Ao saudar a eleição falsa de Maduro, PT enfia seu histórico na lata de lixo

Gleisi: deixar de ir à posse de Maduro seria covardia | Brasil 247

Deixar de ir à posse de Maduro seria covardia, alega Gleisi

Vicente Limongi Netto

Inacreditável e desprezível a nota do PT, de joelhos, saudando e aceitando a reeleição do infame ditador Nicolas Maduro. Autêntico, medonho e descarado desserviço à democracia. O PT jogou, no lixo, de vez, suas tradições de lutas e glórias democráticas e sindicais. quando batalhava por mais empregos, respeito aos operários e salários justos.

O texto do imundo documento é um primor de bajulação e absurdos históricos. O simples fato de claramente afirmar que a Venezuela tem instituições democráticas já envergonha e enlameia o PT. Pisa na democracia. Coloca Maduro no céu. Francamente. O pior, o deplorável documento oficial do partido torna-se público, às vésperas do segundo turno das eleições.

ACORDA, DORIVAL – O principal trunfo da caixinha de virtudes do cerebral Paulo Henrique Ganso é exatamente esse  que o meia do Fluminense exibiu,  ao vivo e a cores, contra o Flamengo: passe sensacional e desconcertante que deixou tonta metade da defesa adversária, abrindo imenso espaço, na linha de fundo, para Kauã cruzar, livre, para Lima marcar o primeiro gol tricolor.

Quando o jogo está amarrado e tenso, aparece o genial Ganso, 35 anos, com a batuta de maestro, para descobrir espaços e acabar com a monotonia do jogo. Deixando  torcedores e a bola felizes.

Acorda, Dorival Junior. Lionel Messi tem 37 anos e dá show na seleção argentina, mas o cerebral Ganso segue discriminado.

Mais uma vez, a equipe econômica começa a definir os cortes de gastos

Haddad e Simone trabalham os cortes desde a transição

Bruno Boghossian
Folha

Pela enésima vez, a equipe econômica começou a estabelecer os limites da proposta de corte de gastos. A decisão será apresentada nas próximas semanas. A fase atual é uma espécie de ajuste do ajuste. O objetivo é manter as estimativas de redução de despesas, mas descartar pontos considerados impopulares demais e que poderiam contaminar politicamente o pacote.

BENEFÍCIOS – Um dos alvos principais da discussão é o tamanho da mudança que deve ser proposta para o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Uma ala do governo envolvida na elaboração das medidas prefere deixar dois pontos fora do plano: o aumento da idade mínima de acesso ao benefício e o fim da correção dos pagamentos pelo salário mínimo.

O grupo avalia que esses itens nem deveriam ser levados à mesa de Lula. Ainda que todos saibam que o presidente tem o poder de dar a palavra final sobre cada tópico, alguns auxiliares entendem que a simples ideia de um ajuste mais duro no benefício pago a idosos e pessoas com deficiência muito pobres poderia tornar todo o pacote menos palatável.

A mexida, caso essa avaliação prevaleça, teria outro foco: deixar mais nítidos os conceitos de vulnerabilidade que determinam o acesso ao BPC, corrigindo o que o ministro Fernando Haddad chama de distorções, provocadas pela judicialização e pela concessão do benefício a quem não precisa.

POUPAR OS POBRES – O resultado das conversas indicará as escolhas políticas que a equipe econômica deve fazer para enfrentar o desafio do ajuste. Lula seria o primeiro filtro. Embora concorde com a ideia geral de uma revisão de gastos, o presidente faz questão de manifestar sua oposição a um corte amargo para a população de baixa renda.

A calibragem do BPC e a limitação de supersalários do setor público seriam movimentos táticos em busca de um certo equilíbrio. A mesma lógica é direcionada a deputados e senadores que precisam ser convencidos a aprovar as medidas da equipe econômica e, em dois anos, disputar eleições para manter suas cadeiras.

Uma possível decisão antecipada de cortar gordura do pacote carrega um certo risco. Se a proposta final tiver poucos excessos, o governo terá uma margem menor para negociar o texto com o presidente e os parlamentares.

Sob a sombra de Tarcísio de Freitas, Nunes tornou-se prefeito fantasma

Tarcísio vai apoiar reeleição de Ricardo Nunes em SP, dizem aliados | CNN Brasil

Em busca da Presidência, Tarcísio comanda a Prefeitura

Josias de Souza
do UOL

Submetido ao risco de novos temporais, Tarcísio de Freitas faz por pressão de São Pedro o que se absteve de fazer por opção. Nesta quinta-feira, decidiu montar um gabinete de crise para monitorar as chuvas e os apagões. A movimentação do governador de São Paulo autoriza o eleitorado da capital a suspeitar que a prefeitura é administrada por um time de segunda linha.

Ricardo Nunes fugiu do papel de saco de pancada de Guilherme Boulos no debate UOL-Folha-Rede TV! para assumir a posição de figurante na reunião comandada por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes. Nela, decidiu-se que o gabinete do apagão terá representantes dentro dos centros operacionais das cinco concessionárias de energia que operam no estado, entre elas a Enel.

EM TEMPO REAL – Os olheiros do estado fiscalizarão em tempo real a execucão dos planos de contingência das empresas de energia. A Enel comprometeu-se a manter de 700 a 1.200 equipes de prontidão, cada uma com até quatro trabalhadores. A Defesa Civil também deixará algo como 5.400 servidores a postos para responder rapidamente a eventuais emergências.

Sob a sombra de seu padrinho político, Nunes ganhou a aparência de um prefeito fantasma. Tarcísio como que acumulou as atribuições de governador, que negligenciava, com as tarefas da prefeitura. O poder municipal de Tarcísio ficará como um marco menor na biografia dele, uma mera peculiaridade eleitoreira.

Se é verdade que Tarcísio se autoconverteu nos últimos dias no poder de fato no município, a prefeitura de São Paulo é o último lugar em que ele deseja ser visto. Esforça-se para evitar que o trono de prefeito vire uma cadeira elétrica para Nunes porque enxerga na reeleição do afilhado um estágio para a poltrona de presidente da República. A sucessão presidencial de 2026 é ambição inconfessada de Tarcísio.

Leia ‘Juventude sem Deus’, romance que denunciou o nazismo em 1938

A ilustração, feita em linhas pretas e preenchimentos em tons de cinza representa uma cena escolar dos anos 30. No canto esquerdo o professor aponta para um mapa e de seu rosto sai um balão de fala com a pergunta: “porque precisamos das colônias?”. À direita, muitas crianças estão sentadas olhando no sentido do professor.

Ilustração de Bruna Mattos (Folha)

Mario Sergio Conti
Folha

O romance “Juventude sem Deus” é estranho. Foi escrito em alemão, mas publicado em Amsterdã, em 1938. Fez enorme sucesso na Europa e os nazistas o proibiram. Esquecido no pós-Guerra, voltou à tona nos anos 1950. É considerado hoje uma obra básica do modernismo germânico.

Seu autor é Ödön von Horváth. Só agora, 86 anos depois de lançado, o romance chega ao Brasil, na tradução de Sergio Tellaroli (Todavia, 173 págs.). A demora é tão mais estranha porque o livro foi festejado por Thomas Mann, Hermann Hesse, Joseph Roth e Natalia Ginzburg.

NO CALOR DA HORA – As esquisitices de “Juventude sem Deus” estão sobretudo no andamento e no tom da narrativa. Os curtos capítulos falam de várias coisas ao mesmo tempo. Embora fale de assuntos sérios, eles são relatados com bom humor. Ele debocha do nazismo no calor da hora.

O livro tem os atributos de um romance policial. Há um crime misterioso, suspense, um julgamento com provas mirabolantes. Mas é também uma crônica da crise da alemã do final dos anos 1930. Até Hitler aparece: é aclamado e chamado de “plebeu supremo” no seu aniversário.

Os temas de fundo são pesados: o racismo; a militarização da coletividade; a sabujice dos altos funcionários frente ao autoritarismo, com o fito de preservarem os empregos; a manipulação de adolescentes; o conformismo da classe média diante da ordem autoritária; o fechamento de empresas e a pauperização de trabalhadores; o trabalho infantil.

