses, virou a França.

O acesso, o número de adultos com conta corrente hoje, é semelhante ao de países desenvolvidos, acima de 90%. Se a gente pega, por exemplo, o número de pessoas que são beneficiárias do Bolsa Família e tem conta corrente, esse número hoje já está próximo de 100%. Utilizando essas contas formais, acesso e uso, nesse caso. Então, aumentou drasticamente.

Segundo Lauro Gonzales, professor da FGV, se o acesso e o uso explodiram, a qualidade tem muito a melhorar, e o resultado é o endividamento da população, sobretudo da parcela mais pobre.

ENDIVIDADOS – Quando a gente olha, por exemplo, o comprometimento de renda da galera que está dentro do Bolsa Família — e esse número me assustou, confesso, quando eu olhei essa pesquisa —, a gente vê, assim, coisa da casa de 35% da renda comprometida com pagamento de amortização e juros de dívida para usuários do Bolsa Família. Sendo que esse número já é alto para a população em geral. No Brasil, tipicamente, esse número varia entre 25% e 27%, conforme dados do próprio Banco Central (…).

“De cada R$ 100 que você ganha, em média, R$ 36 está indo para o pagamento, só sobra R$ 64”, diz Lauro Gonzales. “Isso é muito por duas razões. Primeiro, se a gente comparar com outros países, o segundo colocado tem um nível de comprometimento de renda que é tipicamente metade do existente no Brasil. Isso é, a população em geral. Entre os pobres, eu tenho certeza que o Brasil é campeão com esses números que eu estou falando”.

O professor da FGV salienta que os dados da pesquisa refletem a dimensão da qualidade.

TIPO DE CRÉDITO – “Então, que tipo de serviço, que tipo de crédito essa população está consumindo? Não é o crédito que o Acredita [programa de crédito do governo federal] está se propondo a fazer”, indaga Lauro Gonzales, acrescentando:

“Esse crédito que hoje está inchando, está engrossando o caldo do endividamento, é um crédito muito ligado a consumo e muito ligado a uma combinação de cartão de crédito e consignado. Aliás, o consignado é um capítulo à parte nessa história toda, porque muito embora as taxas sejam baixas, ele pode acabar sendo utilizado assim como alavanca para outros créditos, ele pode acabar comprometendo uma parcela muito grande da renda também”, conclui o economista, preocupado com o crescente endividamento do governo e da população.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula abriu o empréstimo consignado, descontado em folha, a pretexto de que ajudaria a melhorar as condições dos aposentados, mas ajudou mesmo foi a melhorar os lucros das instituições financeiras. De grandes ideias desse tipo já estamos cheios, e não causa surpresa que o Brasil esteja na liderança do endividamento pessoal. Cobrando nos cartões de crédito juros reais (descontada a inflação) superiores a 350 por cento ao ano, que outro país ousaria competir conosco? Realmente, fica difícil nos tirar desse vergonhoso pódio. (C.N.)

A necessária erradicação do trabalho infantil no Brasil

Charge do Nando Motta (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Uma reportagem publicada no O Globo deste sábado, revela que, em 2023, havia 1,6 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando no Brasil. O número representa uma queda de 14,6% em relação a 2022, sendo o menor registrado desde o início da série histórica em 2016, conforme divulgado pelo IBGE. Embora a proporção de menores no trabalho infantil estivesse diminuindo ao longo dos anos, houve um aumento para 4,9% em 2022, após a pandemia. No entanto, em 2023, o índice recuou para 4,2%, o menor percentual desde 2016.

A pesquisa também revela que mais de 586 mil crianças e adolescentes estavam envolvidos em atividades perigosas e insalubres, como operação de máquinas, manuseio de produtos químicos e extração de minério. Embora o número tenha caído 22,5% em relação a 2022, quando 756 mil menores estavam nessas condições, seis em cada dez crianças de 5 a 13 anos remuneradas desempenhavam trabalhos perigosos.

