Lewandowski dá entrevista, porém rejeita perguntas sobre Dias Toffoli e a Lava Jato

Ex-ministro do STF, Lewandowski afirmou em entrevista ao GLOBO que Corte deveria ter mais mulheres e pessoas negras, mas que inclusão 'leva um certo tempo'

Entrevista fraca, Lewandowski gosta de declarar o óbvio

Mariana Muniz e Daniel Gullino
O Globo

Em entrevista ao Globo, o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski se manifestou contrário à sugestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que os votos da Corte fossem secretos. Lewandowski afirmou, por outro lado, ser favorável à discussão sobre mandatos para ministros do Supremo, para evitar permanências de décadas em tribunais superiores — cenário que comparou a uma “aristocracia”.

Como senhor viu a declaração do presidente Lula de que os votos dos ministros do Supremo não devem ser conhecidos, apenas o resultado?
A publicidade é um princípio constitucional. É uma cláusula pétrea. Não há nenhuma possibilidade de reversão nesse sentido. Isso afeta a administração pública em geral, mas afeta também particularmente o Poder Judiciário. Todas as decisões e todas as seções em qualquer nível judicial são necessariamente públicas por força de um dispositivo constitucional, desse princípio da publicidade. Então, a transparência é a regra.

Mas o senhor acredita que o voto de cada ministro, individualmente, deve ser divulgado?
Totalmente. Não é possível nenhum retrocesso nesse sentido. Pelo menos desde a Constituição de 1988 sempre foi assim. E isso, a meu ver, seria um retrocesso muito grande.

Existe uma crítica sobre o papel da TV Justiça. O senhor acha que ampliou a pressão sobre o Supremo?
Em um primeiro momento, eu guardava certas reservas com relação à TV Justiça. Mas eu verifiquei, ao longo do tempo, que, com um certo protagonismo do Poder Judiciário, especialmente o Supremo, é muito importante que os cidadãos, o povo, veja como as coisas são decididas e possam, inclusive, aferir qual é a posição de cada juiz. Esse é um ônus que os juízes têm por se sentar na prestigiosa cadeira de ministro do Supremo.

Como o senhor viu o primeiro mês de atuação de Cristiano Zanin, que o sucedeu?
O ministro Zanin é muito preparado. Repito que para ser ministro do Supremo não é preciso ser um acadêmico. Quem faz carreira acadêmica está sujeito a determinados critérios de ascensão na carreira. E quem vai para a carreira judicial? São outros critérios. Ele é um profissional do direito experiente, tem a idade necessária, notável saber jurídico e reputação ilibada. Está se saindo muito bem.

E como avalia as críticas em razão de decisões que desagradaram parte da esquerda?
O ministro do STF precisa interpretar a Constituição no caso concreto, que é submetido a ele. Mas é claro que ninguém se livra das suas visões de mundo. As críticas fazem parte, e também são o ônus de integrar o STF. Entendo que as críticas que a sociedade dirige ou ao Supremo ou a um juiz em particular permitem inclusive que ele veja como a sociedade está reagindo às suas decisões e, eventualmente, se for o caso, corrija o rumo.

O senhor ainda é a favor de mandato para ministros de tribunais superiores?
Um mandato, a meu ver, de 10 ou 12 anos, seria uma fórmula para permitir que os juízes refletissem esta visão da sociedade.

Já defendeu essa proposta ao presidente Lula?
Não cheguei a falar. Mas, em uma República, todos os cargos públicos são temporários. A periodicidade é uma regra na República. Então, se nós imaginarmos que alguém pode entrar com, teoricamente, 35 anos em um tribunal superior e sai com 75, são 40 anos, é quase que uma aristocracia.

Tem preferência por algum nome para ocupar a vaga que será aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber?
É uma escolha exclusiva do presidente da República. Ele vai nomear uma pessoa com a qual ele tem afinidade. Não afinidade no sentido pessoal, uma afinidade ideológica ou, supostamente, que tem uma mesma visão de mundo ou uma mesma visão do modo como a jurisdição deva ser feita.

Como avalia a possibilidade de diminuição no número de mulheres no Supremo?
O Supremo deve, de certa maneira, representar a composição da sociedade brasileira, dentro do possível. Se tem 50% ou mais de mulheres, evidentemente que deve haver um número maior de mulheres na Suprema Corte. Assim como também deve haver uma representação maior dos negros. Agora, isso é um processo. É um processo que leva um certo tempo para completar. Não sei se seria viável para essa primeira vaga. Que é desejável, é. Se é viável, eu não sei.

Os nomes de algumas mulheres têm circulado também. A ministra Regina Helena, do STJ, a desembargadora Simone Schreiber, do TRF-2…
Dora Cavalcanti…

São nomes que o senhor entende que são bons nomes?
Todos esses nomes são excelentes também. Acho que ocupariam um cargo na Suprema Corte com muita distinção. Estas e outras que foram ventiladas também.

O presidente Lula chegou a pedir algum conselho para o senhor?
Não pediu. Eu também não sugeriria. Essa é uma prerrogativa do presidente da República. Não ousaria.

E no caso da PGR, acha que seria desejável uma recondução de Augusto Aras?
Não posso dizer se é desejável ou não. O que eu posso dizer é que o doutor (Augusto) Aras tem um excelente trânsito no Supremo. Ele exerceu o seu cargo sem maiores sobressaltos, cumpriu o seu dever. Acho que é um candidato, dentre outros, que também pode ser cogitado pelo presidente da República.

Como avalia críticas que apontam “excessos” do ministro Alexandre de Moraes?
As decisões do ministro Alexandre, é importante que se diga isso, são submetidas ao crivo dos demais ministros. Ele não age isoladamente. Quer dizer, o que ele faz tem respaldo dos demais integrantes da Suprema Corte.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Nenhuma palavra sobre Toffoli e a extinção da Lava Jato. Por que será? (C.N.)

Delação de Mauro Cid traz clima de muita apreensão ao entorno de Jair Bolsonaro

CPMI do 8/1 descobre conta e movimentações milionárias de Mauro Cid

Mauro Cid trocou de lado e virou um problema para Bolsonaro

Gerson Camarotti
g1 Brasília

A delação premiada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, homologada neste sábado (9) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre Moraes, ampliou o ambiente de apreensão no entorno mais próximo do ex-presidente. A decisão de Moraes de homologar a colaboração de Cid foi antecipada pelo blog.

A tensão já era sentida nos apoiadores mais próximos do ex-presidente nas últimas semanas e foi causada pelos três longos depoimentos de Cid à Polícia Federal (PF) ne semana passada.

MATAR NO PEITO – Antes da realização destes depoimentos, a avaliação era de que o ex-ajudante de ordens iria “matar no peito” as denúncias investigadas pela Polícia Federal e preservar o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O temor de que Muro Cid mudaria de posição aumentou quando o advogado Cezar Bittencourt assumiu a defesa do tenente-coronel.

A percepção é de que Cid decidiu mudar de postura e retirar a blindagem que mantinha a Bolsonaro com seu silêncio quando as investigações chegaram ao pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o general da reserva Lourena Cid.

MILÍCIAS DIGITAIS – A maior preocupação com a homologação da delação é que a colaboração de Cid se dará no inquérito que investiga a existência de milícias digitais, uma investigação mais ampla que o caso das joias ou o caso das fraudes em cartões de vacinação.

O primeiro sinal de pânico no entorno bolsonarista foi sentido quando Cid deu um longo depoimento à PF sobre a visita do hacker Walter Delgatti ao então presidente Jair Bolsonaro em agosto do ano passado, no Palácio da Alvorada. Foi ali que acendeu o sinal amarelo de interlocutores de Bolsonaro.