ZOMBARIA – A gravidade do contexto, contudo, não se coaduna com a leveza jovial do relato. Em vez de denúncias graves, predomina a zombaria —às vezes engraçada e, noutras ocasiões, pretensamente superior e afetada. Com isso, um cinismo irônico perpassa “Juventude sem Deus”.

As ambiguidades se centram no protagonista, um professor do curso secundário de 34 anos. Na cena inicial, ele corrige redações cujo assunto, prescrito por instâncias superiores, é uma pergunta: “Por que precisamos de colônias?”. A arguição embute a adesão ao expansionismo do Reich, que os jovens são instados a argumentar em seu favor.

Um estudante usa um argumento torpe para justificar a colonização da África: “Todos os negros são traiçoeiros, covardes e vagabundos”. O professor se escandaliza com a virulência da frase, mas, acomodatício, não a reprova por escrito; prefere se ater aos erros gramaticais: “a palavra ‘colônia’ tem circunflexo”.

COMENTÁRIO – Ao devolver os cadernos, o professor faz um comentário brando. Diz ao adolescente que “é possível que seja correto” sustentar que os brancos são superiores aos negros, mas registra que “os negros também são seres humanos”. Afinal, é o que diz a Bíblia. Para que foi dizer isso?

É vilipendiado pelo pai do menino, um padeiro, que o confronta para reclamar do comentário impertinente. A classe inteira, que ele achava cordata, assina um manifesto defendendo que deixe de lecionar. O diretor da escola o chama para uma reunião. O caso é grave.

O diretor concorda com o professor. No entanto, recomenda o silêncio e a inação. Seu motivo é bem concreto: não criar marola e, daqui a um tempo, atingir o limite de idade e receber a aposentadoria integral. É uma razão para a passividade que, desconfia-se, perdura até hoje.

MUNDO PLEBEU – O diretor tem outro argumento, agora de ordem geral e histórica: “Vivemos num mundo plebeu”, diz. A referência, explícita, é à Roma Antiga, à do 287 a.C., quando os patrícios perderam o poder para os plebeus. Logo, a elite intelectual deve aceitar os valores do populacho

O professor discorda: “Somos governados não por pobres plebeus, e sim única e exclusivamente pelo dinheiro”. Ödön von Horváth não era particularmente politizado. Mas, como no diálogo do diretor com o professor, ele expõe o ambiente moral da crise alemã dos anos 1930.

Majoritariamente, os personagens de “Juventude sem Deus” são da classe média –uns mal-informados, alguns filistinos e os que estão bem conscientes do que se passa. Há inteligência neste último grupo, mas ela é usada para fabricar desculpas e justificar a ausência de ações práticas. É o que faz o professor.

MORTE NA RUA – Também o escritor Horváth acabou de forma estranha. Aos 38 anos, era um dramaturgo inventivo e de sucesso; parecia fadado a criar grandes obras. Perseguido pelo nazismo, teve de se exilar e se estabeleceu em Paris.

Foi assistir a “Branca de Neve e os Sete Anões”, de Walt Disney, num cinema dos Champs-Élysées. Chovia quando saiu. Um raio atingiu uma árvore e um galho acertou a cabeça do autor de “Juventude sem Deus”.

Morreu na hora.

A política só pensa naquilo; mal acaba uma eleição e já está começando outra

Tarcísio e Lula já estão empenhados na eleição de 2026

Dora Kramer
Folha

O instituto Quaest divulgou na semana passada pesquisa sobre intenções de voto em 2026, naquela premissa de que, “se a eleição fosse hoje…”, fulano e beltrana seriam escolhidos por “x” por cento do eleitorado. No caso, a consulta aponta três cicranos na cabeça: Luiz Inácio da Silva (PT), Pablo Marçal (PRTB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Como sabemos, com um “se” coloca-se Paris numa garrafa. Ou seja, tudo é possível. Inclusive porque a eleição presidencial não é hoje, e dois anos são uma eternidade, em tese. Na prática, nem tanto.

EXPECTATIVA DE PODER – Com a expectativa de poder no comando do espetáculo, na política mal acaba uma eleição e começa outra. Na Câmara dos Deputados, discute-se a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) desde a reeleição dele na presidência, em fevereiro de 2023 e agora a coisa começa a ficar esquisita para ele, que pode não fazer o sucessor.

Falando em revezes, situação tampouco anda boa para o lado do presidente Lula. Embora não haja nada de novo no roteiro das antecipações, elas são matéria-prima para quem faz da política seu ofício. Do lado de cá ou de lá do balcão.

Normalmente, o reflexo das municipais nas eleições gerais, de presidente, governadores, senadores e deputados, se restringe ao Congresso. Partidos que saem fortes nas cidades tendem a fortalecer suas bancadas federais e estaduais.

TEMPOS ANORMAIS – É assim o jogo, mas, vejam, isso normalmente. Tudo o que não vivemos são tempos normais. A começar pela inelegibilidade do expoente mais visível da direita, o que deixa o partido do poder central sem o trunfo para reeditar a frente ampla de 2022.

Na ausência de Jair Bolsonaro (PL) na urna, o PT perde seu antagonista predileto. Vai de Lula, de Fernando Haddad? Ou, a depender do desenrolar dos acontecimentos, no limite pode pensar na opção por uma aliança em que o PT não estaria na cabeça da chapa? Aconteceu na atual eleição em São Paulo, no Rio e no Recife. Não é impossível, embora ainda improvável, que venha a acontecer no plano nacional.

Algum jeito a ala do centro à esquerda terá de encontrar para tentar barrar o avanço do campo da centro-direita à ultradireita, fortalecido pelos resultados municipais.

PLANO REALISTA – Vendo que suas posições foram bem aceitas pelas populações nas cidades, esse pessoal talvez se entusiasme e não se conforme só com o reforço das bancadas na Câmara e no Senado.

Hoje o plano realista é o de ampliar a presença no Congresso, concorrendo à presidência para marcar posição até que Lula saia de cena como candidato. No entanto, as condições objetivas, e mesmo as subjetivas, podem mudar. O presidente farejou isso ao perceber logo de início que o ambiente de 2022 não se reproduziria em 2024, e aí se afastou das campanhas no primeiro turno.

Há divisão na direita, cindida entre “ultras” e moderados, mas a batalha se dá em terreno com várias opções. Já a esquerda não briga entre si porque, além de atordoada, carece da existência de lutadores nesse ringue. Ninguém põe a cabeça de fora para não confrontar Lula.

DEPENDE DO CENTRO – Enquanto a direita anda rachada na abundância de votos, a esquerda segue unida na escassez. Para sair dessa situação adversa a tempo de se recompor para 2026, vai de novo precisar do centro democrático, mas o contrato terá de ser outro.

Aquele firmado na fase de transição, quando houve a nomeação dos ministros, ainda não foi cumprido nesses quase dois anos nos quais o presidente tem se apresentado mais petista do que nunca, numa versão anterior à da Carta aos Brasileiros de 2002.

Assim, na toada do atraso, Lula se arrisca a perder o bonde.

Datafolha: Nunes tem 51%, e Boulos, 33%, a 10 dias do 2º turno em SP

Hipocrisia e inveja misturam-se no mal secreto de Raimundo Correia

A tempestade vem assombrado por onde... Raimundo Correia - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O magistrado, professor, diplomata e poeta maranhense Raimundo da Mota de Azevedo Correia (1859-1911), no soneto “Mal Secreto”, procura mostrar uma visão da hipocrisia humana, pois muitos usam uma máscara que esconde a realidade.

MAL SECRETO
Raimundo Correia

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

Supremo nega acesso de Bolsonaro às acusações que Mauro Cid lhe fez

PF prevê concluir no início de novembro inquérito sobre Bolsonaro e  tentativa de golpe | Blog da Andréia Sadi | G1

Acusações de Cid a Bolsonaro continuam sob “sigilo”

Wesley Bião
Estadão

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta sexta-feira, 18, para recusar recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) relacionados à investigação sobre o vazamento de dados sigilosos da Polícia Federal (PF) e à solicitação de acesso à delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.