AUMENTO DA RENDA – A queda no trabalho infantil pode ser atribuída ao aumento da renda familiar, impulsionado pela melhora no mercado de trabalho e pela expansão do programa Bolsa Família em termos de cobertura e valor do benefício. Além disso, é preciso ressaltar a importância das políticas públicas e a intensificação da fiscalização na redução desses números, fora o impacto do aumento do salário mínimo na redução do trabalho infantil, já que as famílias com melhores condições financeiras tendem a tirar as crianças do trabalho e incentivá-las a frequentar a escola.

A tendência é de novas reduções no trabalho infantil, à medida que ações promovidas pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil ganham força. O Brasil é signatário do compromisso de erradicar o trabalho infantil até o ano que vem, conforme as metas da Agenda 2030 da ONU.

Apesar do progresso neste cenário, é sempre importante lembrar que o trabalho infantil colide com a Constituição do país, revelando uma triste face que marca a realidade de milhares de famílias brasileiras. Inclusive porque muitas das crianças que deveriam estar nas escolas e não trabalhando, sequer recebem um salário mínimo.

INSALUBRIDADE – Desempenham tarefas, muitas vezes insalubres, em troca de tentar garantir a alimentação básica de seus familiares. Esta ainda é uma situação que deve envergonhar a sociedade, mostrando o quanto é possível que, pessoas, grupos ou empresas, disponham de mão-de-obra infantil para as suas atividades.

As crianças sequer se dão conta do que estão fazendo ao contribuir para uma injustiça social enorme. Até porque entendem que não têm outro caminho, mesmo numa fase da vida em que deveriam estar estudando e tendo os seus direitos garantidos.É necessário que as ações em prol das crianças e adolescentes se ampliem e garantam a todos o direito à educação, à saúde e à vida digna.

Lula só conseguirá vencer em 2026 se disputar novamente contra Jair Bolsonaro

Bolsonaro: não tem como Lula estar com “45% das intenções de voto” | Metrópoles

Bolsonaro e Lula dependem novamente de haver polarização

José Perez

O jornalista José Roberto Guzzo indaga se alguém consegue indicar realizações deste governo de Lula da Silva. Eu consigo e cito logo três grandes feitos administrativos: 1) Reaparelhamento das estatais, que assim voltaram a dar prejuízos bilionários, batendo recordes negativos; 2) Volta da contabilidade criativa ou orçamento paralelo e maquiado, com novas pedaladas fiscais; 3) aumento exponencial das emendas PIX não rastreáveis no Congresso.

Estão vendo como é fácil citar realizações desse governo? Posso citar várias outras. Para Lula, Dilma e o PT, “gasto é vida”. Eles adotam a política de que é preciso elevar os gastos públicos, como se representassem investimentos produtivos, sempre com dinheiro alheio ou endividamento coletivo, claro. Essa gente é como praga em lavoura.

SÓ O BAGAÇO – Aqui no Brasil, só o agronegócio dá certo, porque o governo não consegue se intrometer para atrapalhar, apesar do grande incentivo dado por Lula e pelo PT ao Movimento Sem-Terra. Em outras atividades econômicas, o governo realmente atua como praga, com impostos escorchantes para sustentar supostos trabalhadores que não trabalham, como dizia o Roberto Campos original.

Ao final de seus governos, os petistas deixam só o bagaço em forma de recessão, desemprego e dívida pública explosiva.

Quanto à privatização, eu sou a favor, mas nunca sair de um monopólio público para um monopólio privado. Jamais! Assim como ocorreu com a bem sucedida privatização das teles, tem que haver novas concessões que estimulem a livre concorrência. Simples assim.

PUXAR O TAPETE – Como nosso jogo político é sujo, não duvido que em 2026 puxem o tapete de Tarcísio de Freitas com os argumentos de sempre (é jovem demais, ainda não está preparado, tem garantida a reeleição em São Paulo etc. e tal).

O jogo da direita exasperada é conseguir a anistia geral e colocar Jair Bolsonaro para polarizar novamente com Lula, e o Brasil que se exploda! Lula e Bolsonaro só têm chances de vitória se concorrerem novamente entre si. Por isso, lutam incansavelmente nos bastidores para que essa disputa volte a ocorrer.

Assim, tanto a direita quanto a esquerda continuam reféns de Bolsonaro e Lula, exatamente quando o Brasil precisa de uma terceira via chamada Tarcísio de Freitas, para realizar uma administração técnica, que controle a dívida e evite que o Brasil se torne uma grande Argentina.