Na semana passada, o ex-presidente e Michelle Bolsonaro, sua esposa, ficaram em silêncio ao prestar depoimento à PF no caso das joias, já temendo serem desmentidos por Mauro Cid.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para o ex-presidente Jair Bolsonaro, perder o apoio de Mauro Cid tem o mesmo significado de perder a guerra. Como declarou o presidente/dono do PL, Valdemar Costa Neto, não dá mais para Bolsonaro ser candidato, mas será muito importante ele continuar apoiando o partido e a candidatura de Michelle, que já vem embutida no pacote. (C.N.)

O brado retumbante de Toffoli contra a Lava Jato, que é um saco de pancadas

Toffoli: Lava Jato forjou provas, prendeu inocentes, destruiu empresas

Toffoli esmerou-se na tentativa de destruir a Lava Jato

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Com seu brado retumbante, classificando a prisão de Lula de “um dos maiores erros judiciários da história do país”, o ministro Dias Toffoli alistou-se na categoria criada pelo jornalista americano Murray Kempton para os editorialistas: “O serviço deles é descer da colina depois da batalha para matar os feridos”.

Com um voto de 134 páginas, Toffoli anulou as provas do acordo de leniência da empreiteira Odebrecht e produziu uma catilinária contra a Operação Lava Jato. Transbordando os limites do que se julgava, chamou-a de “armação”, “ovo da serpente” e “pau de arara”. Se o documento viesse assinado pelo atual ministro Cristiano Zanin, que à época defendia Lula e recorria das decisões enviesadas do juiz Sergio Moro, seria o jogo jogado.

COPIANDO GILMAR – O brado de Toffoli é tardio e pouco original. Depois de ter sido reprovado em dois concursos para a magistratura, ele se tornou advogado do Partido dos Trabalhadores e foi nomeado no Supremo Tribunal em 2009, por Lula. Viu a Lava Jato passar sem maiores manifestações.

Os pontos de sua fala que mais chamaram atenção —”erro judiciário”, “tortura” e “ovo da serpente”— estão em falas antigas do ministro Gilmar Mendes, que combateu as práticas da República de Curitiba desde o primeiro momento. O voto de Gilmar Mendes pela suspeição do juiz Sergio Moro é de 2021.

Em 2019, quando Jair Bolsonaro estava no Planalto e Lula na cadeia, os tempos eram outros. Em janeiro, morreu Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do ex-presidente. Lula pediu permissão para ir ao velório. Durante a ditadura, o delegado Romeu Tuma, autorizado pela Auditoria Militar, havia levado Lula, preso, ao funeral de sua mãe.

TODOS CONTRA – Os tempos eram outros. A Polícia Federal explicou que não poderia levá-lo de Curitiba para São Bernardo. Deltan Dallagnol dizia que sua presença provocaria “um tumulto imenso” e o Ministério Público se opôs. A juíza Carolina Lebbos negou o pedido. Lula recorreu e o desembargador de plantão, Leandro Paulsen, voltou a negar-lhe a permissão. (A favor, sem que o caso fosse de sua alçada, só o vice-presidente Hamilton Mourão.)

Num novo recurso, o caso chegou às mãos do ministro Dias Toffoli, no STF. A essa altura, Vavá já havia sido sepultado.

Sem saber disso, o ministro autorizou Lula a “se encontrar exclusivamente com os seus familiares, em Unidade Militar na Região, inclusive com a possibilidade do corpo do de cujus ser levado à referida unidade militar, a critério da família”.

LULA NÃO ESQUECEU – Mais: “Vedado o uso de celulares e outros meios de comunicação externos, bem como a presença de imprensa e a realização de declarações públicas”.

Lula recusou o oferecimento e não o esqueceu. Em dezembro passado, durante a cerimônia de diplomação de Lula, Toffoli encontrou-o. Conforme o relato da repórter Mônica Bergamo, disse-lhe:

“O senhor tinha direito de ir ao velório. Me sinto mal com aquela decisão, e queria dormir nesta noite com o seu perdão”.

Flávio Dino diz que agora a Polícia Federal está a serviço da “causa” de Lula e do Brasil

Lula se irrita com Dino após operação da PF sobre joias de Bolsonaro  ofuscar PAC - Neto Ferreira – Conteúdo Inteligente

Dino fez um ato falho ao dizer que a PF hoje defende “causa”

Diógenes Freire Feitosa
Gazeta do Povo

Ao discursar ao lado do presidente Lula (PT) durante a cerimônia de encerramento dos cursos de formação profissional da Polícia Federal (PF), na manhã da terça-feira passada (dia 5), o ministro da Justiça, Flávio Dino, condenou a atuação da corporação em governos passados e disse que agora a PF está a serviço da “causa” do petista e do Brasil.

“Essa Polícia Federal, hoje, toda ela, está a serviço de uma única causa, que é a sua causa, a causa do Brasil. Nós abolimos tentações satânicas de espetacularizações, de abusos, de forças-tarefas ilegais. Tudo isso ficou no passado. Hoje, nós temos uma polícia dedicada a servir a população”, disse Flávio Dino a Lula depois de fazer citações bíblicas.

CONTRA AS PRISÕES – Após criticar à atuação da PF em anos anteriores, quando diversos empresários ligados ao PT e políticos de esquerda foram presos por crimes de corrupção, Dino disse aos formandos que a ideologia e as preferências pessoais não deveriam importar, apenas a obediência à lei deveria guiar os novos agentes.

Também estiveram presentes na cerimônia, a primeira-dama, Janja, os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e José Múcio (Defesa) e o comandante do Exército, general Tomás Ribeiro.

Mais cedo, Flávio Dino também endossou a fala de Lula sobre o fim da transparência nos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Para Lula, o sigilo dos votos dos ministros da Suprema Corte teria o objetivo de evitar “animosidades”. Mesmo enfrentando críticas, Dino fez questão de agradar Lula e até admitiu a possibilidade de um debate a respeito.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviada por Mário Assis Causanilhas, a matéria mostra que o ministro Dino não apoia a atuação da Polícia Federal para prender corruptos e limpar o país. Chama até de “forças-tarefas ilegais” a atuação conjunta da Polícia Federal, da Receita e do Ministério Público para enfrentar as elites da corrupção. Assim agindo, o jurássico ministro exibe com total transparência sua maneira própria de fazer justiça, que segue aquele ditado antigo — aos amigos, tudo; aos inimigos, o rigor da lei’. (C.N.)

Todos os dias, um milhão de orações pela vida da menina Heloísa

Heloísa dos Santos passou por cirurgia e está internada

Pedro do Coutto

Calculo que diariamente no país, pelo menos um milhão de orações, religiosas ou não, são feitas pela vida e pela plena recuperação da menina Heloísa dos Santos Silva, três anos de idade, atingida por um tiro de fuzil disparado por uma unidade da Polícia Rodoviária Federal no Arco Metropolitano da Rodovia Presidente Dutra ao perseguir o automóvel de placa suspeita dirigido pelo seu pai, transportando a sua família.

A brutalidade do episódio é revoltante e desperta uma repulsa generalizada por se tratar de uma criança de três anos, além de contrariar o regulamento estabelecido pelo governo federal, inclusive pelo primeiro governo Lula, de que não sejam disparados tiros em automóveis que desrespeitem o sinal de parar e sim adotados outros procedimentos para a sua identificação.

ATENTADO – Os dois tiros disparados, mais um atentado contra o futuro, tiveram a intenção de matar quem estava no carro, pois não foram dirigidos aos pneus e sim penetraram pelo vidro de trás do automóvel, portanto direcionados aos que se encontravam no veículo. Não tem o menor cabimento uma ação desse tipo. Muitos desses disparos são chamados de “balas perdidas”. Perdidas, porém, foram as vidas e a integridade de todos que se encontravam nesse alvo fictício para justificar violências absurdas sem limites.