O julgamento ocorre no plenário virtual, com votos contrários aos recursos proferidos pelos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, Flávio Dino e Luiz Fux. A Primeira Turma também conta com a participação dos ministros Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

DIZ A DEFESA – No primeiro recurso, a defesa de Bolsonaro contesta a decisão de Moraes que autorizou uma análise detalhada da quebra de sigilo dos dados telemáticos do militar, elemento utilizado na investigação sobre o vazamento de dados de uma apuração da PF a respeito de uma suposta vulnerabilidade do sistema eleitoral.

A defesa alega que a decisão foi tomada após a Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a gestão de Augusto Aras, ter solicitado o arquivamento do caso. Porém, o magistrado argumentou que a ordem foi emitida antes desse parecer e que não se trata de nova prova.

No segundo recurso, Bolsonaro busca acesso à delação premiada de Cid, que o envolveu em várias investigações, incluindo uma sobre suposta tentativa de golpe de Estado. Moraes destacou que não há previsão legal para que delatados tenham acesso ao conteúdo da colaboração enquanto houver investigações em andamento.

DIZ MORAES – O ministro Alexandre de Moraes também afirmou que o Supremo tem um entendimento consolidado sobre as restrições ao acesso a delações premiadas. Ele disse que, no momento adequado do processo, os investigados poderão se manifestar sobre a colaboração, e a Justiça avaliará a eficácia da delação.

“As investigações relacionadas a esses tópicos gerais estão em regular trâmite nesta Suprema Corte, com diversas diligências em andamento, o que, nos termos da fundamentação acima delineada, impede o acesso [por Bolsonaro] aos depoimentos de Mauro Cid no âmbito de colaboração premiada”, escreveu Moraes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não pode ser considerada democrática uma Justiça que põe sob sigilo assuntos aleatórios, de acordo com o humor do ministro-relator. É inconcebível que alguém saiba que está sendo acusado de graves crimes, mas esteja proibido de saber que acusações são estas e como foram feitas. Chama-se a isso cerceamento da defesa. Mas quem se interessa? (C.N.)

Morte de Sinwar não cria condições para pôr fim a esta guerra em Gaza

Premiê israelense promete mais guerra e frustra esperança de paz | Agência  Brasil

Premier Netanyahu avisa que a guerra ainda não acabou

Thomas Friedman
Estadão (NYT)

É impossível exagerar a importância da morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, a ponto de possibilitar não apenas o fim da guerra em Gaza, a libertação dos reféns israelenses e um alívio para os habitantes do território palestino, mas também o maior passo na direção de uma solução de dois Estados entre israelenses e palestinos desde Oslo, assim como a normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita — que abrangeria praticamente todo mundo muçulmano.

Isso é muita coisa. Mas… Por si só, a morte de Sinwar não cria condições suficientes para pôr fim a esta guerra em Gaza e colocar israelenses e palestinos no caminho de um futuro melhor. Sim, Sinwar e o Hamas sempre rejeitaram uma solução de dois Estados e sempre estiveram comprometidos com uma destruição violenta do Estado judaico. Ninguém pagou um preço mais alto por isso do que os palestinos de Gaza. Mas ainda que sua morte fosse necessária para um passo seguinte ser possível, de nenhuma maneira ela solucionaria tudo.

MUDAR TUDO – A condição suficiente é que Israel tenha um primeiro-ministro e uma coalizão de governo dispostos a aproveitar a oportunidade que a morte de Sinwar criou. Falando sério: o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, seria capaz de satisfazer sua autoimagem churchilliana e adotar um rumo que rejeitou anteriormente? Que é a participação da uma Autoridade Palestina na Cisjordânia reformada em uma força de paz internacional que assumiria o controle de Gaza no lugar do Hamas liderado por Sinwar.

Pelo menos há um mês, de acordo com minhas fontes diplomáticas americanas, árabes e israelenses, o secretário de Estado Antony Blinken, e o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, o presidente do Egito, Abdel el-Sisi, e o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed, têm discutido do que fazer no dia seguinte ao fim desta guerra para reconstruir a Faixa de Gaza pós-Hamas, pavimentar o caminho da normalização israelo-saudita e criar as condições para um futuro diferente em Gaza e na Cisjordânia.

A ideia geral é que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, concorde em nomear o economista e ex-primeiro-ministro da AP, Salam Fayyad, ou alguém com sua impecável reputação de incorruptibilidade, como novo primeiro-ministro palestino para liderar um novo gabinete tecnocrata e reformar a Autoridade Palestina, erradicar a corrupção na entidade e incrementar suas condições de governança e forças de segurança.

FORÇA DE PAZ – Essa Autoridade Palestina reformada solicitaria, então, formalmente, uma força de paz internacional — da qual a entidade participaria — que incluiria soldados dos EAU, do Egito e possivelmente de outros Estados árabes e talvez até de países europeus. Essa força seria acionada gradualmente para substituir os militares israelenses em Gaza.

A Autoridade Palestina assumiria, então, a responsabilidade de reconstruir Gaza com fundos de ajuda fornecidos pela Arábia Saudita, pelos EAU e por outros Estados árabes do Golfo — e, muito provavelmente, pelos Estados Unidos.

Uma Autoridade Palestina reformada, com fundos árabes e internacionais massivos, tentaria restaurar sua credibilidade em Gaza e a credibilidade do principal partido que a compõe, o Fatah, na política palestina — ao mesmo tempo escanteando reminiscências do Hamas.

NESSE CAMINHO – Diplomatas americanos e árabes — com assistência discreta do ex-primeiro ministro britânico Tony Blair — têm trabalhado sobre essa ideia com o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, um dos conselheiros mais próximos de Netanyahu. Neste momento, esse caminho requer de Israel apenas permitir silenciosamente o envolvimento da Autoridade Palestina na reconstrução de Gaza enquanto integrante de uma força internacional — não aceitar formalmente sua participação.

Netanyahu entende, porém, que os árabes só participação de uma força de paz árabe-internacional para dar jeito na bagunça em Gaza se a iniciativa for parte de um processo que leve ao Estado palestino.

Mohammed bin Salman, particularmente, deixou muito claro para todos que para a Arábia Saudita ir adiante com a normalização de relações com Israel — após tantas mortes de palestinos em Gaza — ele precisa que a guerra em Gaza acabe e que alguma força de paz árabe constitua um passo que no futuro leve ao Estado palestino. O mesmo é verdadeiro em relação aos Emirados e ao Egito.

OUTRA EXIGÊNCIA – Salman precisa mostrar depois da guerra em Gaza que obteve de Israel algo que nenhum outro líder árabe jamais conseguiu, porque ele estaria potencialmente dando a Israel algo que nenhum líder israelense jamais conseguiu: relações com o lar das duas mesquitas mais sagradas para o Islã. Salman também é vital para fazer o presidente Abbas nomear um reformador como Fayyad. Abbas respeita Salman.

Permitam-me repetir: uma iniciativa diplomática para pôr fim à guerra nessas linhas — e viabilizar a normalização das relações israelo-sauditas e uma força de paz árabe — eventualmente exigirá que Israel se comprometa com um caminho para o Estado palestino. O que desencadeará uma oposição virulenta dos parceiros de direita, extremistas e messiânicos de Netanyahu: os ministros da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e das Finanças, Bezalel Smotrich.

Temerariamente, eles considerarão a morte de Sinwar e a ruína do Hamas uma oportunidade para pensar que são capazes de matar todos os membros do grupo em Gaza para levar adiante sua agenda de instalar assentamentos coloniais de judeus em Gaza e expandi-los na Cisjordânia. E Netanyahu deseja faz tempo mostrar que é uma figura histórica e não um mero estrategista que manobra constantemente para se manter vivo na política — mas nunca esteve disposto a assumir nenhum grande risco para mudar a história. Bom, chegou a hora.