No Dia do Poeta, um soneto autobiográfico de Efigênia Coutinho

Efigenia Coutinho (Mallemont)

Efigênia, em sua Antologia de 2014

Paulo Peres
Poemas & Canções

Hoje é o Dia do Poeta e, para marcar a data, publicamos a definição de “Ser Poeta”, na visão da artista plástica e poeta Efigênia Coutinho, nascida em Petrópolis (RJ). A seu ver, a poesia será sempre um meio de comunicação de sentimentos na escrita. “Tenho um ritmo pessoal, operando desvios de ângulos, mas sem perder de vista a tradição, procurando atingir o núcleo da ideia essencial, a imagem mais direta possível, abolindo as passagens intermediárias”, revela.

SER POETA
Efigênia Coutinho

A noite sempre cálida me espera,
Tenho em versos a recente emoção
Da inquietude que abraça a quimera,
Enquanto no meu peito pulsa a oração.

A noite ouve o acalanto, esta voz
Que brada a rima solta, e então viajo;
E busco o sopro terno do ninar em nós,
Onde se farta o frêmito voraz, que trajo.

Lá, ao vento espalhado, e envolto,
Meu verso solto, que diz: mortal, eu sou
Na arte que te fecunda e faz envolto…

Porque ser poeta é ser alguém que embelezou
A prosa e o lado vil do caso vário,
E deu-se a Deus que equilibra este rosário.

Moraes ainda precisa provar ligação entre Jair Bolsonaro e o 8 de Janeiro

Vilardi: Eventual denúncia contra Bolsonaro deve vir acompanhada de  indícios de autoria | WW – Notícias de Rondônia – Notícias em primeira mão  na internetDeu na CNN

A Procuradoria-Geral da República (PGR) está se preparando para apresentar uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) referente a à suposta trama golpista. Segundo o advogado criminalista Celso Vilardi, professor da FGV, essa eventual denúncia deve vir acompanhada de indícios contundentes de autoria.

Em entrevista ao programa WW, na CNN, Vilardi destacou a importância de haver provas sólidas para sustentar qualquer acusação contra o ex-presidente. “A materialidade está posta, existem vários elementos sobre a materialidade, seja a respeito da tentativa de golpe, seja a respeito do que aconteceu em 8 de janeiro”, afirmou o especialista. No entanto, para a propositura de uma denúncia, são necessários indícios sólidos de autoria e prova da materialidade.

ELO DE LIGAÇÃO – Vilardi ressaltou que, embora haja discussões sobre a caracterização dos eventos como vandalismo ou tentativa de golpe, a manifestação do procurador sugere que uma eventual denúncia será apresentada com evidências substanciais.

“O que nós esperamos a partir de uma manifestação contundente como essa é o elo de ligação”, explicou Vilardi, referindo-se à possível conexão entre Bolsonaro e os eventos investigados.

O especialista mencionou que os resultados das buscas e apreensões realizadas durante as investigações precisam fornecer informações cruciais ainda não divulgadas publicamente.

“DOMÍNIO DO FATO” – Vilardi também abordou o caráter político do Supremo Tribunal Federal (STF), ressaltando que este deve se sustentar dentro do ordenamento jurídico.

Ele alertou contra o uso equivocado da teoria do “domínio do fato”, que foi aplicada no julgamento do Mensalão e posteriormente corrigida pelo próprio STF.

“Espero que não [seja usada novamente], até porque essa teoria do domínio do fato foi utilizada de uma forma equivocada no Supremo”, comentou o advogado, lembrando das críticas que a corte enfrenta atualmente em relação à condução do inquérito das fake news.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ilustre criminalista está corretíssimo, mas esqueceu um detalhe importante. Desde 15 de maio de 2023, quando o TSE cassou irregularmente o deputado Deltan Dallagnol, o Supremo passou a adotar uma teoria inédita no mundo – a “presunção de culpa”. No demais 192 países da ONU, a presunção é de inocência, exatamente o contrário. No caso de Bolsonaro, é claro que o relator Alexandre de Moraes pode tentar inventar um modismo desse nível, para envergonhar ainda mais o país no exterior. Vamos aguardar. (C.N.)