Conforme disse, é revoltante o que acontece. Balas perdidas dão pretexto a uma série de evasivas formas de não apurar as verdadeiras responsabilidades. Neste caso da menina Heloísa ficou patente e impossível de ser adotada qualquer maneira de se reduzir a responsabilidade do crime praticado. No Estado de S. Paulo, a reportagem é de Paula Ferreira.

FAROESTE   – O próprio diretor da PRF reconheceu a calamidade. Violências desse tipo têm que parar porque, caso contrário, aliás como vem acontecendo, o panorama urbano do Rio de Janeiro, incluindo a Baixada Fluminense, transforma-se num faroeste, uma terra sem lei, um espaço dominado pelo crime e suas facções em confronto. Entre os bandidos e a Polícia, vive a população sobressaltada.

O governo do Estado e a Prefeitura da Cidade do Rio divulgam publicidades comerciais na televisão apresentando tanto a Cidade quanto o Estado no caminho de uma plena recuperação. As imagens, entretanto, e as reportagens nos jornais provam exatamente o contrário.
 
LIBERDADE – No início da tarde deste sábado, as edições online de O Globo e do Estado de S. Paulo noticiaram a decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo, concedendo a liberdade com o uso de tornozeleira eletrônica ao tenente-coronel Mauro Cid. E, ao mesmo tempo, aceitando a proposta de delação premiada feita pelo ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O Globo, a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo, em suas edições impressas de ontem, deram grande destaque à proposta de delação premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid. No O Globo, reportagem de Mariana Muniz, Eduardo Gonçalves e Dimitrius Dantas. No Estado de S. Paulo, de Pepita Ortega, Fausto Macedo e Pedro Prata. Na Folha de S. Paulo, de Constança Rezende.

Todas as três convergiam para o mesmo propósito que, como se observa na decisão de Alexandre de Moraes, foi aceita pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Abre-se um novo capítulo no processo voltado contra Jair Bolsonaro. Mauro Cid, com a sua delação, tem como alvo o ex-presidente.

ATRASO –  Numa reportagem que se transformou na manchete principal da edição de ontem da Folha de S. Paulo, Joana Cunha revela que os hospitais estão a registar um atraso bilionário no pagamento por parte dos planos de saúde, matéria que deve chamar atenção dos segurados para verificar se a situação refere-se ao plano do qual participam.

Um sinal de alerta porque os planos de saúde são indispensáveis aos que pagam mensalmente por eles diante dos custos dos atendimentos hospitalares, sobretudo nos casos de emergência. Há cerca de dois anos, um conhecido meu ficou três dias internado na UTI e lhe foi apresentada uma conta de R$ 82 mil. Logo, os planos e os seguros de saúde são fundamentais.

Fraturas da esquerda na base aliada refletem contradições da gestão de Lula

Charge do Fernando (Arquivo Google)

Bruno Boghossian
Folha

Lances políticos recentes deixaram um gosto azedo em diferentes alas da base de Lula na esquerda. Os critérios do presidente para a ocupação do Supremo e o embarque do centrão no governo desenharam fraturas no núcleo de apoio do petista.

Os episódios evidenciaram expectativas frustradas e acentuaram uma disputa por influência. Conflitos dessa natureza são comuns em grupos políticos de qualquer coloração, mas a divergência nítida de prioridades a esta altura expõe algumas particularidades deste mandato.

RACHADURAS NA BASE – A irritação de apoiadores com a nomeação de Cristiano Zanin e com os sinais de que o presidente pode deixar de lado quesitos de gênero e raça na próxima vaga do STF abriu uma das rachaduras. Aqueles que advogam pela indicação de uma mulher negra entraram em choque com aliados que defendem a independência absoluta do petista e reclamam do que seria uma pressão indevida.

No caso da reforma ministerial, a oposição se dá entre setores menos ou mais pragmáticos. Parte dos eleitores avalia que Lula precisou reduzir o espaço da esquerda no governo para montar uma aliança capaz de aprovar uma agenda social alinhada a seus princípios.

Outros entendem que o petista já sacrificou compromissos ideológicos ao se deitar com o centrão de Arthur Lira.

E LULA MUDOU… – Sempre houve divergências na esquerda, mas o quadro indica que a base social de Lula é menos coesa e tem preferências mais diversas do que em seus primeiros governos. Além disso, o petista faz um mandato com latitude mais estreita para atender às demandas de cada grupo.

A composição adversa do Congresso e os efeitos de uma eleição apertada dão tração limitada ao presidente para atropelar resistências conservadoras.

A trajetória do próprio Lula é outra dificuldade. O petista mudou nos últimos anos, mas suas convicções estão um pouco distantes da plataforma de muitos apoiadores. Para completar, tudo indica que ele resolveu permitir a si mesmo uma dose extra de personalismo em seu retorno ao poder após a prisão.

A bailarina que adorna poeticamente a caixa de joias está sempre girando, girando…

Fátima Guedes - "Poder da Lira" - Sympla Bileto - Compre seu ingresso online

Fátima Guedes, cantora e compositora carioca

Paulo Peres
Poemas & Canções

A cantora e compositora carioca Fátima Guedes, na letra de “A Bailarina”, retrata os segredos e os valores familiares que a menina da caixa de música guarda através de gerações. Essa música foi gravada por Fátima Guedes no LP Lápis de Cor, em 1981, pela EMI-Odeon.

A BAILARINA
Fátima de Guedes

Gira a bailarina
Na caixa de música
Lívida menina
Rodando, rodando…
Num pequeno círculo
De ouro e de espelho
Escrava do delicado
Mecanismo

Pálida e suave
Em seu bailado frívolo
Quantas vidas passa
Dançando, dançando…
Com a orgulhosa pose
De uma estirpe distante
Finita num infinito
Narcisismo

Roda a bailarina
A sua sina
De tonta
Guardiã de jóias e segredos
De família
Com a roupinha de balé
Com a sapatilha
Relíquia de passar
De mãe pra filha

Ela se persegue
Em seu passeio lúdico
Presa na caixinha
Girando, girando, girando

Toffoli conseguiu esculhambar também a Polícia Federal, o TRF-4, a Receita, o STJ e o próprio Supremo

Toffoli chama prisão de Lula de 'um dos maiores erros' da Justiça do país | VEJA

Toffoli estava se sentindo o máximo e fez a grande burrada

Carlos Newton

A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao determinar na quarta-feira, dia 6, a anulação das provas do acordo de leniência da Odebrecht, homologado em 2017 na Operação Lava-Jato, foi uma verdadeira aula de Direito às avessas, que precisa ser estudada nas universidades, para que os acadêmicos jamais repitam comportamentos semelhantes.

Toffoli tem um notório currículo de pouco saber e sua reputação resume-se à conhecida amizade que dedicava a Lula da Silva e José Dirceu, quando foi advogado do PT, circunstância que foi primeira e única razão para levá-lo a ser ministro do Supremo.

EM NOME DA AMIZADE – Aquela velha amizade com Lula não existe mais e Toffoli tentou retomá-la ao conceber essa escandalosa decisão, que vai ficar marcada como a maior trapalhada jurídica da História do Brasil, incluindo Colônia e Império.

Nada disso teria acontecido se Toffoli tivesse consultado sua equipe, que analisa todos processos e recursos a ele apresentados, definindo teses e redigindo as decisões. Sua assessoria é composta de um chefe de gabinete, oito operadores de Direito (juízes auxiliares, advogados, procuradores ou defensores) e dois assistentes judiciários (também com formação superior).