Vem aí um “pacote fantasma” para cortar gastos, que ainda nem existe

Tribuna da Internet | Das cinco medidas para “cortar gastos”, sobra uma,  que não tem a ver com isso…

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Andreazza
Estadão

A blitz de Fernando Haddad está na pista. De Haddad e Simone Tebet. Blitz de propaganda. O pacote relevante de cortes de gastos vem aí — prometeram. Coisa de volume entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões — plantou-se. Não será mais um pente-fino — informam. Uma só das ações pode chegar a R$ 20 bilhões. Uau!

Os ministros reagem à desconfiança. A reforma do Imposto de Renda — a isenção para quem ganha até R$ 5 mil — estava à frente. Vinha ainda em 2024. Para sacrifício de receita da ordem de mais de R$ 40 bilhões por ano. Sem anúncio crível de compensação para o rombo. O mar, que já não era bom, crispou-se.

TUDO MUDOU – Então, de repente, ficou para 2025. O pacote rigoroso de cortes de gastos, que não estava previsto uma semana atrás, tomou a frente. Virá ainda neste ano — comunicaram Haddad e Tebet.

Cortes de gastos estruturais. No (pelo) governo Lula. Prepara-se cardápio para ele. Que é simpático às medidas — apregoa-se. Lula, a favor de cortes severos, mesmo com a popularidade insegura e ante os resultados das eleições municipais.

Alguns banqueiros se reuniram com o presidente. Saíram confiantes. Lula tem “firme compromisso” com a necessidade de conter despesas. No mundo real das fés, o dólar mostra os dentes e o Tesouro capta dinheiros a custo crescente. A isso reagem Haddad e Tebet.

NEM EXISTE – Vem aí o pacote relevante de cortes de gastos. Que ainda não existe. Donde ainda não apresentado a Lula. Que lhe é simpático — asseguram. Não o conhece e lhe é simpático. Por precaução, os ministérios, em atividade clandestina, estudam-medem a forma como mostrá-lo ao presidente.

Não basta ser extenso o menu — para ele cortar os cortes. A embalagem tem de ser palatável a Lula. Que é — propaga-se — a favor das medidas de cortes de despesas estruturais. A favor, exceção àquelas que mexam com gastos que considera investimentos.

Haddad e Tebet confiam — e querem confiança — em que sobrará alguma coisa. Sobrando, confiam em que a porção parlamentar do pacote, ao menos parte dela, seja aprovada em 2024. Talvez a mais parecida com… pente-fino. O pesado ficando para depois.

E AS EMENDAS? – O pacote — que ora inexiste e que, existindo, dependeria do aval de Lula — a ser votado neste resto de ano em que a agenda do Congresso precisará cuidar de Lei Orçamentária e da reforma tributária, mantida ainda aberta a LDO, corpo em que se malocará o interesse maior do Lirão: a superfície de atividade para o orçamento secreto em 2025. Talvez haja negócio.

Talvez uma dessas casas de apostas pudesse abrir jogatina sobre o que não faltará no pacote: revisão dos supersalários da máquina federal. Tudo a ver com propaganda.

Faria bastante espuma e rapidamente. Parco o impacto fiscal. Bacana a foto.

Apesar da morte do novo líder, Hamas não tem como fazer o acordo de paz

O líder do Hamas Yahya Sinwar  -  (crédito: EPA)

Sinwar é mais um líder do Hamas morto por Israel

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

O líder do Hamas Yahya Sinwar foi morto por acaso em Gaza, por tropas de Israel em treinamento, mas nenhum refém foi resgatado na operação. Sinwar assumiu a liderança do Hamas após o assassinato do líder político do grupo, Ismail Haniyeh, por um míssil israelense, em Teerã, em 31 de julho. Considerado o seu principal chefe militar, o líder palestino morto fora escolhido devido à sua grande popularidade em Gaza e pelo controle militar do grupo.

Morreu isolado militarmente. Na quarta-feira, uma unidade das Forças de Defesa de Israel estava em patrulha durante treinamento no sul de Gaza, quando os soldados israelenses se depararam com um pequeno grupo de combatentes. Os soldados não estavam na área para uma operação de assassinato, nem tinham informações prévias de que Sinwar estava no local. Atacaram o grupo e três militantes palestinos foram mortos.

SEGUIDO POR DRONE – Um drone flagrou Sinwar ferido, momentos antes de ser morto pelos soldados. Uma gravação de um dos militares envolvidos na operação descreve o episódio: quando o drone entrou no prédio demolido por um míssil, Sinwar, com o rosto coberto, tentou derrubar o artefato arremessando um objeto. Nesse momento, as tropas israelenses efetuaram mais disparos contra Sinwar, resultando em sua morte.

No prédio onde os terroristas foram eliminados, não havia sinais da presença de reféns, segundo as Forças de Defesa de Israel. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comemorou o feito, mas disse que as operações militares em Gaza continuarão até que todos os reféns sejam libertados. O corpo de Sinwar foi identificado por meio da análise de seus registros dentários.

Considerado o mentor do massacre e das atrocidades de 7 de outubro, Sinwar era caçado deste estão. O ataque do Hamas causou 1.205 mortes — 251 pessoas foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza. Quase um ano depois, 97 ainda estão em cativeiro, embora o Exército israelense considere 33 deles mortos. Na guerra com o Hamas, 41,4 mil palestinos foram mortos, a maioria idosos, mulheres e crianças. Não se sabe quantos soldados israelenses morreram em combate até agora.

HAMAS ACÉFALO – Com a morte de Sinwar, o Hamas perdeu o principal dirigente político, chefe militar e líder popular, que havia sobrevivido aos duros golpes sofridos pela organização.

Nos meios diplomáticos, o episódio é visto como uma oportunidade de fazer um acordo que encerre as operações militares e liberte os reféns. Porém, não se sabe quantos ainda estão vivos.

Além disso, é difícil avaliar a situação política em Gaza. O Hamas não está em condições de fazer um acordo de paz. Por tudo o que aconteceu, terá que se render ou lutar até o último homem. Sinwar é o principal mentor do atentado terrorista de 8 de setembro, porém, é considerado um mártir pelos árabes que se opõem a Israel.

Putin defende a redução do uso do dólar no Brics e faz elogio a Dilma

Exclusivo: CNN Brasil fica frente a frente com Vladimir Putin, presidente da Rússia; saiba mais | CNN Brasil

Ao contrário do que diz Lula, Putin descarta moeda única

Jamil Chade
do UOL

O presidente russo, Vladimir Putin, que coordena o Brics em 2024, defendeu nesta sexta-feira (18) a criação de um “arranjo” de reservas internacionais e a redução do uso do dólar, além da criação de um sistema paralelo de troca de informações entre bancos centrais. Numa coletiva de imprensa organizada às vésperas da cúpula do bloco, em Kasan, o russo fez questão de insistir no trabalho estabelecido para o uso de moedas locais no comércio. Mas rejeita, no momento, a criação de uma moeda única.

A cúpula, que ocorre na próxima semana, contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas também coincide com a reta final da eleição americana e um debate intenso estabelecido nos EUA diante das ameaças de Donald Trump contra países que reduzam o uso do dólar. Segundo o candidato republicano, quem optar por esse caminho será alvo de tarifas de 100% em seus produtos.

VALE A PENA? – Putin, porém, deixou claro que são os próprios americanos quem estão minando a posição do dólar no cenário internacional, ao usar a moeda como arma. “O mundo inteiro avalia se vale a pena usar o dólar. Mesmo os aliados dos EUA estão reduzindo suas reservas”, disse Putin, que passou parte da coletiva de imprensa criticando o comportamento americano.

“Não fomos nós que abandonamos o dólar”, disse Putin, sem citar o fato de que sanções foram impostas sobre a Rússia diante da invasão da Ucrânia.

“Eles (americanos) fizeram isso tudo com suas próprias mãos. Eles pensaram que iríamos entrar em colapso. Hoje, 95% das trocas ocorrem em moedas nacionais”, disse o russo, citando a migração de seu comércio em yuan.

ELOGIO A DILMA – Putin, porém, deixou claro que o objetivo do bloco é o desenvolvimento de novos mecanismos, usando o New Development Bank, conhecido como Banco do Brics. Para o russo, a presidente da instituição, Dilma Rousseff, “tem sido muito profissional, e sabe o que fazer”.