Projeto tenta punir os erros gritantes cometidos pelas pesquisas eleitorais

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Paulo Cappelli e Petrônio Viana
Metrópoles

Um projeto de lei apresentado no Senado visa punir institutos de pesquisa de intenção de votos que apresentarem, na semana das eleições, levantamentos com resultados muito divergentes da contagem oficial. A proposta do senador Ciro Nogueira (PP-PI) prevê a proibição do registro de novas análises, por essas empresas, pelo período de 5 anos.

No projeto, Ciro Nogueira destacou casos ocorridos no primeiro turno das eleições deste ano. O senador citou o resultado da apuração em Cuiabá, que colocou Lúdio Cabral (PT) no segundo turno. Em pesquisas divulgadas dias antes da votação, Botelho aparecia até 11 pontos percentuais atrás do segundo colocado, o prefeito e candidato à reeleição Eduardo Botelho (União Brasil). Após a contagem dos votos, Abílio Brunini (PL) ficou em primeiro lugar com 39,6%, Lúdio Cabral em segundo com 28,3% e Botelho em terceiro com 27,7% dos votos válidos.

MAIS ERROS – Em Teresina (PI), Ciro Nogueira afirma que a situação foi “ainda mais preocupante”. “As previsões indicavam a derrota do candidato Sílvio Mendes, do União Brasil, no primeiro turno, enquanto, nas urnas, ele obteve expressivos 52,19% dos votos válidos”, pontua o senador.

“Erros dessa magnitude configuram, ao fim e ao cabo, um grave fenômeno de desinformação, capaz de induzir o comportamento dos eleitores. Eleitores indecisos, ou mesmo aqueles que já possuem uma preferência definida, podem optar pela estratégia do voto útil com base nos resultados dessas pesquisas. Assim, tal distorção tem o potencial de influenciar diretamente o processo eleitoral, ferindo o princípio da soberania popular”, argumenta Nogueira.

Pela legislação atual, o erro em pesquisas de intenção de votos não traz consequências jurídicas para as empresas responsáveis ou para os contratantes dos levantamentos. A autorização para divulgação das pesquisas depende do registro prévio dos dados metodológicos junto à Justiça Eleitoral, com informações sobre o contratante e sobre as despesas para sua realização.

AS PUNIÇÕES – Para Nogueira, as punições devem incluir empresas, contratantes e profissionais responsáveis pelos resultados dos levantamentos.

“O presente projeto de lei propõe que, na hipótese de pesquisas realizadas nas vésperas do pleito que, embora formalmente válidas, apresentem uma divergência significativa em relação ao resultado eleitoral, extrapolando a margem de erro previamente estabelecida, a vedação da divulgação de pesquisas de intenção de voto realizadas pelo mesmo instituto por um período de cinco anos”, assinala o presidente do PP.

No projeto, a mesma vedação se estende ao estatístico responsável, segundo Nogueira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
É claro que muitas pesquisas são manipuladas, mas todas elas estão suscetíveis a erros. Na minha opinião, seriam aceitáveis diferenças de até 6%, que equivalem ao dobro da margem de erro. Aliás, se as pesquisas não errassem, nem seria necessário fazer eleições. (C.N.)

Quem consegue citar alguma realização concreta do governo Lula nesta gestão?

 (Joédson Alves/Agência Brasil)

Lula atribui a derrota eleitoral exclusivamente ao PT

J.R. Guzzo
Estadão

É possível que um presidente da República passe quase dois anos no seu cargo sem fazer nada de útil para o País que preside — nada mesmo, no sentido aritmético da palavra? Não é fácil, mas também não é impossível. É o caso do presidente Lula nesta sua terceira passagem pela Presidência.

O meio mais simples de demonstrar que a afirmação acima não é uma opinião, e sim um fato objetivo, é colocar uma pergunta direta para o público em geral: alguém consegue citar alguma realização concreta do seu governo até agora? Não duas ou três — apenas uma, uma única que seja? Ninguém consegue. Nem Lula.