Movido pela paixão política e pela necessidade de agradar Lula, que está rompido com ele desde 2018, Toffoli se meteu a redigir sozinho o importantíssimo texto. Caso recorresse à equipe, o ministro teria sido advertido sobre os erros jurídicos e processuais que estava cometendo. O texto sofreria um pente fino e não haveria motivos para tamanha reação. Mas a vaidade falou mais forte.

HOUVE BOICOTE? – Há duas hipóteses. A primeira é de que Toffoli tenha pedido à própria mulher, advogada Roberta Rangel, que fizesse a revisão do texto.

E a segunda hipótese é que tenha submetido o texto à equipe, como de praxe, para que os assessores fizessem a revisão e evitassem erros de digitação, digamos assim.

Bem, se o texto foi lido pela equipe, os auxiliares deveriam ter feito a caridade de avisar ao ministro que a decisão dele era uma tragédia anunciada. Pode até ser que tenham alertado e Toffoli nem ligou. E pode ser que não tenha havido esse aviso, os assessores simplesmente deixaram acontecer, para colocar Toffoli no seu devido lugar. 

Agora, instituições respeitadas, como a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), vêm a público  apontar os vexaminosos erros de Toffoli, que está no Supremo há quase 14 anos e não aprendeu nada, rigorosamente nada.

Em sua ignorância orbital, Toffoli nem reparou que estava esculhambando não somente a 13ª Vara de Curitiba e a Procuradoria, mas também a Polícia Federal, o TRF-4, o STJ, a Receita Federal e o próximo Supremo, que aprovou a homologação do acordo de delação da Odebrecht.

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P.S. 1
Toffoli foi dormir na véspera do feriadão se sentindo o máximo. Na quinta-feira, até pensou em ir ao desfile e tentar cumprimentar o ex-amigo Lula. Mas foi ler os jornais e começou a perceber que tinha cometido o maior erro de sua vida, e começou a se sentir o mínimo.

P.S. 2 – Instituições como a Associação dos Procuradores vieram a público mostrar que Toffoli não sabe o que determina a Constituição. Ordenou que a Advocacia-Geral da União e o Tribunal de Contas da União investiguem os procuradores da Lava Jato, sem que tenham competência para tanto. Nesse nível, sua decisão é um monte de asneiras, que explodiu como uma bomba dentro do Supremo. Depois voltamos com mais detalhes. (C.N.)

Dino elogia a delação, que Dias Toffoli considera “pau-de-arara do Século XXI”

Flávio Dino falhou em tirar o Maranhão da pobreza

Flávio Dino muda de ideia como quem troca de roupa…

Ana Gabriela Oliveira Lima e Joelmir Tavares
Folha

O ministro da Justiça, Flávio Dino, elogiou a Polícia Federal pela atuação no acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Em publicação nas redes sociais neste sábado (9), Dino afirmou que a instituição cumpriu a legislação ao firmar a colaboração.

“Minhas homenagens à equipe da Polícia Federal que atuou para o andamento da colaboração premiada do Sr. Mauro Cid. A Polícia Federal atuou com seriedade, profissionalismo e pleno atendimento à Constituição, às leis e à jurisprudência do STF”, escreveu o ministro da Justiça do governo Lula.

RELAÇÃO PRÓXIMA – A postagem foi feita pouco mais de uma hora após a notícia de que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes homologou o acordo e concedeu ao tenente-coronel do Exército a liberdade provisória, neste sábado.

A PF está subordinada ao Ministério da Justiça e tem autonomia em relação ao governo, mas integrantes avaliam que a corporação vem tendo relação próxima com o Palácio do Planalto. O chefe da PF é Andrei Rodrigues, que tem feito questão de manter a imagem de homem de confiança do presidente Lula.

Dino voltou a comentar a delação de Cid posteriormente, defendendo a legalidade do acordo e a legitimidade da PF para celebrá-lo. O ministro disse que a corporação “aplicou a lei, em consonância com a jurisprudência do STF”.

ACIMA DA LEI – Em momentos recentes, Dino tem se comportado acima das leis, como ocorreu quando adiantou a jornalistas novidades sobre investigações em andamento, como em entrevista coletiva em julho no caso envolvendo a morte da vereadora Marielle Franco. De acordo com a lei, somente partes de processos podem ter acesso a dados de apurações.

O secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho —que é subordinado a Dino —, também usou uma rede social para elogiar a decisão de Moraes de soltar Cid, dizendo ser “um excelente exemplo de decisão que fundamenta a atual desnecessidade da custódia antecipada”.

Botelho, que atuou como advogado para alvos da Lava Jato, fez menção indireta aos métodos criticados da operação ao afirmar que o despacho de Moraes “cita elementos concretos e não solta — como vimos outras autoridades fazerem no passado— apenas porque houve delação”.

ERA CONTRÁRIO… – O secretário Botelho, do grupo petista Prerrogativas, era um crítico das delações na Lava Jato. Em 2013, publicou na Folha um artigo em que defendia o fim da aplicação do instrumento. No texto, repudiou o que considerava prisões ilegais com o intuito de forçar investigados a delatarem, “uma coação legitimada por juízes e promotores”.

No caso de Cid, porém, Botelho entendeu que a prisão foi corretamente substituída por medidas cautelares como o uso de tornozeleira, o cancelamento de passaportes e a apresentação periódica à Justiça.

Também neste sábado, em publicação em rede social, o procurador-geral Augusto Aras afirmou que a Procuradoria-Geral da República não concorda com acordos de colaboração firmados pela PF. O Supremo, no entanto, desde 2018 considera que as polícias têm autonomia para firmar os acordos de colaboração.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Com esse tipo de jurista, o Brasil vai mal das pernas. Até recentemente, Dino era contra a delação premiada e até aplaudiu entusiasticamente, na quarta-feira, a decisão de Toffoli extinguindo a delação da Odebrecht. Três dias depois, muda de ideia e aparece todo pampeiro, para elogiar a delação de Mauro Cid. O mesmo fenômeno aconteceu com o advogado Augusto de Arruda Botelho, do grupo petista Perrogativas, cujos integrantes enriquecem ao defender envolvidos em corrupção. Se tropeçasse nesses falsos juristas, que mudam de ideia como quem troca de gravata, Ruy Barbosa certamente teria engulhos de vômito e pediria o balde. (C.N.)

Ruptura de pacto com Mauro Cid torna essa delação “explosiva” para Bolsonaro

Libertado, Mauro Cid pede proteção para si e para a família. | Jornal O  Expresso

Mauro Cid saiu pela porta dos fundos do Batalhão do Exército

Bruno Boghossian
Folha

Quando a defesa de Mauro Cid deu os primeiros sinais de que o tenente-coronel poderia confessar a venda de joias e implicar Jair Bolsonaro, o ex-presidente disse que aquela era uma estratégia kamikaze. Ele declarou à Band que nunca havia ordenado a venda de presentes e afirmou que seu antigo auxiliar seria capaz de falar qualquer coisa para sair da prisão.

A reação de Bolsonaro naquele momento, há três semanas, mostrava que uma possível delação de Cid já era levada a sério. A comparação com os pilotos suicidas era um aditivo curioso, como se ele fosse obrigado a reconhecer que a confissão do ex-ajudante teria mesmo a capacidade de destruir outros personagens.

PRINCIPAL OPERADOR – A devastação produzida pela delação pode ser medida a partir do papel de Cid na estrutura que funcionava no entorno de Bolsonaro.

Como principal ajudante de ordens do então presidente, o coronel era o ponto mais próximo dessa órbita. Foi operador ou testemunha das ocorrências mais banais às mais graves.