Segundo ele, alguns dos projetos sendo considerados no banco seriaM um arranjo de reservas de moedas nacionais do bloco. “Isso pode ser um instrumento muito útil”, disse.

Outra aposta de Putin é o desenvolvimento de moedas digitais para projetos de investimentos, além de um sistema paralelo de Swift que permitiria os pagamentos internacionais. “Isso tudo pode ser uma importante caixa de ferramentas e que pode ser um elemento importante para o desenvolvimento do Sul Global”, afirmou.

O russo explicou que tem feito consultas sobre esses temas como Brasil, Índia e outros países. “Vamos falar sobre isso durante a cúpula”, indicou.

SEM MOEDA ÚNICA – Putin garantiu que o bloco não fala ainda em uma moeda única. “Precisamos ser cuidadoso. Isso não amadureceu ainda. Uma moeda comum exigiria uma integração de suas economias”, reconheceu. O que estamos olhando é na expansão de moedas nacionais. Precisamos ter instrumentos para permitir que isso seja seguro o suficiente e que não seja um problema”, disse.

O centro dos trabalhos seria a criação de instrumentos digitais e criar relações entre bancos centrais, além do fortalecimento do banco.

Para ele, a transformação da ordem mundial não é um trabalho do Brics. “Essa não é nossa aspiração. Isso vai acontecer de forma inevitável. Precisamos apenas responder de forma adequada”, completou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO elogio a Dilma é compreensível. É que Putin não entende nada do que ela fala nem se interessa em entender. Qaulquer hora dessas ela repete aquela frase célebre sobre economia e vai levar Putin à loucura: “Não acho que quem ganhar ou perder, nem quem ganhar ou perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder…”. (C.N.)

Pacote anti-Supremo’ é relevante, apesar de ser discutido num confronto politizado

Tribuna da Internet | Supremo se impõe com “Poder Moderador” e não aceita que sejam traçados limites

Reprodução do Jornal da Manhã

 Joel Pinheiro da Fonseca
Fol
ha

Vivemos um conflito entre Congresso e Supremo. De um lado, o Supremo barra as emendas parlamentares e cobra maior transparência, no que presta um serviço ao país. De outro, com duas PECs — a das decisões monocráticas e a que susta decisões da corte —, o Congresso busca limitar o poder do Supremo, no que também está correto.

O fato de esse conflito ser o motivador de medidas de ambos os lados —o Supremo, não menos do que o Congresso, também atua politicamente— não as invalida.

COMITÊ DE SÁBIOS – Seria um privilégio se um comitê de sábios se sentasse, sem pressões políticas, para discutir a relação ideal entre os Poderes e então a implementasse com total liberdade. Mas essa discussão de ideias jamais vai acontecer. Todo debate sobre a sociedade se dá em meio a conflitos políticos conjunturais, e é graças a isso que pautas, mesmo as mais importantes, avançam.

No mínimo, o debate é necessário. O Supremo toma, hoje, o protagonismo no debate público. Supostamente, embora tenha a palavra final, o Supremo é inerte e só age quando provocado por alguém.

Nos inquéritos de ofício que ainda correm — os “inquéritos da democracia” —, nem isso é verdade. Mesmo deixando-os de lado, no entanto, é fato que o Supremo é provocado sobre todo e qualquer tema.

Não há lei minimamente polêmica que algum partido não ingresse com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, dando ao Judiciário a palavra final. Resta ao Supremo escolher, dentre os diversos assuntos que lhes serão propostos, qual deseja intervir. E, como não faltam possibilidades interpretativas em nossa Constituição, praticamente qualquer decisão encontrará sua justificativa jurídica.

AUTOCONTENÇÃO – A sociedade aguarda a prometida autocontenção que, até agora, não veio. Sem algum tipo de limite externo, provavelmente não virá. Se o limite não vier do Legislativo, de onde mais virá? O próprio governo considera o Supremo como mais um aliado político seu em uma série de pautas que lhe trariam desgaste no Congresso. Isso deveria ser uma aberração, mas hoje é parte banal do dia a dia.

Mesmo entre quem reconhece a pertinência de se rediscutir o papel do Supremo há um certo melindre de que, ao fazê-lo, estaríamos alimentando uma pauta do bolsonarismo.

É como se essa corrente política tornasse qualquer pauta tóxica pelo simples fato de defendê-la. Só que o bolsonarismo está aí, é uma força relevante no Congresso e não deve ir embora tão cedo, goste-se dele ou não.

DEVEMOS DISCUTIR – Se formos esperar que o bolsonarismo — e a maciça opinião pública que ele representa — desapareça para só então considerar projetos que contrariem a esquerda e o Supremo, podemos já abrir mão de discutir o país.

Das duas PECs, a das decisões monocráticas parece bastante razoável. Só de ter que formar maiorias no plenário e ouvir votos contrários a sociedade já sairia ganhando. A outra PEC, ao colocar o Congresso como, na prática, uma corte superior ao Supremo, parece excessiva.

O fato de a decisão sustada por dois terços do Congresso voltar ao STF, exigindo agora o voto de 9 dos 11 ministros para ser validada, não muda essa questão; constrangeria ministros a introduzir ainda mais considerações políticas em seus votos. Seja como for, o debate é importante e não deveria ser boicotado por envolver disputa política —toda questão importante envolve.

Governo Lula praticamente desiste de apoiar a ditadura da Venezuela

Imagem colorida mostra Nicolás Maduro - Metrópoles

ONU agora acusa Maduro de crimes contra a humanidade

Bruno Boghossian
Folha

A cúpula do governo não admite agora, mas praticamente jogou a toalha em relação à fraude de Nicolás Maduro. Mesmo sem reconhecer a vitória o regime nas urnas, a diplomacia brasileira incorporou o cenário de permanência do ditador no poder.

Há gente no Planalto que nem mesmo gostaria de ver Maduro pelas costas. Ainda assim, chegou a sonhar com uma negociação que tornasse o processo eleitoral menos obsceno e menos desonroso para o governo Lula.

BUSCA DE DIÁLOGO – O Itamaraty, por sua vez, levou a sério a busca por um diálogo entre Maduro e a oposição. Ainda que fossem baixíssimas as chances de convencer o presidente venezuelano a deixar o cargo, os brasileiros agiram para que a exigência de apresentação das atas eleitorais deixasse o ditador sem saída, obrigando-o a se sentar para discutir alternativas.

Alguns elementos mudaram o cálculo dos brasileiros. Dois deles têm relação com a pressão interna sobre Maduro. O candidato opositor, Edmundo González, deixou o país, diminuindo as expectativas de que pudesse assumir o poder, e os protestos contra a fraude se tornaram menos frequentes nas ruas de Caracas.

Além disso, Maduro passou a tocar os negócios como de costume, fazendo pouco caso das tentativas de mediação. Na segunda-feira (14), um cão de guarda do ditador sugeriu que Lula foi aliciado e se tornou um agente da CIA.

CONTENÇÃO DE DANOS – Aos poucos, o Brasil entra num modo de contenção de danos. Como qualquer ruptura está descartada, o Itamaraty mantém canais abertos para negociações objetivas, da importação de energia até a busca por um salvo-conduto para remover, num avião da FAB, opositores asilados na embaixada da Argentina.

Ainda que o Itamaraty insista publicamente em algum diálogo em sentido contrário, o quadro mais provável inclui uma nova posse de Maduro em 10 de janeiro. Lula não deverá comparecer, e muitos diplomatas acreditam que ele nem será convidado.

No dia seguinte, o governo Lula não terá apenas um vizinho incômodo. A Venezuela servirá como lembrete de que o país pagou caro pelas concessões feitas ao regime e ainda saiu com um prejuízo adicional nas suas ambições de liderança regional.