SEM INVENTAR… – Não vale, é claro, ficar inventando uma obra imaginária. Os admiradores do presidente, em estado de inanição avançada por falta dos nutrientes que vêm das notícias positivas, repetem o tempo todo que o governo Lula está sendo um sucesso no controle da inflação.

Mas isso é obra exclusiva do Banco Central que ele acusa, desde o seu primeiro dia na Presidência, de ser o pior inimigo do povo brasileiro por sua mania de cuidar direito da moeda. O resto das suas realizações é mais ou menos a mesma tristeza.

Falam, por exemplo, no investimento estrangeiro. Cada um, aí, chuta o número mais alto que lhe passa pela cabeça — um dos mais cômicos é “300 bilhões de dólares”. Naturalmente, o problema é encontrar, na vida real, onde estão fisicamente estes bilhões todos, pela excelente razão de que eles não existem.

CRESCIMENTO? – Falam, como se isso fosse um novo milagre econômico, que o crescimento vai ser de “3%” neste ano. Mas o crescimento em 2022 foi de 2,9%. Como fica, então? Um aumento de 0,1 ponto percentual é a grande vitória de Lula? A agência Moody’s promoveu o Brasil ao grau Ba 1, e acham que é quase uma medalha de ouro. Mas não é. Não é nem bronze.

Lula e os que acreditam nele, ou se consideram democratas civilizados, não querem abrir a janela de casa para ver o que está acontecendo lá fora. Preferem olhar para o espelho da Rainha Má e ouvir que não existe nada mais bonito do que eles neste mundo. É muito mais cômodo, com certeza.

Janja diz que ele está brilhando, os ministros se ajoelham para pedir a bênção e os analistas analisam, mas nada disso resolve as coisas no universo das realidades.

LEVOU NOCAUTE – Lula, para ficar no último capítulo da sua minissérie, acaba de levar um nocaute humilhante nas eleições para prefeito. Poderia ter perdido só por pontos, mas na sua mania de grandeza cada vez mais extremada, inventou de dizer que a eleição era entre ele e Bolsonaro — aí deu o queixo para bater, e foi para a lona. Perder é do jogo, claro; nem o Real Madrid ganha todas. Mas essa é uma derrota que traz dentro de si a semente de outra derrota. É o que em geral acontece, quando você perde e não sabe por quê.

Lula nunca foi tão Lula, nessa história, quando deu a sua sentença sobre o que aconteceu — segundo ele, a culpa pelo fracasso na eleição, em última análise, foi do PT. O partido, em seu entender, tem de fazer um ato de contrição, “repensar” sua conduta e não pecar mais.

Em nenhum momento, nem por um segundo, passou pela sua cabeça que o resultado eleitoral tem alguma coisa a ver com o que ele fez, e sobretudo não fez, em seus 22 meses de governo. Seu desempenho é show de bola — quem faz ele perder a eleição é o PT.

NA RETA FINAL… – Lula é um grande especialista em ir para o campo de batalha, depois que o combate acabou, para atirar nos feridos. Não apareceu para lutar na campanha. Dos 5.500 municípios que há no Brasil, foi a 22 — e perdeu em 16. Na última semana, conseguiu ir para o México com a mulher, enquanto os seus candidatos estavam levando chumbo na reta de chegada do primeiro turno. Quando apareceu, foi para dizer que o problema é o PT.

É como se dissesse: “Só eu trabalho nessa casa”. Mas e ele mesmo — está fazendo o quê?

Numa hora dessas, justo numa hora dessas, o presidente vem e diz, como se estivesse carregando pedra num campo de trabalhos forçados, que não aguenta mais viajar no seu jato privativo; acha, inclusive, que está correndo risco de vida, e por isso os brasileiros vão ter de pagar um avião novo. Não deve sair por menos de 100 milhões de dólares. Com os lençóis de linho egípcio e os outros itens essenciais para as exigências de conforto do primeiro casal, como é de se esperar, só Deus sabe onde vai bater essa conta.