Cid desfrutava dessa proximidade porque oferecia em troca lealdade e discrição, redobradas pelo espírito de corpo que carregava com a farda militar. Essas características eram também o que alimentava entre os bolsonaristas a expectativa de que o coronel jamais fecharia uma delação que prejudicasse o ex-chefe, amigo de seu paí.

IMPACTO PROFUNDO – As ligações da dupla fazem com que a ruptura desse pacto seja potencialmente explosiva. Segundo a GloboNews, Cid ofereceu à Polícia Federal depoimentos sobre a venda das joias sauditas, a falsificação de cartões de vacinação e as articulações para um golpe de Estado. Sobram laços suspeitos do envolvimento de Bolsonaro com os três temas.

A defesa do ex-presidente ainda parecia apostar em alguma fidelidade remanescente. Na quinta-feira (8), o ex-secretário Fabio Wajngarten afirmou que “não há o que delatar”.

É sinal de que a turma de Bolsonaro torcia para que Cid mudasse de ideia ou não citasse o envolvimento de superiores nos crimes, o que inviabilizaria a delação. Mas o tenente-coronel mostrou que está de olho no prêmio.

E assim, pouco a pouco, o Supremo foi sendo transformado no escritório de advocacia de Lula…

Cansado, o STF deu esperanças a Lula e, esquecido, o governo brasileiro “deu um calote” no povo

Charge do Paixão (Gazeta do Povo)

J.R. Guzzo
Estadão

Uma das obsessões centrais do presidente Lula, perseguida há anos e sustentada pela colaboração ativa dos degraus mais altos do Judiciário, é obter certidões negativas dos atos de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro pelos quais foi condenado. Lula ficou vinte meses na cadeia pela decisão de dez juízes diferentes, em três instâncias.

Lula já ganhou do STF, desde então, a anulação da lei que estabelecia a pena de prisão fechada para criminosos condenados na segunda instância. Foi solto por causa disso. Em seguida, o mesmo STF cancelou todas as ações penais contra ele.

SEM BASE LEGAL – Toffoli não falou nada sobre provas ou fatos – apenas descondenou, uma medida jamais tomada antes pela Justiça brasileira. Mais adiante, com base em gravações obtidas através de crime, declarou como “parcial” o juiz que assinou a primeira sentença de condenação.

E os outros oito que validaram a sentença? Também foram parciais? O STF não diz nada a respeito. Mas Lula ainda não está satisfeito – talvez não fique nunca.

Sua última exigência, que acaba de ser atendida pelo ministro Dias Toffoli, foi a expedição de um certificado de inocência em seu favor. Mais uma vez, não houve nenhum tipo de revisão dos fatos.

INOCENTE INÚTIL – Houve, apenas, um despacho do ministro com a declaração de que a condenação de Lula foi “um dos maiores erros judiciários da história do país.” E por que ele acha que foi um erro? Toffoli não apresenta nenhuma razão objetiva para sustentar sua decisão.

Diz, do começo ao fim, que foi um “ataque à democracia”, uma “armação”, uma “tortura psicológica”, um “ovo da serpente” e mais do mesmo; não cita nenhum fato concreto capaz de dar nexo lógico ao que está dizendo.

E as confissões de culpa dos corruptos que denunciaram Lula – e devolveram, por livre e espontânea vontade, milhões de reais de dinheiro roubado? Toffoli diz apenas que elas são “inválidas”. Inválidas por quê? Não há explicação coerente no despacho do ministro.

VOTO SECRETO NO STF – Lula defendeu que a sociedade não precisa saber do voto de cada ministro do Supremo Tribunal Federal, que tem sessões de plenário transmitidas pela TV Justiça

Toffoli fez carreira como advogado do PT; ganhou de Lula o cargo de Advogado-Geral da União, em sua primeira passagem pelo governo, e foi nomeado por ele para o STF, apesar de ser sido reprovado duas vezes no concurso para juiz de direito. Entrou, agora, na equipe de biógrafos que estão tentando escrever a nova história oficial de Lula.

Sua decisão não é um ato jurídico – é um manifesto político que não se preocupa, em nenhum momento, com os requisitos técnicos de uma decisão judicial. Com despachos como esse, o STF confirma que deixou de ser uma Corte de justiça quando o interessado é Lula, ou o seu sistema. É, cada vez mais, o escritório de advocacia do presidente.

Mauro Cid é solto após Moraes homologar a delação que pode destruir Jair Bolsonaro

Depois de chegar em casa, Mauro Cid abraçou sua filha e entrou na residência; seu pai, o general de reserva Mauro Cesar Lourena Cid, também investigado no caso da venda das joias, abraçou o advogado Cezar Bitencourt na garagem.

Mauro Cid foi recebido pela filha na garage de sua residência

Gabriel de Sousa e Pepita Ortega
Estadão

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já saiu do Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília, neste sábado, 9. Após ter o seu pedido de delação premiada homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Cid foi visto dentro do batalhão acompanhado por militares com uma camisa polo azul e uma calça jeans.

Ao sair do batalhão, seguiu para o centro integrado de monitoração da polícia penal, onde colocou a tornozeleira eletrônica que deve acompanhá-lo durante a liberdade provisória. Após colocar o aparelho, Cid seguiu para a Polícia Civil do Distrito Federal, onde fez exame de corpo de delito do Instituto Médico Legal (IML).

PAI E FILHO – Por volta das 16h, chegou em sua residência no Setor Militar Urbano, em Brasília, abraçou uma de suas filhas e entrou na casa. O pai do ex-ajudante de ordens, o general de reserva Mauro Cesar Lourena Cid — que também é investigado por auxiliar na venda das joias ilegais — abraçou o advogado Cezar Bitencourt na garagem da casa.

Moraes foi responsável por conceder a liberdade provisória ao militar, em atenção a um pedido da defesa do militar. Segundo o ministro, a manutenção de preventiva de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro não é necessária, considerando o “encerramento de inúmeras diligências pela Polícia Federal e a oitiva do investigado, por três vezes”.

O ministro, no entanto, vinculou a soltura ao cumprimento de uma série de medidas cautelares, a começar pelo uso de tornozeleira eletrônica. O tenente-coronel também está proibido de deixar o País, teve seu passaporte cancelado e foi afastado de suas funções no Exército.

INCOMUNICÁVEL – Da mesma forma, Cid está proibido de se comunicar com outros investigados e de usar as redes sociais. Terá de se apresentar todas as segundas-feiras ao juízo de execuções de Brasília, a começar do próximo dia 11. Está proibido de deixar a capital federal, devendo ficar em recolhimento domiciliar durante as noites e os fins de semana. Também teve suspensos eventuais porte de armas e registro de CAC.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro passou mais de quatro meses detido, depois de sua prisão em 3 de maio, alvo da Operação Venire — investigação sobre suposto peculato eletrônico com a inserção de dados falsos nos sistemas do SUS para a emissão de carteiras de vacinação fraudadas em nome do ex-presidente e de outras pessoas.

Como mostrou o Estadão, o ex-ajudante de ordens é peça-central em inquéritos que miram o ex-presidente Bolsonaro e se debruçam sobre os ataques às urnas eletrônicas, os atos golpistas, as fraudes no cartão de vacinação do ex-chefe do Executivo e o suposto esquema de venda de joias e presentes entregues a Bolsonaro.

DELAÇÃO PREMIADA – Cid foi até o Supremo nesta quarta-feira, 6, informar que queria colaborar com as investigações e que a Polícia Federal aceitou sua proposta de delação, mas o avanço das negociações dependia da homologação que Moraes deu neste sábado, 9. Com a homologação, as informações prestadas pelo ex-ajudante de ordens poderão ser usadas em diferentes apurações que atingem a ele e a Bolsonaro.