Kassab fala em ‘tentativa de golpe’ para definir o que houve no Brasil em 2022

Kassab: 'é preciso um freio de arrumação nas emendas'

Kassab (PSD) está com Tarcísio de Freitas e não abre

Míriam Leitão
O Globo

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, diz que gostaria que o 8 de janeiro não tivesse acontecido, mas usa a expressão “tentativa de golpe” para definir o que aconteceu. Ele defende o centro político comparando com o ser humano. “O ser humano tem a orelha esquerda, a orelha direita e a cabeça no centro”. Ele diz que o partido tem um projeto presidencial, e define o PSD como um partido que tem um projeto liberal na economia e forte ação social.

O PSD venceu até agora em 882 e tem dez disputas no segundo turno, entre elas duas capitais Belo Horizonte e Curitiba, Piracicaba, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Caucaia, Londrina, Uberaba, Olinda, Canoas. Ele é considerado o vencedor dessas eleições. Mas qual é o projeto do PSD? Afinal, o que é o PSD? Foi o que eu conversei com o Kassab.

Vamos começar por um problema de São Paulo. Tem uma briga entre o governo federal e o governo municipal sobre de quem é a culpa por essa crise da falta de luz. Quem está com a razão nessa briga?
É evidente que a empresa não presta bom serviço. Isso é claro. Ainda no caminho, vindo para a gravação ouvindo aqui uma das emissoras de rádio dizendo que apenas 1% do que havia sido comprometido pela empresa em termos de poda de árvore foi cumprido. Então, é evidente que falta fiscalização. Uma concessionária precisa ser fiscalizada com muito rigor. E, para ser sincero, as agências brasileiras precisam melhorar a sua postura de fiscalização como um todo, e não é diferente na Aneel.

O governo federal gostaria de fazer uma mudança nas agências, inclusive fazendo mandatos coincidentes com o mandato do presidente. O senhor acha que isso faz sentido?
Nenhum. Deixa de ser uma agência. As agências são instrumentos do Estado, não de governo. Senão o governo assume e vai nomear, aí passa a ser uma ação de governo.

Mas sabe que o seu ministro gosta dessa ideia, né?
É, eu acho que ele deveria aprofundar e se me faz essa pergunta, eu sempre sou muito franco no que eu penso. Eu, a princípio, tenho uma posição bastante distante disso, porque ela vai se aproximar muito como um instrumento de governo e não de Estado.

O senhor está, assim, é o chefe de governo e de relações institucionais do governo de Tarcísio, que foi do governo Bolsonaro e sempre diz, sempre quando ele é perguntado, ele diz que o líder dele é Jair Bolsonaro. Mas o senhor está com três ministros no governo do Lula. Até quando o senhor acha que consegue manter esse um pé em cada canoa?
Vamos lá. Que partido é o do Tarcísio? É o Republicanos. E o Republicanos tem ministro no governo Lula. Que partido é o MDB? O MDB tem ministro, inclusive está me apoiando. Que partido é o PP? O PP tem ministro. O PL não tem ministro, mas tem uma boa relação. Então, não há nenhuma incoerência. A democracia brasileira, infelizmente, é assim, mas eu sou contra a coligação, trabalhei muito para acabar as coligações das proporcionais, vereador, deputado estadual, deputado federal, acabaram, e trabalho muito para que acabe no Brasil as coligações majoritárias. Na medida que elas existem, existe naturalidade nas alianças estaduais, em alguns momentos, incompatíveis com as federais. O PSD, aqui em São Paulo, foi a única força política que apoiou o então candidato Tarcísio, tanto é que indicamos o vice e estamos participando do governo, até porque era para participar mesmo, eleição é para isso.

E no plano federal, como fica?
No plano federal, em 2018, por exemplo, o PSD apoiou o Geraldo Alckmin para presidente. Perdemos as eleições, ficamos quatro anos sem participar do governo Bolsonaro. Agora é diferente, o PSD não teve candidato. Nós tentamos, você sabe disso, quantas vezes eu vim aqui na Globo com o Rodrigo Pacheco, o PSD fez de tudo para lançar o Rodrigo Pacheco, candidato a presidente. Quando ele abriu mão da sua pré-candidatura, fizemos de tudo para lançar o Eduardo Leite, não foi possível. Acabamos ficando sem candidato, liberando as nossas lideranças, os nossos diretórios estaduais, para cada um seguir o seu caminho. Um caminho também totalmente correto, politicamente correto. Aqueles que apoiaram o presidente Lula, corretamente, estão participando do governo. Só falta eu pedir para o Otto Alencar não participar do governo. Ele, desde o primeiro momento, esteve com o presidente Lula. 

E ele crescendo assim, ele tem um projeto presidencial? Ele quer ser como o PSDB, ter um projeto presidencial?
Lógico, o partido que não tem projeto é um partido que está condenado a ser dissolvido, a desaparecer. Temos bons quadros do PSD. Tem o Topázio em Florianópolis, que ganhou a eleição no primeiro turno, um excelente prefeito. Tem o Ratinho, tem o Eduardo Pimentel em Curitiba. Tem o Eduardo Paes no Rio de Janeiro. Temos uma aliança aqui em São Paulo com o Tarcísio, que é a grande revelação da política brasileira. Hoje eu entendo o Tarcísio, ao lado do presidente da República, lógico, como um dos maiores líderes do país. Temos o Antônio Brito, temos o prefeito de São Luís, o Braide. Então, é um partido que está se preparando, sim. É um partido com uma posição clara de centro, onde abraça na economia o liberalismo, mas vê com muito cuidado a questão social, defende investimentos expressivos no ensino público, na saúde pública, na defesa, na segurança. Então, está crescendo por sua coerência e por estar conquistando bons quadros para a vida pública brasileira.

O senhor acha que o Jair Bolsonaro vai continuar inelegível na sua avaliação? O senhor tem muita capacidade de análise política.
Olha, eu lamento muito que um ex-presidente da República esteja nessa condição. Não é bom para o país, não é bom para a nossa imagem no exterior. O Judiciário tem que cumprir suas funções. Eu torço que tudo isso que aconteceu tenha sido um grande equívoco, mas, na verdade, o que eu vejo é muita pouca vontade do Judiciário de mudar sua decisão.

Mas o senhor acha que há motivos? O que houve foi uma tentativa de golpe tudo o que aconteceu? Como é que o senhor avalia o que aconteceu?
Eu avalio com muita tristeza. Eu gosto da vida pública. Uma carreira, até já longevo, fui vereador em São Paulo, deputado estadual, duas vezes federal, prefeito. Disputei eleições, venci. Fui ministro, hoje sou secretário do governador Tarcísio, com muita honra. É muito triste…

É muito triste Bolsonaro ser inelegível ou ter havido uma tentativa de golpe?
É muito triste ver essa situação de esses grandes equívocos ou tentativas de golpe ou golpe com tantas pessoas envolvidas. Eu gostaria muito que isso não tivesse acontecido. Então, vamos aguardar o Judiciário se definir, vamos ver como vai acabar esse processo. Ainda não existe algo definitivo, mas eu acho que não vejo nada no horizonte que mude a decisão do judiciário.

Apesar de o senhor ter dito que tem um projeto presidencial, o senhor tem falado sempre que está no projeto do Tarcísio de Freitas, que é do Republicanos. Então, se chegar em 2026, se houver a possibilidade de lançar um candidato próprio, o senhor ficará longe do Tarcísio de Freitas?
Se ele se lançar candidato a presidente?  Primeiro, essa é a decisão dele, sair ou não candidato. Eu acho que o Tarcísio é a grande renovação da política brasileira. Eu tenho nele hoje o melhor quadro da política brasileira, muito bem preparado, muito inteligente, com capacidade de estruturar a equipe, por onde passou, saiu muito bem avaliado, e em governos totalmente diferentes do ponto de vista ideológico. Ele vai muito bem no governo de São Paulo, que está se transformando sob o seu comando. Muitas inovações na infraestrutura, na saúde, no ensino, nas reformas administrativas que ele vem impondo ao estado. Então, ele na hora certa vai definir se é candidato a governador, se é candidato a presidente. Eu espero que ele saia candidato, que ele continue na vida pública, não é?