NOVO AVIÃO – Mesmo deixando de lado a absoluta inutilidade das viagens presidenciais em volta do mundo, que até hoje não renderam uma única caixinha de chicletes para os brasileiros que pagam a despesa toda, fica a pergunta que não vai calar: faz sentido, num país onde a maioria da população mal tem onde cair morta, e o governo diz a cada cinco minutos que não tem um tostão furado no caixa, gastar essa montanha de dinheiro com um novo avião para o presidente? O grande argumento de Lula é que o avião não vai ficar para ele, e sim para a Presidência. Que sorte a nossa, não?

A Força Aérea Brasileira, hoje transformada em empresa de taxi aéreo privada de Lula, Janja e os gatos gordos do governo, diz que a compra é necessária — justo na hora em que os brigadeiros-do-ar pretendem socar para cima do pagador de impostos uma nova estatal, desta vez para lançar foguetes no espaço em parceria com Elon Musk.

A moral da história, ou o resumo da ópera, pode ser o seguinte: a única obra visível do Lula-3 periga ser a compra de mais um Aerolula. É cuesta abajo, como no tango de Gardel.

Trump xinga e promete deportá-los, mas vê crescer o apoio dos migrantes

Em evento com latinos, Trump volta a dizer que imigrantes comem pets: 'Tudo  o que faço é relatar' | Eleições nos EUA 2024 | G1

Tática de Trump é colocar migrantes contra migrantes

Jamil Chade
do UOL

Donald Trump ofendeu, xingou e recorreu à xenofobia contra imigrantes latinos. Mas chega para as eleições em menos de um mês com um número ainda mais alto de apoio entre a população latina nos EUA que nos pleitos de 2016 e 2020. Uma pesquisa realizada pelo New York Times e Siena College revelam que, há quatro anos, 25% dos latinos votaram pelo republicano. Em 2024, essa taxa é de 37%.

Há quatro anos, 47% dessa população votou por Joe Biden e, agora, 56% do apoio desse grupo vai para Kamala Harris. Mas a distância entre os republicanos e democratas encolheu.

KAMALA LIDERA – Ainda que continue na frente, Kamala Harris sabe que, em estados onde a eleição está praticamente empatada, o aumento de apoio para Trump pode ser decisivo. No estado do Arizona, por exemplo, um quinto do eleitorado é composto por latinos. A taxa é de 20% em Nevada.

A situação da Flórida é ainda mais reveladora. Um levantamento do Marist College apontou que Trump teria 58% das intenções de votos entre os latinos do estado, contra apenas 40% para Harris.

Os números revelam um profundo contraste com os resultados dos últimos anos. Em 2020, Joe Biden somou 53% dos votos hispânicos na Flórida. Em 2016, Hillary Clinton teve 62% dos votos dessa população no estado.

MARACAS – Entre analistas e cientistas sociais, muitos se perguntam por qual motivo essa população migrou para dar seu apoio ao republicano, que chega a ter um grupo chamado “Maracas for Trump”, numa referência aos instrumentos musicais latinos.

Um dos argumentos para o aumento do apoio seria o custo de vida. Na pesquisa, 35% dos latinos indicaram que as políticas de Trump ajudaram suas comunidades, contra um apoio de apenas 22% para os plano econômicos de Biden. 34% dos entrevistados indicaram que as políticas do atual presidente prejudicaram suas condições de vida, contra uma taxa de 30% quando a pergunta se refere às políticas no governo Trump.

Outra constatação das pesquisas é de que o eleitorado latino não se vê identificado quando Trump ofende a minoria.

MIGRANTES – 63% dos hispânicos afirmaram que não sentem que Trump está falando individualmente sobre eles quando os ataques ocorrem. A mais recente polêmica se refere a supostas gangues de venezuelanos que estariam tomando conta de áreas residenciais. Trump já se referiu aos latinos como “criminosos”, “estupradores” e “aproveitadores”.

Mais recentemente, Trump prometeu realizar a maior operação de deportação de imigrantes irregulares da história dos EUA. Um terço dos latinos questionados, porém, afirmaram que estavam de acordo com o projeto de construir um muro com o México.

Trump ainda passou a adotar uma postura de colocar os novos imigrantes como uma ameaça aos que já estão no país. Num comício nesta semana, ele acusou Harris de estar trazendo “drogas e mortes” aos EUA com sua política de imigração e apontou que essa “invasão está sendo devastadora para os empregos” dos latinos que já estavam no país.