O procurador-geral da República Augusto Aras, no entanto, criticou a possibilidade. De saída da chefia do Ministério Público Federal, o procurador comparou o acordo de colaboração do ex-ajudante de ordens da Presidência aos pactos que foram negociados no bojo da Operação Lava Jato com Antonio Palocci (ex-ministro dos governos Lula e Dilma) e Sérgio Cabral (ex-governador do Rio de Janeiro).

“A PGR não aceita delações conduzidas pela Polícia Federal”, indicou, dando parecer contrário à delação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Aras é o novo palhaço da troupe. Ao invés de protestar contra a decisão de Toffoli, que enxovalha a imagem da Procuradoria, dizendo que seus integrantes criaram “o pau-de-arara do século XXI”, Aras vem tirar uma onda de que pode alguma coisa. Na verdade, ele não tem poder algum. Quem manda no inquérito é Alexandre de Moraes, que simplesmente ignora os pareceres de Aras. E vida que segue, diria João Saldanha. (C.N.)

Celulares de Wassef podem acelerar as investigações das joias e ataques golpistas

Não é fácil ser presidente”, diz Bolsonaro em conversa com Wassef

Um dos celulares era usado para só falar com Bolsonaro

Bela Megale
O Globo

Os celulares do advogado Frederick Wassef têm o potencial de trazer novos dados não só para a investigação das joias, mas também para as apurações envolvendo atos golpistas.

Wassef chegou a encaminhar para diferentes interlocutores ligados ao então governo Jair Bolsonaro mensagens nas quais atacava a veracidade das urnas e colocava em xeque o sistema eleitoral. Dizia, ainda, ter prova do que falava. Os quatro celulares do advogado de Jair Bolsonaro estão sendo periciados com lupa pelos investigadores.

TENTOU IMPEDIR – Durante a apreensão de seus quatro aparelhos celulares realizada há duas semanas, o advogado Frederick Wassef tentou evitar que o aparelho que usava exclusivamente para falar com Bolsonaro fosse apreendido.

Wassef pegou um dos telefones na mão e pediu reiteradas vezes aos policiais federais que cumpriam o mandato que não o levassem. O argumento foi o de que aquele era o celular usado para falar com o cliente Jair Bolsonaro.

Até então, a PF não sabia que o advogado tinha um telefone específico para falar com o ex-presidente. Os apelos de Wassef não surtiram efeito e o aparelho foi apreendido, teve seus conteúdos extraídos e agora está em fase de análise.

AÇÃO ILEGAL – O advogado disse a interlocutores que considera a ação da PF ilegal e pretende usar isso para tornar nula qualquer prova obtida em seus telefones. A estratégia, porém, não tem muitas chances de vingar.

Como informou a coluna, depois de ser acionada pelo defensor de Bolsonaro, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou uma petição para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, a entidade solicita apenas o sigilo sobre conteúdos que não fazem parte da investigação, ou seja, não aponta qualquer ilegalidade sobre a apreensão dos telefones.

Depois disso, Wassef passou a tentar minimizar o efeito dos seus celulares e repete a diferentes aliados que só falava com Jair Bolsonaro e o senador Flavio Bolsonaro por meio do aplicativo FaceTim.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Wassef é um personagem importantíssimo no esquema. Alguém acredita que ele viajou aos EUA para recomprar o Rolex sem que Bolsonaro e Mauro Cid tivessem pedido? Vamos ver o que a delação do tenente-coronel revelará a esse respeito. (C.N.)

Advogado de Cid dizia que todo delator é ”mau caráter” e covarde, mas mudou de ideia

Cezar Bitencourt: Frase do dia | VEJA

Bitencourt acha que, sem delação, não consegue salvar Cid

Mônica Bergamo
Folha

O advogado Cezar Bitencourt, que representa o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), já se posicionou contra o instrumento da delação premiada. Em artigo publicado no site Conjur em 2018, Bitencourt escreveu que delator “não é melhor que nenhum dos demais membros da organização criminosa”. “Pelo contrário, só é mais mau-caráter e traidor de seus comparsas”, afirmou.

Apesar da opinião expressa anos atrás, o advogado apresentou na quarta-feira (dias 6) ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes uma proposta de delação premiada do seu cliente. O acordo foi aceito e homologado por Moraes neste sábado, e Cida já está solto.

NEM SIM NEM NÃO – Procurado pela coluna, Bitencourt disse que segue pensando da mesma forma. “Mas a minha concepção doutrinária não pode prejudicar o meu cliente. A delação é um instituto jurídico aceito e reconhecido pela Justiça. Eu seria um imbecil se não o utilizasse para beneficiar o meu cliente”, afirmou.

No texto de 2018, o advogado criticava a “excessiva proteção legal da imagem do delinquente delator”. Ele dizia também que o homem que se dispõe a fazer isso é um “grande covarde que na hora do aperto, para salvar a própria pele, entrega seus companheiros de delinquência, e pensa que, por isso, passa a ser um grande cidadão, benfeitor da comunidade social.”

No mesmo artigo, o advogado também criticou a postura do Estado de “aproveitar-se da má índole e do mau-caratismo do delator” e ainda premiá-lo “em uma postura tão antiética quanto a de um criminoso qualquer”.

CITOU A LAVA JATO – Ele citou ainda a Operação Lava Jato como exemplo de “uso imoral” do instrumento. “Para um Estado que já virou ‘sócio’ das quadrilhas criminosas tributando eventuais ‘ganhos’ com a criminalidade, nada mais surpreende, nem mesmo a utilização de meios imorais, antiéticos e até ilícitos a pretexto de combater a criminalidade organizada ou desorganizada, como, confessadamente, já andou ocorrendo na famosa Lava Jato.”

Em outro trecho, Bitencourt escreveu que chega a ser “deplorável” exaltarem a figura do delator como “peça-chave no desmantelamento da criminalidade organizada”.

“O mais grave é que essa concepção não constitui simples e leviana afirmação de alguns autores, mas representa o entendimento de importantes figurões da nossa República, particularmente do Judiciário e Ministério Público”, disse.

MENOS, MUITO MENOS – “Devemos tomar algum cuidado para não transformarmos um ‘delinquente delator’ em ‘herói nacional’. Tudo bem que o ‘bom ladrão’ foi perdoado por Cristo na cruz, mas, vamos lá, menos, pessoal, muito menos, usando uma linguagem coloquial!”, completou.

A delação é um meio de obtenção de prova, que não pode, isoladamente, fundamentar sentenças sem que outras informações corroborem as afirmações feitas. Os relatos devem ser investigados, assim como as provas materiais apresentados em acordo.

Mauro Cid estava preso desde 3 de maio no Batalhão do Exército de Brasília, sob suspeita de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid na carteira de imunização do ex-presidente.


NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O advogado é bipolar e ciclotímico. Não se pode confiar no que fala. Mas agora não tem mais volta e o tenente-coronel Mauro Cid vai dedurar o capitão ao qual foi subordinado. O mais deplorável é pensar que toda essa confusão foi por dinheiro, exclusivamente por dinheiro, com a política sempre em segundo plano. (C.N.)

Procuradores criticam decisão de Toffoli e o risco de “polarização” sobre Lava-Jato

Toffoli: Lava Jato forjou provas, prendeu inocentes, destruiu empresas

Procuradores apontam erros tenebrosos de Dias Toffoli

Deu na Veja

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) criticou a decisão do Toffoli nesta quarta-feira, dia 6, na qual o ministro afirmou que a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi “um dos maiores erros judiciários da história do país” e “uma armação fruto de um projeto de poder” de determinados agentes públicos.

“Digo, sem medo de errar, foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se prenunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições e ao próprio STF”, declarou. A decisão do ministro ocorreu no âmbito de uma ação apresentada pela defesa do petista em 2020.