PT perde apoio nas bases, mas ganha nas elites e vira um partido indefinido

PT quer saltar de 4 para 20 prefeitos em São Paulo em 2024

PT envelheceu e perdeu seu espaço na campanha de rua

Maria Hermínia Tavares
Folha

Mesmo sem os resultados do segundo turno em 52 cidades, entre elas 15 capitais, muito já se discute sobre perdas e ganhos partidários. Poucos, no entanto, discordam de que o PT, até o momento, tem pouco a comemorar, mesmo que seus candidatos em São Paulo e em outras quatro capitais continuem no páreo. Isso, embora o partido de Lula tenha aumentado o número de cidades que governará – de 182 em 2020 para 248 municípios, por enquanto.

Esse ganho, além de modesto, não esconde dois fatos incômodos para a agremiação. O primeiro é que seu desempenho em eleições municipais nunca foi lá aquelas coisas. O centro e as direitas sempre predominaram na base do sistema político brasileiro, tanto nas votações para prefeito e vereadores, como naquelas que definem quem ocupará as cadeiras da Câmara dos Deputados.

AUGE EM 2012 – De resto, a relação entre os resultados das eleições municipais e para o Congresso, bem como o predomínio das forças conservadoras, impõem ofuscantes limites ao que podem fazer governos progressistas. De toda forma, a curva de crescimento petista nos municípios, que chegou ao auge em 2012, sofreu brutal inflexão na rodada seguinte, passados quatro anos.

A queda registrada em 2016 marcou o segundo fato incômodo para a agremiação do Presidente Lula: a sangria de votos nas cidades maiores – e não só nas capitais. Esse fenômeno está primorosamente documentado no livro “O Brasil Dobrou à Direita”, (2020) do cientista político Jairo Nicolau (FGV-RJ).

O partido minguou nos grandes centros urbanos perdendo espaço para as forças direitistas, cuja primazia foi confirmada na fala das urnas de 6 de outubro último. Ou seja, uma parte dos setores populares das cidades, que, no passado, deu lastro eleitoral ao PT, desgarrou-se.

ESQUERDA BRÂMANE – O economista francês Thomas Piketty cunhou a expressão “esquerda brâmane” para descrever o processo de transformação dos partidos progressistas franceses, outrora enraizados na classe operária, em agremiações de eleitores de alto nível educacional e robusto capital cultural.

Impossível não pensar em Piketty ao observar a distribuição espacial dos votos de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, sua concentração nos “bairros brâmanes” do centro e do oeste da cidade, e a perda expressiva de votos em antigas fortalezas eleitorais petistas.

O PT nasceu da confluência de lideranças sindicais do operariado e do setor público; dos movimentos sociais urbanos; das organizações de base da Igreja Católica; de militantes da esquerda convertidos à causa democrática; e de intelectuais progressistas das universidades públicas. E a legenda se lançou na contenda eleitoral com uma vigorosa agenda de direitos sociais e redistribuição de renda.

NOVA REALIDADE – O Brasil de hoje é bem outro, transformado pelas reformas econômicas, que domaram a inflação, e pelas reformas sociais que o PT aprofundou, quando não iniciou.

Mas também, pelas mudanças sem volta no mundo do trabalho; pela expansão das universidades privadas; pela transição religiosa que aprofundou o pluralismo de crenças; pelos problemas urbanos agravados pela crise climática e pela expansão do crime organizado.

Assim, para escapar ao gueto brâmane, o PT terá de ir além de repetir o discurso que lhe garantiu vitórias passadas.

Sinwar, líder do Hamas, se escondia usando crianças e professoras como escudo humano

Morto nesta quinta-feira, Yahya Sinwar foi líder do Hamas e arquiteto do atentado de 7 de outubro.

Yahya Sinwar era chamado de o “Açougueiro de Khan Younis”

Ben Hubbard
Estadão (NYT)

Yahya Sinwar, o líder terrorista palestino que saiu de duas décadas de prisão em Israel para chegar ao comando do Hamas e ajudar a planejar o ataque mais letal da história israelense, morreu na quinta-feira. Ele tinha cerca de 60 anos.

Líder de longa data do Hamas, que assumiu seu principal cargo político em agosto, Sinwar era conhecido entre seus apoiadores e inimigos por combinar astúcia e brutalidade. Ele desenvolveu a capacidade do Hamas de prejudicar Israel a serviço do objetivo de longo prazo do grupo de destruir o Estado judeu e construir uma nação islâmica palestina em seu lugar.

Ele desempenhou um papel central no planejamento do atentado terrorista surpresa ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1,2 mil pessoas, levou outras 250 de volta a Gaza como reféns e o colocou no topo da lista de mortes de Israel. Os líderes israelenses prometeram caçá-lo, e os militares lançaram panfletos sobre Gaza oferecendo uma recompensa de US$ 400.000 por informações sobre seu paradeiro.

NOS TÚNEIS – No entanto, por mais de um ano, ele permaneceu esquivo, sobrevivendo em túneis que o Hamas havia cavado sob Gaza, mesmo quando Israel matou muitos de seus combatentes e associados.

O legado de Sinwar entre os palestinos é complexo. Ele criou uma força capaz de atacar os militares mais sofisticados do Oriente Médio, apesar do rígido bloqueio israelense-egípcio a Gaza. Mas o ataque de 7 de outubro levou Israel a se comprometer não apenas a acabar com o domínio de 17 anos do Hamas em Gaza, mas também a destruir completamente o grupo.

O ataque elevou o apoio ao Hamas na Cisjordânia ocupada por Israel e em outras partes do mundo árabe, de acordo com as pesquisas, mas não entre os habitantes de Gaza, cujas vidas e casas sofreram o impacto da invasão subsequente de Israel.

“O AÇOUGUEIRO” – Sinwar estudou árabe na Universidade Islâmica de Gaza e se envolveu na política islâmica. Por volta do início do primeiro levante palestino, ou intifada, contra a ocupação israelense da Cisjordânia e de Gaza em 1987, os islamistas palestinos fundaram o Hamas, que se comprometeu a destruir Israel e substituí-lo por um Estado palestino. Israel, os Estados Unidos e outros países designaram Sinwar como terrorista e o Hamas como uma organização terrorista.

Sinwar, um dos primeiros membros do Hamas, liderou um grupo encarregado de punir palestinos acusados de espionagem para Israel, muitas vezes com execuções. Ele realizava essa tarefa com tanta brutalidade que ganhou o apelido de “Açougueiro de Khan Younis”.

Em 1988, Israel prendeu Sinwar e depois o processou pelo assassinato de quatro palestinos suspeitos de colaborar com Israel. Ele passou mais de duas décadas em prisões israelenses, uma experiência que, segundo ele, lhe permitiu estudar seu inimigo.

DOR NA NUCA – Ao longo dos anos, Israel perdeu várias oportunidades de manter Sinwar fora do campo de batalha – ou eliminá-lo completamente. Durante seu encarceramento, um dentista judeu da prisão, chamado Yuval Bitton, passou a conhecê-lo e soube de seus esforços contínuos para punir os palestinos que ele suspeitava estarem trabalhando com Israel.

Em 2004, Sinwar desenvolveu uma dor na nuca que Bitton disse aos colegas que exigia atenção médica urgente. Os médicos removeram um tumor cerebral agressivo que poderia ter matado Sinwar se não fosse tratado, e Sinwar agradeceu a Bitton por ter salvado sua vida.

“Era importante para ele que eu entendesse a importância disso no Islã – que ele me devia sua vida”, disse o Dr. Bitton, que mais tarde se tornou chefe de inteligência do Serviço Prisional de Israel. Em uma dolorosa reviravolta do destino, quando o Hamas atacou Israel em 2023, o sobrinho de Bitton, Tamir Adar, estava entre os reféns levados para Gaza, onde morreu logo depois.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sinwar se escondia usando escudos humanos. O subterrâneo onde ele foi morto por acaso num ataque israelense ficava debaixo dos escombros de uma escola. Várias professoras e crianças teriam sido mortas junto com ele. Será que essa guerra vale a pena? Ou significa apenas matar por matar? (C.N.)

Na Congresso, PL só votará em quem se comprometer a anistiar Bolsonaro

PF diz que Valdemar Costa Neto usou PL para 'financiar' estrutura de apoio  a golpe de Estado | Política | G1

Costa Neto oferece trocar votos por apoio à anistia

Fernanda Strickland e Júlia Portela
Correio Braziliense

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, condicionou o apoio do partido a candidatos às presidências da Câmara e do Senado que se comprometam a defender o projeto de lei da anistia, que pretende livrar os golpistas do 8 de janeiro. A proposta, na avaliação do dirigente, é um caminho para reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O chamado PL da Anistia está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Segundo Costa Neto, o texto é um ponto-chave na sucessão das presidências das duas Casas. “Não tenha dúvida disso”, frisou, em entrevista à CNN Brasil.

ESTÁ CONFIANTE – Costa Neto foi enfático ao afirmar que a inelegibilidade de Bolsonaro será revertida. Ele comparou a situação do ex-presidente com a do atual chefe do Executivo federal, Luiz Inácio Lula da Silva, que também enfrentou restrições legais antes de concorrer novamente à cadeira do Palácio do Planalto.

“Vamos lutar para incluir Bolsonaro”, frisou, em relação ao projeto de lei, “porque a condenação dele foi simplesmente absurda. Só porque conversou com embaixadores e disse que era contra as urnas. É a opinião dele, que tem de ser respeitada. Na opinião do dirigente, o caminho legislativo para reverter a inelegibilidade é mais “fácil” do que tentar uma decisão favorável na Justiça Eleitoral.

“O projeto de lei não trata do assunto do Bolsonaro. Vamos ter de fazer isso no andar da carruagem. E temos de pôr isso na pauta do presidente da Câmara e do presidente do Senado, a serem eleitos”, destacou.

INELEGÍVEL – Bolsonaro está inelegível por oito anos. Em 2023, ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político na corrida eleitoral de 2022. Em julho daquele ano, o então presidente fez uma reunião com embaixadores na qual colocou em dúvida a lisura do processo eleitoral, sem apresentar provas.

Apesar do aparente entusiasmo, Costa Neto admitiu que convencer a Câmara a apoiar o PL da Anistia será tarefa complicada. “Agora, nós temos que convencer os deputados a votarem”, afirmou.

Na Câmara, o PL conta com 92 parlamentares, a maior bancada da Casa. No Senado, o partido tem 14 integrantes. Embora as eleições para as duas presidências estejam previstas apenas para fevereiro de 2025, as articulações em torno da sucessão do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) estão em pleno andamento nos bastidores do Congresso.

CANDIDATOS – Para a sucessão na Câmara, há três candidatos: Hugo Motta (Republicanos-PB), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA). Motta corre por fora, com acenos de que será o candidato de Arthur Lira, atual presidente.

Já Nascimento e Brito se juntaram em uma aliança: o candidato que tiver mais apoio com a chegada da eleição será o escolhido para continuar a campanha, com o apoio do outro.

Nesta semana, deputados do PT se reuniram para discutir quem a sigla deve apoiar. A bancada tem 68 deputados, só perdendo para o PL. O líder da legenda na Câmara, Odair Cunha (MG), afirmou, na terça-feira, que o apoio pode ir para Motta.

MAIOR DISCUSSÃO – “O PT está discutindo qual é a tese que nós vamos decidir. Se vamos decidir pela manutenção e pela permanência no blocão ou se vamos produzir um novo bloco aqui na Casa. Essa é a discussão central. E nessa tese de permanência, temos uma candidatura que significa a convergência dessas forças políticas, que é a do Hugo Motta”, disse Cunha.

Nesta quinta-feira, Lula disse que pretende ficar fora das discussões. “Tenho como prática política não me meter na escolha do presidente da Câmara. Isso é uma coisa do Congresso Nacional. Como eu respeito a autonomia de cada Poder, o meu presidente será aquele que for eleito”, garantiu, em entrevista a uma rádio baiana. “Goste eu dele ou não, vou conversar e tratar como presidente da Câmara.”

Já Elmar Nascimento busca apoio por fora. Na segunda-feira, ele se reuniu com membros do MST e foi a São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para um encontro com metalúrgicos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Se Lula foi descondenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, hipoteticamente Bolsonaro também poderia ser anistiado, mas o ministro Alexandre de Moraes já avisou que o Supremo não aceitará tal decisão. E agora? (C.N.)

Em meio à crise com a Aneel, Planalto deve propor mudanças em agências reguladoras

Charge do Rice (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Na esteira da crise que envolve a Agência Nacional de Energia Elétrica e o apagão em São Paulo, o governo federal quer propor mudanças na legislação sobre as agências reguladoras no país. O presidente Lula da Silva solicitou à Advocacia Geral da União que elabore um texto para mudar o formato de como as agências prestam contas de suas atividades.

A proposta de mudança terá que passar pelo Congresso Nacional, onde o governo possivelmente terá dificuldades. O setor já causou incômodos ao governo em outras ocasiões. No final de agosto, Lula e o diretor da Anvisa trocaram farpas após o presidente cobrar mais agilidade na liberação de remédios.

PRIVATIZAÇÕES – As agências reguladoras foram criadas em 1997, após um programa de privatizações do governo FHC, com o objetivo de fiscalizar serviços que antes eram geridos unicamente pelo Estado. Elas são independentes e foram criadas para serem “blindadas” de influências políticas, o que torna sempre delicadas as tentativas de mudanças.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou nesta semana ser favorável ao fim dos mandatos nas agências reguladoras. Na prática, significa autorizar o Planalto a demitir diretores das autarquias. Segundo Silveira, o presidente Lula tem uma posição mais conservadora, mas que ainda intervém no atual modelo. Lula quer coincidir o mandato dos diretores com o do presidente da República.

EMBATE –  A posição mais radical de Silveira é resultado de um constante embate do ministro com a Aneel. Desde o início do ano, Silveira tem tido contratempos com a agência e já disse em algumas oportunidades que a agência está “boicotando” o governo. Hoje, os mandatos nas agências têm duração de quatro anos, mas o período não é casado com o mandato presidencial. Todos os diretores da Aneel foram indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, com alguns mandatos se estendendo até 2028.

Silveira declarou que a Aneel é omissa ao não iniciar rapidamente um processo administrativo contra a Enel pelo apagão em São Paulo, o que poderia levar a uma intervenção federal na concessão. Na sua visão, que é compartilhada por outras figuras do Planalto, não faz sentido o Planalto ser obrigado a ter que lidar com diretores indicados pelo presidente da gestão anterior.

PROCESSO –  Silveira disse que as agências reguladoras deveriam ter um processo similar ao da Empresa de Pesquisa Energética. Na estatal, o presidente pode ser demitido pelo chefe da República e trocado sem passar pelo Congresso Nacional.

O descalabro causado pelo apagão acarretou prejuízos imensos na Grande São Paulo. A Enel, concessionária de energia elétrica, afirmou nesta quinta-feira, que 3,1 milhões de imóveis ficaram sem luz – mais do que os 2,1 milhões inicialmente informados pela empresa. Propor alterações nas agências reguladoras, após o incidente, parece tardio. Mas é preciso que se tenha uma ação concreta. Caso contrário, o quadro poderá se repetir, fazendo com que a população seja o principal alvo dos incidentes.

A felicidade é simples e confusa, na poética visão de Abgar Renault

Biblioteca do Senado Federal - Abgar Renault foi um professor, educador,  político, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro. Seu primeiro livro de  poesia, “Sofotulafai”, foi publicado em 1972; seguido por “Sonetos Antigos”  e “Paulo Peres
Poemas & Canções

Neste poema, o professor, tradutor, ensaísta e poeta mineiro Abgar de Castro Araújo Renault (1901-1995), da Academia Brasileira de Letras,  definiu, sintética e peculiarmente, a  “felicidade” , que pode ser simples ou confusa.

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FELICIDADE
Abgar Renault

Felicidade – o título tão comprido deste poema tão pequeno!
Felicidade – substantivo comum, feminino, singular, polissilábico.
Tão polissilábico. Tão singular. Tão feminino. E tão pouco comum.
Substantivo complicado, metafísico, que cabe todo
na beleza clara de alguém que eu sei
e no sorriso sem dentes de meu filho.