NEGOCIAÇÃO VÁLIDA – Em uma longa nota, a ANPR esclareceu que o acordo foi fruto de negociação válida, devidamente homologada pelo STF, e pediu que a discussão sobre a Lava-Jato “não se renda ao ambiente de polarização” e seja pautada por uma análise técnica e objetiva.

“Não é razoável, a partir de afirmação de vícios processuais decorrentes da suspeição do juízo ou da sua incompetência, pretender-se imputar a agentes públicos, sem qualquer elemento mínimo, a prática do crime de tortura ou mesmo a intenção deliberada de causar prejuízo ao Estado brasileiro”, diz.

A associação disse ainda que o MPF “sempre seguiu precisamente o procedimento determinado na legislação” ao receber quaisquer provas, informações ou valores, entre autoridades nacionais e estrangeiras.

AGU INCOMPETENTE – Também criticou a iniciativa da Advocacia-Geral da União (AGU) de iniciar investigação contra os procuradores da Lava-Jato e o ex-juiz Sergio Moro para apurar desvio de conduta.

“A AGU e o TCU não têm atribuição para investigar membros do Ministério Público e do Judiciário, no exercício de suas atividades finalísticas, e tal proceder não é adequado no estado democrático de direito, justamente para afastar qualquer tentativa de fazer cessar a atuação de órgãos cujas atribuições estão previstas na Constituição Federal”, diz a nota oficial da Associação Nacional dos Procuradores da República, que deixa Toffoli em péssima situação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, a Associação dos Procuradores está acusando o ministro Dias Toffoli de não saber o que determina a Constituição, e isso é rigorosamente verdadeiro. Aliás, Toffoli é um fenômeno mundial, pois não é nada fácil conseguir ser ministro da Suprema Corte sem nada entender de Direito. Em qualquer país minimamente sério, ele já teria sofrido impeachment, mas aqui no Brasil tudo é permitido. (C.N.)

Lula precisa parar de dizer bobagens, como a defesa do voto secreto no Supremo

Marco Aurélio reage à fala de Lula sobre voto secreto no STF: “Tônica da  administração pública é a publicidade“

Lula perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado

Roberto Nascimento

O desejo expressado pelo presidente Lula da Silva, de que os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal sejam secretos, portanto, impedidos de chegar ao conhecimento público, é dos maiores absurdos cometidos pelo presidente desde que ocupou a faixa presidencial, pela terceira vez, em primeiro de janeiro do corrente ano.

Por que não te calas, presidente Lula?, diria o rei espanhol Juan Carlos I. A Ciência do Direito não é sua praia. Logo, quando um auxiliar babão vier com essas ideias malucas, pare, pense, e consulte outros juristas que tenham notável saber jurídico. Isso seria o normal. Um presidente não pode ser preguiçoso e sair adotando ideias do primeiro que aparece falando bobagens.

RESULTADO TENEBROSO – O desgaste para o presidente foi assombroso no meio jurídico e político. Todos estão criticando a defesa do voto secreto, uma medida típica de ser adotada por ditaduras militares, que necessitam de censura ampla no país.

Lembram daquela medida do governo anterior, de sigilo de 100 anos para atos secretos do governo? Pois bem, Lula está querendo imitar Jair Bolsonaro? Só faltava essa, mais um retrocesso contra a transparência pública.

No fundo e na forma, Lula está tentando blindar seu antigo advogado, o ministro Cristiano Zanin, indicado por ele para o Supremo. Zanin tem adotado decisões ultraconservadoras, na linha mais à direita do que os ministros André Mendonça e Nunes Marques indicados por Bolsonaro.

MINISTRO CONSERVADOR -Lula tem sido muito criticado por escolher Cristiano Zanin, que é inadmissível para o campo progressista. O povo vai ter que engolir esse ministro indicado por Lula. Até os bolsonaristas estão aplaudindo Zanin, para desespero de Lula, que nem pode alegar que não sabia dessas ideias do século passado desse ministro conservador. E foi escolha pessoal de Lula.

Esse preço, o presidente vai pagar a fatura. Não tem mais jeito, quando o indicado é referendado pelo Senado e empossado no Supremo, passa a ter vida própria e deve obediência apenas a sua consciência.

Já começo a ter medo, da próxima indicação de Lula, quando a ministra Rosa Weber se aposentar em outubro. A tão alardeada intuição mágica de Lula não tem funcionado ultimamente. As escolhas de Lula, as falas de Lula, as ideias de Lula têm trazido aflição ao campo democrático. E nós, que pensávamos ter saído do pesadelo de quatro anos do governo anterior, quando olhamos em volta vemos que velhos pesadelos continuam a perturbar as mentes humanas e utópicas.

EXEMPLO ERRADO – Quando à posição do ministro da Justiça, Flávio Dino, que tentou passar um paninho na sugestão errada de Lula, é preciso que se saiba que não é verdadeira a versão de que nos EUA a Suprema Corte adote o voto secreto.

Esse procedimento é raríssimo e chamado de “per curiam” (pelo tribunal), em decisões adotadas pela Suprema Corte sem que se saiba como votou cada juiz, para protegê-los. Uma das últimas decisões assim foi no processo “Bush contra Gore”, que definiu a eleição presidencial de 2000, depois do imbróglio eleitoral na Flórida.

As decisões normais na Suprema Corte americana não são secretas. Se não houver unanimidade, são divulgados os votos de cada ministro.

Com a demissão da ministra Ana Moser, Lula perde pontos em matéria de credibilidade política

Ana Moser recebeu o apoio das várias entidades esportivas

Pedro do Coutto

A demissão da medalhista olímpica Ana Moser do Ministério dos Esportes e a sua substituição pode André Fufuca, acarretou para Lula uma considerável perda de pontos importantes em matéria de credibilidade política e não acrescentou a ele, a meu ver,  nenhuma parcela nova de apoio além daquele já negociado com o PP do deputado Arthur Lira, presidente da Câmara Federal.

Pelo contrário, a imagem que Lula passou foi a de que na busca de votos do Legislativo não leva em conta a habilitação efetiva dos ministros para ocuparem positivamente os espaços das respectivas áreas. André Fufuca, pelo que se sabe, não possui afinidade com o setor esportivo e muito menos apresenta capacidade para realizar projetos nessa área tão importante para a inclusão social de brasileiros e brasileiras.

CRÍTICAS – O senador Ciro Nogueira, por exemplo, que é do PP, também no 7 de Setembro, dirigiu críticas a Lula sobre as comemorações da Independência, acentuando assim uma distância do seu partido bolsonarista da nomeação do novo ministro dos Esportes. Reportagens de O Globo e da Folha de S. Paulo , edições desta sexta-feira, acentuam que até a primeira-dama do país, Janja, na internet,  demonstrou o seu desagrado.

Ana Moser, em postagem nas redes sociais, assinalou que teve pouco tempo para mudar a realidade do esporte no Brasil e recebeu o apoio das entidades esportivas, entre elas a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Brasileiro, do Movimento Esporte pela Democracia, do Atletas pelo Brasil e do Comitê Paraolímpico.  O reflexo negativo da demissão de Ana Moser ainda não esgotou o seu ciclo. Foi também uma surpresa para o movimento feminista a perda de um espaço tão importante ocupado por uma ex-atleta de grande importância.

PERSPECTIVA – O ato presidencial abriu uma perspectiva de desânimo na medida em que deixou flagrante a ausência de critério baseado na competência para a escolha de seus colaboradores diretos. Nesse ponto, Demétrio Magnoli tem razão ao analisar o problema na quinta-feira na GloboNews.

Inclusive, Lula está enfrentando um clima ácido junto aos próprios aliados, sobretudo do PT, em consequência da reforma parcial do Ministério. Vale acentuar também que, apesar de receber o Ministério de Portos e Aeroportos, o Republicanos não se mostrou plenamente receptivo para apoiar o presidente nas votações parlamentares.

DELAÇÃO –  O tenente-coronel Mauro Cid propôs à Polícia Federal fazer uma delação premiada com o objetivo de aliviar as consequências e a sua pena pelas ilegalidades praticadas – segundo se pode deduzir – por ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na Folha de S. Paulo, a reportagem é de Constança Rezende. No O Globo, de Mariana Muniz.

A homologação da proposta, cujo conteúdo deve aparecer nos jornais de hoje, sábado, depende da aceitação do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal.  O tenente-coronel já prestou três longos depoimentos à PF.  Caso a delação tenha o aval do Ministério Público Federal e a homologação de Moraes, Cid terá que prestar muitos depoimentos para esclarecer fatos de todos os inquéritos nos quais aparece como investigado.

123 MILHAS –  Na edição de quinta-feira, reportagens de Vitória Azevedo, Daniele Madureira, Pedro Lovisi e Cristiano Martins, Folha de S. Paulo, focalizaram a situação financeira da 123 Milhas e acrescentam que, além de tudo, a empresa deve também R$ 105 milhões às famílias de seus fundadores.

As dívidas têm que ser incluídas no projeto de recuperação judicial que envolve os pagamentos mensais escalonados de acordo com uma linha prioritária de credores.

Alto Comando não esperava confissão de Cid e já não duvida das provas da PF

Exército foge 3 vezes da mesma pergunta: polícia sabia de militar infiltrado? - Ponte Jornalismo

Charge do Junião (Arquivo Google)

Marcelo Godoy
Estadão

Eram 20 horas do 7 de Setembro quando começaram a circular nos telefones dos generais do Alto Comando do Exército e do gabinete do comandante da Força Terrestre, general Tomás Paiva, a informação de que o tenente-coronel Mauro Cid, segundo seu novo advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, ia confessar as condutas imputadas a ele pela investigação da Polícia Federal (PF) e envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro nos delitos investigados.

Uma hora depois, um dos generais não tinha mais dúvida do que estava testemunhando. Disse que quando os fins justificam os meios, tudo é possível. A história humana nos ensinaria. Desta vez, quem se gabava de combater o comunismo passara a adotar a mesma atitude da nomenklatura, a burocracia soviética que afirmava lutar por um mundo novo, sem a opressão do trabalhador, mas que desfilava pelas ruas de Moscou com sua limusines ZIL, enquanto suas mulheres desfilavam casacos de pele pela Rua Arbat.

ERA SÓ O QUE FALTAVA – A desilusão é definitiva. A notícia da futura confissão do coronel Cid era o que faltava para os incrédulos que ainda viam no caso novos excessos na conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, do que os ilícitos cometidos pelo entourage de Bolsonaro e pelo próprio ex-presidente.

Até sexta-feira passada, os generais que conheciam a família Cid consideravam que uma delação do tenente-coronel, ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, era uma impossibilidade.

São várias as razões para isso, mas a principal era a antiga relação entre Bolsonaro e os Cid. É que Bolsonaro era colega de turma e amigo do futuro general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do assessor do presidente.

O general e o chefe do Executivo pertencem à mesma turma – a de 1977 – da Aman. Ambos são artilheiros, paraquedistas e serviram no 8.º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Mauro pai e Mauro filho pertenceram às “forças especiais”.

SINECURA EM MAIMI – Ao passar para a reserva em 2019, o general Cid ganhou uma sinecura em Miami (EUA) – representante da Agência de Promoção das Exportações (Apex), com salário em dólar (US$ 9,6 mil).

Ao todo, o general acumulara vencimentos de cerca de R$ 80 mil (R$ 50,8 mil da Apex e R$ 30 mil como militar). A ligação entre eles foi o que levou o tenente-coronel Mauro Cid a ser nomeado ajudante de ordens de Bolsonaro, em 2019.

O que a PF revelou é que o general ajudava na alienação de joias e outros bens preciosos, levados, segundo a PF, para os EUA, a fim de serem vendidos. E as pessoas ligadas a esse grupo eram próximas aos promotores da campanha de difamação contra integrantes do Alto Comando do Exército, apresentados em redes sociais como traidores, melancias e oportunistas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para o Exército e as Forças Armadas, a situação é cada vez mais vexatória. Os oficiais superiores jamais deveriam ter comprado a ideia equivocada do general Eduardo Villas Bôas, que comandava o Exército e foi o grande incentivador da candidatura de Bolsonaro. Se arrependimento matasse... (C.N.)

Como dizia Machado de Assis, a maior beleza é a que foi colhida na mocidade

Pin on DizerPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. No poema “Flor da Mocidade”, o poeta exalta a beleza que se colhe na juventude, com a mais bela flor que existe.

FLOR DA MOCIDADE
Machado de Assis

Eu conheço a mais bela flor;
És tu, rosa da mocidade,
Nascida aberta para o amor.
Eu conheço a mais bela flor.
Tem do céu a serena cor,
E o perfume da virgindade.
Eu conheço a mais bela flor,
És tu, rosa da mocidade.

Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.
Teme acaso indiscreta mão;
Vive às vezes na solidão.
Poupa a raiva do furacão
Suas folhas de azul celeste.
Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.

Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno;
Que a flor morta já nada val.
Colhe-se antes que venha o mal.
Quando a terra é mais jovial
Todo o bem nos parece eterno.
Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno.

Moraes aprovará a delação premiada, porque Mauro Cid indicou também provas materiais

Grandes Autores: Cezar Roberto Bitencourt - YouTube

Bitencourt, advogado de Cid, está confiante com a delação

Carlos Newton

Há muita especulação na imprensa, com notícias desencontradas e até contraditórias. O fato concreto é que o acordo para delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid já foi aceito pela Polícia Federal, que é a condição mais importante. Ainda precisa ser analisado pela Procuradoria-Geral da República, mas o parecer não é decisório, pois pode ser acatado ou não pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que tem a prerrogativa de deliberar a respeito.

Segundo pessoas próximas às investigações, está tudo certo para o acordo de delação de Cid ser aprovado, devido aos três longos depoimentos prestados por ele nesta semana, quando convenceu os representantes da PF de que há provas materiais.

PROVAS MATERIAIS – Mauro Cid e seu advogado Cezar Bitencourt, que acompanhou os depoimentos, só foram recebidos na quarta-feira pelo ministro Moraes porque a Polícia Federal garantiu a possibilidade de serem coletadas essas provas materiais indispensáveis ao inquérito.

Segundo a legislação específica, só pode ser utilizada delação premiada se houver provas materiais que a confirmem. No caso da Lava Jato, por exemplo vários réus escaparam de condenação porque não as acusações feitas pelos delatores não tiveram comprovação factual.

O advogado Cezar Bittencourt disse à Folha nesta sexta-feira (8) que o acordo ainda não foi fechado, mas se mostrou confiante. “Estamos conversando sobre os detalhes, mas isso para a semana que vem”, disse.

PIADA DO ANO – Quanto à manifestação de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência na gestão de Jair Bolsonaro, que publicou a frase “não há o que delatar” em seu perfil na plataforma X (antigo Twitter), nesta quinta-feira (8), a iniciativa foi considerada Piada do Ano.

Pela proximidade que o tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens Mauro Cid teve com o então presidente Bolsonaro durante quatro anos, é óbvio que não falta material para a delação premiada.

Por fim, em consequência da aceitação da proposta de delação premiada, o ministro Moraes consequentemente autorizará a libertação de Mauro Cid, mas com exigência de tornozeleira eletrônica, retenção de passaporte e outras restrições.